"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Integração capitalista e desenvolvimento desigual e combinado: Qatar se torna principal acionista da Volkswagen

Qatar se torna principal acionista da Volkswagen

Plantão | Publicada em 20/12/2009 às 11h21m

Reuters/Brasil OnlineFRANKFURT, Alemanha - O Qatar tem uma participação de 17% das ações com direito a voto na Volkswagen e a Porsche disse nesta sexta-feira que o país está prestes a assumir uma cadeira na sua supervisão, reforçando o papel mais ativo dos países do Oriente Médio na indústria automobilística alemã

O movimento estimulou expectativas de que o número cada vez menor de negociações envolvendo ações ordinárias da Volks pode significar a substituição delas no índice alemão de blue-chips por seus papéis preferenciais.

Depois de exercer opções na Volkswagen-conforme o esperado pelos agentes do mercado há algum tempo-a Qatar Holding LLC informou que agora tem 17 por cento do capital em ações da Volkswagen.

"Como investidores estratégicos de longo prazo, continuamos a acreditar que o investimento na VW e a esperada combinação da Porsche SE com a VW representa um ativo de investimentos único para a Qatar Holding", disse Ahmad Al-Sayed, presidente do grupo.

As ações ordinárias da Volkswagen têm destaque no mercado alemão de blue-chips desde sua entrada, em 1987 A saída do índice é esperada para colocar pressão sobre o valor das ações ordinárias, que em outubro passado eram negociadas a mais de 1.000 euros, tornando a montadora momentaneamente a maior do mundo em valor de mercado.

http://oglobo.globo.com/economia/mat/2009/12/20/qatar-se-torna-principal-acionista-da-volkswagen-915294558.asp

“À mesa de Betânia: a fé, a tumba e a amizade”

Acabei de ler esta madrugada um livro de Marko Ivan Rupnik intitulado “À mesa de Betânia: a fé, a tumba e a amizade”. Marko Ivan Rupnik é um padre jesuíta que se dedica ao estudo da espiritualidade cristã oriental e à pintura de ícones. O livro é um reflexão sobre a relação entre Marta, Maria, Lázaro e Jesus a partir das situações que aparecem nos Evangelhos.

Vou transcrever três passagens, as duas últimas achei bastante curiosas.

“Com efeito, sabedoria é saber contar os amigos quando se chora, e não quando se ri. É fácil ter amigos no divertimento. Mas a verdade da amizade revela-se nas lágrimas, na prova. As lágrimas, como indica nossa espiritualidade, são uma realidade complexa. Podem ser lágrimas de egoísmo ofendido, de orgulho ferido, de desespero, de tristeza, ou também lágrimas de impotência diante de uma tragédia. Mas podem também ser lágrimas de compaixão, de um amor que assume a dor e a tragédia do outro, e que sofre com quem sofre. Podem ser, ainda, lágrimas do penitente, que se transforma em lágrimas do perdão, da gratidão por ser perdoado. E podem ser lágrimas do pai que abraça de novo o filho que estava morto, mas que voltou à vida.”

“Um pensamento passional conspira, por isso não pode favorecer a vida, a não ser aparentemente, como, do mesmo modo superficial, um pensamento passional parece reunir as pessoas. Caifás colhe o consenso do sinédrio, aparentemente reunido, mas não se trata, de fato de uma reunião verdadeira, visto que não garante a vida. Ao pensamento passional, aderem os passionais. A lógica que impulsiona um passional a amontoar-se aos objetos a fim de preencher o abismo sobre o qual se encontra é a mesma que espera que a multidão garanta e salve a vida. Mas, como sabemos, “multidão/legião” é o nome dado ao demônio. Em Mc5,9, o endemoninhado apresenta-se com o nome de Legião, dizendo “porque somos muitos”. A legião é um dispersar-se na multidão das afirmações da multiplicidade despersonalizada, onde se decompõe, ainda, a consciência do eu, ou seja, o princípio da unidade pessoal. A multidão fragmenta a vida, divide-a, e isso constitui a obra do diabo. A multidão, portanto, não pode agir em favor da vida; pode-o somente a comunhão, a unidade. Somente em uma comunhão livre está garantida a vida de cada um.”  Será que mais alguém vê pontos de contato desta afirmação com idéias de Adorno e Horkheimer?

“O amor materno e paterno é predominantemente unilateral e não pode exigir retribuição. Os pais devem amar os filhos, e o mandamento de Deus não diz que os filhos devem amar os pais, mas honrá-los. Quando os pais exigem o amor dos filhos, açulam dinâmicas estranhas que garantem aos filhos anos de sofrimento psíquico e espiritual. O amor conjugal, o amor entre homem e mulher, é um amor que, quanto mais exclusivo, mais é absoluto e mais sadio, mas é um amor que, justamente em sua lei intrínseca de exclusividade, protege a reciprocidade. Precisamente porque vive o amor conjugal, um pai não exige o amor dos filhos, a fim de que, assim, os filhos possam crescer num relacionamento livre, não condicionante. Por assim dizer, tanto o amor dos pais quanto o dos cônjuges, de algum modo, crescem rumo à amizade, crescem em direção a um amor baseado abertamente sobre o fato de serem redimidos.”

domingo, 20 de dezembro de 2009

Celso Furtado versus Nelson Werneck Sodré

Comprei a edição comemorativa de 50 anos de “Formação Econômica do Brasil” de Celso Furtado que trás alguns artigos e resenhas que foram publicados ao longo do tempo sobre o livro. Obviamente que ao pegar um livro assim, o melhor é ler quem fala mal do livro. Então fui logo ver o texto do Nelson Werneck Sodré, pois apostava que ele criticaria o livro, e a crítica foi muito mais ácida do que eu imaginava. Esperava uma avaliação crítica, mas fortemente favorável a Furtado pelo contexto do nacional-desenvolvimentismo. Mas isso não ocorreu. Para começo, Furtado já é rotulado de economista ortodoxo, o que é bastante curioso, pois no contexto atual, dificilmente algum economista rotularia Furtado de ortodoxo.

Diz Nelson Werneck Sodré: “Nela se revelam, entretanto, duas deficiências que devem ser apontadas, porque são traços característicos da economia ortodoxa, entre nós, muito mais do que da pessoa do autor: a dificuldade em transmitir o saber e a precariedade de conhecimentos fora do campo específico. (…)

“Celso Furtado sabe muito, mas não sabe transmitir o que sabe – o que é um mal evidentemente. Mas, além disso, fazendo história – trata-se do desenvolvimento da economia brasileira no decorrer do tempo histórico –, não domina as fontes e revela mesmo desprezo por elas. Quem cita Antonil pelas citações de Simonsen, e até mesmo Gama Barros, não teve a menor preocupação em estudar história. Ora, sem conhecimentos históricos não há como desenrolar o desenvolvimento do progresso material. O autor confessa isso, entretanto, com aquela candura que marca a ingenuidade, a total inocência, a suficiência tranqüila que leva ao desastre. Porta-se como quem diz: “Sei economia, e é quanto basta – história é para leigos”. E é pena, porque se trata de um grande autor, e de uma grande obra.”

E aí eu me pergunto se Celso Furtado não sabe história, quem saberia? Pior o que dizer dos economistas contemporâneos? E o que dizer da maior parte dos estudantes que estão nas faculdades, o que sabem de história? Qual a disposição para realizar uma pesquisa de fôlego? Precisamos de mais economistas que desconheçam história como Celso Furtado.

Quem se importa com o Saara Ocidental?

Marruecos considera que España y Francia han dado un aviso a Haidar

Rabat trata de convencer a sus ciudadanos de que el desenlace fue un éxito

IGNACIO CEMBRERO - Madrid - 20/12/2009

Gobierno, partidos políticos y la prensa oficialista de Marruecos se esforzaron al unísono, en las últimas horas, en justificar y presentar como un éxito el desenlace del caso Haidar el pasado jueves. Sólo un puñado de publicaciones independientes duda de que la solución sea una victoria de Rabat.

Gobierno, partidos políticos y la prensa oficialista de Marruecos se esforzaron al unísono, en las últimas horas, en justificar y presentar como un éxito el desenlace del caso Haidar el pasado jueves. Sólo un puñado de publicaciones independientes duda de que la solución sea una victoria de Rabat.

"Marruecos salió airoso". La frase, pronunciada ante las cámaras de televisión Al Aoula, por Mohan Laenser, líder del Movimiento Popular, resume en tres palabras el tono general de las numerosas intervenciones de los políticos marroquíes.

Tras 32 días de huelga de hambre, la independentista saharaui Aminetu Haidar regresó, en la noche del jueves al viernes, a El Aaiún, la capital del Sáhara de donde fue expulsada el 14 de noviembre a Lanzarote por la policía marroquí que también le retiró su pasaporte.

Haidar fue deportada porque, al desembarcar el 13 en El Aaiún, dejó en blanco la casilla "nacionalidad" de la ficha policial -para no tener que poner marroquí- y en el apartado "lugar de residencia" escribió "Sáhara Occidental", el término que emplea Naciones Unidas. La activista asegura que actuaba así desde 2006.

Cuando Haidar se puso en huelga de hambre para volver a El Aaiún, la respuesta unánime de la clase política fue "no cederemos al chantaje". Y cuando el Gobierno español solicitó que pudiese regresar al ministro de Exteriores, Taieb Fassi-Fihri, los partidos se reunieron, el 30 de noviembre, a instancias del rey Mohamed VI, para contestar con un "no".

Rectificaron a los 17 días. Lo hicieron, en primer lugar, por motivos humanitarios. Mustafá Mansouri, líder del partido RNI, fue uno de tantos en alabar "la decisión del Gobierno (...) achacable sólo a razones humanitarias".

Lo hicieron, sobre todo, porque los Ejecutivos francés y español subrayaron, el jueves, "en términos muy claros, que la ley marroquí se aplica" en el Sáhara y "nadie puede sustraerse a ella", según explicó el portavoz del Gobierno de Rabat, Khaled Naciri.

Los comunicados de España y Francia, señaló en Madrid el embajador marroquí Omar Azziman, "dejaron muy claro el estatuto del Sáhara desde el punto de vista del derecho internacional".

Las dos ex potencias coloniales, se deduce de las palabras de Naciri, han avisado así a Haidar y a un grupo de independentistas que actúa como ella, de que mientras viva en el Sáhara debe respetar la ley marroquí y rellenar en consecuencia la ficha policial.

El comunicado de Hillary Clinton, secretaria de Estado de EE UU, alaba la "generosidad" de Rabat al readmitirla, pero no menciona qué ley impera en el Sáhara. La Casa Blanca publicó, ayer de madrugada, otro comunicado, redactado en términos casi idénticos al de Clinton.

http://www.elpais.com/articulo/espana/Marruecos/considera/Espana/Francia/han/dado/aviso/Haidar/elpepuesp/20091220elpepinac_5/Tes

COP15

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http://www.jornada.unam.mx/2009/12/20/index.php

Acordo entre UE e Vaticano sobre o Euro

Assinada convenção monetária entre o Vaticano e a União Européia

CIDADE DO VATICANO, quinta-feira, 17 de dezembro de 2009 (ZENIT.org).- Foi assinada nesta quinta-feira em Bruxelas a Convenção Monetária entre o Estado da Cidade do Vaticano e a União Européia (UE).

Em nome da Santa Sé, assinou Dom André Dupuy, Núncio Apostólico para a União Européia, e em nome da União Europeia, o documento foi assinado por Joaquín Almunia.

As disposições do novo acordo monetário - que substitui o de 29 de Dezembro de 2000, que introduziu no Estado da Cidade do Vaticano o euro como sua moeda oficial - entrarão em vigor a partir de janeiro de 2010.

A Convenção estabelece em 2.300.000 euros, acrescidos de um percentual adicional variável, o valor nominal da massa monetária (cédulas e moedas) que pode ser cunhada anualmente pelo Vaticano. Deste montante, ao menos 51% deve ser destinado à circulação.

Com a assinatura da convenção, o Vaticano se compromete a cumprir todas as normas da UE contra fraudes, falsificação e lavagem de dinheiro. Está prevista ainda a instituição de um comitê misto para fiscalizar aplicação das disposições da convenção.

http://www.zenit.org/article-23607?l=portuguese

Diplomacia para isolar Taiwan e garantir produtos básicos

São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009


Saiba mais
Taiwan e commodities são os alvos

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma boa dose de rasteiras diplomáticas. Um pouco de ações beneficentes, mas, principalmente, interesse pelo que não tem. Eis os motivos da "diplomacia de estádios" que a China levou para os continentes americano e africano.
Uma disputa diplomática foi o que levou o dinheiro chinês para o Caribe e a América Central. A região concentrava boa parte dos países que reconheciam Taiwan, que a China comunista classifica como sua Província rebelde.
O governo de Taiwan, aliás, foi quem primeiro bancou estádios nas pequenas ilhas caribenhas. Para contra-atacar, a China financiou quase em série muitos dos estádios que abrigaram a Copa do Mundo de críquete.
Em troca do "presente", os chineses ganharam o afastamento desses países da Província rebelde.
A política continua mesmo depois do fim do críquete. Com US$ 83 milhões chineses, a Costa Rica constrói o mais moderno estádio da América Central. O "presente" aconteceu depois de o país abandonar as relações que mantinha com Taiwan.
Mas é mesmo na África que a política dos chineses de construir estádios tem o seu maior front. E, sedentos por energia, por matérias-primas para sua indústria, por alimentos e por novos mercados para seus produtos, os chineses tocam dezenas de obras.
A China ergue estádios em lugares onde vai buscar produtos básicos até minerais relativamente raros e bastante caros.
Do abandonado Zimbábue, A China, a pátria mundial dos fumantes, deseja o tabaco. Do Quênia vem o chá preto, bebida preferidas do país com a maior população do mundo.
Os chineses vão ainda aos rincões mais pobres da África, onde estão, porém, produtos minerais essenciais. O gigante asiático, por exemplo, banca arena no Niger, que conta com reservas de urânio. (PC)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2012200917.htm

Diplomacia dos estádios no Caribe

São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009


No Caribe, estádios construídos por Asiáticos viram elefantes brancos

DA REPORTAGEM LOCAL

Eles não custaram nada para o contribuinte local -o custo, na maioria dos casos, foi só o alinhamento diplomático com a China. Mas são hoje monumentos ao desperdício em países com problemas sociais.
Os estádios construídos no Caribe com dinheiro chinês para a Copa do Mundo de críquete, modalidade bastante tradicional da região, em 2007, transformaram-se, quase na totalidade dos casos, em grandes elefantes brancos.
Com capacidade para 10 mil pessoas, ou quase 15% da população do país, o estádio de Dominica tem uma média de apenas 20 eventos por ano. E, sem receber a manutenção ideal, começa a ficar degradado.
Abandonado menos de dois anos depois da Copa do Mundo de críquete, o estádio de Antígua e Barbuda foi interditado por um ano para o esporte no começo de 2009 por causa de seus problemas. A arena, que foi projetada para comportar 20 mil pessoas, teve sua capacidade reduzida pela metade. O país tem só 82 mil habitantes.
Até em países mais populosos do Caribe os estádios chineses se transformaram em áreas praticamente sem utilização.
É o caso da arena construída na Jamaica, que serviu como palco da cerimônia de abertura do Mundial de críquete.
Com um custo de US$ 30 milhões, o estádio foi palco de alguns poucos jogos de futebol. O sonho de trazer um time do esporte profissional norte-americano para fazer uma pré-temporada lá não se materializou. Também não decolou a ideia de usá-lo para as modalidades populares lá, como o atletismo.
A nova investida chinesa nos estádios da região parece ser mais promissora. A arena que está sendo erguida na Costa Rica irá abrigar os jogos da seleção de futebol do país, uma das forças da Concacaf. (PC)

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2012200913.htm

China e a diplomacia dos estádios na África

São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009


Sonho de fazer parte da Copa-10 passa pela China

Vizinhos sul-africanos contam com estádios chineses para hospedarem seleções
Arenas de Moçambique, Zimbábue e Botsuana fazem parte de pacote chinês de quase US$ 2 bi para a África e o Caribe
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sedenta por matérias-primas e poder, a China alimenta sonhos de grandeza no esporte onde reina a miséria.
A um custo estimado de quase US$ 2 bilhões (cerca de R$ 3,5 bilhões), o gigante asiático fez, constrói ou planeja estádios em mais de 30 países na América Central e na África.
Quase todos são "presentes". Alguns são empréstimos com taxas camaradas. No maior investimento, em Angola, são US$ 600 milhões para arenas em forma de adiantamento para o fornecimento de petróleo.
A política chinesa, conhecida como "diplomacia dos estádios", virou a esperança de países pobres e esquecidos pelas grandes potências entrarem no mapa-múndi do futebol.
Angola apelou aos asiáticos para sediar, no próximo mês, a fase decisiva da Copa da África pela primeira vez. São quatro estádios que, juntos, têm capacidade para abrigar 120 mil pessoas- somente o de Luanda ostenta 50 mil lugares. Todos eles contam com ousados projetos e também muita tecnologia.
Nos casos dos países mais próximos à África do Sul, os estádios chineses são a esperança dessas nações para entrarem na rota da primeira Copa do Mundo realizada no mais pobre dos continentes.
Moçambique, Zimbábue e Botsuana correm contra o tempo para que o investimento de mais de US$ 100 milhões dos chineses nesses três países seja suficiente para atrair seleções que vão disputar o Mundial, que será realizado de 11 e junho a 11 de julho de 2010.
"As obras estão atrasadas, mas esperamos que o estádio fique pronto", declarou à Folha o secretário-geral da Federação Moçambicana de Futebol, Filipe Luca Johane, que sonha em levar Brasil ou Portugal, com quem divide o mesmo idioma, para treinar e realizar amistosos na arena de US$ 60 milhões e 40 mil lugares bancada pelo dinheiro chinês.
A arena, que só por um novo "milagre chinês" ficará pronta antes do Mundial, terá um padrão que não combina com uma nação que ocupa, de acordo com a ONU, apenas a 172ª colocação entre 182 países listados no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
O estádio de Moçambique terá modernos telões, câmeras de segurança e grama sintética.
Enquanto o mundo dá as costas para Zimbábue, em represália ao ditador Robert Mugabe e suas eleições fraudulentas, a China banca a reforma do estádio Nacional de Harare, no qual cabem 60 mil pessoas.
Apesar de as finanças do país estarem em ruína (a inflação foi de 231 milhões por cento em julho do ano passado), as autoridades de Zimbábue sonham alto. O Departamento de Turismo disse ter pedido ao presidente Lula para que o Brasil fique por lá. A federação local convidou a Inglaterra.
Em Botsuana, o governo afirma estar "otimista" sobre a chance de receber treinos de uma seleção do Mundial.
Pelo último balanço da obra, divulgado no mês passado, 58% dela estava pronta. Segundo as autoridades locais, a arena ficará pronta em abril, dois meses antes da Copa do Mundo.
Para os governantes do continente africano, a China olha e age para a região como os países ricos nunca fizeram.
"Se um país do G8 [o grupo das nações mais ricas do mundo] quisesse construir um estádio para nós, ainda estaríamos fazendo reuniões", declarou à imprensa africana Sahr Johnny, então embaixador de Serra Leoa em Pequim.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2012200912.htm

A bolha da vez é a bolha do ouro

São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009
Análise
A bolha da vez é a bolha do ouro

NOURIEL ROUBINI
PARA A FOLHA, EM NOVA YORK
Os preços do ouro vêm subindo fortemente, rompendo a barreira de US$ 1.000 e, nas últimas semanas, ascendendo para US$ 1.200 por onça ou mais.
Os adeptos modernos do ouro argumentam que o preço poderia ultrapassar US$ 2.000. Mas a alta recente de preço tem jeito de bolha, já que encontra justificativa apenas parcial nos fundamentos econômicos.
Os preços do ouro só sobem muito em duas situações: quando a inflação é alta e está em ascensão e quando existe o risco de quase depressão, e os investidores temem pela segurança de seus depósitos bancários.
Os dois últimos anos se enquadram nesse padrão. Os preços do ouro começaram a subir acentuadamente no primeiro semestre de 2008, quando os mercados emergentes estavam superaquecidos, os preços das commodities estavam em alta e existia a preocupação quanto à ascensão da inflação nos mercados emergentes de alto crescimento. Mas mesmo aquela alta teve algo de bolha, que se desinflou no segundo semestre de 2008, quando a economia mundial caiu em depressão, depois que o petróleo atingiu a cotação de US$ 145 por barril e sufocou o crescimento econômico em todo o planeta. Enquanto o medo de inflação era substituído por preocupações quanto à deflação, os preços do ouro começaram a cair, acompanhando a correção na cotação das commodities.
O segundo pico de preço ocorreu no momento do colapso do Lehman Brothers, que deixou os investidores preocupados com a segurança de seus ativos financeiros.
O pânico foi contido quando o G7 assumiu o compromisso de elevar as garantias a depósitos bancários e ofereceu sustentação ao sistema financeiro.
Com o recuo do pânico, ao final de 2008, os preços do ouro retomaram seu movimento de queda. Àquela altura, com a economia mundial caindo a uma quase depressão, o uso comercial e industrial do ouro, e até mesmo a demanda por produtos de luxo, caiu ainda mais.
O ouro voltou a ultrapassar a marca de US$ 1.000 em fevereiro/março de 2009, quando parecia que boa parte do sistema financeiro da Europa e dos Estados Unidos estava perto da insolvência e que muitos governos não eram capazes de garantir os depósitos e de proteger o sistema financeiro, porque os bancos grandes demais para falir também eram grandes demais para serem resgatados.
Já que não existe grande risco de inflação ou depressão no curto prazo, por que os preços do ouro recomeçaram a subir de maneira acentuada?
Existem diversas razões para que eles estejam em alta, mas elas sugerem uma ascensão gradual, com risco significativo de correção para baixo, e não uma rápida alta para a casa dos US$ 2.000, como vêm alegando os adeptos do ouro.
Primeiro, embora ainda estejamos em um mundo de deflação generalizada, grandes deficit fiscais, monetizados, estão alimentando preocupações quanto à inflação no médio prazo. Segundo, uma grande onda de liquidez estimula a alta dos ativos, entre os quais commodities, e isso pode resultar em estímulo ainda maior para a inflação. Terceiro, as operações de "carry trade" (empréstimos para realizar investimentos) financiadas em dólar estão pressionando fortemente o dólar, e existe uma relação inversa entre o valor do dólar e o preço em dólar das commodities: quanto mais baixo o dólar, mais alto o preço em dólar do petróleo, da energia e de outras commodities, entre elas o ouro. Quarto, o suprimento mundial de ouro -tanto existente quanto recém-extraído- é limitado, e a procura cresce mais rápido do que a oferta. Parte dessa procura vem de bancos centrais, como os da Índia, da China e da Coreia do Sul. E parte provém de investidores privados que estão usando o ouro como hedge contra riscos que continuam a ter baixa probabilidade.
Mas, já que o ouro não tem valor intrínseco, existem riscos significativos de correção para menos. Os bancos centrais terão um dia de deixar para trás o relaxamento quantitativo e os juros zero, o que colocará pressão de baixa sobre ativos de risco, entre os quais as commodities. Ou a recuperação mundial pode se provar frágil e anêmica, o que resultaria em pressão de baixa sobre as commodities e de alta sobre o dólar.
Mas todas as bolhas terminam por estourar. Quanto maior a bolha, maior o colapso.
A recente alta do ouro só se justifica parcialmente pelos fundamentos. E tampouco é claro por que os investidores deveriam formar estoques de ouro caso a economia mundial entre de novo em recessão e as preocupações sobre uma quase depressão e uma inflação em alta ganhem impulso. Se você realmente teme um colapso econômico, deveria formar estoques de armas, alimentos enlatados e outras commodities que tenham uso real na cabana em que se refugiará.


NOURIEL ROUBINI é presidente da RGE Monitor (www.rgemonitor.com) e professor da Escola Stern de Administração de Empresas, na Universidade de Nova York.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi2012200908.htm

EUA, Brasil, China, Índia e África do Sul tentam impor texto na COP 15! (Pelo menos o Brasil estava no grupo dos que decidem)

São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009


COPENHAGUE 2009
Países dizem que texto final da cúpula é ilegítimo

Conferência do clima acaba com documento frágil, que não chega a ser adotado
Declaração de Copenhague será só um anexo do que foi discutido, sem peso legal e sobre o qual as nações apenas "tomarão nota"

Peter Dejong/Associated Press

Fábrica atrás do Bella Center, em Copenhague, palco da cúpula
LUCIANA COELHO
CLAUDIO ANGELO
ENVIADOS ESPECIAIS A COPENHAGUE
A conferência do clima de Copenhague morreu ontem lentamente, deixando de legado um documento político frágil e de propostas vagas que nem sequer conta com a adesão de todos os 192 países participantes dos 13 dias da reunião.
Sem o consenso, o Acordo de Copenhague não é uma decisão da COP-15, como almejou-se para sua entrada imediata em vigor. Em vez disso, é um anexo às decisões técnicas e regimentais tomadas no evento, de que os países da Convenção do Clima da ONU "tomarão nota".
"Isso é uma carta de intenções, que não define o que fazer em termos legais", declarou Yvo de Boer, o secretário-executivo da convenção, em comunicado que substituiu a prometida entrevista coletiva. "O desafio será transformar aquilo com que concordamos politicamente em algo real."
As metas de corte de gases-estufa estão em branco, para serem listadas (individualmente e sem compromisso) em janeiro. Há apenas uma menção a "reduções significativas".
A demanda para que o texto ganhe peso legal em 2010 caiu, permanecendo só uma genérica menção à "adoção do resultado" -sem definições aqui.
Por ora, não passa de uma declaração vaga forjada na última hora pelos EUA e pelos quatro grandes países emergentes (Brasil, China, Índia e África do Sul) em uma sala fechada, da qual os demais só tomariam conhecimento na hora de votar.
Pior, não cumpre o objetivo central da cúpula que reuniu 119 chefes de Estado e de governo, a maior da história da ONU: limitar o aquecimento global a 2C, valor que cientistas veem como limite avançado para evitar consequências calamitosas.
O próprio comunicado final da convenção diz que os compromissos assumidos são provavelmente insuficientes para tanto, e que será necessária uma revisão em 2015.
Plenária em caos
O resultado é, para quem acompanhou lance a lance a arrastada negociação, o reflexo de uma conferência cheia de entendimentos bilaterais ou restritos a poucos participantes, marcada por divergências e interesses domésticos.
A plenária final, reaberta por volta das 3h de ontem por Lars Rasmussen, foi dramática.
O premiê dinamarquês -que sai do evento como seu maior detrator- apresentou o texto saído da reunião dos emergentes com Obama e interrompeu a sessão para que as outras nações pudessem analisá-lo. Mal bateu o martelo, a plenária foi tomada pelo som de vários delegados dando pancadas na mesa. Pessoas queriam falar.
"Desculpem-me, não notei, deve ter sido o sono", disse o premiê, e abriu o microfone. Tuvalu foi o primeiro da lista.
O negociador Ian Fry, que interrompera a sessão várias vezes ao longo da COP, disse que seu país fora desrespeitado pelo texto, negociado, segundo ele, de forma ilegítima por um grupelho. "Negociações pela mídia podem ser a norma em algumas nações, mas não em um processo democrático."
Ao comentar a provisão de finanças para o acordo, de US$ 30 bilhões até 2012, o negociador de Tuvalu foi áspero: "Devo sugerir em termos bíblicos que nos ofereceram 30 moedas de prata para trairmos o nosso povo. Nosso futuro não está à venda". A plenária irrompeu em aplausos. "Lamento informar que Tuvalu não pode aceitar este acordo." Mais aplausos.
A representante da Venezuela foi a próxima. Disse que seu país levantava a voz "com indignação" contra acordos feitos sem consulta, sem mandato e ilegítimos. Bolívia, Cuba e Nicarágua deram declarações similares -a última interrompendo duas vezes o americano Jonathan Pershing.
Processo implodido
Fora da plenária, delegados lamentavam o desfecho. "É um processo que não permite grandes transformações", resumiu Fernando Tudela, subsecretário do Ambiente do México, na noite de sexta à Folha.
"O que vejo como possibilidade não me deixa nada otimista em nenhum sentido. Se a sociedade civil queria um instrumento ambicioso, este não é juridicamente vinculante e não nos dá nem um mandato."
O México será o próximo anfitrião da COP, em dezembro de 2010. Apesar de o presidente Felipe Calderón ter convocado os países a começarem já a trabalhar por um acordo amplo e a elevarem suas ambições, Tudela foi mais soturno.
"A presidência do México não existe ainda porque não há mandato [no processo]. Se não nos encarregam de nada, o que vamos fazer?". Alguns delegados ouvidos pela Folha nos últimos dias aventaram a hipótese de se adiantar a presidência mexicana para o início do próximo ano, após a desastrada performance da Dinamarca.
Mas o estrago das últimas duas semanas feito no Bella Center, o pavilhão que recebeu mais de 40 mil pessoas apesar de ter lotação de 15 mil, foi tão profundo que até essa possibilidade é questionada.
Ontem, do lado de fora, na neve, nem os manifestantes ambientalistas sobraram.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2012200901.htm

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Morreu Paul Samuelson

Samuelson é o grande nome da teoria econômica americana no pós-guerra. Deu início ao processo de formalização da teoria econômica. A genialidade de Samuelson apareceu quando ainda estudante. Conta-se que escreveu um paper utilizando-se de um série de recursos matemáticos, que foi recusado pelo professor. O mesmo paper foi publicado numa revista de economia e marcou época, um novo momento da teoria econômica.

Samuelson é produto da crítica keynesiana à economia neoclássica. Samuelson representa o desdobramento da reação iniciada por John Hicks com “Mr. Keynes e os clássicos”. Ou seja, Samuelson é um dos pais da Síntese neoclássica.

Quando se fala no longo domínio do keynesianismo no pós Segunda Guerra até a reação monetarista e novo clássica, na verdade não se está falando de um keynesianismo “puro” tal como concebido por Keynes. Mas trata-se na verdade da leitura de Keynes feitas por economistas neoclássicas, a Síntese neoclássica, que busca responder as críticas feitas por Keynes à teoria neoclássica pré-crise de 1929 e  compatibilizar as novidades trazidas por Keynes com a teoria neoclássica. Ao fazer isso, Samuelson tanto mata Keynes quanto abre espaço para um renascimento futuro de um ortodoxia econômica mais radical já que a crítica keynesiana ao arsenal teórico neoclássico foi profundamente esvaziada.

Tutty Vasques: o texto não é bom, mas a imagem!

Assim é se lhe parece!

ILUSTRAÇÃO POJUCAN

ILUSTRAÇÃO POJUCAN

Não sei o que lhes pareceu o ataque da cavalaria do Distrito Federal aos manifestantes do movimento ‘Fora Arruda’ em Brasília – eu, pelo menos, não via nada igual desde a Batalha do Avaí, na Guerra do Paraguai, retratada em obra-prima do pintor Pedro Américo, exposta no Museu Nacional de Belas Artes. Depois que o Lula disse que “as imagens não falam por si”, cada um vê o que quer no noticiário da TV. O comando da PM viu na pancadaria uma reação natural à “turba” para garantir “o direito de ir e vir da população”.

“Cada um vê o que quer”, já dizia no início do século passado o dramaturgo italiano Luigi Pirandello para brincar com a “ótica conveniente”  e a “farsa filosófica” de seus personagens, cada dia mais atuais entre nós. Se Barack Obama defendeu a guerra no Prêmio Nobel da Paz e Gilberto Kassab viu “aspectos positivos” no temporal que matou oito e infernizou a vida da cidade, assim é se lhes parece. Vocês viram o José Roberto Arruda sair pela porta dos fundos do DEM com discurso paraninfo da faculdade de Direito? Parecia um professor emocionado na formatura de seus alunos.

A verdade é quase um detalhe numa época em que, diz o noticiário, o rapper Mano Brown fechou contrato com a Nike, o vanguardista Tunga está pintando aquarelas delicadas, Seu Jorge anda cantando Michael Jackson, Ronaldinho Gaúcho foi eleito melhor jogador da década e Fernando Collor está participando da Conferência do Clima. Só falta o José Serra quebrar a cara do Schwarzenegger no encontro que terão esta semana em Copenhague.

Texto publicado na coluna Ambulatório da Notícia do caderno Aliás deste domingo no Estadão.

http://blogs.estadao.com.br/tutty/assim-e-se-lhe-parece-2/

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Mundo insólito 2

08/12/2009 - 07h56

Chinesa aceita acordo para bater em marido só uma vez por semana

Uma chinesa da província de Chongqing assinou um acordo com o marido que permite que ela o agrida fisicamente no máximo uma vez por semana.
O acordo - assinado perante familiares e testemunhas - foi proposto pelo marido, um homem de 32 anos identificado apenas pelo sobrenome Zhang, porque, segundo ele, era frequentemente agredido pela mulher, Chen, quando discutiam.
Chen pratica kung fu desde a infância, e disse ao jornal Chongqing Evening News que "não consegue conter suas mãos" durante uma briga.
Ela admitiu ainda que se arrepende cada vez que vê o marido com o olho roxo.
Pais
Zhang e Chen, que se casaram há seis meses, dizem que querem continuar juntos.
Ele contou que desde o namoro já havia sofrido com a agressividade de Chen.
Pelos termos do acordo, ela terá de passar três dias na casa dos pais se passar da cota semanal de agressões.
"Ela é muito obediente em relação aos pais, e os pais dela sempre me dão apoio e a culpam", disse Zhang ao jornal.

Mundo insólito 1

08/12/2009 - 08h01

Descendentes de canibais pedem perdão a família de missionário devorado

Briony Leyland
Em Erromango

Os herdeiros de um homem que foi devorado por canibais em uma pequena ilha do Pacífico há 170 anos voltaram pela primeira vez ao local da morte de seu ancestral para fazer parte de uma singular cerimônia de reconciliação.
O ritual se deu na pequena ilha de Erromango, uma das ilhas que compõem a nação de Vanuatu, onde em 1839 os indígenas mataram e devoraram o reverendo John Williams, um dos mais reconhecidos missionário de seu tempo, e seu colega James Harris.

  • Ahmad Al-Rubaye/ AFP

    Parentes de John Williams participam de cerimônia de reconciliação na ilha de Erromango, Vanuatu

Desde então os nativos crêem ser vítimas de uma "maldição", que querem desfazer agora que o catolicismo é cada vez mais forte na ilha.
"O povo de Erromango sempre teve sobre si o peso de ter matado um missionário. Eles acham que foram amaldiçoados e é por isso que essa reconciliação é tão importante", disse à BBC o presidente de Vanuatu, Iolo Johnson Abbil.
"Desde que passamos a nos considerar como um país cristão, era necessário que Erromango passasse por isso."
Canibalismo
Em 1816, aos 20 anos de idade, John Williams abraçou a vida de missionário dedicando-se à catequização de indígenas da Polinésia sob os auspícios da Sociedade Missionária de Londres.
Dedicou-se à atividade por mais de duas décadas. Em sua última viagem, ele aportou em 1839 a bordo do navio Camden na baía de Dillons, no arquipélago a mais de 1,5 mil quilômetros a leste da Austrália que ainda viria a se tornar Vanuatu.
Ali, dias antes, nativos de Erromango haviam sido mortos por comerciantes europeus de sândalo. Em meio à hostilidade, os dois foram mortos e canibalizados pelos nativos, assim que puseram os pés em terra.
"Harris, que estava mais adiante, foi abatido a clavas e morto. John Williams se virou e tentou correr para o mar. Eles o alcançaram na costa. Ele também foi abatido, atingido por uma flecha e morreu nas águas rasas", contou um dos descendentes do missionário, Charles Milner-Williams, 65.
O antropólogo Ralph Regenvanu, membro do Parlamento de Vanuatu e um dos que propuseram a reconciliação, disse que os homens provavelmente foram mortos porque representavam a "incursão" do homem branco na terra indígena.
"O canibalismo era praticado de forma de ritual e considerada uma atividade sagrada. Muitas vezes era uma maneira de derrotar uma ameaça, de absorver o poder do inimigo", disse o antropólogo.
"John Williams pode ter sido morto e devorado porque representava essa ameaça, essa incursão da civilização europeia que estava chegando a Erromango naquela época."
Reconciliação
Na cerimônia de reconciliação, à qual compareceram 18 descendentes do missionário Williams, a morte dos dois homens foi reencenada. Dezenas de descendentes dos moradores de Erromango à época fizeram fila para pedir o perdão da família.
Como demonstração de afeto e respeito, a baía de Dillons, onde ocorreu o incidente, foi renomeada de baía de Williams. "A reconciliação é parte da nossa cultura. Pedir perdão é uma parte do cerimonial, mas não a única", disse Regenvanu. "A reconciliação requer algo de ambos os lados, há sempre o elemento da troca."
A família de Williams concordou em amparar a educação de uma garota de sete anos de idade, que foi ritualmente "entregue" à família como compensação pela perda do missionário.
Para o parente de Williams, Charles, o ritual foi emocionante.
"Vim sem saber o que esperar e saio, curiosamente, com minha fé restaurada e me sentindo renovado", afirmou Milner-Williams, que vive em Hampshire, no sul da Inglaterra.
"Pensei que após 170 anos eu não sentiria nenhuma emoção, mas a pureza dos sentimentos, o arrependimento genuíno e a tristeza, de partir o coração, foram bastante tocantes."

domingo, 6 de dezembro de 2009

Nasceu, e viveu na Alemanha, não fala turco, mas foi expulso para a Turquia

SPIEGEL ONLINE

SPIEGEL ONLINE

12/04/2009 04:13 PM

Victim of Immigration Policy

The German Forced to Become a Turk

By Jochen-Martin Gutsch

Mohammad Eke was born and grew up in the German city of Essen. Until authorities found out that his parents had entered the country illegally, Germany was his home. Then Eke was deported to Turkey, even though he'd never visited the country and didn't speak the language. It's just another run-of-the-mill case of German immigration policy in action.

The young man sits with his bag in Istanbul's airport, as he often does when he doesn't know what to do with himself or his time.

The bag holds two towels, two pairs of jeans, three T-shirts, a pair of shoes, a jacket and his toiletries. It also contains a Turkish dictionary, a folder containing documents from a German Office of Alien Affairs and a bottle of antidepressant pills, which he needs to fall asleep. The bag is the size of a carry-on bag, and he could easily be mistaken for a tourist visiting Istanbul for a couple of days. Such tourists are eager to see the sights and do the things tourists do here: see the Bosporus, Topkapi Palace, the Blue Mosque or a game of Fenerbahçe, the city's famed football team -- and then return home.

In fact, there is probably nothing Mohammad Eke would like more than to go home -- to board an airplane, take off and arrive at his destination. But, for him, that would be difficult and perhaps even impossible. Going home would mean returning to Germany, where officials have spent a lot of time and effort over the last few years trying to get rid of him and send him to Istanbul.

When they finally succeeded, it was Aug. 6, a hot summer day. Sometime between two and three in the morning, Eke walked out of his cell at a deportation center in Büren, a town in northwestern Germany. He hadn't slept. During the nine months he spent in custody pending deportation, he had dreaded this moment -- while at the same time longing for it.

Then, he was handcuffed and driven a short distance to Düsseldorf's airport, where he was searched -- his clothing, his bag, his body. Then he was driven out to an aircraft so that he could board it before the other passengers. He sat down in the window seat in row 29. He was joined in his row by two federal German police officers who were accompanying him during his deportation. And just in case there were any problems during the flight -- such as a suicide attempt, perhaps -- there was a doctor sitting in the seat in front of him.

At approximately 8 a.m., Turkish Airlines flight TK 1530 took off for Istanbul on a normally scheduled flight. Eke watched Germany's industrial Ruhr region slip away beneath him, and he thought back to the only time he had traveled abroad, for a weekend in The Hague with his football team. He was a child then, but now he was 21 and sitting in an airplane for the first time.

The only reason he was taking the first real journey of his life was because he was being deported to Turkey. He had never set foot in Turkey. He didn't speak any Turkish.

Eke remained quiet throughout the flight, looking every bit the tourist among tourists.

A Turkish police officer was waiting at Istanbul's Ataturk Airport. The escorts from Germany disappeared, and then Eke spent a number of hours in two police stations. Eventually, he was handed a document that he couldn't read, though it seemed important.

Then he was free to go.

By the time Eke left the police station, it was already dark. The only things he had on him were his travel bag and the €50 ($75) he had been given as a deportee.

For the first few weeks, he spent nights in a mosque on the airport grounds. He hid in a corner and slept on a carpet that smelled musty from the feet of the people who prayed there. During the day, he walked over to the departure hall and watched the travelers pulling their trolley cases past the glass booths of the Turkish border officials. He went to a mobile phone shop that offered free Internet use to keep up with German football scores and write e-mails to his girlfriend back home in Essen. Otherwise, he simply waited -- either for a surprise turn of events or for someone to come along to tell him that it had all been a mistake.

What else could it be, he thought. He wasn't a criminal. He was born in Germany, and he had spent his entire life there. Germany was his home, and German was his native language -- German with an accent from the Ruhr region. How on Earth could they deport someone as German as he was?

That question still haunts him, and all the time. But what Eke lacks is a good answer, something that will make his story make sense. But perhaps there is no explanation, at least not one that makes sense. And if there is, it's typically German -- complicated.

A Story That Never Should Have Happened

The immigration office in Essen is housed in a new, cube-shaped building. Jörg Stratenwerth, its director, sits in an office on the fifth floor. He is an amiable, heavyset, 38-year-old man who has spent his entire career working for this agency. He was promoted to head the office a few months ago, and there is now a file sitting on his desk that he will use to help explain the case of Mohammad Eke. Two clerks are also sitting in on the meeting, as is Detlef Feige, the spokesman of the city of Essen. Four men for one story, and a story that is neither particularly significant nor particularly confusing. In fact, by the end of the meeting, you might have been left wondering why this story ever happened.

Stratenwerth opens the file. It all began 21 years ago, on May 30, 1988, when Mohammad Eke was born. He had a different name then: Mohammad Ahmed. During his childhood, he was always told that his parents came to Germany from Lebanon before he was born, after fleeing the civil war there. Since they had no passports, they were all classified as refugees with "unresolved status." Mohammad Ahmed went to kindergarten and then school. He played in the local football club, and he was an FC Bayern fan. He was a Lebanese from Essen whose German was better than his Arabic.

In 2001, Mohammad's parents received a letter from the immigration office. The letter stated that officials had discovered evidence that they had provided false information about their origins when they immigrated to Germany.

Stratenwerth pulls a piece of paper out of the file. He speaks quickly, and his sentences are filled with the flotsam of data and legalese. But when all the important details are filtered out, Eke's story boils down to this: In 2001, immigration offices across the country launched investigations, and special police commissions had been formed to find so-called "fake" Lebanese. The authorities suspected that a few thousand Turks had come to Germany in the 1980s as part of a large wave of refugees claiming to be victims of the civil war ravaging Lebanon. In the first few years of the new millennium, the immigration offices conducted DNA tests to ascertain degrees of kinship and searched for evidence in Turkish birth registries. In the case of Mohammad Eke, the officials found what they were looking for: his parents were part of the group they had uncovered.

DNA tests were done, and the results showed that they were not Lebanese. Instead, the test indicated that they were from the remote Mardin Province in southeastern Turkey, where Arabic is spoken. "The parents presented Lebanese papers," Stratenwerth says, "but they were amateurish forgeries."

Grasping for an Identity

Sitting in a café, Eke calls this all "the lie." He spits out the words like poison. The lie divided his life into two identities. Suddenly he was a Turk. Mohammad Ahmed became Mohammad Eke. He was ashamed of his parents and ashamed to face his friends. How could he explain to them that he had lived with a fake background, in a Lebanese fairytale? The lie began to pervade his life. And it quickly and inexorably set in motion the series of events that would end with his being stranded here in Istanbul.

Eke speaks in a quiet voice. He is wearing jeans and a T-shirt, and his face is the face of a boy. "I'm confused," he says. "I don't know what or who I am. I don't know whether I'm a Sunni or a Shiite. I have no history -- or at least not one I'm aware of." His father, he says, never told him where the family came from, not even after the lie had been exposed. He remained clueless about his family's past. Instead, Eke withdrew into the only thing that seemed indisputable to him. "In my heart, I am German," he says. But that has caused problems for him, too. He has no former life. But he doesn't have a new life yet, either.

For example, Eke has been in Istanbul for more than three months, but he has yet to explore much of the city. He rarely goes into downtown Istanbul because, as he says, it's too dangerous there -- too many thieves and swindlers. He's noticed that the kebabs are drier than they are in Germany and that they have "less meat and less lettuce." Likewise, Eke finds it hard to deal with the Turkish mentality. The Turks are stingy and unfriendly, he says -- though he'll admit that this impression might have something to do with the fact that he doesn't speak Turkish. At any rate, he says, the best place in Istanbul is the airport. "There's Internet here, so I can distract myself," Eke says. "And everything is monitored."

From Would-be Deportee to Refugee

In October 2002, German officials refused to extend Eke's residence permit, which meant that he was now legally required to leave the country, as were his parents and siblings. The first attempt to deport the family came in April 2005. It failed, because the parents weren't home that day; instead, they were at a family gathering in Bremen. After that, the father disappeared for several months. The mother was overwhelmed, and the immigration office obtained a court order to appoint a guardian for her six underage children. The authorities were closing in.

On Tuesday, Sept. 20, 2005, police surrounded the house again. This time, though, everything went according to plan. The parents and the younger siblings were taken into custody and deported to Turkey. By chance, however, Mohammad had spent the night at the house of his older brother. The next morning, he came home to an empty house. His family was gone.

Frightened and confused, Eke thought about his options. The good news was that he was still in Germany. The bad news was that he was 17-years-old and, as of a few hours, parentless. He decided to go to the immigration office, where he expected them to be waiting for him. And perhaps, he reasoned, they would give him a chance because he had missed his family's deportation and somehow stayed behind, because he was born in Essen, after all, and really just a German boy. At least that's the way he saw it.

At the immigration agency, Eke and his court-appointed guardian were sitting in the office of a clerk when they were told that he could not be deported -- at least not right away -- because he was a minor and his parents' exact whereabouts were unknown. Instead, he would be placed in Essen's Hermann Friebe House, a home for refugees. Now he would be Mohammad Eke, institutionalized child.

'Integration Achievement'

At that point, says Stratenwerth, the head of Essen's immigration agency, nothing had been decided. Nothing at all. Under certain conditions, though, Eke could have stayed in Germany. But that's not how Eke sees it. "Of course," he says, "he was more or less required to leave the country. That much is completely clear."

But, after spending his entire life in Germany, wasn't Eke really a German, a de facto native, so to speak? Were 17 years not enough?

Stratenwerth shakes his head. It's claiming a false identity, he says. And under German law, Stratenwerth explains, Eke can be held responsible for his parents' lie.

This is the point at which Eke's story becomes a legal matter -- and even a matter of government policy. The life of Mohammad Eke is now measured against the "public interest to regulate the immigration of foreigners," to quote a later court decision on the Eke case.

Stratenwerth flips through the file. He has never met Eke but in the end, he says, his is nothing more than a run-of-the-mill case. There are about 1,800 similar cases in Essen alone, he adds, of Turkish parents falsely claiming that they were Lebanese when they first entered the country -- and of children who grew up in Germany and spent their first 10, 15, 20 years in the country. Each of these cases ends with the question: Can they be allowed to stay, or do they have to go?

Stratenwerth says that everything depends on what he calls "integration achievement," which he sees as the intent behind Germany's Residence Act. "The more someone is integrated," he says, "the greater his or her changes are." In cases where individuals are well-integrated, deportation can be classified as legally unacceptable. It is a discretionary decision, though, and one with which immigration authorities have a certain degree of latitude.

In the end, this meant that Eke had to take an examination of sorts -- an integration test, so to speak. But it was a test he wouldn't be able to pass.

Granted, Eke has a few legal blemishes on his file. He had driven without a license; he had illegally altered a moped; and he had been convicted for theft and embezzlement after selling a borrowed Playstation for €70 ($104). But none of these were all that shocking or more than your average youthful indiscretions. And as Stratenwerth says: "None of this stood in the way." Instead, Eke was told to abide by his guardian's instructions. He was instructed to live at the refugee facility and go to school. By doing so, the authorities reasoned, he would be demonstrating his "integration achievement."

The Final Hurrah

After a few days, officials at the Hermann Friebe House reported that Eke was missing. As he puts it, he didn't want to be an institutionalized child. After that, he did what he was told and participated in a program called "Training and Employment for Adolescent Asylum Seekers." But he stopped attending after six months, and he also broke off contact with his guardian. On June 9, 2006, a few days after his 18th birthday, the immigration office noted that his whereabouts were now unknown and issued a warrant for his arrest. He was now a legal adult, but one that was illegal and eligible for deportation.

In retrospect, Eke admits, it might've been a mistake. But, at the time, it seemed like his only option. He didn't trust the immigration authorities, the same authorities who had deported his parents and siblings. And he didn't trust his guardian, either.

For the next two years, Eke stayed off the radar. He lived with friends in Essen and then moved in with his sister in Bremen, who has a German passport. He played football in various clubs and earned a little money by giving lessons to children. He likes to tell the story of how he played professionally with Rot-Weiss Essen, a local football club, with Mesut Özil -- a fellow Turk and a member of the German national team today.

In the late afternoon of Nov. 7, 2008, Eke gave up. The police had surrounded his brother's auto repair shop in Essen. Eke ran to the emergency exit hoping it would be his last chance to get away. But when he opened the door, there were two police officers waiting outside with weapons drawn.

"I was almost glad when they caught me," Eke says. "I thought: Now everything will be straightened out. I really thought they would say: 'It was our mistake' and 'Of course you'll get another chance.'"

What Exactly Constitutes Integration?

In fact, Eke still seems surprised. He opens his bag and pulls out a few documents: references from the German football clubs he had played with, a letter from the petitions committee of the state parliament of North Rhine-Westphalia, a certificate showing that he had attended an industrial placement program at BMW facilities in Essen, and the boarding pass from his August deportation flight. The documents are now little more than yellowing pieces of paper, testaments to his unsteady German life.

Eke left secondary school after ninth grade. His parents hardly speak any German, and they paid little attention to the education of their 11 children. When Eke is asked what his parents did for a living, how they made money, he says, "with nothing." It was a large family that survived on welfare. Under these conditions, how could Eke be expected to score well on any "integration achievement" test?

When asked whether he believes that he's integrated, he says that he doesn't exactly know what the term means. Still, the fact is that, in Germany, no one really knows what it means. Can integration really be measured? Eke speaks German like a German. He isn't a criminal, and he isn't a bad guy. That, so to speak, is his integration achievement. Is it necessary to ask more of him? Or is there also such a thing as a German integration achievement? Is there a level of responsibility that someone must achieve after having lived in Germany for 21 years?

On Nov. 8, 2008, Eke was taken to the deportation center in Büren. He spent the first few weeks in a six-man cell with three bunk beds. After two months, he was permitted to work as a cleaner in the detention facility. He was having trouble sleeping, so the in-house doctor wrote him a prescription for antidepressants. When his hair occasionally fell out in dark clumps, both the doctor and Eke attributed it to stress.

Arguing His Case in Court

Twice during his nine-month incarceration, Eke was taken to the Turkish Consulate. But, on both occasions, he refused to apply for a Turkish passport, arguing that he was "born in Germany and am therefore a German citizen." His sister in Bremen hired attorneys, who filed a lawsuit against the government's deportation efforts. At this point, he was hoping that the German courts would come to his rescue.

But that wasn't in his cards. In a tersely worded ruling dated Jan. 14, 2009, an administrative court in Gelsenkirchen, near Essen, wrote: "The claimant's consciously illegal stay in Germany after his disappearance already suggests a lack of integration because it shows that the claimant intends to make his integration into the German legal order dependent on his interests." The judge also ruled "that it is in keeping with the need to fairly balance the public interest in regulating the immigration of foreigners against the claimant's private interest in remaining in Germany that the claimant return to Turkey."

Subsequently, Eke's lawyers filed an appeal with the administrative appeals court of the state of North Rhine-Westphalia. On June 5, the appeal was denied. The judges argued that there was no evidence of Eke's being rooted in "German society" to a degree that would "make deportation to Turkey seem unacceptable." Besides, the judges wrote in their decision, "through his illegal presence in Germany since June 2006, the claimant has demonstrated his ability to cope with difficult living situations."

Eke had run up against a wall. He filed an appeal with a commission responsible for adjudicating hardship cases, but it also was denied. On July 9, the Federal Constitutional Court, Germany's supreme legal body, decided not to hear Eke's constitutional complaint. Now 21, Eke had exhausted his legal options in Germany. The only people left who could have prevented his deportation were Jörg Stratenwerth and the immigration officials in Essen. But they didn't.

Stretching the Boundaries of Reasonable

Stratenwerth closes the Eke file. He has been working for the immigration authority for almost 15 years, and he has witnessed all of the German debates on integration, abuse of asylum privileges, Turkey's accession to the European Union, double citizenship, a German green card and mainstream culture. These days, Germany defines itself as a country of immigration. This perception might reflect reality -- and it might just be little more than wishful thinking. Stratenwerth isn't sure. He doesn't make the laws, he says, he just enforces them. He did his job correctly, he adds, as he looks out the window at the fall foliage.

"The chance was there," says Stratenwerth. "His mistake was to drop out of the training program and disappear. Now he has to deal with the consequences."

If you follow the logic, it would seem that Eke failed to live up to an expectation that he grow up more quickly than normal -- something which a German youngster from a similar background would never have been expected to do. Moreover, that German youngster would certainly not have suffered the same consequences as Eke for failing to pass the test.

Stratenwerth is open to discussing most issues, including the question of who is responsible for Mohammad Eke. Is it Germany, the country where he was born, or Turkey, a country he had never even visited beforehand? "Legally speaking, Turkey is responsible for him," says Stratenwerth, who holds a legal degree. "From an emotional standpoint," he adds, "perhaps he belongs in Germany. But under international law, he's Turkish."

Perhaps Eke could get a job, Stratenwerth suggests, in an attempt to look on the bright side of things, as if that would make everything better. "With his language qualifications, his German and Arabic," Stratenwerth says, "he has excellent job prospects in Turkey." A return to Germany, on the other hand, could be difficult. He could marry a German woman or someone with the right legal status. "But before returning to Germany," Stratenwerth adds, "he would have to pay back the costs incurred by his deportation." In Eke's case, these costs could be quite steep. There's the nine months he was in detention. And then there was the airfare for himself, the two police officers and the doctor. And then, of course, the costs of the medical reports. "It'll certainly come to about €20,000 ($30,000)," Stratenwerth figures.

Foreign at Home

Mehtap Sabah, Eke's 23-year-old girlfriend, says she would be willing to marry him. She is a petite girl with a German high-school diploma, Turkish parents and a German passport. "€20,000?" she asks. "How are we supposed to come up with that kind of money?" Sabah is in her second year of an apprenticeship to become a tax accountant's assistant. In August, shortly after Eke was deported, she went to see him in Istanbul. It was a strange visit. As they walked through the streets, she served as his interpreter. She also talked about the beauty of the city, the sea, the warm climate -- and soon she felt like his Turkish tour guide, as well. But all Eke could say was: "I feel lost here."

Eke is her first love. She could join him in Turkey, but she doesn't want to live there. Germany is her home, she says. Sometimes, when she compares his life with hers, she sees no difference between the two. Both of them were born and raised in Essen. But she received a German passport at some point, while Eke was deported.

At moments like this, despite the fact that it is her home, Germany must seem like a mysterious, inscrutable country to someone like Sabah.

Lost

Back at Istanbul's airport, Eke is thinking about where he'll sleep tonight. He has spent the last few weeks in Esenyurt, a neighborhood in Istanbul where he had been working at a small bakery during the day, dusting off the flour from pita bread. He lived in the apartment of Shekmus, a baker who spoke a little Arabic. It was musty and dark in the apartment, and they slept on dirty mattresses. But it wasn't bad, Eke says. At least he had a place to stay. But then he was told that the bakery was going to close soon because sales were poor. Perhaps it was true. Or perhaps they just didn't need an employee from Germany to dust off the flour from their pita bread, particularly one who didn't even speak Turkish.

Eke hasn't spoken with his parents since they were deported in September 2005. He can't forgive them for lying. For practical reasons, he now has a Turkish ID card. But he doesn't have a Turkish passport. As he sees it, doing so would mean taking another step into a Turkish life, a life he has still successfully managed to keep his distance from.

If marriage is his only option for returning to Germany, Eke says he'll do it. Marriage, at 21-years-old, just to return to the place where you've always lived.

He gets up. It is almost midnight, and he is thinking about spending the night at the baker's apartment. "It takes about two or three weeks to get to know Turkey, to see all the sights," says Eke. He sounds like a tourist.

He walks through the arrivals hall at the airport, not quite sure where he's going. He's a young man with a bag in his hand.

Translated from the German by Christopher Sultan

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A crise no Chile

El índice de precios registró una sorpresiva baja de 0,5% en noviembre:
IPC cerrará 2009 con mayor caída desde 1935

Sábado 5 de diciembre de 2009

Una contracción de precios mayor a la esperada hizo que los analistas advirtieran de una reactivación de la demanda interna más lenta de lo esperado.

M. Vélez y P. Díaz 

El desempleo está pasando la factura a la recuperación. Esa es una de las conclusiones que se pueden sacar del reporte del Índice de Precios de Consumidor (IPC) de noviembre. En la cifras entregadas ayer por el Instituto Nacional de Estadísticas (INE), el índice de precios cayó un sorpresivo 0,5% el mes pasado, muy por encima del 0% o el -0,1% esperado por el mercado.

La cifra, sumada a la falta de generación de empleos con contrato en el sector privado (-2,8% en octubre), refleja según analistas que los consumidores chilenos continúan cautelosos.

"Como señal económica este resultado no es muy bueno, puede ser una señal hasta negativa de que todavía la recuperación del consumo es todavía muy gradual", detalla Cristián Gardeweg, analista de Celfin.

Si bien la caída se explica en gran parte por las tarifas de electricidad (-10,3%) y el precio de las prendas de vestir (-3,2%), la caída fue generalizada, pues casi todos los productos de la canasta registraron bajas de precio.

En BCI Corredor de Bolsa destacaron la baja en ítems como Muebles (-0,4%) y Bienes y Servicios (-0,7%), como señal de una débil demanda. "Estamos viendo efectos de segunda vuelta deflacionarios que pueden ser difícil revertir en el corto plazo", advierten... Este elemento debe preocupar al Central toda vez que estimamos que la cifra fue sorpresiva para el mercado como para el instituto emisor", advierten.

Cierre de año

Los expertos esperan que diciembre también cierre con cifras negativas. Juan Pablo Castro, economista de Santander, estima que en el último mes del año el IPC debería caer entre 0,2% y 0,1%. En LarrainVial incluso esperan que la caída sea de 0,3%. En general, de cumplirse las proyecciones, el IPC de 2009 acumulará una caída anual de 1,4%. Sería el año con la mayor baja de precios desde 1935.

Aunque como señal económica la contracción de precios es negativa, pues mientras la demanda interna se mantenga baja la recuperación seguirá siendo lenta, podría haber un lado positivo para los consumidores.

Gardeweg recuerda que en diciembre los gastos aumentan por las compras navideñas. Mientras Sergio Godoy, gerente de estrategia en renta fija de LarrainVial, coincide con que el IPC de noviembre es positivo para los consumidores. "Los deudores hipotecarios verán reducidos los pagos que realizarán en diciembre y los arriendos también se reajustarán a la baja".

Consumidores

Como señal económica, la contracción de precios es negativa, pero hay un lado positivo para los consumidores.

Un Banco Central sin presiones

Tras conocerse la caída de precios de noviembre, las expectativas respecto a una eventual alza de la tasa de interés antes de lo anunciado por el Banco Central parecen desvanecerse. "Empezarían a subir el segundo trimestre del próximo año y no antes", sentencia Rodrigo Aravena, de Banchile.

Para Juan Pablo Castro, economista de Santander GBM, también se reducen las expectativas sobre el tope que alcanzará la Tasa de Política Monetaria en 2010. "Proyectamos que será de 2,25% en (diciembre) 2010", afirma.

A pesar de que el emisor ha insistido en que la política monetaria no variará hasta el segundo semestre de 2010, las tasas de mercado indicaban que los inversionistas veían espacio para un cambio adelantado.

"Esto apoya el discurso del Banco Central, en el que a pesar de que uno espera un crecimiento para el próximo año, este crecimiento debería ser sin presiones inflacionarias. Por lo tanto, eso apoya su idea de mantener las tasas bajas", sentencia Castro.

http://diario.elmercurio.com/2009/12/05/economia_y_negocios/economia_y_negocios/noticias/5C273BF8-4E19-42EA-906F-BD59F157508C.htm?id={5C273BF8-4E19-42EA-906F-BD59F157508C}

Editorial do Clarín sobre União Européia e Malvinas

05.12.2009

Malvinas, la UE y Latinoamérica

00:00

Por: Clarín.com

Que las islas Malvinas sean consideradas como un "territorio asociado" de la Unión Europea es una anomalía geopolítica y un problema de derecho internacional a todas luces evidente entrado el siglo XXI. Pero así ocurre, como consecuencia de la entrada en vigor del Tratado de Lisboa, una suerte de nueva Constitución que rige para los veintisiete países de la UE.
Esto significa además que lo que hasta ahora se planteaba como un conflicto bilateral entre la Argentina y Gran Bretaña se traslada a la esfera de los grandes grupos regionales, en la escala supranacional.
Esto es lo que sucedió en la Cumbre Iberoamérica, precisamente creada como un puente entre América latina y Europa, cuya declaración final en Estoril reiteró la invitación a las partes a negociar una solución pacífica para la disputa sobre el archipiélago austral.
Como es sabido, la Argentina cuenta con el respaldo regional, en el seno del Mercosur y de la UNASUR, al reclamo de reconocimiento de los derechos soberanos de nuestro país sobre las islas del Atlántico Sur. Mientras tanto, Gran Bretaña desoye sistemáticamente las resoluciones de las Naciones Unidas al respecto, e invoca el principio de autodeterminación para la población de las islas.
Con el conflicto congelado, la inclusión del archipiélago en el mapa de la UE como "territorio asociado" convalida una situación de enclave colonial y es una mala noticia para la Argentina y el reclamo diplomático internacional.
La inclusión de las islas Malvinas como un territorio asociado de la UE consagra una anomalía geopolítica y del derecho internacional

http://www.clarin.com/diario/2009/12/05/opinion/o-02055645.htm

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

E agora, Brasil?

A festa acabou,

A campanha ocorreu,

o povo votou,

a eleição acabou,

Honduras cansou,

e agora, Brasil?

e agora, você?

você que é sem poder,

que usa o dos outros,

você que faz discursos,

que grita protesta,

e agora, Brasil?


 

Está sem apoio,

Só tem um discurso

Palavras ao vento

Já não pode sair

Ainda não pode desistir

Nunca pode vencer

Os sonhos esfriaram

A realidade chegou

A história partiu

A esperança sumiu

Não veio a utopia

E tudo acabou

O Obama fugiu

Os princípios mofaram

Numa embaixada fechada

E agora, Brasil?


 

E agora, Brasil?

Sua defesa da democracia,

Seu instante de loucura,

Sua ambição e sacrifício,

Sua tradição,

Sua cadeira na ONU,

Sua liderança na América Latina,

Sua voracidade – e agora?


 

Com as palavras na boca,

Quer abrir a porta,

Não existe porta;

Quer profetizar no mundo,

Mas o mundo já não quer profetas;

Quer ir para o mundo,

Mas o mundo te manda voltar.

Brasil, e agora?


 

Se você gritasse

Se te ouvissem

Se você que decidisse

Se você dominasse

Se você acordasse

Se você lutasse

Se você vencesse...

Mas você não vence,

Você é fraco, Brasil!


 

Sozinho em Honduras

Qual bicho-do-mato,

Sem o mito da fronteira,

Sem o destino manifesto

Sem armas para se afirmar

Sem navios e aviões

Que suportem a ação

Você marcha, Brasil!

Brasil, para onde?

Brasil e Honduras

Independentemente do resultado que aponta para uma vitória dos golpistas apesar da derrota eleitoral dos mesmos (e de fato desconfio do candidato vencedor apesar de não ser do partido dos golpistas), o Brasil tomou a decisão acertada.

1. O Brasil é uma potência emergente, incensado pela imprensa, teria todo interesse em agir como a China e não fazer uma defesa de valores no sistema internacional, olhar apenas para os seus interesses econômicos e geopolíticos. Mas o Brasil mostrou que ainda que as relações internacionais sejam pautadas por interesses, há momentos em que os interesses devem ser deixados de lado para uma defesa de valores que são importantes, defender o princípio da democracia no América Latina é um valor importante, e compensa deixar de lado os interesses materiais para reafirmar este valor quando ele está ameaçado. O Brasil não é um grande potência, não deve se comportar como tal, passando por cima de qualquer valor. Este comportamento poderia se voltar contra seus interesses nas relações com os vizinhos.

2. Ao contrário do que diz a imprensa o Brasil não defendeu Manuel Zelaya, o Brasil defendeu um princípio. E neste caso não apenas a democracia, mas a idéia que um nacional não pode ser expulso de seu próprio país. Agora mesmo um dos líderes da luta pela independência do Saara Ocidental foi expulso do Marrocos, enviado para as Ilhas Canárias, e a Espanha defendeu os seus direitos? Não! Caso Zelaya tivesse sofrido um processo de impeachment legalmente sustentado não seria uma questão brasileira.

3. Nunca esteve em questão a incapacidade do Brasil impor uma solução em Honduras. O Brasil não mantém relações políticas e econômicas densas com Honduras para tenha condições de fazer pressão a ponto do governo de turno ceder diante da ação brasileira. O Brasil sempre dependeu da ação internacional, da cooperação internacional para encaminhar uma solução para a questão de Honduras. De fato sempre dependeu que os EUA se sentissem pressionados a atuar em favor da solução brasileira.

4. Aí aparece um erro da diplomacia brasileira. O Brasil acreditou em Obama. De fato pareceu ao Brasil que Obama não apenas representava a esperança, mas representaria de fato um novo momento nas relações entre os EUA e a América Latina. É possível que o próprio Obama em determinado momento no início da crise hondurenha tenha acreditado nisso. Mas logo foi enquadrado pelo establishment que domina e define a política externa norte-americana para a região. Se o Brasil não tivesse acreditado em Obama poderia ter pensando em alternativas de saída que não estivessem baseadas na “bondade” americana, poderia ter envolvido mais organizações internacionais como as Nações Unidas; poderia ter buscado mais apoio nos países da América Central. Evidentemente Oscar Árias é um aliado fiel dos EUA desde os anos 80, mas ele é muito mais vulnerável a pressão dos que os EUA, o Brasil poderia ter buscado uma aproximação da Costa Rica e pressionado o presidente Oscar Árias para apresentar um plano mais condizente com as demandas de democracia na América Latina, isso representaria uma pressão maior sobre os EUA. Se reconhecessem que Obama é apenas mais do mesmo, o Brasil poderia ter buscado o apoio do México. O México vive um período de ostracismo internacional, poderia ter interesse em afirmar sua presença na América Central atuando no caso. O México, apesar de recentemente ter praticamente um aliado incondicional dos EUA, ao longo do tempo manteve um discurso de política externa compatível com uma ação em defesa da democracia na região, o Brasil deveria ter mobilizado o México.

5. A irrelevância de Honduras no sistema internacional desde o início jogou a favor dos golpistas, quem se interessa pelo que se passa em Honduras? Qual país, grupo, movimento social estaria disposto a se sacrificar e realizar uma mobilização de longo prazo para defender a democracia em Honduras? Quem vai se preocupar se o presidente de Honduras é A, B, C ou D? Os países da região e ainda assim por pouco tempo, o que também favorece que mais cedo ou mais tarde as eleições realizadas em Honduras sejam aceitas.

6. Obama já teve vários momentos para demonstrar que representaria uma mudança na política internacional dos EUA. Não conseguiu demonstrar isso em nenhum caso. E teoricamente´é muito mais difícil alterar a política para a China, o Oriente Média, o Iraque, o Afeganistão  do que para Honduras. Se Obama não é capaz de alterar a política externa americana para Honduras, Obama não é capaz de alterar a política externa americana.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

76% acham que governo Lula foi melhor que governo FHC

76% acham que governo Lula foi melhor que governo FHC

Atualizado em 23 de novembro de 2009 às 12:30 | Publicado em 23 de novembro de 2009 às 12:17

CNT/Sensus: 76% preferem governo de Lula ao de FHC
23 de novembro de 2009 • 11h49 • atualizado às 11h51

Keila Santana, Direto de Brasília, no Terra
 

A pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta segunda feira traz uma comparação entre a percepção dos entrevistados sobre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para 76%, os sete anos do governo Lula são melhores que os oito anos da era FHC, 10% acreditam que Fernando Henrique foi melhor e 11,1% afirmaram que os dois governos são iguais. A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 16 e 20 de novembro e entrevistou 2 mil pessoas. A margem de erro é de 3%.

Segundo Clésio Andrade, a candidata do governo começa a estimular a guerra eleitoral, crescendo nas simulações e se favorecendo da avaliação negativa da imagem do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

"O Serra cai em função do apoio do Fernando Henrique, que fala em nome dele, independente dele querer ou não. O apoio ostensivo de FHC é prejudicial", disse Clésio Andrade, presidente da CNT.

Nas simulações para as eleições de 2010, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), continua liderando as intenções de votos em todas as listas em que o nome dele é incluído, mas apresenta queda nos percentuais de primeiro e segundo turnos.

"Ao longo dos últimos 12 meses, Serra perdeu 15 pontos nas intenções de voto", disse Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus. Na primeira lista que inclui todos os prováveis candidatos à presidência da República, José Serra aparece com 31,8%, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), com 21,7%, o deputado federal Ciro Gomes (PSB)tem 17,5% das intenções de votos e a senadora Marina Silva (PV) apresenta 5,9%.

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/76-acham-que-governo-lula-foi-melhor-que-governo-fhc/

Não sabe fazer política externa, não sabe diferenciar entre as questões individuais e as questões de Estado


São Paulo, segunda-feira, 23 de novembro de 2009


TENDÊNCIAS/DEBATES
Visita indesejável

JOSÉ SERRA


O mesmo país que tentou oferecer segurança e consolo a vítimas do Holocausto estende honras a quem banaliza o mal absoluto?


É DESCONFORTÁVEL recebermos no Brasil o chefe de um regime ditatorial e repressivo. Afinal, temos um passado recente de luta contra a ditadura e firmamos na Constituição de 1988 os ideais de democracia e direitos humanos. Uma coisa são relações diplomáticas com ditaduras, outra é hospedar em casa os seus chefes.
O presidente Ahmadinejad, do Irã, acaba de ser reconduzido ao poder por eleições notoriamente fraudulentas. A fraude foi tão ostensiva que dura até hoje no país a onda de revolta desencadeada. Passados vários meses, os participantes de protestos pacíficos são brutalizados por bandos fascistas que não hesitam em assassinar manifestantes indefesos, como a jovem estudante que se tornou símbolo mundial da resistência iraniana. Presos, torturados, sexualmente violentados nas prisões, os opositores são condenados, alguns à morte, em julgamentos monstros que lembram os processos estalinistas de Moscou.
Como reagiríamos se apenas um décimo disso estivesse ocorrendo no Paraguai ou, digamos, em Honduras, onde nos mostramos tão indignados ao condenar a destituição de um presidente? Enquanto em Tegucigalpa nos negamos a aceitar o mínimo contacto com o governo de fato, tem sentido receber de braços abertos o homem cujo ministro da Defesa é procurado pela Interpol devido ao atentado ao centro comunitário judaico em Buenos Aires, que causou em 1994 a morte de 85 pessoas?
A acusação nesse caso não provém dos americanos ou israelenses. Foi por iniciativa do governo argentino que o nome foi incluído na lista dos terroristas buscados pela Justiça. Se Brasília tem dúvidas, por que não pergunta à nossa amiga, a presidente Cristina Kirchner?
Democracia e direitos humanos são indivisíveis e devem ser defendidos em qualquer parte do mundo. É incoerente proceder como se esses valores perdessem importância na razão direta do afastamento geográfico. Tampouco é admissível honrar os que deram a vida para combater a ditadura no Brasil, na Argentina, no Chile e confratenizar-se com os que torturam e condenam à morte os opositores no Irã. Com que autoridade festejaremos em março de 2010 os 25 anos do fim da ditadura e do início da Nova República?
O extremismo e o gosto de provocação em Ahmadinejad o converteram no mais tristemente célebre negador do Holocausto, o diabólico extermínio de milhões de seres humanos, crianças, mulheres, velhos, apenas por serem judeus. Outros milhares foram massacrados por serem ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência. O Brasil se orgulha de ter recebido muitos dos sobreviventes desse crime abominável, que não pode ser esquecido nem perdoado, quanto menos negado. O mesmo país que tentou oferecer um pouco de segurança e consolo a vítimas como Stefan Zweig e Anatol Rosenfeld agora estende honras a alguém que usa seu cargo para banalizar o mal absoluto?
As contradições não param por aí. O Brasil aceitou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e, juntamente com a Argentina, firmou com a Agência Internacional de Energia Atômica um acordo de salvaguardas que abre nossas instalações nucleares ao escrutínio da ONU. Consolidou com isso suas credenciais de aspirante responsável ao Conselho de Segurança e expoente no mundo de uma cultura de paz ininterrupta há quase 140 anos com todos os vizinhos. Por que depreciar esse patrimônio para abraçar o chefe de um governo contra o qual o Conselho de Segurança cansou de aprovar resoluções não acatadas, exortando-o a deter suas atividades de proliferação?
Enfim, trata-se da indesejável visita de um símbolo da negação de tudo o que explica a projeção do Brasil no mundo. Essa projeção provém não das ameaças de bombas ou da coação econômica, que não praticamos, mas do exemplo de pacifismo e moderação, dos valores de democracia, direitos humanos e tolerância encarnados em nossa Constituição como a mais autêntica expressão da maneira de ser do povo brasileiro.


JOSÉ SERRA, 67, economista, é o governador de São Paulo. Foi senador pelo PSDB-SP (1995-2002) e ministro do Planejamento e da Saúde (governo Fernando Henrique Cardoso) e prefeito de São Paulo (2005-2006).

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2311200908.htm

Patentes abusivas

São Paulo, domingo, 22 de novembro de 2009


Patentes abusivas preocupam países ricos

EUA, União Europeia e Austrália questionam supostos exageros no sistema que dá monopólio a autores de invenções
Excesso de proteção está atrapalhando esforços de inovação, dizem críticos; nova jurisprudência pode forçar mudança em tratado

Fabrice Coffrini/France Presse

ONG faz manifestação no lago de Genebra, na Suiça, contra exageros em patentes de remédios
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
A ampliação do escopo dos produtos considerados patenteáveis -isto é, passíveis de receberem direito temporário de exploração por monopólio- está provocando reação política e batalhas jurídicas em países desenvolvidos. O debate diz respeito principalmente a possíveis invenções em biotecnologia, farmácia, tecnologia da informação e métodos de negócios, e provoca divisões dentro de governos e entre setores industriais e científicos.
A questão central é em que medida o sistema de patentes, globalizado a partir de 1994 com o acordo Trips da OMC (Organização Mundial do Comércio), contribui para promover a inovação ou pode tolhê-la -ao aumentar o custo dos royalties para os que querem fazer pesquisas e lançar produtos em áreas protegidas.
"A maior parte da literatura econômica sugere que há uma relação de "U" invertido entre a inovação e a proteção por patente. Maior proteção é bom, pelo menos por um tempo. Em algum ponto, porém, a relação se torna negativa. Parte da literatura sugere que o nível ótimo de proteção é menor em países menos avançados", diz Josh Lerner, especialista em inovação tecnológica da Escola de Negócios de Harvard.
Nos EUA, onde o jornal "Financial Times" identificou uma "pandemia de patentes", a Suprema Corte realizou no dia 9 a primeira audiência do caso Bilski e Warsaw contra Kappos. Aparentemente banal, ele pode mudar a jurisprudência sobre a área de bens não tangíveis -software, transações financeiras, técnicas médicas-, em que o país é dos poucos que dão proteção patentária.
Bernard Bilski e Rand Warsaw recorrem de decisão que lhes negou patente de um processo que ajudaria a planejar gastos com energia. Um dos juízes da corte chegou a questionar, com ironia, se seu "maravilhoso método de ensinar lei antitruste" seria patenteável.
Gigantes como Microsoft e Google -frequentemente acionadas por pequenas empresas que reclamam ter inventado tecnologias usadas por elas- puseram-se contra os litigantes. Do lado deles, ficaram empresas da área biomédica.
Ataque aos genéricos
Na Europa, um relatório da Comissão Europeia, de julho, acusou farmacêuticas de usar táticas para adiar a entrada de genéricos no mercado, incluindo pedidos de novas patentes para substâncias já protegidas. O documento aponta declínio, nesta década, no lançamento de novos remédios, possível indicação de prejuízo à inovação.
O Escritório Europeu de Patentes defendeu as empresas, afirmando que as patentes ditas secundárias "também são esteio do processo de inovação" e merecem até escrutínio similar ao da substância original.
Na Austrália, a patente conjunta dos genes isolados BRCA1 e BRCA2, nos quais mutações causam câncer de mama, e de um teste para sua identificação, provocou a criação de uma Comissão de Inquérito no Senado, ainda em andamento.
A firma australiana que tem a licença da patente americana argumenta que seus direitos sobre a molécula isolada ou artificialmente produzida não se estendem à encontrada no corpo humano. Ela acabou recuando da cobrança de royalties do maior hospital público para tratamento de câncer.
Problema conceitual
Por trás desses casos está questão difícil sobre o que constitui um invenção e não uma descoberta ou a extensão óbvia de tecnologias existentes -na Lei de Propriedade Industrial brasileira, de 1996, isso é definido "por exclusão", explica o advogado Luiz Leonardos, da área de marcas e patentes.
Luigi Palombi, da Universidade Nacional da Austrália, defensor de revisão radical do sistema mundial de patentes, afirma que o isolamento de um gene é uma descoberta, posição que é também de Luís Carlos Wanderley, coordenador de Propriedade Intelectual da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Mas a divisão de posições se dá sobretudo em função de interesses. Muitos na comunidade científica, exemplifica o americano Lerner, "se beneficiam por poder comercializar suas ideias, e não poderiam obter fundos para suas pesquisas sem a proteção da patente".
Por outro lado, diz ele, patentes que limitam pesquisas são preocupantes. "Nos EUA, acabamos com a exceção para a pesquisa, que permitia infringir patentes com esse fim. Há o perigo real de que a proliferação de patentes biomédicas e agrícolas possa coibir inovação nessa área crítica."
Até os anos 1970, diz Palombi, a maioria dos países europeus -e o Brasil também- só permitia patentes de processos, não de produtos. "A análise histórica mostra que você não precisa do nível de patentes que há hoje para encorajar inovações. É preciso equilíbrio."

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2211200901.htm