"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Santander driblou a crise graças ao mercado brasileiro

Santander driblou a crise graças ao mercado brasileiro

Der Spiegel

Mark Scott

O banco espanhol Santander teve um bom desempenho durante a recessão porque foi obrigado a evitar os títulos "tóxicos" devido às estritas leis domésticas para o setor bancário. A contrário de vários dos seus debilitados rivais no setor bancário internacional, o Santander está podendo agora expandir-se, e tem com alvo o mercado em crescimento que é o Brasil.
Como o maior banco da zona do euro, composta de 16 países, o banco espanhol Santander apresentou um ótimo desempenho durante a recessão. Uma regulação doméstica rigorosa obrigou este gigante do setor bancário, com sede em Madri, a manter distância dos títulos financeiros tóxicos e, de forma geral, o banco evitou emprestar excessivamente ao combalido setor imobiliário da Espanha. Agora, no momento em que os Estados Unidos e a Europa estão reduzindo os gastos, o Santander reforçou os seus planos de expansão.

Uma peça central dessa estratégia é o Brasil. Outrora conhecido como o gigante adormecido da América Latina, o Brasil - sob a liderança do carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva - transformou-se em uma potência econômica. Segundo estatísticas oficiais, o produto interno bruto do país cresceu 1,9% no segundo trimestre deste ano, em um momento em que várias outras economias de todo o mundo encolhiam. O Citigroup prevê que o produto interno bruto do Brasil aumentará cerca de 5% no próximo ano.
E o Santander se prepara para tirar o máximo de vantagem disso. Sendo já o terceiro maior banco não estatal do Brasil, atrás do Itaú Unibanco e do Bradesco, a companhia espanhola captou impressionantes US$ 7 bilhões (R$ 12,2 bilhões) para financiar a sua expansão naquele país com a venda de ações minoritárias das suas operações brasileiras. Ações adicionais que deverão ser vendidas neste mês elevarão este total para US$ 8,1 bilhões (R$ 14,1 bilhões) - naquela que é de longe, até agora, a maior oferta de venda pública do mundo neste ano.
Impulso ao setor bancário comercial
O dinheiro será bem empregado. O Santander pretende reforçar as suas próprias reservas de capital, expandir a sua rede de agência locais no Brasil em um terço até 2013, e impulsionar os empréstimos no crescente, mas ainda sub-utilizado, setor bancário comercial. "A atuação do Santander no Brasil foi inteligente e bem pensada", diz Robert Tornabel, professor especializado no setor bancário e ex-reitor da escola de administração ESADE, em Barcelona. "O Brasil é uma economia de crescimento rápido que está se tornando uma peça importante para a lucratividade do banco".
De fato, o Brasil respondeu por mais de um quinto dos 4,5 bilhões de euros (US$ 6,8 bilhões, R$ 11,8 bilhões) em "lucros imputáveis", ou lucros líquidos menos ganhos de capital, no primeiro semestre deste ano (os lucros imputáveis são a única medida de rendimentos através da qual o banco fornece uma classificação por país). Isso significa um aumento de 11% em relação ao mesmo período em 2008. Os analistas dizem que a mudança deve-se principalmente à consolidação do Banco Real, do Brasil, que o Santander adquiriu por US$ 16 bilhões (R$ 27,8 bilhões) em 2007 como parte da fatídica aquisição e divisão do gigante financeiro holandês ABN Amro pelo Santander, o Royal Bank of Scotland e o Fortis.
Se desde então o RBS e o Fortis enfrentam problemas, para o Santander a aposta deu ótimos resultados. A sua presença ampliada no Brasil contribuiu para compensar a redução das operações do banco em outras regiões - especialmente Espanha e Reino Unido - durante a pior parte da crise. Os empréstimos no Brasil, por exemplo, saltaram 16% durante o primeiro semestre de 2009, comparados a apenas 1% na Espanha no mesmo período.
Os lucros imputáveis obtidos no Brasil no primeiro semestre chegaram a 961 milhões de euros (US$ 1,4 bilhão, R$ 1,7 bilhão), o que representa um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mercado ainda inexplorado
Os analistas dizem que uma curva ascendente ainda mais pronunciada está por vir. Segundo números do Citigroup, a relação entre empréstimos e produto interno bruto no Brasil - um indicador-chave da maturidade do setor bancário - encontra-se atualmente em apenas 40%, o que é cerca da metade daquela do Chile, um rival regional. E a relação entre os depósitos de varejo e o produto interno bruto é comparável àquela da Colômbia, um país menor e mais pobre. Sendo assim, é óbvio que o presidente do Santander, Emilio Botin, dispõe de uma grande oportunidade para trazer uma parcela maior dos 190 milhões de cidadãos brasileiros para o setor bancário.
"O Brasil continua sendo um mercado de varejo praticamente inexplorado, e é aí que o Santander conta com vantagens", diz Xavier Vives, professor de economia da Escola de Negócios IESE em Barcelona. A estratégia do banco já está se consolidando. Desde que tornou-se proeminente no seu mercado doméstico na década de oitenta, o Santander aliou reduções agressivas de custos - especialmente através do uso de softwares proprietários para serviços administrativos - à venda cruzada de produtos financeiros aos clientes.
O banco está seguindo uma rota similar no Brasil: por exemplo, as despesas operacionais no decorrer do primeiro semestre deste ano caíram mais de 3% em relação ao mesmo período do ano passado, ainda que as rendas tivessem aumentado. E o índice de eficiência das suas agências brasileiras - com base em despesas versus rendas totais - aumentou sete pontos percentuais em um ano, caindo para 37,9%: um dos índices mais baixos dentre todos os bancos no Brasil.
A abertura de 600 novas agências nos próximos quatro anos ajudará também o banco a vender mais produtos como hipotecas e cartões de crédito para a cada vez mais afluente classe média brasileira. De forma reveladora, o Santander concentrou a sua expansão na região sudeste desse país sul-americano, particularmente em torno de São Paulo, onde o produto interno bruto per capita é quase o dobro daquele registrado no norte do país.
Competição acirrada
Mesmo assim, não há garantia de que o ambicioso plano brasileiro do Santander será um sucesso. Tanto os bancos domésticos quanto os internacionais estão procurando tirar vantagem da aquecida economia do país. Isso é particularmente verdadeiro no caso do estatal Banco do Brasil, que continua sendo o maior banco do país e que está diversificando agressivamente os seus produtos financeiros, particularmente no setor de seguros.
E embora o Brasil e, em grau menor, os Estados Unidos, país no qual o Santander entrou recentemente, representem as principais perspectivas de crescimento para o banco, vários títulos problemáticos na Espanha ainda podem reduzir a lucratividade do banco. O Santander diz ter capital suficiente para enfrentar problemas financeiros extras.
Para terem sucesso no Brasil, os espanhóis vão se basear na sua experiência prévia de expandirem-se com sucesso em outros países sul-americanos e na Europa nos últimos 15 anos. E, ao captar investimentos de US$ 8,1 bilhões (R$ 14,1 bilhões), o Botin & Co. ver-se-á em uma provisão privilegiada em um dos mercados financeiros de mais rápido crescimento do mundo. Não é de se admirar, portanto, que o Santander seja visto por muitos como um dos maiores vencedores a emergirem da Grande Recessão.

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2009/10/28/ult2682u1360.jhtm?action=print

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