"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Augusto Frederico Schmidt.

Inventário - Augusto Frederico Schmidt.

Há um berço vazio, onde ninguém veio dormir,
Há uma viagem que jamais se realizou,
Paisagens que nunca foram vistas.
Há lembranças de sonhos partidos.
Uma casa construída pela imaginação
E cujas portas ninguém transpôs.
Há planos que foram abandonados
Para sempre.

Há algumas horas de paz e de silêncio,
Coroando sofrimentos e lágrimas invisíveis.

Há uma tristeza do que poderia ter sido,
De algumas palavras que pareciam
De compreensão e piedade,
E há o desgosto deste mundo.

Há algumas imagens da juventude
E a saudade de um fruto claro
Para sempre perdido.

Disponível em:  http://poetacarlosmaia.blogspot.com/2010/01/inventario-augusto-frederico-schmidt.html

Aproveitem e leiam as outras poesias disponíveis.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Poesia soviética

Escravo, vem servir-nos
Pois não, meu senhor - o que deseja?
se tudo é assim, então o que há de bom neste mundo?
Partir o seu pescoço e o meu, jogar-nos a ambos no rio - eis o que há de bom!
Quem é culto o bastante para alcançar o céu?
Quem tem braços compridos o bastante para abraçar as montanhas?
Se é assim escravo, vou te matar, escravo. Prefiro que vás na minha frente.
E o que faz pensar meu senhor que conseguirias sobreviver três dias sem mim?

Do livro Poesia Soviética que entrou na minha lista de compras depois de ter lido esta poesia completa, aqui está apenas o trecho final.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Augusto Frederico Schmidt

Segue abaixo primeiro uma citação de uma crônica de Schmidt e na sequência algumas poesias. Augusto frederico Schmidt é importante como intelectual, como formulador da OPA, como ghost-writer dos principais discursos de JK, como empresário de diversos setores. A obra de Schmidt é nostálgica, sempre aparece um resgate do passado, uma forma de reviver o vivido (para usar o nome de um livro de um escritor esotérico equatoriano, Jorge Adoum), muitas vezes com a esperança que o passado possa ser retomado e modificado. Isto gera um descompasso entre o poeta e escritor Augusto Frederico Schmidt e o homem público e empresário . Porque o homem público e empresário não apenas acredita no futuro do país e no seu próprio como encaminha-se para a ação para modificar o país e desenvolver os seus negócios. É uma pena que hoje ele seja um desconhecido apesar de ter sido uma das eminências pardas de um dos períodos áureos da história do Brasil.
Recomendo em primeiro lugar a biografia romanceada do Schmidt, é uma forma de conhecer a vida e a obra: MEY, Leticia e ALVIM, Euda. Quem contará as pequenas histórias? Uma biografia romanceada de Augusto Frederico Schmidt. São Paulo, Globo, 2005.
SCHMIDT, Augusto Frederico. Um século de poesia. São Paulo, Globo, 2005.
SCHMIDT, Augusto Frederico. Antologia de prosa. Rio de Janeiro, Topbooks, 2000.
SCHMIDT, Augusto Frederico. As Florestas: páginas de memórias. Rio de Janeiro, Topbooks, 1997.
SCHMIDT, Augusto Frederico. Poesia Completa. Rio de Janeiro, Topbooks, 1995.

Augusto Frederico Schmidt 4

Quando eu morrer

Quando eu morrer o mundo continuara o mesmo –
A doçura das tardes continuará a envolver as coisas todas
Como as envolve agora neste instante,
O vento fresco dobrará as árvores esguias
E levantará as nuvens de poeira nas estradas...

Quando eu morrer as águas claras dos rios rolarão ainda,
Rolarão sempre, alvas de espuma.
Quando eu morrer as estrelas não cessarão de acender-se no lindo céu noturno,
E nos vergéis onde os pássaros cantam, as frutas continuarão a ser doces e boas.
Quando eu morrer os homens continuarão sempre os mesmos,
E hão de esquecer-se do meu caminho silencioso entre eles.
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão,
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.
Quando eu morrer a humanidade continuará a mesma –
Porque nada sou, nada conto e nada tenho.
Porque sou um grão de poeira perdido no infinito.

Sinto porém, agora, que o mundo sou eu mesmo
E que a sombra descerá por sobre o universo vazio de mim –
Quando eu morrer...

Augusto Frederico Schmidt 3

Oração (apenas os três versos finais)

Que não se cale a voz que me livra do exílio.
Que dá forma ao meu pranto
E desoprime o peito meu de saudades eternas
E de dores eternas sem remédio.

Voz que diz dos amores meus defuntos,
Dos amores que eu quis e a vida não me deu
Voz com que posso chorar a mocidade morta
A minha mocidade inútil e sem rumo

Que não se cale a voz que sou eu, melhorado,
A voz que Deus me deu!

Augusto Frederico Schmidt 2

Soneto

Eu queria chorar pelos que não choram.
Eu queria chorar pelos olhos secos,
Pelos olhos que não são fortes
Onde as mágoas se purificam e se libertam.

Eu queria chorar pelos corações feridos
E que sangram obscura e silenciosamente.
Eu queria chorar pelas almas mártires
Que estão invisivelmente entre nós.

Eu queria chorar pelos indiferentes
E pelos que escondem num sorriso
As decepções de uma incompreendida bondade.

Eu queria chorar pelas almas fechadas,
Pelas almas que são como os desertos
E que não conhecem a libertação das lágrimas!

Augusto Frederico Schmidt 1

Soneto

Passa a saudade do que foi e é morto.
Passa a glória que eu quis e me fugiu.
Passam as próprias visões do mundo e da vida.
E é sonho quanto tive em minhas mãos.

Passam as flores nascidas mais perfeitas.
Passa a beleza, e a dor, passam tormentos.
Passa essa angústia diante do eterno nada.
Que não passa, Senhor, todo momento?

De incerteza em incerteza, a vida corre,
E nos mudamos nós, de instante em instante.
O que foi, ele próprio, sofre, muda.

Só não passa este amor tão passageiro.
Só não muda este amor que é tão mudável.
Só este amor incerto é certo em mim.