"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 29 de junho de 2008

Autonomia dos militares chilenos garantida pela Codelco! Isso é uma afronta à democracia!

Folha de São Paulo

São Paulo, domingo, 29 de junho de 2008
Chile vive dilema com lucro do cobre e pressão das ruas

Principal produto chileno enche cofres públicos, mas Bachelet teme elevar gastos
Volta a debate lei do regime Pinochet que destina 10% do faturamento da Codelco a militares; no 1º trimestre, repasse foi de US$ 422 mil

Martin Bernetti-25.jun.2008/France Presse

Estudante enfrenta tropa de choque durante ato contra lei educacional em Santiago
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A SANTIAGO

Com os cofres abarrotados de dinheiro por conta do "boom" do cobre e com vários setores de olho na bonança, o governo da presidente Michelle Bachelet enfrenta um dilema no Chile: seguir aumentando o gasto público, com o risco de estimular a inflação que já alcança 8,9%, ou fechar as torneiras e sofrer desgaste popular na reta final do governo.
Os preços do metal, que já haviam dobrado de 2005 para cá, bateram recorde de novo nesta semana. A principal exportadora do cobre, com 20% do negócio, é a estatal Codelco, cuja obrigação de repassar 10% do que obtém com as vendas aos militares voltou ao centro do debate político.
É tanto dinheiro em caixa por conta do cobre que, em nome da austera política econômica, nem o governo nem os militares mantêm todo o dinheiro no Chile. A estimativa da renda do metal é puxada para baixo no Orçamento, e a diferença vai a dois fundos no exterior, a serem resgatados em tempos de vacas magras.
Segundo o Ministério da Fazenda chileno, a bonança permitiu um superávit de 8,7% do Produto Interno Bruto em 2007. Os fundos também servem para tentar evitar a hipervalorização da moeda local, ao manter os dólares fora do mercado. Mas setores sociais alertam para problemas urgentes no Chile -a desigualdade, pelo índice Gini, é a segunda maior da região, só menor que a do Brasil- , enquanto o dinheiro rende lá fora.
E há pressões setoriais. Na última sexta, funcionários do Instituto de Previdência, em greve, faziam piquete, com direito a sucessos de Xuxa em espanhol, pedindo plano de carreira às vesperas da estréia no novo sistema de pensões. Já os caminhoneiros fizeram greve neste mês para exigir que o governo reduza um imposto sobre os combustíveis, também em escalada. A justificativa é sempre que La Moneda -a sede do governo- pode pagar por causa do cobre.
"Não podemos baixar impostos contando com uma renda que não é para sempre", justificou-se anteontem Bachelet.
Antes, com inflação menor, o governo tinha segurado parte das pressões sociais porque havia aumentado o gasto público em 8% em média ao ano. "Ela fez o que havia prometido. Aumentou gastos com saúde, atenção à infância. Fez a reforma da Previdência, que é sua obra mais importante", aponta o analista Raúl Sohr.
Mas, com a inflação em alta, consultorias econômicas pedem a Bachelet que reduza a marcha dos gastos em 2009. O problema é que esse é o último ano de governo -as eleições são em dezembro de 2009. "Este é o Orçamento no qual Bachelet pode impor um selo", disse ao "Diario Financiero" o economista da Universidade do Chile Joseph Ramos.
Ele acha, em termos políticos, ser "pouco realista" pedir ao governo que poupe ainda mais para entregar o caixa cheio ao sucessor. Em termos econômicos, argumenta, essa é uma inflação provocada pelo choque de oferta de energia e alimentos, e seria importante acelerar o crescimento.
Militares e gestão
A alta do metal também renovou as discussões sobre o futuro da Codelco. Há um projeto no Congresso para reformar a direção da companhia -os analistas do setor citam como modelo de profissionalismo a Petrobras, não sem insinuar que a companhia deveria abrir parte do capital na Bolsa.
Está de volta também a grita para que Bachelet envie ao Legislativo, onde não tem maioria, projeto para acabar com uma das principais heranças da ditadura. Por uma lei do regime Pinochet (1973-1990), a Codelco, maior empresa do Chile e maior mineradora de cobre do mundo, responsável por US$ 1 de cada US$ 5 de exportações que entram nos cofres públicos, repassa 10% do que obtém com suas vendas aos militares, que só podem usar o dinheiro para comprar armamento.
Só no primeiro trimestre de 2008 a Codelco destinou US$ 822 milhões ao Fisco e outros US$ 422 milhões aos militares.
Na semana passada, o presidente da estatal, José Pablo Arellano, relançou a controvérsia, dizendo que os 10% engessam a companhia. Com cautela, La Moneda disse que o tema está em estudo, mas que era uma opinião pessoal de Arellano.
Um general da reserva chiou, dizendo que o assunto é de "segurança nacional", enquanto o comando da ativa também foi conciliador: discutirá, desde que o governo encontre uma alternativa de financiamento a longo prazo para os militares.
"O governo fica com esse blablablá da lei do cobre, mas ele mesmo não quer mexer. E não é para nos agradar, porque podemos nos sublevar. Estamos respeitando a democracia no Chile. O problema é criar mais uma frente de discussão do Orçamento no Parlamento. Para eles, também é melhor deixar como está", disse um militar de alta patente da Força Aérea sob condição de anonimato.
Mas Raúl Sohr diz que desta vez o projeto pode sair. "Há um consenso. Há gente linha dura no Congresso que se mostra flexível. Os militares não têm mais como justificar essa lei."

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Vânia Bambirra, a mãe da teoria da dependência!

“A revolução técnico-científica questiona o capitalismo”

por jpereira — Última modificação 07/01/2008 10:48

Vania Bambirra, uma das formuladoras da Teoria da Dependência, analisa as transformações na América Latina e a impossibilidade de o capitalismo resolver as contradições sociais

07/02/2008

Jorge Pereira Filho,

do Rio de Janeiro (RJ)

As frases são carregadas de conteúdo não só discursivo. Têm emoção, histórias. Trajetória de quem além de pensar sobre a dependência, foi testemunha e participante. Vânia Bambirra chegou ao Chile exilada. Ao lado de intelectuais, como Rui Mauro Marini, Andre Gunter Frank, Theotônio dos Santos, formulou a Teoria da Dependência, uma leitura marxista, crítica, não-dogmática, dos processos de reprodução do subdesenvolvimento na periferia do capitalismo.

Em 1961, inscreveu-se com um grupo de intelectuais, entre eles Theotônio, como voluntária para defender a revolução cubana. Participou da Organização Revolucionária Marxista - Política Operária (ORM-Polop), organização que lutou contra o regime militar de 1964. No Chile, integrou o Centro de Estudos Sócio-econômicos (CESO) com um grupo de marxistas que desenvolveu uma nova leitura da realidade latino-americana. Elaboraram um instrumental analítico da realidade que influenciou o programa da Unidade Popular, partido de Salvador Allende, eleito presidente em 1970. Três anos depois, assiste o assassinato do primeiro presidente de esquerda eleito democraticamente em um golpe de Estado promovido pelas forças militares, com apoio dos Estados Unidos. Novo exílio, dessa vez no México, onde leciona na Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). Volta ao Brasil apenas nos anos de 1980.

Mais conhecida na América Hispânica do que no próprio Brasil, tem apenas dois livros publicados em terras tupiniquins. Ainda não se encontra nas livrarias uma de suas mais famosas obras, “A Revolução Cubana – uma reinterpretação”, tido como um dos melhores trabalhos produzidos fora de Cuba sobre o processo revolucionário. Hoje vive no Rio de Janeiro, com sua filha e seu neto. Em entrevista ao Brasil de Fato, concedida no final de novembro, Bambirra expõe suas idéias sobre os processos capitalistas contemporâneos, as transformações na América Latina e a decepção com o governo Lula.

QUEM É

Vânia Bambirra é cientista política formada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre pela Universidade de Brasília (UnB) e doutora em Economia pela Universidade Nacional Autônoma do México (Unam). De 1991 a 2000, foi Chefe da Assessoria Técnica da Liderança do PDT na Câmara dos Deputados, partido do qual não é mais filiada.

A Teoria da Dependência foi formulada na década de 1960. O que mudou hoje na relação dos países da América Latina com o resto do mundo?

Vânia Bambirra – É preciso dizer que a Teoria da Dependência, que surgiu nos anos 1960, sofreu um baque com o golpe do Chile (1973). Foi muito criticada porque teria influenciado o governo de Salvador Allende; de fato, influenciou o seu programa. E seus críticos diziam que, assim como a experiência fracassou, a Teoria da Dependência teria tido o mesmo destino. Ela entrou em uma crise, não houve mais produção a partir a partir de então. E ela não captou as mudanças que ocorreram nos 1980. O que aconteceu depois? (Ronald) Reagan teve dois mantados (1980-1988) e consolidou o neoliberalismo na América Latina. A Teoria da Dependência não processou essa fase porque já estava em baixa. O próprio Rui Mauro Marini faz reflexões em vários artigos, mas não há uma análise profunda e sistemática do neoliberalismo. O mundo mudou, sim. O imperialismo transformou o mundo globalizado. A globalização é uma palavra moderna para esse fenômeno.

Você entende que hoje está em curso uma redivisão internacional do trabalho, com China e Índia assumindo um papel mais fabril no mercado global e os outros países passando por uma espécie de desindustrialização?

Não acho que seja por aí. O que ocorre é o processamento da revolução científico-tecnológica que em alguns países está muito mais avançado do que em outros. No caso da Índia, do ponto de vista de informática, está muito avançado. Eles exportam mão-de-obra. E, ao mesmo tempo, é um país atrasadíssimo. Uma miséria massiva, uma marginalização da maioria que não sabe ler, escrever. Essa realidade convive com um setor de elite. O problema é muito grave porque a revolução científico-tecnológica conduz inexoravelmente a um questionamento do capitalismo. É uma revolução típica nem de uma sociedade socialista, mas sim comunista, porque tira a mão-de-obra do processo produtivo, coloca a ciência como principal força produtiva. É a contradição absoluta que o capitalismo não pode resolver. A mais-valia vem da exploração do trabalho humano, e não dos robôs, de cérebros eletrônicos. O capitalismo é reacionário porque não pode produzir progresso. E o socialismo como etapa de transição, que não é uma sociedade sem classes, pois conserva elementos fundamentais do capitalismo e até por isso que entrou em crise, também foi incapaz de trazer esse progresso. Esse é o grande problema do mundo que está aí. E que sem um instrumental marxista as pessoas não conseguem entender. São contradições que vão se acirrando. As forças produtivas querendo se desenvolver e, ao mesmo tempo, impossibilitadas de se desenvolver porque o capitalismo tem de manter a exploração do ser humano.

Reacionário no sentido de não permitir a ampliação dos avanços das forças produtivas?

A tendência é se acabar com o trabalho humano, que é o que gera mais-valia. Mas, sem isso, não há como o capitalismo sobreviver.

E a resposta do capitalismo é a massa desempregados?

Claro, e esses problemas absurdos de segurança. Eu dizia na sala de aula: se visse um filho meu com fome, eu roubava. É uma questão de sobrevivência do ser humano. Isso é uma caricatura que tenho coragem de dizer. O que está acontecendo com nossa população marginalizada, os pobres que não têm sequer acesso ao trabalho? Essa população quer sobreviver, é um instinto, e para isso tem de se alimentar.

O ingresso de massas trabalhadoras nos parques industriais da China e da Índia e a redução do trabalho operário na Europa, nos países centrais, trazem mudanças no conceito de superexploração?

Traz, evidentemente. Na China, por exemplo, essas massas que deixam o campo e vão para as cidades recebem salários irrisórios. Por que as coisas feitas na China são tão baratas? Porque há uma intensificação da superexploração. Remunera-se o trabalho muito abaixo. É uma hipersuperexploração. Quanto é o salário de um trabalhador na China? 30 dólares? Vão surgindo nesse país, que foi socialista, as mazelas típicas das sociedades capitalistas. É uma população que não estava acostumada com isso. Por que na Rússia, na Alemanha e em ex-repúblicas socialistas começa a surgir um saudosismo daqueles velhos tempos? Isso se manifesta, claro, entre os mais idosos. Mas é muito significativo isso. Porque a hecatombe foi em 1990, não foi há tanto tempo assim. Eles vivem uma sociedade de consumo, mas não podem desfrutar dela.

Uma pesquisa feita na antiga Alemanha Oriental mostrou exatamente isso: 92% dos mais velhos (35 e 50 anos) preferem o comunismo ao atual capitalismo; entre os mais novos, 60% disseram o mesmo.

Quando eu morava no México, um amigo cubano veio me visitar durante um congresso e, quando chegou, viu aqueles hipermercados, com prateleiras imensas. Ele ficou deslumbrado. No dia seguinte, me disse que não dormiu direito, sonhou com aquilo. E me contou: “Mas, pensando bem, eu acho que nós cubanos não temos do que nos queixar. O que adianta ter tudo aquilo se para adquirir qualquer coisa eu preciso de dinheiro”. Você vê tudo o que você pode consumir, mas só tem acesso a uma ínfima parte.

As senhora acredita que há alguma forma de superar essa etapa neoliberal nos marcos do próprio capitalismo, como a reativação do Estado de bem-estar social, o neokeynesianismo?

Nenhuma viabilidade. Como é que vai superar, se o progresso vai na direção de superar o trabalho humano? É nesse sentido que o capitalismo é reacionário, porque precisa do trabalho humano. E o socialismo tampouco conseguiu essas respostas. Veja bem, Marx, os clássicos, pensavam o socialismo em uma sociedade desenvolvida. Foi uma audácia fazer a Revolução Russa. Os bolcheviques foram muito atrevidos, porque ousaram tomar o poder e tentar construir o socialismo em uma sociedade cheia de vestígios feudais que não tinha tido um desenvolvimento suficiente do capitalismo. A Rússia era muito atrasada. E ainda mais grave: foi um país cercado, bloqueado, dizimado fisicamente, invadido pelos países desenvolvidos europeus. A infra-estrutura incipiente capitalista que existia lá foi fisicamente destruída. Começou-se a construir sob os escombros. Então era para dar no que deu, todo mundo torcia que não. Era uma epopéia incrível. O socialismo completa quase 100 anos. E quantos anos o capitalismo demorou para se desenvolver? O socialismo ainda é uma experiência muito rudimentar, frágil, porque triunfou em países muito débeis.

Como em Cuba?

Sim, veja bem, o socialismo cubano é um socialismo heróico. Mas ele se manteve porque teve ajuda soviética. Sem isso, Cuba seria inviável. Uma ilha não só no sentido físico. Era atrasada, o cabaré dos Estados Unidos. Que viabilidade tinha para construir o socialismo ali? E, contudo, Cuba existe, está lá. Precisou da ajuda soviética, veio a hecatombe em 1990, Cuba continuou sobrevivendo. Buscou formas de negociar o que tinha, açúcar, charuto. E foi sobrevivendo, e o povo se sacrificou. Sem nenhuma dúvida. A concepção do socialismo não é a generalização da miséria. O que o socialismo quer e sobretudo a etapa superior, o comunismo, é que todas as pessoas possam usufruir das benesses. Todo mundo quer comer bem, presentear seus amigos, andar com bons meios de transportes. A pessoa quer viver bem. E em uma sociedade capitalista isso é um luxo, só poucos podem ter. Na sociedade do futuro, a idéia é que todos tenham tudo isso. Essa é a utopia marxista. O problema é que até agora o socialismo triunfou em outros países. Já pensou uma revolução socialista na Inglaterra? Ou na Alemanha?

Como a senhora coloca a questão do consumismo nisso? Por exemplo, fala-se que seria inviável expandir para o planeta o padrão de consumo estadunidense ou europeu.

O modelo de vida da maioria dos americanos, e a maioria é classe média, é modesto. Não vamos esquecer que os Estados Unidos têm milhões e milhões de miseráveis, sendo o país mais rico do planeta. Vamos falar da classe média americana. Eles têm um modelo de vida muito restrito, muito medíocre. Nova York é uma cidade violentíssima, muito perigosa, com níveis de violência que não fazem inveja ao Rio de Janeiro. Entre no Central Park à noite para ver o que ocorre. A maior parte dos americanos tem uma vida medíocre, mas vive no país mais rico do mundo. É um absurdo. É um povo que não usufrui em sua maioria das riquezas que o sistema produtivo conquistou.

Na América Latina, discute-se o socialismo do século 21. No entanto, esses processos não tem seguido os processos tidos como padrão de movimentos revolucionários, como a criação de um partido de massas, a formação política do povo...

É muito interessante o que está acontecendo hoje. Todos foram eleitos, Evo (Bolívia), Rafael (Equador), Chávez (Venezuela)... Eu fico entusiasmada, mas com um pé atrás. A gente tinha muita esperança em Allende, que também foi eleito, sobretudo porque a direita se dividiu naquela época. Bolívia, Equador e Venezuela são os três casos mais impactantes, mas estão ocorrendo fenômenos de questionamento da ordem também quando se elege na Nicarágua um antigo sandinista. Eu acho que o povo está querendo mudança.

E o Lula?

Isso é a continuidade de Fernando Henrique, é o neoliberalismo, sim. E aí eu acho mais inconcebível. Não sou moralista, não vou entrar na história de “mensalão”, corrupção, isso é secundário. O que é substantivo é a amizade que ele tem com Bush. Eu votei nele e não votei num cara que iria ser o amiguinho número 1 do Bush. Não votei em um cara que quer transformar o campo brasileiro em zona de produção de agrocombustível para abastecer os Estados Unidos. Tirar comida da boca do povo brasileiro para dar combustível para os países desenvolvidos? Isso não.

Essa política focada na agroexportação reconduz o país a uma condição primário-exportadora?

Não, não acho. O parque industrial brasileiro é fantástico, apesar de o Fernando Henrique ter tentado sucatear tudo. O Brasil produz aviões; equipamentos de prospecção submarinas de petróleo em águas profundas. Isso é um produto de tecnologia de ponta. É diferente da Venezuela, por exemplo, que tem de importar tecnologia. Brasil, México, Argentina, Chile e Uruguai têm mais autonomia. Romper a dependência, para essas nações, é uma questão política. O socialismo seria muito menos doloroso no Brasil, México e Argentina do que no Equador, Bolívia e Venezuela. Mas é lá que está ocorrendo o fenômeno. Porque nesses países as contradições se tornaram incontroláveis. O sistema está invertido.

A senhora acha que esses países caminham para uma saída mais desenvolvimentista ou para uma transformação mais radical?

Olha, o ritmo da radicalização é marcado pela contra-revolução. Assim foi em Cuba. É contra-partida. Se a direita avança, força esse processo. Isso está ocorrendo assim na Bolívia, querem tornar independentes as regiões mais ricas. Não somos nós que definimos o ritmo das mudanças. E como quem é proprietário privado nunca vai abrir mão, a tendência é sempre essa, de radicalização. Já vimos esse filme antes. O Evo vai chegar a um ponto em que precisará entregar ao povo as defesas daquilo que conquistou. As respostas a gente já conhece. E nenhum processo avança se não tem a confiança do povo em definitivo. Em Cuba, por exemplo, se a população quisesse depor Fidel Castro, tinha feito isso. Mas eles o adoram. Saúde de altíssimo nível, escola, comida, mesmo que racionada, porque é um país que importa alimentos, não produz. Não há uma abundância generalizada em Cuba.

Cuba vive hoje um debate interno, impulsionado por Raúl Castro, no qual a população está opinando sobre os rumos da revolução...

Com a enfermidade do Fidel Castro, os Estados Unidos têm a expectativa de que ele morra e de que o país vai mudar. É exatamente nesse momento que Cuba tem espaço para abrir mais. Sempre houve consulta popular. O problema é que parece inacreditável que o povo adore Fidel. Isso não se transfere para Raul, mas ele não pensa diferente de Fidel. Tenho só a impressão de que está atuando sem tanta pressão.

Ainda sobre o mundo socialista, há pesquisadores que apontam a existência de um suposto imperialismo soviético sobre as outras repúblicas socialistas...

Essa é uma visão de direita. A questão é que a União Soviética salvou Cuba; sem o petróleo, a revolução não teria sucesso. Para os soviéticos, interessava o sucesso da revolução. Mas é óbvio que, junto com esse apoio, veio toda um influência. Os cubanos passaram a adotar típicos manuais soviéticos nas universidades. E foram assimilando certas mazelas do sistema soviético. Isso é inquestionável. Foi um período terrível, à beira de uma guerra nuclear. A primeira vez que fui a Cuba foi em 1963. Eu conheci intelectuais cubanos que tinham uma independência muito grande em seu pensamento. Claro, não podiam expressar isso. Uma revista como Pensamiento Crítico acabou fechada, o que foi terrível, muito ruim. Mas foi um preço alto que se teve de pagar pela manutenção da revolução cubana. Um preço alto. Valeu a pena? Eu acho que valeu. Porque o exemplo de Cuba está aí e é onde a Venezuela se inspira. A bandeira do socialismo está lá hasteada, em uma ilha. O país tem uma das melhores taxas de mortalidade infantil do mundo, está exportando médicos, acabou a miséria.

Voltando ao Brasil e ao governo Lula. A senhora acha que, levando em conta tamanha a presença do capital internacional no país, haveria espaço político para um governo caminhar para uma ruptura?

Eu acho que sim, e acho também que Lula exerce um papel um pouco de ópio do povo. O Bolsa Família, que chega aos grotões, no Nordeste inteiro, dá uma miséria. Mas o povo precisa. O problema é que o Lula com isso está se transformando em um baita populista, assistencialista, difícil derrotar. Sou pessimista a curto prazo, acho que o PSDB ganhará as eleições. Mas, a médio prazo, sou mais otimista. O problema é que não temos uma alternativa de esquerda viável. A burguesia brasileira é de alto nível. Dão aqueles minutos de televisão e o povo não vota em desconhecido. O candidato do partido pequenininho fica com essa votação mínima. Se a gente lançar uma candidatura de esquerda mesmo, o povo não vai conhecer.

E como a senhora entende, hoje, a questão dos partidos?

Eu acho fundamental. Não sou dinossauro, nem nada, cabeça bem aberta, tentando analisar as coisas objetivamente. Partido é um grande instrumento para se formar quadros, organizar militância. Partido nada mais é do que um instrumento, mas um instrumento muito importante de organização do povo. Senão caímos no anarquismo, o que não leva nada em nenhum lugar. Os anarquistas tinham uma força histórica tremenda no começo do século no Brasil, fizeram greves sensacionais, mas levaram alguma coisa? Não levaram nada. Na revolução mexicana, o Pancho Villa e Emilliano Zapata tomaram o Zócalo (praça central da Cidade do México, onde fica o Palácio Nacional, sede do governo), tiram fotos e, depois, vão embora. Não tinham o que propor para o conjunto da sociedade. O partido é muito importante. Não o operário, vamos modernizar essa concepção, mas sim um partido que englobe todas as forças progressistas.

Você falou do México. Há uma frase muito famosa do subcomandante Marcos, “O poder está vazio”, pela qual ele se referia às limitações hoje do Estado capitalista, no sentido de que os governos estão tão amarrados com os instrumentos jurídicos e econômicos que tomar o poder não é uma finalidade...

Mas então qual é a finalidade? Sem esse poder, não se faz nada. Foi a grande discussão que se teve no Chile, na época do governo Allende. “Nós não tomamos o poder, chegamos ao governo”. O poder não é o governo, são as instâncias. O governo é o Executivo. Você tem o Legislativo, o Judiciário, os movimentos sociais, as Forças Armadas, uma série de instâncias que conforma o poder. Você tem de controlar isso para tomar o poder. Sabemos que precisamos destruir esse poder para construir um outro, socialista. Mas isso não se faz do dia para a noite. Tarefas construtivas coexistem com um processo de destruição. O desafio é construir uma nova sociedade. Quando você tiver se apoderado das partes cruciais, dos eixos, aí sim você vai poder mudar. Mas com as armas na mão também. Porque nenhum poder se mantém sem armas na mão. Eu já vi muita história ser derrotada quando estávamos com arma na mão, mas com menos armas que os outros. No golpe de 1964, a Marinha dos Estados Unidos estava em nossa costa. Não desembarcaram porque não precisou. Esse é um período em que estamos questionando muitas coisas, mas os pontos cruciais postos pela experiência revolucionária são os mesmos.

Que lembranças você tem dos anos 1960 em termos de luta, militância e atividade?

A lembrança dos anos 1960. Para destacar algo, eu me lembro muito do grupo de pesquisa na Universidade do Chile, onde elaborávamos em debates a Teoria da Dependência. E a minha melhor lembrança é a do Rui Mauro Marini, um intelectual brilhante. Organizamos um seminário de leitura do Capital. Eu já tinha lido, mas individualmente. A leitura coletiva é mais rica. Foi um contato muito marcante, do ponto de vista acadêmico e político.

E como a senhora avalia hoje a relação entre a questão de gênero e luta de classes?

Há muito tempo, eu escrevi em um artigo que a mulher trabalhadora tem a dupla jornada – um emprego fora e os afazeres domésticos – e é duplamente superexplorada em um ambiente social e doméstico. Por isso, eu acho que ela tem uma dupla razão para ser revolucionária e transformar esse sistema. Tem um potencial de luta fantástico. Mas o machismo é uma coisa muito forte. Na Revolução Cubana, por exemplo, a Vilma Espín e outras mulheres eram para ser mais destacadas. Elas foram destacadas apenas por serem mulheres. A Vilma Espín era mulher do Raul. Virou presidente da Federação de Mulheres Cubanas. Ela pegou em armas, tinha capacidade estratégica. Em uma pesquisa, uma vez, eu a entrevistei e fiz isso também com outras comandantes cubanas, salvadorenhas... As mulheres tiveram posições cruciais nas revoluções, mas desaparecem da história.

Os dois governos de Fernando Henrique colocaram em prática as idéias proposta do debate que ele tinha com Rui Mauro? Você conviveu com ele, no Chile...

A Teoria da a Dependência de Fernando Henrique nunca foi marxista, ele conhecia o marxismo, mas sempre foi weberiano. Quando eu o conheci no Chile, uma coisa interessante é que ele nunca discutia nada político; apenas o acadêmico. Ele freqüentou minha casa no Chile, cheguei a me despedir dele no aeroporto quando fui embora do país. Ele falava em sociologia o tempo todo, era um chato. Quando voltei ao Brasil, ele veio jantar conosco e era senador. Mas eu acho que ninguém esperava que fosse fazer um governo tão neoliberal, tão traiçoeiro. Entregar todas as jóias da Coroa, as empresas nacionais, lucrativas. Entregar tudo a preço de banana, literalmente. O que ele fez com a Vale do Rio Doce? Eu chorei quando ele vendeu a empresa, trabalhava em uma assessoria técnica na Câmara dos Deputados. Eu não esperava que chegasse a esse ponto de ser tão reacionário. Mas queria encerrar a pergunta afirmando o seguinte: tive decepção com Fernando Henrique, sim; mas tive mil vezes mais decepção com o Lula. O Fernando Henrique eu sabia que não era um cara de esquerda, era um cara progressista à época. Um liberal-progressista. Mas o Lula era do PT; claro, eu sempre fiz crítica ao PT, mas era um operário e terminar como amigo do Bush? Seguir uma linha tão entreguista? É o fim.

Obras de Vânia Bambirra

Português

A teoria marxista da transição e a prática socialista. Brasília, Editora da Universidade de Brasília (1993).

Cuba – 20 anos de cultura (Entrevistas). (1983).

Espanhol

La estrategia y táctica socialista: de Marx y Engels a Lenin. Em co-autoria com Theotônio dos Santos, Era, México, 2 tomos (1980-81).

Teoria de la dependencia: uma anticritica. Era, México (1977).

Integración monopólica mundial e industrialización. Universidade Central de Caracas,

Caracas Venezuela (1974).

La revolución cubana: uma reinterpretación. Prensa Latino-Americana, Santiago do Chile (1973). Nuestro tiempo, México (1974); Centelha, Coimbra, Portugal (1977); Otsuky Shoten, Tóquio (1981).

El capitalismo dependiente latinoamericano. Prensa Latino-Americana, Santiago do Chile (1972); Feltrinelli, Milão (1974); Sigilo XXI, México (1974).

Diez años de insurrección en America Latina. Prensa Latino-Americana, Santiago do Chile (1971); Mazotta, Milão (1973).

América Latina: história de medio siglo, organizado por Pablo Gonzalez Casanova, Siglo XXI, México (1978). Reeditado pela editora UnB, Brasília (1988).

El control político del Cono Sur, organizado pela Casa do Chile e pelo ILDES, Siglo XXI, México (1978).

América Latina: dependencia y subdesarrollo, organizado por Antonio Murga e Guilherme Boils, Editorial Universitária Centroamericana, São José da Costa Rica (1973).

Imperialismo y dependencia, Cadernos do CESO, Santiago do Chile (1969).

Las relaciones de dependencia en America Latina: Bibliografia, CESO, Santiago do Chile (1968).

Uma lembrança ainda que tardia!

André Gunder Frank

Theotonio dos Santos*

(Abril – 2005)

Quem é o economista mais citado e discutido no mundo? Não perca seu tempo procurando entre os prêmios Nobel e outros muitos promovidos na grande imprensa. André Gunder Frank é, de longe, o mais citado e mais discutido no mundo, como revelam vários estudos sobre o assunto e as mais de 30.000 entradas na internet. Sua morte no último sábado, 23 de abril, produz um vazio no pensamento social contemporâneo difícil de ser substituído. Mas André era bem mais do que isto. Ele era um tipo de intelectual completamente conseqüente com suas idéias. Um lutador permanente pela verdade e pela transformação do mundo. Embora ele tenha se equivocado muito, como todo ser humano, era fértil e motivador, inclusive em seus erros. Esta é uma qualidade que só os gênios possuem.

André se formou, academicamente, na "cova das serpentes": recebeu seu doutorado na Universidade de Chicago e conviveu com a brilhante geração de conservadores, que tanto deformou as ciências sociais nas décadas de 50 e 70, para abrir caminho, finalmente, nos anos 80, à hegemonia do pensamento único, que ainda nos asfixia. Sua crítica aos Chicago boys, que tomaram o controle do Estado chileno no governo fascista de Augusto Pinochet, é, neste sentido, esmagadora e definitiva.

Quando o conheci em Brasília, em 1963, ele havia sido convidado por Darcy Ribeiro, reitor da recém-fundada Universidade de Brasília, para dirigir um seminário sobre "o estrutural funcionalismo", corrente de pensamento conservador que dominava naquele momento as ciências sociais. Ele já havia se distanciado desta corrente majoritária na Universidade de Chicago através de seu contato intelectual com Paul Baran e Paul Sweezy. Seu artigo sobre a remessa de lucros e pagamentos de serviço superiores à entrada de capitais do exterior causou grande comoção e foi o que o levou a ser convidado por Darcy.

Em seu seminário, estávamos eu, Ruy Mauro Marini e Vania Bambirra, que seríamos posteriormente consagrados como a corrente radical da teoria da dependência. Discutimos muito o tempo todo. Mas não há dúvida de que assumimos um compromisso intelectual e político comum que durou toda uma vida, através de dois exílios políticos do Brasil ao Chile e do Chile ao exterior. E, em nosso caso, numa anistia que nos lançou a um Brasil profundamente comprometido com o capital financeiro internacional.

Em sua participação no Seminário Internacional da REGGEN, em agosto de 2003, no Rio, sobre Hegemonia e contra-hegemonia, Andre teve a oportunidade de ir até Brasília, São Paulo e Santa Catarina. Apesar de sua doença já tão avançada, ele fez questão de deslocar-se até todos esses lugares para deixar testemunho de que a teoria da dependência começou naqueles anos de 63-64, em nossos debates e acordos dentro desta experiência pedagógica colossal que foi a UnB de Darcy Ribeiro, destruída em grande parte pela ditadura de 1964.

Exilado no Chile, como nós, Andre se incorporou em 1967 ao Centro de Estudos Sócio-econômicos (CESO) da Faculdade de Economia que eu dirigi. Aí estavam, outra vez, Rui e Vania, o que nos permitiu realizar muitos trabalhos conjuntos. Aí se consolidou a recuperação dos ciclos longos como instrumento fundamental para a compreensão da história econômica contemporânea. A experiência do governo da Unidade Popular estimulava de maneira impressionante o trabalho intelectual. Trata-se de um laboratório fantástico para analisar a mudança social e a revolução. Frank viveu muito profundamente esta realidade tendo o apoio de sua esposa Marta, de origem chilena.

O golpe no Chile destruiu o CESO e nos dispersou outra vez. Eu e Vania fomos para o México, onde fomos recebidos com uma solidariedade comovedora. Andre e Rui foram, inicialmente, para a Alemanha. Ruy veio posteriormente para o México e se incorporou ao Doutorado de Economia da UNAM que eu dirigia. Frank iniciou um périplo pelo mundo, terminando por um bom período na Holanda, onde se aposentou. Nesses anos sofreu muito pela perseguição da imigração estadunidense. Costumava entrar nos Estados Unidos pela fronteira canadense. Sua principal culpa era ter abandonado a nacionalidade americana e retomado sua identidade alemã. Mas ele se sentia, principalmente, um latino-americano, embora não houvesse espaço para ele numa América Latina dominada por ditaduras militares.

Depois da morte de Marta, ele continuou seu périplo pelo Canadá e depois nos Estados Unidos de Clinton, onde pôde trabalhar, mas com restrições imigratórias. Seus últimos dias foram vividos em Luxemburgo ao lado de Alison, uma mulher de muita fibra e disposição, que o ajudou muito a enfrentar sua doença por doze anos de uma luta colossal.

Sua produção nos anos 70 é menos conhecida, apesar de sua profundidade e sua força provocante. Ele foi um dos criadores da teoria do sistema mundial, cuja crise analisou em dois livros extremamente impressionantes. Além disso, iniciou o balanço histórico do sistema mundial, que fez retroceder pelos menos até o século quinto antes de Cristo. Seu livro Re-Orient mostrou o papel de liderança que ocupou a China neste sistema mundial, criado em torno da rota da seda. Hegemonia que só perde no século XVIII com a ascensão do poderio marítimo ocidental e com a revolução industrial. 

Nada há de mais importante que esta revisão da história mundial que sugere André, e que provocou uma polêmica colossal, inclusive dentro do grupo do sistema mundial. Seus últimos escritos assinalavam o papel do dólar e do Pentágono na hegemonia norte-americana atual e a crise definitiva que ambos vivem no presente. Outra tese polêmica que é, entretanto, mais próxima do enfoque do sistema mundial em seu conjunto.

Quantas polêmicas mais não estariam germinando no cérebro colossal de André Gunder Frank? Seu filho Paulo Frank conta que ele trabalhou até seu último suspiro. Tenho este sentimento de perda de um intelectual de vanguarda, mas principalmente de um amigo e camarada. Porém, me dói pensar em como toda uma geração de economistas foi levada a desconhecer esta obra grandiosa pela influência decisiva do chamado pensamento único, que se impôs em várias universidades de todo o mundo. Resta, entretanto, a certeza de que nos movimentos sociais e no espírito do Fórum Social Mundial sua obra é uma referência fundamental.

*Professor titular da UFF. Diretor da REGGEN. Autor da Teoria da Dependência: balanço e perspectiva, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, que foi comentada por Andre Gunder Frank em seu artigo "A dependência de Theotonio".

domingo, 22 de junho de 2008

Falta tudo, até boas intenções!

Espectacular despilfarro de la cooperación internacional

Solamente en el año 2005, los países desarrollados nucleados en la Organización de Cooperación Económica para el Desarrollo (OECD) reportaron más de ¡106.000 millones de dólares! en fondos destinados a asistencia oficial a países pobres y en vías de desarrollo, lo que nos lleva a una simple pregunta: ¿a dónde se va todo ese dinero?

La cifra llamó la atención a más de un lector que la vio mencionada en una serie de notas que acabamos de publicar sobre la liberalización del comercio agrícola, y no es para menos. Si se toma como referencia el Indice de Desarrollo Humano de las Naciones Unidas y se observa que los países con desarrollo humano medio y bajo son casualmente 106 (entre 177), se deduciría que esos 106.000 millones de dólares que las naciones desarrolladas afirman destinar cada año al Tercer Mundo habrían sido suficientes para regalar 1.000 millones de dólares anuales en efectivo a cada nación pobre y muy pobre del planeta. ¡Se acabarían las penurias del mundo!

El Paraguay, por ejemplo, que figura entre los países con desarrollo humano medio, si recibiera cada año 1.000 millones de dólares de arriba podría solucionar rápida y fácilmente todos sus problemas sociales y de infraestructura. En un solo año podría llenar el país de rutas pavimentadas, construir puertos, aeropuertos, ferrocarriles, líneas de transmisión eléctrica. O podría triplicar su presupuesto de educación pública e invertir en investigación y desarrollo. O, incluso, ya que sería una plata extra, se podría dar el lujo de entregarle casi un sueldo mínimo mensual a cada familia pobre del país.

¿Por qué, entonces, semejante volumen de ayuda externa no tiene el impacto que a simple vista debería? Una de dos: o la cifra está groseramente inflada o existe un despilfarro escandaloso del dinero que nuestros amigos contribuyentes del Primer Mundo aportan para darnos una mano. La verdad es que hay mucho de ambas cosas.

Indudablemente hay cuestiones intrínsecamente perversas en la forma misma como está organizada y orientada la cooperación internacional.

En un análisis para el Global Policy Forum titulado “Stingy Samaritans” (“Avaros Samaritanos”), el finlandés Pekka Hirvonen pone algunos puntos sobre las íes. “En muchos casos, la ayuda está primordialmente diseñada para servir intereses económicos y estratégicos de los países donantes o para beneficiar a poderosos grupos domésticos de interés (…) Muy poca asistencia alcanza a los países que más desesperadamente la necesitan y, demasiado a menudo, la ayuda es dilapidada en costosos bienes y servicios de los mismos países donantes”, señala.

Este último aspecto nos parece especialmente relevante. Una crítica que se suele escuchar es que los gobiernos y organismos internacionales gastan una fracción desproporcionada de sus fondos de asistencia en pagos de altas remuneraciones a consultores externos o en la compra de productos o contratación de empresas de sus mismos países.

“Muchas naciones ricas atan su asistencia a adquisiciones de bienes y servicios del país donante. Los países pobres obtienen ayuda, pero solamente bajo la condición de que la gasten de una manera que beneficie los negocios de la nación aportante. En efecto, la ayuda atada constituye una forma de subsidio gubernamental, porque el dinero de los contribuyentes se utiliza para comprar bienes y servicios de compañías domésticas y los receptores de la ayuda solo obtienen el producto”, dice Hirvonen.

Agrega que esta situación hace particularmente ineficiente la ayuda externa, porque, en vez de crear nuevos negocios y empleos en los países receptores, la mayor parte de los beneficios quedan en los países de origen.

Esto suele implicar un importante sobrecosto, porque frecuentemente hay proveedores locales o del mercado mundial que pueden suministrar los mismos bienes y servicios a menores precios.

Hirvonen también menciona algunas trampitas que se hacen para inflar las estadísticas y hacer aparecer a varios países donantes más generosos de lo que en realidad son.

Como ejemplos cita la inclusión de las medidas que se adoptan para el alivio de la deuda y aquellas relacionadas con costos vinculados con inmigrantes y refugiados, pese a que en estos casos el dinero nunca de hecho sale del país en cuestión.

Sumémosle corrupción e ineficiencia. Ahora mismo el presupuesto paraguayo contempla donaciones extranjeras por 180 millones de dólares, que se utilizarán vaya uno a saber cómo.

MUCHO DINERO, POCOS RESULTADOS

De acuerdo con la base de datos de la OECD, los 22 países “donantes” de esa organización destinaron en promedio en 2005 (último dato disponible) el 0,33 por ciento de su Ingreso Nacional Bruto (ING) a proyectos de cooperación con el Tercer Mundo, lo que implica un monto neto de 106.479 millones de dólares (más de 310.000 millones entre 2002 y 2005).

El principal aportante en términos absolutos es, por buen margen, Estados Unidos, con 27.457 millones de dólares, seguido bastante más atrás por Japón, Reino Unido, Francia y Alemania. Sin embargo, en términos relativos, como porcentaje del ING, Estados Unidos está último y encabezan la lista países como Noruega y Suecia.

Hay una incumplida resolución de la ONU de 1970 que pone como parámetro para los países ricos el 0,7% del ING.

http://www.abc.com.py/articulos.php?pid=426340&fec=2008-06-22&ABCDIGITAL=ba3d3fdcd4d1bcd7054cf3e05eb870e3

Peru sob ataque

Los chilenos compran nuestros cuarteles

Grupos económicos mapochos planean construir centros comerciales y viviendas
John Colonio Roque
Grupos económicos chilenos, a través del consorcio mapocho Falabella, compraron terrenos donde se ubicó el ex cuartel La Pólvora para construir un gran complejo comercial donde invertirán 145 millones de soles en diversas obras.
Según las informaciones a la que tuvo acceso LA RAZÓN en octubre de este año, el ex cuartel La Pólvora, que tiene una extensión de 22 hectáreas, se convertirá en un gran complejo comercial, en el que se construirá un hipermercado, una tienda por departamentos y un centro financiero, además de tres mil 100 viviendas.
También se sabe que el consorcio chileno Parque Arauco e Inversiones Corporativas Alfa (que engloba los grupos Falabella, Mall Plaza y Ripley) no han escatimado esfuerzos ni recursos para instalarse en las dos zonas comerciales de 7.000 m2 que tendrá el megaproyecto habitacional La Pólvora, ubicado en El Agustino, en el cual se construirán 3.000 viviendas en un plazo de tres años.

La empresa Inmuebles Comerciales, brazo de desarrollo inmobiliario de Parque Arauco ya firmó contrato con una constructora local que estará a cargo de la edificación del megaproyecto.

Otros dos cuarteles
¿Qué es lo que ambas empresas desarrollarán allí? Alfa construirá un hipermercado, mientras que Parque Arauco planea implementar una galería comercial que albergará a varios operadores.

Parque Arauco piensa incursionar en dos o tres proyectos habitacionales de similares características en Lima y provincias que el Estado licitará próximamente.

Se sabe que esta firma chilena está interesada en adquirir terrenos en la zona de Collique y otros proyectos habitacionales de menor envergadura están ubicados en Matellini y Palao (Lima), Miraflores y Los Tallanes (Piura) y en el cuartel de Salaverry, en Arequipa.

Cabe señalar que el comandante general del Ejército, general Edwin Donayre, estuvo presente en la ceremonia de colocación de la primera piedra del conjunto habitacional "Los Parques", que será construido en lo que fuera el cuartel La Pólvora, en el distrito de El Agustino y se señaló que el personal del Ejército del Perú serán los primeros beneficiados en la adjudicación de viviendas. Es decir, militares peruanos tendrán deudas a largo plazo con empresas chilenas.

El complejo “Los Parques” es un conjunto habitacional de 3 mil viviendas que serán edificadas sobre una superficie 227 mil metros cuadrados, lo que significa una inversión de 57 millones de dólares, vale decir que militares peruanos deberán a grupos chilenos por créditos que se obtengan para tener sus viviendas en el ex cuartel La Pólvora.

http://www.larazon.com.pe/online/indice.asp?tfi=LRPolitica01&td=22&tm=06&ta=2008

Secularização ou fundamentalismo religioso?

Is Islam for 'victory?' Or for God?
Saturday, June 21, 2008

While the goal of Islamism is 'victory,' the goal of Islam is the consent of God. That’s why the Islamists are in fact secularizers who disenchant religion from the divine

Mustafa AKYOL

  A few weeks ago, I ran into a quote from Yusuf al-Qaradawi, the Egyptian Muslim scholar and Al-Jazeera televangelist, in Turkey’s controversial Islamist daily, Vakit. “Victory,” the 80-year-old cleric was saying, “is only possible by returning to Islam.” The “victory” he was referring to was the one Muslims would have won against Israel. “The defeat of the Jewish State is possible,” he reportedly declared in a sermon in Qatar, “only when Muslims fully return to the pure teaching of Islam.”

  This is a rhetoric which is common to almost all Islamist leaders and movements. They all point to the troubles of the Muslim world and argue, “Islam is the solution.” By saying so, what they unconsciously do is to offer Islam as a means to worldly success. And, again probably unconsciously, they strikingly differ from the traditional meaning of Islam, which has been understood as, first and foremost, a path to heavenly salvation. 

A recipe for totalitarianism:

  It is true that the Koran tells Muslims to ask God, “Lord, grant us good in this world and good in the hereafter.” So a Muslim believer can hope that faith will bless himself and his community in this world as well. But this is very different from saying that when Islam is practiced in full, Muslim nations will triumph. In the former view, what is sought is God’s blessing. In the latter view, Islam is formulated as a “system” which can be implemented in order to achieve political or military might.  It is brought down to the earth and turned into an ideology.

  In other words, while the goal of Islamism is “victory,” the goal of Islam is the consent of God. And that’s why the Islamists are in fact secularizers who disenchant religion from the divine.

  The late professor Cantwell Smith had observed this curious trade-off between God and politics in his study of the evolution of the Egyptian Journal Al-Azhar from 1930 to 1948. From 1930 to 1933, the journal was edited by Al-Khidr Husain, a traditionalist Muslim, and its pages were full of moral instructions and theological contemplations. The beauty of nature, for example, was expressed in detail and praised as God’s creation.

  In 1933, Farid Wajdi took over the magazine, and the content became increasingly political. Wajdi’s main goal was to assure his readers that Islam was “all right” as a system. According to Smith, a “profound irreligiousness” pervade[d] Wajdi’s journal, and “God appear[ed] remarkably seldom throughout [its] pages.”

  British historian Karen Armstrong, one of the world’s most prominent writers on religion, grasps this problem clearly in her book, “A History of God.” “The political activism which characterizes modern fundamentalism,” she notes, “is in retreat from God.”

  You can see this all around the Muslim world. If you talk to the more traditional pious Muslims, you will hear about the importance of following God’s commandments, praising Him for your daily bread, or raising your children with good morals. If you speak to an Islamist, though, you will listen to how evil and corrupt “western civilization” is, and how Islam will save the world from capitalists, “imperialists” or the Zionists. (It must be no accident that while traditional Muslims see Marxism-Leninism as a godless and evil idea, the Islamists often find it rather interesting and inspiring.)

  All this explains why Islamism is a recipe for totalitarianism. If you think that your society will be all right if everyone acts according to Islam, then you can very well force them to be pious in order to achieve this collective success. If you perceive Islam as a “system,” like socialism, you can use state power in order to make every citizen conform to its standards. Hence you can employ religious police in order to force women to veil themselves, or oblige men to go to the mosque.

  But if you were caring not about the “system,” but rather simply about the salvation of these people, you would be more interested in how they feel about what you do. The Koran boldly declares, “There is no compulsion in religion,” and it is absurd to think otherwise. You simply can’t make people more Godly by threatening them. You will actually make them hate the religion that you are trying to impose. 

What went wrong:

  We can continue to blame the Islamists for what they have done, but we should also understand how they came to be. Most scholars who have studied Islamism note that this is a modern ideology, which started to grow in the 19th century and had its peak in the 20th. And what characterizes this period is the colossal crisis of Islam. The Muslim world was defeated by the West militarily, politically and culturally. And Muslims started to debate why all this came to be.

  To the question, “What went wrong,” two totally opposite groups gave a rather similar answer: They both argued that religion was the key. Islamists said, “We have been defeated by the West because we abandoned our religion, so we need to restore it.” The secularists said, “We have been defeated by the West because we have been blinded by our religion, so we have to get rid of it.” And, not too surprisingly, both of these ideological groups established authoritarian regimes. (See Iran and Turkey, respectively.)

  The third answer – that I would also subscribe to – was that the Islamic world was defeated due to a complex historical process, which kept it away from modernization, and which had little to do with religion. So, the solution would be neither forced Islamization nor forced secularization. It was modernization through the incorporation of education, science, technology, capitalism and democracy.

  Islamism will lose its steam only if this third way proves to be successful. And, luckily enough, it has been doing pretty well in Turkey in the past few decades. But, unfortunately, the secularo-fascists here are just too rigid to allow that to happen. If they succeed in their efforts to crush Turkey’s Islam-friendly modernization, it will be the Islamists who will gain from that. And the doomed rivalry between the two totalitarianisms – the Islamist and the secularist – will be enhanced.

As mulheres e o futebol

Women who dislike football are stupid

20.06.2008    Source: Pravda.Ru    URL: http://english.pravda.ru/society/family/105551-football-0

A lot of women acknowledge that they quietly hate their men as they watch football on television. Football makes men forget about everything, and it is practically impossible to bring them back to real life. If a woman puts on her new lingerie and walks past her man slowly when he watches football, she may risk her life because she will simply block his view.

When a football match takes place, women lose their men for household work during the day and matrimonial duties at night. One can only imagine what women think and feel during the time of large-scale events in the world of football, like the current Euro-2008 championship, for example.

The only thing that a woman can do is to try to understand and accept that fact that her boyfriend or husband becomes a part of the TV set for the time of football matches. It would also be best for a woman to leave her man alone and let him enjoy the game. On the other hand, she would obviously make her man happen if she joins him for watching.

A small percentage of women do acknowledge that they always join their men to watch football on TV. Some say that they like watching young, handsome and well-built men running around in their shorts. Some female fans say that they even know the rules of the game. All these women prefer to find their own pleasures in the world’s most popular game.

There are women who like to stir up big family scandals and fight when their husbands sit down to watch football. Such women are certain that football is the biggest evil in the world which has to be exterminated for good. They think that a company of men watching the game and drinking beer is a devilish ritual. They probably do not understand that every man always remain a little boy deep in his soul.

Statistics says that about 40,000 people died of extensive myocardial infarction during the recent 20 years of broadcasting football matches. It goes without saying that it would be better to let men scream, shout and swear at the top of their lungs. Let them yell how they want to slay a referee or a goalkeeper. A woman may use this opportunity to do something for her own pleasure – shopping, reading, etc. It would be stupid for women to see only the negative side of football.

There is no other sport that can unite so many men in their common passion. The majority of men are indifferent to biathlon, tennis or rhythmic gymnastics. It is because a game of football is a game copy of a war battle. It is like a struggle between two armies on the battlefield. The winner takes it all

O governante dos loucos

Un epitafio para Bush: Apocalipsis

JESÚS RUIZ MANTILLA 22/06/2008

La historia la dibujan los creadores. Y en el último año de mandato de George W. Bush, literatos y cineastas cargan las tintas contra la herencia que deja.

Antes del fin, el miedo se convierte en la efigie de todos los rostros. Es un gesto que comprobamos últimamente demasiado a menudo en las fotografías, en las imágenes en movimiento de las televisiones e Internet, pero también en el cine y en los libros que salen del imaginario de los creadores norteamericanos. Lo hemos visto en las caras aterradas de las criaturas que concibieron Stephen King y Frank Darabont para La niebla; paseando junto a un padre y su hijo por las ruinas de la civilización en un carrito sobre La carretera, de Cormac McCarthy; advertidos por los monstruos del espacio desconocido en La guerra de los mundos que resucitó Steven Spielberg… Son ejemplos del epitafio que los artistas estadounidenses en todos los frentes han elegido para retratar la era Bush: ni más ni menos que el Apocalipsis.

El miedo al castigo final ha sido sistemáticamente alentado desde que George W. Bush llegara a la presidencia de su país. Bajo su manto se han multiplicado, aparte de la guerra y el desprecio a la diplomacia como forma de civilización, los integrismos religiosos. Los cristianos dentro, como coraza propia, y los islámicos fuera, en respuesta a una política que enfrenta civilizaciones. Ian McEwan lo ha explicado alarmado en El día del juicio, un extenso y brillante artículo publicado por el escritor en el periódico The Guardian a finales de mayo.

En su reflexión, el escritor británico ofrece datos tremendos sobre un panorama que asusta. “El 90% de los americanos dice no haber dudado nunca de la existencia de Dios, y que serán reclamados para responder por sus pecados. El 53% son creacionistas y sostienen que el cosmos fue creado no hace más de 6.000 años. Un 44% cree que Jesús regresará a la Tierra para juzgar a los vivos y a los muertos en los próximos 50 años. Sólo el 12% defiende que la vida ha sido creada por selección natural sin intervención de ninguna mano sobrenatural”.

Con esas cifras no es difícil proponer según qué caldos de cultivo. “Tanto Bush como el presidente de Irán, Mahmud Ahmadineyad , creen en la llegada salvadora del fin del mundo, y eso es aterrador”, cuenta Antonio Muñoz Molina desde Nueva York, la ciudad en la que vive largas temporadas. Se ha forzado tanto la máquina del miedo que escritores, cineastas y artistas han desarrollado una obsesión por el nihilismo y la destrucción física y moral en sus personajes que quedan patentes en sus obras. La religión y el fanatismo son temas centrales. Las comunidades se reúnen en guetos ajenos al mundo y a su tiempo, como demostró M. Night Shyamalan en la inquietante El bosque y ahora en El incidente. Los falsos profetas son bestias pujantes en todas las pantallas. El caso de la excelente Marcia Gay Harden en La niebla es significativo. Ella es uno de los motores principales de una historia que agita todos los fantasmas interiores de un país encerrado en un supermercado. Y como también se vio en la brillante Pozos de ambición, de P. T. Anderson, que descendía al germen del fenómeno neocon a través de la lucha entre un salvaje empresario petrolífero (Daniel Day Lewis) y un sucio predicador al que daba vida ese joven prodigio de la interpretación que se llama Paul Dano.

Son ellos quienes encarnan a todas aquellas legiones que anuncian las trompetas del Juicio Final. Pero esconden otras cosas, como señala el filósofo José Luis Pardo, autor de Esto no es música (Círculo de Lectores / Galaxia Gutenberg), un ensayo ya de referencia contemporánea sobre el malestar en la cultura de masas. Pardo conoce a fondo la cultura estadounidense: “En la película de Darabont no es el factor climático el protagonista. Es el miedo difundido como una niebla por el fanatismo religioso lo que aterra”, comenta Pardo. “Este Apocalipsis y esta producción de terror a gran escala no simboliza tanto las catástrofes ecológicas, la destrucción de la naturaleza, como la desvastación de la ciudad. Sobre todo de la polis. Es el fin de la política, la ausencia de Estado –patente de diferentes modos en Nueva Orleans después del Katrina y en Irak– que, como en Smallville, deja solamente a las familias y sus sentimientos básicos de protección –más hermosos en La carretera; más siniestros en Mystic river, de Clint Eastwood– a cargo de un tejido social desintegrado y de un urbanismo devastado”.

Es el lugar por el que caminan los fantasmas que Philip Roth echa a andar por la ciudad en Sale el espectro, una novela de lo más hiriente sobre la era Bush. O la descorazonadora radiografía de la familia ofrecida por Sydney Lumet en Antes que el diablo sepa que has muerto. Por no hablar de la fábrica de bestias ausentes de sentimientos que Paul Haggis pinta dentro del laberinto mortífero que dibuja en su película En el valle de Elah. Máquinas de matar que han puesto los valores de todo un país boca abajo, como Tommy Lee Jones decide colocar la bandera de su pueblo. Todo un símbolo que pocos se han atrevido a plasmar en una pantalla.

Son ejemplos de visiones que crean los monstruos de la ficción aunque estén basados en la realidad. El tozudo percal que pintaba Al Gore en Una verdad incómoda, su documental sobre el cambio climático, algo que Bush ha negado sistemáticamente hasta ahora para aplicar políticas agresivas contra el medio ambiente. Son señales que llegan a desesperar el ánimo. Eduardo Lago, escritor y director del Instituto Cervantes de Nueva York, ha comprobado en conversaciones con escritores de la ciudad una moral tocada. Todo empezó el 11 de septiembre de 2001. “Se produjo el más abyecto oscurantismo conocido por este país en mucho tiempo. Recuerdo conversaciones con Norman Mailer, Joan Didion, Janet Malcolm o Paul Auster. El ambiente era de simple desesperación. Apocalipsis es la metáfora perfecta. Mailer hablaba de que Estados Unidos vivía un régimen prefascista y de que el mayor peligro era inventar excusas para socavar la democracia”. No han llevado a cabo el derribo con medidas disimuladas. “Con la Patriot Act y la acción de lobbys fundamentalistas han apuntalado la devastación de la política”, agrega Pardo.

En el fondo de todo también subyace una oscura lucha entre el bien y el mal. Lo apunta Ray Loriga, que acaba de regresar de una larga temporada por el país. “En películas como La niebla queda patente que el miedo exterior se ha convertido ahora en miedo interior. Los americanos no saben ser malos mucho tiempo. Su arrogancia tiene más que ver con la bondad que con la maldad. Les duele más que les consideren villanos que otra cosa. Pasó con la guerra de Vietnam. No eran lo mismo los héroes de Normandía que las bestias de Abu Ghraib”.

Ésa es una de las claves del fenómeno Obama. No se trata tanto de que sea negro o de que Hillary Clinton sea mujer. “Es su buenismo”, comenta Loriga. “Él recupera un discurso de esperanza, de diálogo con las civilizaciones; algo que hace años sería insólito, pero que ahora, con una moral aniquilada, funciona. Los valores de siempre siguen ahí, y Obama los ha recuperado”, añade el escritor y director de cine, que en otoño publica una nueva novela: Ya sólo habla de amor (Alfaguara).

Eduardo Lago también se muestra seducido por el candidato demócrata. “Que haya derrotado a un animal político del calibre de Clinton es síntoma de que el país se asfixia en una falta de libertad, pero que sea posible que llegue a la presidencia indica que los principios están firmemente asentados. Nunca desde hace décadas se había vivido una situación tan cargada de cambio histórico”, comenta el escritor.

Aunque también Barack Obama genera dudas. José Luis Pardo las expone: “No sé si reinstaurará la polis. Su discurso parece prometedor en el terreno de la política social y en el de la política exterior, pero, quizá porque la diversidad del fenómeno religioso en Estados Unidos no es del todo comprensible vista desde Europa, me inquietan a veces su aire salido de la canción El hijo del predicador y sus alusiones a una regeneración que vuelva a hacer de Estados Unidos la gran nación que fue en otros tiempos, porque sé demasiado bien lo que significa esta retórica”. Con él, dice Pardo, tampoco será fácil despejar la niebla.

http://www.elpais.com/articulo/portada/epitafio/Bush/Apocalipsis/elpepusoceps/20080622elpepspor_4/Tes?print=1

O mundo louco!

La ONU reconoce la violación como un arma de guerra
Los conflictos multiplican las agresiones a las mujeres

GEORGINA HIGUERAS - Madrid - 21/06/2008

El Consejo de Seguridad de Naciones Unidas ha votado unánimemente a favor de considerar la violación como una "táctica de guerra", que puede "exacerbar de manera significativa los conflictos armados e impedir el restablecimiento de la paz y la seguridad internacional". El secretario general de la ONU, Ban Ki-moon, indicó al defender la resolución que la violencia contra las mujeres ha alcanzado en los últimos conflictos "proporciones inexplicables".

Para el magistrado José Ricardo de Prada, que fue durante tres años (2005-2007) juez internacional de la Sala de Crímenes de Guerra del Tribunal de Bosnia-Herzegovina, en Sarajevo, "la violación fue un elemento determinante para la limpieza étnica". Ricardo de Prada afirma que la resolución aprobada el jueves por Naciones Unidas "es un importante paso para lograr la actualización" de la figura de la mujer en los convenios de Ginebra y otros instrumentos internacionales referidos a la guerra.

Elaborados en 1949, los convenios de Ginebra apenas se refieren a la mujer como víctima de la guerra. Ahora existe un claro consenso de que el abuso sexual la convierte en la "víctima reduplicada" del conflicto, señala el magistrado. Añade que el texto universaliza la violación como un "acto abominable y especialmente perverso, que persigue aterrorizar a la población y con ello impide la paz". De ahí, destaca el juez, que la resolución debe impulsar ahora la elaboración de un protocolo adicional que establezca una mayor protección a la mujer como ser "especialmente vulnerable".

La propuesta fue presentada por EE UU. Aunque China y Rusia se habían mostrado reticentes a que se vinculara la violación a la seguridad internacional, finalmente, votaron a favor.

De momento, la importancia de la resolución 1.820 es de carácter político más que jurídico. "Lo que ha querido el Consejo de Seguridad con este texto es concienciar sobre la necesidad de luchar contra la violencia sexual durante los conflictos armados y después de ellos", señala el profesor de Derecho Internacional Público Víctor Gutiérrez. A su juicio, "es particularmente interesante que el texto pida a la comunidad internacional que los crímenes de violencia sexual queden excluidos de las disposiciones de amnistía" y recuerde a los Estados miembros de la ONU "su obligación de enjuiciar a las personas responsables de tales actos y de poner fin a la impunidad por éstos".

http://www.elpais.com/articulo/internacional/ONU/reconoce/violacion/arma/guerra/elpepuint/20080621elpepiint_13/Tes

Quando o fracasso é sempre o mais provável!

Nada nuevo en Europa

MOISÉS NAÍM 15/06/2008

'Europa, atónita', tituló The Guardian. 'Un no devastador', informó el muy leído Algemeen Dagblad en Holanda. En Hungría, el primer ministro dijo: "En mi opinión, éste es el reto más difícil que la Unión Europea afronta desde 1957". El Irish Times opinó que el fracaso de la propuesta europea en el referéndum marcaba el fin de las estrategias usadas hasta ahora para profundizar en la integración del continente. En Italia, el ministro Giulio Tremonti fue muy directo: es el fin de esta propuesta, afirmó. José Manuel Durão Barroso, el presidente de la Comisión Europea, no ocultó su consternación ante los periodistas y aceptó que "es un momento difícil para Europa", aunque insistió en que la propuesta recién derrotada no debía ser abandonada y que los jefes de Estado se reunirían inmediatamente para buscar salidas a la crisis y la manera de seguir adelante. "Europa no es el problema; Europa es la solución", enfatizó Barroso.

Todo esto, que suena tan reciente, pasó hace tres años. Y suena reciente porque está volviendo a pasar ahora. Y produce una rara sensación descubrir que noticias tan viejas son idénticas a las que hoy leemos como primicia. Todos los titulares y declaraciones que usted acaba de leer fueron publicados hace tres años. En 2005, la mayoría de los votantes en referendos en Francia y Holanda rechazaron la propuesta de adoptar una Constitución europea.

Ahora se repite la historia. En Irlanda, el referéndum para aprobar el Tratado de Lisboa -que fue la manera que encontraron los líderes europeos para continuar profundizando en la integración del continente- acaba de ser derrotado. Tanto el lugar (Irlanda en vez de Francia u Holanda) como la naturaleza y el alcance del documento propuesto (tratado en vez de constitución) son distintos. Pero todo lo demás es casi idéntico, incluyendo que el documento sometido a voto consiste en cientos de páginas que pocos entienden o siquiera han leído.

Ahora, una vez conocidos los resultados del referéndum irlandés, José Manuel Durão Barroso dijo: "El tratado está vivo y debemos continuar". Algo parecido dijo en 2005. Y también anunció que los jefes de Estado se reunirían muy pronto para buscar una salida a la crisis. El -de nuevo- ministro italiano Giulio Tremonti repitió una interpretación del fracaso del referéndum que ya habíamos oído hace tres años: "Es un mensaje de los ciudadanos; los pueblos nos están transmitiendo señales de miedo e incertidumbre". Tampoco se hicieron esperar los titulares periodísticos casi calcados de los que leímos en 2005: 'Votantes irlandeses rechazan el tratado y dan un duro golpe a la UE' (The New York Times); 'El no de Irlanda sacude Europa' (Corriere della Sera); 'El futuro de la Unión Europea, plagado de incertidumbre' (Times). Y, al igual que hace tres años atrás, muchos analistas están delineando escenarios catastróficos y especulando sobre las consecuencias que tendrá la parálisis institucional en la que, según ellos, se puede ver sumida Europa.

¿Tendrán razón? ¿Será verdad que el estancamiento institucional europeo es inevitable? ¿O que tendrá graves repercusiones económicas? No creo. Si las economías europeas van a debilitarse no será por el voto irlandés: hay en el horizonte nubarrones mucho más amenazantes para Europa que los que vienen de Irlanda. Además, sabemos que el rechazo a la Constitución que ocurrió hace tres años no produjo ni el caos ni la implosión del proceso de integración europea que en esos momentos se pronosticaba. Y tampoco la debacle económica. De hecho, en muchos sentidos, desde entonces Europa ha progresado. Su moneda es hoy más fuerte y más importante para el resto del mundo de lo que era entonces. Si bien las economías europeas están comenzando a mostrar señales de debilidad, los últimos años no han sido malos ni las economías parecen haber sufrido mucho a causa de las dificultades en avanzar en la construcción institucional del continente.

No hay duda de que el resultado del referéndum irlandés es una mala noticia y tampoco hay duda de que es deseable adoptar el Tratado de Lisboa. Pero lo que no es cierto es que el voto negativo de 500.000 irlandeses sea un golpe que va a descarrilar el futuro común de 27 países de europeos. El fracaso del sí en el referéndum irlandés es un irritante, no una estocada final a la idea de una Europa más eficientemente integrada. Europa encontrará la manera de seguir avanzando en su integración. Y, afortunadamente, esto no es nada nuevo.

De como o mundo sempre pode ser pior!

REPORTAJE: El futuro de Europa
Europa se ancla a la derecha
La semana laboral de 60 horas o la detención de inmigrantes durante 18 meses destapan el viraje conservador de la UE

CRISTINA GALINDO / PERE RUSIÑOL - Madrid - 22/06/2008

La semana laboral se extenderá en ocasiones hasta las 78 horas semanales y se podrá encerrar a los inmigrantes sin papeles durante 18 meses antes de expulsarlos. En algunas zonas, la policía ya tiene derecho a detener a cualquier persona 42 días sin cargos. En otras, los servicios secretos cuentan con autorización para husmear en los correos electrónicos sin mandato judicial. No piense en China; tampoco en Estados Unidos. Todo esto sucede en la Unión Europea, abanderada durante décadas del modelo social que más protegía al ciudadano. Los expertos no se ponen de acuerdo sobre el alcance del giro, pero coinciden en que el avance de la derecha en casi toda Europa ha dejado su impronta en la UE.

En muy pocos días han coincidido dos proyectos que amenazan con hacer añicos el sueño europeo: la directiva para que la jornada laboral máxima pase de 48 a 60 horas -y excepcionalmente, incluso a 78- y la que combate la inmigración ilegal con una dureza que hasta hace poco se asociaba a la extrema derecha. El contraste con el pasado reciente es sangrante: hace 10 años, el debate sobre la jornada laboral lo lideraba Francia con su propuesta de 35 horas. Y toda la Unión aislaba a Austria por abrir la puerta del Gobierno a un partido que se ensañaba con los inmigrantes.

La derecha dirige ahora las locomotoras europeas (Francia, Alemania, Italia...) y los Gobiernos de izquierda van camino de convertirse en una rareza, incluso en los países nórdicos. Pero la ola afecta a todos: los socialistas ni siquiera se han atrevido a oponerse en primera lectura a la directiva de la jornada laboral. Y 16 de los 19 socialistas españoles votaron a favor de la norma de inmigración.

"Estamos ante un retroceso clarísimo en los derechos sociales y ciudadanos", opina Nicolás Sartorius, vicepresidente de la Fundación Alternativas, de inspiración progresista. "Hay un ataque brutal a muchas conquistas logradas en las últimas décadas".

"Nunca la correlación de fuerzas ha sido tan desfavorable y esto nos lo pone muy difícil si queremos influir", explica Alejandro Cercas, ponente socialista en la directiva de la jornada laboral, que explica así la abstención socialista en este asunto: "Si se quiere frenar la iniciativa hay que tratar de unir al mayor número de países y esto es más fácil con la abstención que con la negativa". "El momento es tremendamente delicado: con tantas barbaridades se están fabricando millones de euroescépticos", subraya.

En opinión de Cercas, la clave es que las decisiones importantes se toman en los consejos intergubernamentales, donde la mayoría de derechas es abrumadora. Cree que muchos Ejecutivos utilizan estos consejos para impulsar normas que temen llevar a sus Parlamentos nacionales por la erosión que podrían implicar. "La UE se está utilizando como mecanismo para dar legitimidad a las políticas nacionales", recalca Sergio Carrera, del Centro de Estudios Políticos Europeos, con sede en Bruselas.

"La tendencia es clara: los británicos, por ejemplo, imponen a Europa cuestiones en la lucha contra el terrorismo que ni siquiera se atreverían a plantear en la Cámara de los Comunes", le secunda Ignasi Guardans, eurodiputado de Convergència i Unió (CiU) adscrito al grupo liberal de la Eurocámara. Guardans votó a favor de la directiva de inmigración ("al menos es un primer paso hacia la regulación", opina), pero juzga innegable la derechización de la UE. "Europa se ha vuelto de derechas porque la izquierda está en crisis y no sabe dar seguridad ni garantías. Además, los pocos Gobiernos de izquierda que quedan son muy poco de izquierdas, incluyendo el de España", añade Guardans, quien niega en cambio que el "modelo social europeo" esté en peligro. En su opinión, el riesgo está en el retroceso en las libertades como consecuencia de la "guerra contra el terrorismo".

Esta guerra la lidera en Europa el Reino Unido bajo la dirección de los laboristas. En teoría, pues, la izquierda. Pero en el país que aplicaba el hábeas corpus ya en la Edad Media, será ahora posible detener sin cargos durante 42 días (antes, 28) a cualquier sospechoso de terrorismo. "La medida viola claramente los derechos humanos. La lucha contra el terrorismo se está haciendo a costa de las libertades, también en Europa", lamenta Judith Sunderland, de Human Rights Watch. Suecia, hasta ahora otro referente mundial en el respeto a los derechos de los ciudadanos frente a posibles atropellos por parte del Estado, acaba de aprobar una ley que parece sacada del mundo orwelliano de 1984: el Estado podrá escrutar el contenido de todos los correos electrónicos.

La ampliación hacia el este, emprendida a partir de 2004, no ha hecho sino reforzar esta derechización hasta el punto de hacerla casi irreversible. El antiguo bloque del Este -la nueva Europa, como la llamó George W. Bush- salió tan escaldada del totalitarismo que la agenda liberal y la complicidad con Washington forman parte del acervo de todos los partidos, ya sean de derechas o de izquierdas.

"El peso de la historia explica que todos los nuevos países defiendan la misma agenda liberal y que todos hagan siempre causa común con los postulados tradicionales anglosajones", subraya Jan Techau, analista del Centro para los Estudios Europeos Alfred von Oppenheim, con sede en Berlín. En su opinión, sin embargo, el modelo social de la Europa occidental no está en riesgo porque "la gran mayoría de competencias en protección social sigue en manos de los Estados". "La agenda neoliberal de la UE es más simbólica que real; no hay que temer a Bruselas porque en este aspecto no es más que un tigre de papel", concluye Techau.

Krysztof Bobinski, del centro de estudios Unia & Polska, de Varsovia, reconoce que la ampliación ha cambiado las reglas del juego: "Tras años de dictaduras, nuestros estándares de derechos pueden ser inferiores a los de los países europeos, pero no conviene exagerar. Es toda Europa la que ha girado a la derecha; no es una cuestión simplemente del Este", insiste Bobinski.

"Las reglas son casi siempre liberales y ahora mismo no hay ningún proyecto político que aspire a gobernarlas", lamenta el sindicalista José María Zufiaur, consejero del Comité Económico y Social (CES) europeo. Zufiaur también juzga la ampliación como un factor clave en el giro, pero desde otra perspectiva, menos determinista y más política: "Cuando España se incorporó a la UE le garantizó mucho dinero a cambio de que se fuera acercando a los estándares sociales del grupo para evitar el dumping [abaratamiento anormal de los precios]. Ahora se ha hecho lo contrario. A los nuevos miembros se les ha dicho: 'Les vamos a dar mucho menos dinero y compitan como puedan".

Nadie niega el creciente predominio de la derecha en la UE. Pero no todo el mundo comparte la idea de que el giro socave la tradición de décadas de construcción europea tejida con el consenso entre la izquierda posibilista y una derecha de tradición democristiana. "No hay ninguna evidencia de que Europa se esté convirtiendo en ultraliberal. Nadie está desmantelando el Estado del bienestar", recalca Simon Tilford, del Centro para la Reforma Europea, en Londres. Tilford ni siquiera considera que la directiva de tiempo de trabajo vaya a tener demasiado impacto. Guardans coincide: "No se está acabando con ningún modelo social, pero deben romperse tabúes si queremos ser competitivos".

Tampoco la directiva de inmigración choca con la tradición europea, según Carmen González, investigadora del Real Instituto Elcano: "No hay que interpretarla como una reducción de libertades, al menos en el caso español [donde el Gobierno establecerá en dos meses el límite de retención de inmigrantes sin papeles], sino como una medida de eficacia y disuasoria. Hay que tener en cuenta además que algunos países no tenían ningún límite y ahora lo van a tener". Bjarte Vandvik, secretario general del Consejo Europeo para los Refugiados (ECRE, en sus siglas en inglés), la ve en cambio como un ejemplo de "la visión que tiene hoy Europa": "inhumana e injustificada".

Se não consegue fazer a paz com a guerra, venda armas e ganhe dinheiro

UK tops world table of weapons sales

Controversial deal with Saudi Arabia catapults Britain to top of last year's world arms export league
Rob Evans and Richard Norton-Taylor
The Guardian, Saturday June 21, 2008
Article history

A controversial deal with Saudi Arabia catapulted Britain to the top of the world arms export league last year, as UK firms won a record £10bn in orders from overseas, official figures show.

The figure amounts to a third of all worldwide export orders for military equipment, ministers and arms companies reported. An essentially political, government-to-government contract - the sale of 72 Eurofighter/Typhoon aircraft, for £4.4bn, to the Saudis - accounted for Britain's number one position, the figures make clear.

The Ministry of Defence says the terms of the contract - called Salam, Arabic for peace - and the total expenditure involved are confidential. But officials make it clear that when upkeep, spares and training were included, the deal could amount to £20bn spread over many years. The figures last year were also boosted by orders placed by Oman and Trinidad and Tobago for patrol boats.

The companies involved - chiefly BAE Systems and the VT Group - were praised by the trade minister, Digby Jones.

"As demonstrated by this outstanding export performance, the UK has a first-class defence industry, with some of the world's most technologically sophisticated companies," he said.

Traditionally, American arms companies have occupied the top spot in the global arms market, with Britain, Russia and France vying to be the runners-up. Over the past five years the top arms exporters have been the US, with $63bn worth of sales, UK ($53bn), Russia ($33bn), France ($17bn) and Germany and Israel ($9bn each), according to government figures.

Analysts yesterday said that the latest figures reporting Britain's top spot in 2007 should be treated with caution, as they represent orders and not actual deliveries of equipment.

Ron Smith, professor of applied economics at Birkbeck College, University of London, said: "Orders may not be delivered or they may be cancelled."

He warned that statistics about arms sales were unreliable because governments and companies often did not disclose accurate figures for individual contracts.

Roy Isbister, an analyst with the campaigning group Saferworld, said: "Defence sales are notoriously lumpy. This apparent massive increase would seem largely down to the new deal to supply aircraft to Saudi Arabia. On this basis it is highly likely that defence orders will be seen to plummet next year. A clear indication of the UK's status as an arms exporter can only be gained by looking at sales over several years."

Yesterday officials told the Guardian that the value placed on the contracts was commercially sensitive.

The arms trade is notoriously contentious. The MoD, arms fairs, and defence attaches abroad promote British weapons exports, as does Whitehall's defence and security organisation, successor of the defence export sales organisation, Deso. Shortly after Labour came to power in 1997 the government drew up guidelines covering arms sales. They should not be approved, the regulations say, if the sales risk contributing to internal oppression, external aggression, or regional tensions.

According to the latest annual report on weapons-related exports, the government in 2006 approved arms exports to 19 of the 20 countries it identified as "countries of concern" for abusing human rights.

They included Saudi Arabia, Israel, Colombia, China, and Russia. The report also reveals that during 2006 the UK authorised the export of more than 15,000 sniper rifles to countries including Pakistan, Jordan, Turkey and Saudi Arabia, components for military aircraft and tanks for China, and heavy machine guns for Colombia.

They also included the sale of components for combat aircraft, electronic warfare equipment, helicopters, military aircraft cockpit displays, unmanned vehicles and anti-armour missiles for Israel.

Symon Hill, of the Campaign Against the Arms Trade, said: "The majority of arms exported from the UK are sold to oppressive regimes or to countries engaged in conflict. I think that most people in the UK will not be fooled by arms companies which claim to bring great benefits to the UK economy while taking hundreds of millions of pounds of taxpayers' money every year in subsidies."

Government officials say the export guidelines are always taken into account when arms exports are approved.

A report seven years ago by MoD and independent economists, the last published authoritative study on the subject, concluded that in the late 1990s defence exports averaged around £6bn a year and supported about 97,500 jobs, directly or indirectly.

It said that halving arms exports would lead to the loss of about 49,000 jobs but this would be offset by the creation over a five-year period of 67,000 new jobs in non-arms employment.

O poder de Chávez ou os milagres do preço do petróleo!

PARAGUAY: Venezuela apoyará con petróleo al nuevo gobierno

Por Humberto Márquez

CARACAS, 19 jun (IPS) - Venezuela "garantiza todo el petróleo que necesite Paraguay. No les faltará ni una gota", ofreció el mandatario venezolano Hugo Chávez al despedir este jueves al presidente electo paraguayo, el ex obispo católico Fernando Lugo.

Lugo visitó en los últimos cinco días los tres países con gobiernos más inclinados a la izquierda en América del Sur, los de Bolivia, Ecuador y Venezuela, como iniciativa para fortalecer nexos políticos, buscar alianzas económicas y, en particular, encarar los problemas de combustibles en su país.

Chávez, quien se deshizo en atenciones y elogios a Lugo, le dijo al recibirlo en la sede del gobierno en Caracas que "tú has venido para ayudar al parto de lo nuevo, del reino que Cristo anunciaba hace 2.000 años, el de la justicia, la igualdad y del amor".

El líder venezolano sostuvo que "nos faltaba un obispo" en el club de gobernantes izquierdistas en la región, y parafraseó al héroe de la independencia cubana José Martí (1853-1895) para afirmar "díganos Paraguay en qué servirle y tendrá en nosotros unos hijos".

En declaraciones a la prensa durante su periplo, Lugo insistió en que Paraguay "tiene que hacer su proceso político diferenciado de los países de la región y el continente, si bien hay coincidencias que no podemos negar, por la pobreza, la corrupción, y la consolidación de la democracia que necesitamos todos".

Sus homólogos Evo Morales, de Bolivia, y Rafael Correa, de Ecuador, invitaron a Lugo a respaldar los procesos de integración regional. Morales, quien con admiración lo llamó "Fernando Lujo", le pidió "compartir su experiencia al servicio del pueblo" en procura de "una mejor integración y una mejor justicia social".

Correa lo incluyó también en el club latinoamericano que defiende. "Esperamos que junto a los gobiernos progresistas, apoyándonos mutuamente, podamos lograr esa integración latinoamericana".

Para el presidente ecuatoriano, la elección de Lugo, que puso fin a seis décadas de dominio del paraguayo Partido Colorado, "confirma el camino irreversible que ha escogido la región. Es la nueva ruta de justicia, de solidaridad, de dignidad, de prosperidad con equidad".

Lugo aprovechó su visita a Bolivia para plantear un suministro directo de gas boliviano, que actualmente recibe desde Argentina. Mientras se construye un gasoducto, la posibilidad más a mano es transportar el fluido en camiones desde la frontera. En Quito, que rompió relaciones con Bogotá en marzo, cuando tropas colombianas incursionaron en territorio ecuatoriano y mataron a guerrilleros de las Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia (FARC), Lugo hizo votos por la paz.

"Todos los presidentes de América Latina estamos dispuestos a dar lo que sea de nuestra parte para que ese país (Colombia) pueda de nuevo vivir en esa paz solidaria que todo el pueblo colombiano se merece", dijo el mandatario electo.

"Lastimosamente, el pueblo colombiano está en una situación difícil de llegar a consensos, a acuerdos de paz porque la situación irregular, sobre todo de las FARC, crea una situación difícil, y más para los que somos de otros países, por respetar la soberanía", aseveró.

En Ecuador también visitó pueblecitos andinos que hace un cuarto de siglo le recibieron como joven educador y misionero y donde unas monjas bordan la banda presidencial que lucirá en su investidura, el 15 de agosto.

En Venezuela, el paraguayo también se dio un baño de pueblo al acudir a una misa en una zona popular del sudoeste de Caracas, oficiada por sacerdotes de la Teología de la Liberación, que comparte, en compañía de su anfitrión, Chávez.

Lugo siguió al mandatario venezolano a un acto de entrega de recursos a consejos comunales para viviendas, pero su independencia respecto del anfitrión también quedó marcada al entrevistarse con el arzobispo de Mérida (Andes del sudoeste), Baltazar Porras, contrario a Chávez y de quien recibe durísimas críticas.

El comunicado firmado con Chávez recogió el compromiso de trabajar en proyectos conjuntos y esquemas de cooperación en materia de energía, alimentación, cemento, construcción, programas sociales y de lucha contra el cambio climático. Venezuela podría participar en la ampliación y modernización de la refinería paraguaya de Villa Elisa, y en la búsqueda de petróleo y gas en el subsuelo paraguayo.

Las empresas estatales Pdvsa (Venezuela) y Petropar (Paraguay) sostienen un acuerdo mediante el cual Asunción puede comprar a Caracas hasta 18.000 barriles (de 159 litros) diarios de petróleos con facilidades de pago.

El anuncio de Chávez de que a Paraguay no le faltará "ni una gota" de combustible significaría que Venezuela podría suministrar los 28.000 barriles diarios que, se estima, consume ese país. (FIN/2008)

O poder que sobe à cabeça ou o eterno direito de falar besteira!

ZIMBABWE
Robert Mugabe invoca el derecho divino para mantenerse
NOUVELOBS.COM ¦ 21.06.2008 ¦ 10:17
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El presidente de Zimbabwe rechazó(echó de nuevo), de antemano, una derrota eventual en el momento de la segunda vuelta de la elección presidencial que debe cogerse en una semana, afirmando que su adversario del " MDC jamás será, al grande jamás, autorizado a dirigir este país ".

El presidente de Zimbabwe, Robert Mugabe, afirma que Dios " " solo puede hacerle dejar el poder. / foto tomada el 14 de junio de 2008 Bulawayo

A una semana de la segunda vuelta de la elección presidencial, el presidente de Zimbabwe, Robert Mugabe, afirmó, el viernes, 20 de junio, que Dios " " solo podía él " retirar el poder ".
Según el jefe de Estado de edad de 84 años, " el MDC (Movimiento para el cambio democrático, la oposición) jamás será, al grande jamás, autorizado a dirigir este país ". Es en todo caso lo que le afirmó delante de empresarios a Bulawayo, la segunda ciudad de Zimbabwe, al oeste del país.

" No el MDC, ni los Británicos "

" Solo Dios puede retirarme el poder que me dio, no el MDC ni los Británicos ", antiguos colonos del ex-Rhodésie del Sur, persiguió Robert Mugabe que dirige desde la accesión del país a la independencia, en 1980.
Sin embargo, el dirigente africano debe enfrentarse el 27 de junio con el líder de susodicho MDC, Morgan Tsvangirai, a la segunda vuelta de la elección presidencial. Robert Mugabe intentó(tentó) todo para evitar esta segunda vuelta, blandiendo el espectro de la guerra, parando(deteniendo) los dirigentes del MDC (Tsvangirai ha sido aprehendido(temido) a cinco recuperaciones(reanudaciones) en el espacio de tres semanas desde el fin de la primera vuelta de las elecciones, su segundo siempre es inculpado de "subversión"). En el curso de otra reunión en Bulawayo, todavía fijó su desdén total para la salida de la votación

" Repetir las armas "

" Jamás dejaremos un incidente tal como una elección amenazar nuestra independencia, nuestra soberanía, todo para que(lo que) combatimos, para que(lo que) nuestros compañeros murieron, matados al combate ", afirmó. " El MDC no debe empujarnos a repetir las armas con sus promesas de anulación de nuestro programa de nueva distribución de las tierras ", vociferó el jefe de Estado. También amenazó de " ocuparse después de la elección de los hombres de negocios que participan en el complot para derribar(trastocar) el régimen ".
Robert Mugabe, antiguo héroe de la conquista de la independencia, repite aquí su caballo de batalla: la accesión de los negros a la propiedad de las tierras. Desde el fin de la primera vuelta, desarrolló una estrategia que hacía el MDC es el cómplice de la antigua potencia(fuerza) colonial para repetirles a los campesinos negros la tierra cogida a los granjeros blancos.

http://tempsreel.nouvelobs.com/actualites/international/20080621.OBS9474/robert_mugabe_invoque_le_droit_divin_pour_se_maintenir.html

Boas novas ou a Arábia Saudita desempenhando seu melhor papel, traidora!

Arabia Saudita anuncia una subida de su producción de petróleo
NOUVELOBS.COM ¦ 22.06.2008 ¦ 13:44
Arabia Saudita convocó una reunión urgente de los países miembros de la Organización de los países exportadores de petróleo con el fin de discutir sobre medios de enrayar(cortar) el alza súbita de los precios. Su Presidente, Chakib Khelil, afirmó algunas horas antes de la abertura(obertura) de la conferencia que toda subida de producción por el cartel es inútil.

Rey Abdallah de Arabia Saudita anunció haber aumentado su producción de petróleo de 9 a 9,7 millones de barriles / por día " en el curso de los últimos meses ", el domingo, 22 de junio, en la reunión urgente organizada en Djeddah. El soberano se dijo préstamo " a responder a toda petición suplementaria ". Los miembros de la Organización de los países exportadores de petróleo que tienen los medios discutirán de un aumento de la producción, dio a conocer un responsable de Opep en el Golfo.
Opep considera que el mercado petrolero es bastante abastecido y que toda subida de producción por el cartel es inútil por ahora, afirmó el domingo su presidente, Chakib Khelil, algunas horas antes de la abertura(obertura) de la conferencia de Djeddah sobre la energía.
" Nuestra posición es que a este estadio, debemos estudiar el mercado y nos reuniremos en septiembre para tomar una decisión " sobre una subida eventual de producción, dijo en el momento de un punto de prensa en una referencia a la reunión próxima y ministerial de la Organización de los países exportadores de petróleo, prevista para septiembre.
" Si (el mercado) está en el equilibrio en septiembre, por qué auméntese la producción ", pidió.
Según la agencia de prensa argelina AP, un proyecto de declaración final pleitea a favor de una transparencia aumentada sobre los mercados financieros, a favor de una división(reparto) más importante de informaciones en cuanto a los datos fundamentales del sector y las iniciativas de los fondos de inversiones.

" La estabilidad y la perennidad del sistema "

Preconiza además la puesta en ejecución " medidas necesarias para asegurar la estabilidad y la perennidad del sistema de la energía y el aumento de las capacidades de refinado ", persigue AP, cuyo país ocupa la presidencia de Opep.
Más informaciones deben ser recolectadas respecto a los especuladores y los " juicios infundados que conciernen al precio(premio) real del barril de petróleo y el futuro del mercado del crudo ", subrayan sus autores.
En vísperas de la reunión, los Estados Unidos llamaron otra vez a los productores a levantar(rehacer) su producción con el fin de atenuar los efectos sobre las economías de los grandes consumidores de la fogarada de corre, que recientemente rozaron con los 140 dólares el barril.
" Todo lo que podrá hacer aumentar la oferta es bienvenido ", dijo el secretario americano a la Energía, Sam Bodman, que le representará los Estados Unidos a Djeddah.
" En ausencia de aumento de la oferta de crudo, para cada subida del 1 % de la petición, podemos esperar una subida de corre del 20 % ", añadió.
Arabia Saudita, el primer exportador mundial, ya anunció que llevaría su producción a 9,7 millones de barriles al día en julio, es decir 200.000 b/j suplementarios.
Esta decisión es exclusivamente económica, precisó el sábado príncipe Abdulaziz ibn Salman, viceministro saudí del Petróleo, sobre la cadena Al Arabiya.
" El reino abastece el petróleo con arreglo a las necesidades de los consumidores (...) Es una decisión comercial, no política, (...) Independiente de lo que será controvertido en la reunión (de Djeddah) ", afirmó.
Ningún otro miembro de la Opep siguió la misma vía por ahora, sino una altura responsable de la organización en el Golfo le declaró el sábado a Reuters que el aumento de la producción sería objeto de discusiones en Djeddah.
" Las políticas a corto plazo que serán examinadas incluyan la proposición que los países de Opep que disponen de capacidades de reservas aumentan su producción, como lo anunció Arabia Saudita para julio ", explicó.
Por lo menos dos otros miembros de la Opep - Emiratos Árabes Unidos y Kuwait - tienen la posibilidad de aumentar su producción gracias a sus reservas.

Un aumento durable

Según la misma fuente, ciertos miembros de la Opep - que representa, en resumen, un tercio de las exportaciones mundiales de petróleo - podrían comprometerse el domingo en aumentar su producción durable, como le reclaman, entre otras cosas, los Estados Unidos.
" La subida de la producción a corto plazo es bienvenida y neceser, pero es fundamental que inversiones sean realizadas para aumentar las capacidades de producción durable ", pleiteó Bodman.
Arabia Saudita constituye desde hace muchos años reservas de 1,5 a 2 millones de barriles con el fin de precaverse de una urgencia eventual.
Está en trance de concluir un programa durable que llevaría su producción diaria a 12,5 millones de barriles de aquí a los finales del año próximo.
Los miembros de la Opep a menudo explican la fogarada de corre por la especulación sobre los mercados, mientras que los consumidores lamenten una diferencia entre producción y petición.
El responsable más alto del sector petrolero libio, Shokri Ghanem, le dijo a Reuters que había " una demasía " de petróleo sobre el mercado. " Creemos que los precios(premios) son elevados, pero esto no es a causa de la oferta y a causa de la petición ", añadió, afirmando que no esperaba nada de la reunión del domingo.
Las autoridades saudíes convocaron a productores, consumidores, organizaciones internacionales y compañías petroleras a la reunión de Djeddah, durante la cual deben ser evocadas por soluciones para enrayar(cortar) la fogarada de corre.
Además de las cuestiones de oferta y de petición, las partes(partidas) prensiles intentarán determinar si la especulación financiera es responsable de la fogarada de corre, que tienen más que doblado en un año, y lo que puede ser hecho para enrayarle(cortarle).
" Los gobiernos tienen un papel que hay que jugar en la organización y la estructuración de los mercados, con el fin de impedir a los especuladores comportarse con la manera que condujo los precios(premios) a sus niveles actuales ", estimó el sábado el viceministro saudí del petróleo. (Reuters)

http://tempsreel.nouvelobs.com/actualites/economie/20080622.OBS9556/larabie_saoudite_annonce_une_hausse_de_sa_production_de.html