"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?
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domingo, 18 de maio de 2008

Estrutura imutável?

La renta en Brasil, como hace siglos

El 10% de la población concentra el 75,5% de la riqueza del país

JUAN ARIAS - Río de Janeiro - 19/05/2008

A pesar de todas las mejoras que se han producido en el campo económico y de los esfuerzos del popular presidente Luiz Inácio Lula da Silva para aumentar los programas sociales, el cáncer de Brasil continúa siendo la injusta distribución de su riqueza. Según datos publicados esta semana por el Instituto de Investigación Económica Aplicada (Ipea), el 10% de la población concentra el 75,4% de la riqueza del país. Unas cifras que varían poco de las registradas a finales del siglo XVIII.

De acuerdo con el estudio del Ipea, las tres capitales brasileñas donde es más evidente esa desigualdad en la distribución de la renta son São Paulo, donde el 10% de la población posee el 73,4% del producto interior bruto (PIB); Salvador de Bahia, donde el 10% tiene el 67%, y Río de Janeiro, donde ese mismo porcentaje posee el 62,9% de la riqueza.

Otro de los aspectos revelados por el estudio es que los impuestos pesan mucho más sobre los pobres que sobre los ricos. El 10% más pobre paga un 44,5% más que el 10% más rico. La carga tributaria representa un 22,7% de renta para el 10% de los más ricos, mientras que, para el 10% más pobre, el peso equivale al 32,8% de su renta.

La explicación de esa anomalía es que la base de la recaudación en Brasil es más fuerte en los llamados impuestos indirectos, que gravan los bienes de consumo. Como el ciudadano más pobre gasta la mayor parte de su renta en consumo, acaba pagando más impuestos que los ricos.

Considerando sólo la tributación indirecta, la carga soportada por los más pobres es del 29,1% de su renta, frente al 10,7% que asumen los más ricos.

“Estos datos demuestran”, afirmó el jueves Márcio Pochmann, presidente del Ipea, “cómo a despecho de los cambios en el régimen político y en el padrón de desarrollo del país, la riqueza continúa pésimamente distribuida entre los brasileños. Tal concentración es francamente absurda”.

Pochmann ha recordado que, según los pocos datos que se conservan de finales del siglo XVIII, la distribución de la renta en Río de Janeiro, por ejemplo, era prácticamente misma que ahora, es decir, el 10% de la población poseía el 68% de la riqueza. Hoy, ese mismo porcentaje posee el 62,9%.

El presidente de Ipea pidió al Gobierno la creación de un impuesto para las mayores fortunas y para las herencias, así como una reforma tributaria seria. “Ningún país del mundo consiguió acabar con las desigualdades sociales sin una reforma tributaria de verdad”, dijo Pochmann.

http://www.elpais.com/articulo/economia/renta/Brasil/hace/siglos/elpepueco/20080519elpepueco_1/Tes?print=1

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

E agora Lula?

Reservas superam dívida e Brasil torna-se credor externo pela 1ª vez, diz BC

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ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília

O Banco Central estima que as reservas internacionais já superam o total da dívida externa e que, dessa forma, o Brasil tornou-se um credor externo pela primeira vez. Essa condição deve-se à melhora das contas externas desde 2003, segundo análise que consta do boletim "Indicadores de Sustentabilidade Externa do Brasil - Evolução Recente", divulgado nesta quinta-feira.

"[A dívida líquida externa] passou de US$165,2 bilhões, ao final de 2003, para US$ 4,3 bilhões, estimativa para 2007. No primeiro mês de 2008, já se estima que esse montante se tornará negativo em mais de US$ 4 bilhões, significando que, em termos líquidos, o país passou a credor externo, fato inédito em nossa história econômica", relata o documento.

A dívida externa total líquida resulta quando se reduz da dívida externa bruta os ativos que o país possui no exterior, que basicamente são as reservas internacionais.

Reservas

Ao final de 2007, as reservas estavam em US$ 180,3 bilhões, um crescimento de 110% no ano. A expansão foi consequência, principalmente, das compras de dólares efetuados pelo BC ao longo do ano passado.

Entre 2003 e 2007, período de análise do documento, as compras chegaram a US$ 141,3 bilhões, sendo que 55,6% desse total foi realizado no ano passado.

O relatório destaca ainda a elevação do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil quando expresso em dólares. Esse indicador é visto pelo BC como um dos principais para mensurar a sustentabilidade externa do país.

O PIB em dólares passou de US$ 504,4 bilhões em 2002 para US$ 1,310 trilhão (valor estimado) no ano passado. Esse crescimento deve-se, principalmente, à valorização do real frente ao dólar.

A dívida bruta em relação ao PIB passou de 41,8% em 2003 para 15,1% em 2007. Considerando a dívida líquida, a relação passou de 32,7% para 0,3%.

Liquidez global

Para o BC, essa trajetória foi possível devido a melhoras na política econômica e também a uma situação de liquidez global.

"A implementação de políticas macroeconômicas consistentes e a confortável liquidez global propiciaram ingressos recordes de divisas no país, enquanto o desempenho das empresas exportadoras e o dinamismo da economia mundial se traduziram em resultados recordes para as exportações, a balança comercial e as transações correntes", afirma o documento.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Bolsa Família versus indústria da cana de açúcar: quem contribui mais para o país?

BOLSA FAMÍLIA É 4 VEZES MAIOR QUE CANA-DE-AÇÚCAR EM ALAGOAS

O professor de economia da Universidade Federal de Alagoas Cícero Péricles de Carvalho fez um estudo sobre o impacto do Bolsa Família no Estado. A pesquisa de Carvalho foi publicada pela revista inglesa The Economist e mostra que o Bolsa Família injeta quatro vezes mais dinheiro na economia de Alagoas do que a principal atividade agrícola do Estado, que é a cana-de-açúcar.

Carvalho disse que o trabalhador alagoano recebe R$ 3,00 por tonelada de cana cortada (clique aqui para ouvir o áudio). O Estado de Alagoas produz 25 milhões de toneladas de cana por ano. Isso significa que para cortar toda a cana alagoana o patronato paga R$ 75 milhões.

"E R$ 75 milhões é todo o dinheiro colocado na renda da sociedade para o consumo, naturalmente, em função do corte da cana. O Bolsa Família representa R$ 300 milhões por ano. Ou seja, é quatro vezes mais importante do que toda a renda gerada no principal setor agrícola local", disse Carvalho.

350 mil famílias de Alagoas recebem dinheiro do Bolsa Família. Isso significa a metade das famílias de Alagoas. A outra metade, segundo Carvalho, recebem dinheiro da Previdência Social. Por isso Carvalho diz que Alagoas se tornou "a Suécia ensolarada".

"Nem a Suécia tem uma cobertura social tão extraordinária. E quando o salário mínimo tem um aumento pequeno, como agora, R$ 32,00, o impacto é muito grande porque a pobreza também é muito grande", disse Carvalho.

O estudo de Cícero Péricles de Carvalho mostra que o Bolsa Família tem impacto positivo no comércio de Alagoas e do Nordeste. Segundo o professor, o comércio de Alagoas bate recorde de vendas há 46 meses seguidos.

"Desde março de 2004 que Alagoas bate recorde sobre recorde. Mas, veja só, é recorde sobre o seu próprio consumo, mas também o dobro da média nacional. E não tem explicação econômica para isso", disse Carvalho.

A pesquisa mostra que os recursos do Bolsa Família geraram uma explosão no consumo das famílias alagoanas, sobretudo no que diz respeito ao consumo de bens duráveis, como eletrodomésticos e móveis.

Leia a íntegra da reportagem publicada na revista The Economist (traduzida):

http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/478001-478500/478164/478164_1.html

domingo, 10 de fevereiro de 2008

G7 pensa que a crise se apronfundará, o que o Brasil está fazendo para se proteger? Está na hora do governo Lula mostrar que é diferente do governo FHC!

El G 7 alerta de la dureza de la crisis

Los países más industrializados temen que se acentúe la desaceleración

AGENCIAS - Tokio - 10/02/2008

Los ministros de Economía y responsables de política monetaria de los siete países más industrializados del mundo, el llamado Grupo de los siete (G 7), hicieron ayer un llamamiento a la unidad para trabajar por la estabilización de los mercados globales a la luz de la desaceleración económica. Reconocieron que la situación podría ser aún peor debido al mercado inmobiliario estadounidense, que sigue desmoronándose, pero confían en que no desembocará en una recesión general porque las bases de la economía son sólidas.

En un comunicado hecho público después de su encuentro de en Tokio, el G 7 admitió que las perspectivas de crecimiento económico han empeorado desde su última cumbre, celebrada en octubre, aunque destacan que la economía estadounidense podrá escapar de la recesión. "Había un clima de mucho mayor pesimismo y preocupación que en octubre", reveló el ministro de Economía italiano, Tommaso Padoa-Scioppa.

Los representantes de Japón, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemania, Italia y Francia explican que está previsto que el crecimiento de sus países se ralentice "en distinto grado" a corto plazo y subrayan el serio riesgo que supone la depresión que domina el mercado inmobiliario estadounidense y el consecuente endurecimiento de las condiciones para la concesión de préstamos.

Círculo vicioso

Esto, a su vez, ha hecho que disminuya la liquidez de consumidores y empresas. Los bancos han aplicado contención a la política de préstamos y sus pérdidas podrían ascender a los 100.000 millones de dólares debido a las hipotecas que dejen de cobrarse. Es un círculo vicioso que provoca una disminución en el consumo, menores expectativas de negocio y despidos en las empresas.

El secretario del Tesoro estadounidense, Henry Paulson, auguró un largo periodo de incertidumbre. "La inestabilidad financiera es seria y persistente. Aunque las bolsas se recuperen de este periodo de tensión, y por su puesto que lo harán, debemos esperar una volatilidad continuada debido a los nuevos cálculos de riesgo", agregó. Sin embargo, rechazó que EE UU vaya a entrar en recesión este año.

El comunicado final emplaza además a los bancos a hacer públicas todas sus pérdidas y ajustar sus cuentas de resultados para ayudar a restablecer el funcionamiento normal de los mercados. El ministro de Economía alemán, Peer Steinbrück, afirmó que las pérdidas podrían llegar incluso a los 400.000 millones de dólares.

"De ahora en adelante seguiremos observando con detenimiento los acontecimientos y adoptando las medidas apropiadas, individual y colectivamente, para garantizar la estabilidad y el crecimiento de nuestras economías", dice el comunicado. Estas promesas de colaboración para restaurar la salud del sistema financiero contrastan con las divisiones sobre política fiscal y monetaria que se atisban antes de la cumbre de dirigentes del G 7. Antes de la reunión de hoy se podían oír voces en Europa que manifestaban en privado su alarma por el agresivo recorte de tipos de interés aplicado por la Reserva Federal estadounidense.

El presidente del Banco Central Europeo (BCE), Jean-Claude Trichet, consideró que la "corrección" en las bolsas continuará en los próximos meses y reiteró que esa entidad no estudia por ahora bajar, pero tampoco subir, los tipos de interés en la zona euro.

Por otra parte, el G 7 emplazó a los países exportadores de petróleo a incrementar la producción para rebajar el coste del barril, que el mes pasado llegó incluso a alcanzar los 100 dólares por barril.

http://www.elpais.com/articulo/economia/G/alerta/dureza/crisis/elpepueco/20080210elpepieco_4/Tes

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Entrevista de Tamás Szmrecsányi aoc Correio da Cidadania!

Lobbies e desinformação dominam discussão sobre biocombustíveis

Escrito por Valéria Nader

06-Dez-2007

Na esteira de uma crise ambiental planetária que se alarga e se evidencia a cada dia, chamando a atenção de muitos que até então viam nas advertências de cientistas nada mais do que mero alarmismo, os biocombustíveis tornaram-se um dos grandes focos de discussão.

Para uns, trata-se de excelente solução para a poluição do planeta, na medida em que constituem uma fonte de energia limpa, evitando a eliminação dos gases de efeito estufa advindos da queima dos combustíveis fósseis. No Brasil, então, não haveria como não adotá-los, vistas as enormes extensões de terra passíveis de serem cultivadas com a cana-de-açúcar e as louváveis condições naturais para esse cultivo.

Do outro lado, críticas contundentes. Minoram-se os ganhos energéticos, que deveriam ser relativizados pelas condições sob as quais se cultiva a cana. Alerta-se ainda para a degradação do meio ambiente; o reforço da monocultura e da concentração das propriedades, em detrimento da agricultura familiar e da produção de alimentos; a submissão da força de trabalho a condições desumanas; e a reduzida geração de empregos.

Não é preciso ser especialista para observar a panacéia atual em torno ao etanol. Basta viajar pelo interior do estado de São Paulo para constatar uma nítida e brutal mudança na paisagem, em espaço curtíssimo de tempo, onde a predominância das plantações de cana-de-açúcar é absoluta. Adentrando-se por estradas vicinais, é possível ainda visualizar alojamentos precários recém construídos, muito provavelmente para abrigar os novos cortadores. Ademais, vários noticiários dão conta da elevação do preço da terra nesse último ano e, não coincidentemente, da febre na aquisição de terras e usinas destes trópicos por investidores estrangeiros.

Obviamente, grandes interesses estão em jogo e muitos lobbies, em ação. Para que, ao final, quiçá acabe por valer os interesses da nação, há que se qualificar uma discussão tão polarizada, destrinchando os argumentos de ambas as partes - mas tomando-se certamente em consideração que sempre há aquela que tem sua cadeira cativa nos grandes veículos.

Tamás Szmrecsányi, professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp, uma voz rara em nossa imprensa, falou longamente ao Correio da Cidadania sobre o tema.

Nessa primeira parte de sua entrevista - publicaremos mais duas partes -, ele avalia as atuais discussões em torno dos biocombustíveis, a sua eficiência energética e os argumentos críticos a essa fonte.

Nas próximas duas partes, Tamás discorre sobre as ponderações dos defensores dos biocombustíveis, sobre as alternativas à sua produção e também a respeito da postura do governo e dos movimentos sociais.

Confira abaixo.

Correio da Cidadania: Como o senhor avalia a atual discussão em torno dos biocombustíveis, em especial o etanol, no Brasil e no mundo?

Tamás Szmrecsányi: Limitarei minhas respostas ao álcool (ou etanol, ou biocombustível), um assunto que conheço melhor. Por não me julgar, por outro lado, suficientemente entendido em plantas oleaginosas e em biodiesel, prefiro abster-me de opinar a respeito.

Em primeiro lugar, no que se refere às discussões em curso, convém distinguir entre as que são veiculadas pela mídia e as travadas em círculos acadêmicos e técnicos mais fechados. Nas primeiras, campeia a desinformação, tanto aqui, quanto lá fora, geralmente por falta de capacitação dos jornalistas profissionais, inclusive com relação à escolha de seus informantes - os quais, muitas vezes, ou carecem igualmente da necessária qualificação técnica e científica para tanto, ou são meros porta-vozes dos lobbies favoráveis aos empresários do setor sucro-alcooleiro e/ou do grande capital vinculado ao chamado agronegócio.

Lobbies com presença e influência também se fazem sentir no âmbito da comunidade científica e tecnológica. As discussões desta fora do Brasil me parecem menos suscetíveis a esse fator e, portanto, mais isentas e com melhor nível do que as do nosso meio. Aqui, além da desinformação, também há casos de censura (inclusive por parte dos órgãos de fomento à pesquisa, estatais e privados), de baixa tolerância às críticas e a pensamentos divergentes, de tendência à desqualificação e à marginalização daqueles que têm opiniões alternativas e independentes.

CC: O senhor considera os biocombustíveis uma boa opção de energia para o Brasil?

TS: Quanto à opção energética, poucos, também aqui, estabelecem uma distinção, desta vez entre o álcool hidratado e o álcool anidro.

O uso deste último como combustível misturado à gasolina numa proporção de até 25% foi, no passado, e continua sendo até hoje, uma boa opção energética para o Brasil, país possuidor de uma ampla agroindústria canavieira e que, até recentemente, não havia atingido uma relativa auto-suficiência na produção do petróleo. Este, aliás, continua sendo importado em parte, o mesmo se dando com o gás natural. A mistura do álcool anidro à gasolina me parece uma boa prática, na medida em que poupa divisas através da substituição de importações atualmente caras.

Essa prática também é interessante do ponto de vista da própria indústria sucro-alcooleira, na medida em que ajuda a diminuir os riscos e os efeitos de uma oferta excessiva de açúcar, permitindo, inclusive, manter certo controle sobre os preços deste. Isto se deve ao fato de o álcool poder ser produzido de duas maneiras: a tradicional, a partir do melaço residual da fabricação de açúcar (álcool residual); e a alternativa à produção do mesmo diretamente a partir do caldo resultante da moagem da cana (álcool direto).

Os problemas, a meu ver, surgem com a excessiva expansão da oferta de álcool hidratado, um produto intermediário na fabricação do álcool anidro (resultante da sua desidratação), e que, ao contrário deste, não tinha e continua não tendo um mercado garantido, seja dentro, seja fora do país. Tentou-se criar, aqui no Brasil, esse mercado através dos carros a álcool das décadas de 1970 e 1980 – uma experiência, cujos resultados, em termos de custos, não foram muito favoráveis. E agora está ocorrendo uma nova tentativa com os chamados carros Flex, cujos motores são abastecidos tanto pela gasolina misturada com álcool anidro como pelo álcool hidratado.

Ainda não se tem até o momento uma avaliação mais precisa dos resultados desta experiência, com respeito às dimensões do mercado interno para o álcool hidratado.

CC: As críticas aos biocombustíveis voltam-se, em frontal oposição aos defensores, à 1) degradação do meio ambiente que será ocasionada pelo cultivo de cana, 2) ao reforço da monocultura e da concentração das propriedades em detrimento da agricultura familiar e da produção de alimentos, 3) à submissão da força de trabalho a condições desumanas, 4) à reduzida geração de empregos, e 5) aos ganhos energéticos pouco significativos. Haveria nesses argumentos alguma espécie de paranóia, “eco-ignorância”, como dizem os defensores dos biocombustíveis?

TS: Essas críticas me parecem todas procedentes em termos gerais, carecendo, porém, de uma avaliação mais precisa no exame dos diversos casos individuais, em função da qual uma ou outra podem estar sujeitas a determinadas qualificações. É preciso, face a essa ressalva, ver mais de perto cada uma dessas críticas

CC: Pensando, então, mais detidamente e separadamente, em cada uma dessas críticas aos biocombustíveis, qual a sua avaliação, em primeiro lugar, quanto à degradação do meio ambiente resultante do cultivo da cana?

TS: A degradação do meio ambiente pela expansão das lavouras canavieiras tem início com a sua implantação numa área anteriormente ocupada por outras culturas, pela pecuária extensiva, ou então inexplorada ou vazia.

No primeiro caso, tende a ocorrer uma substituição da policultura pela monocultura; no segundo, dá-se a substituição de uma atividade extensiva por outra; e, no terceiro caso – por exemplo, através do desmatamento –, há um comprometimento, quando não a destruição da biodiversidade pré-existente.

Como se trata de cultivos semi-perenes, e não anuais, as lavouras de cana, se plantados em curva de nível, ajudam a combater a erosão. Ao mesmo tempo, todavia, o uso de máquinas durante os tratos culturais e principalmente monoculturais contribui para a compactação dos solos. Mas os piores impactos acabam sendo ocasionados pelas queimadas que anualmente precedem as colheitas manuais e pelo despejo indiscriminado de vinhaça não tratada.

Esta última prática envolve dois riscos ambientais ainda insuficientemente avaliados: o da penetração desse resíduo altamente poluidor (à razão de dois a três litros para cada litro de álcool), o que junta agrotóxicos no subsolo, comprometendo não apenas o lençol freático, mas aprofundando-se até águas subterrâneas mais profundas – como o aqüífero de Guarani; e o da salinização dos solos pela aplicação contínua e excessiva, com a conseqüente redução da sua fertilidade.

CC: E quanto à concentração das propriedades fundiária, com ênfase na monocultura, em detrimento da agricultura familiar e da produção de alimentos?

TS: A concentração da propriedade fundiária provocada pela expansão da monocultura extensiva da cana-de-açúcar pode ser facilmente comprovada por meio dos Censos Agropecuários e, na ausência destes, através do Cadastro do Incra relativo ao ITR (Imposto Territorial Rural).

As origens dessa tendência remontam ao período colonial; trata-se de uma recorrência da elevada integração vertical da agroindústria sucro-alcooleira, uma característica inexistente quer em outros países produtores de açúcar e de álcool, quer em outras ocupações agroindustriais do Brasil.

Paralelamente, em vez de haver uma divisão social do trabalho entre a agricultura e a indústria, as usinas açucareiras e as destilarias (anexas ou autônomas) são proprietárias da maior parte das terras que produzem a matéria-prima dessas agroindústrias. Na medida em que elas vão se expandindo, tanto a produção de alimentos como as pequenas e médias propriedades são eliminadas, com órgãos responsáveis sendo expulsos da agricultura ou empurrados para mais longe dos lugares de consumo de seus produtos.

Essa expansão forçada da fronteira agrícola envolve não apenas grandes migrações internas, mas também uma rápida e intensa destruição da biodiversidade, em áreas de cerrado especialmente.

CC: Quanto às condições desumanas a que é submetida a força de trabalho, os próprios noticiários não têm mais como mascarar essa realidade, não?

TS: Através do monopólio (sem agricultor, diz-se oligopólio) da terra, as usinas açucareiras, que possuem e/ou arrendam milhares de hectares de terras, também adotam o monopsônio (ou melhor, o oligopsônio) no emprego da força de trabalho no setor agropecuário nas regiões em que atuam. Elas empregam muita gente porque ocupam muito espaço, a maior parte das terras disponíveis, eliminando outras alternativas de ocupação da mão-de-obra. Nessas condições, elas têm o poder de impor baixos níveis salariais e/ou péssimas condições de trabalho, como ocorre nas colheitas manuais que pagam por produção (e não por horas trabalhadas).

CC: A geração de empregos é realmente tão reduzida quanto se alardeia?

TS: A geração de empregos por uma atividade pode ser e tem sido grande pelas razões expostas acima. A lavoura canavieira é a que mais pessoas emprega; trata-se porém de ocupações temporárias e sazonais, cujas remunerações têm que ser dimensionadas não pelos meses trabalhados, mas pelos doze meses do ano. Fazendo o ajuste, tais remunerações não são muito superiores aos salários mínimos regionais.

Por outro lado, o grande emprego nem sempre corresponde a uma ampla ocupação da força de trabalho. Mesmo em termos absolutos, há outras culturas que ocupam mais gente no Brasil do que a cana-de-açúcar (algo que pode ser constatado através de dados dos censos e da PNAD), e fazem isso durante o ano todo. Assim, as lavouras canavieiras podem estar desempregando pessoas, em vez de gerarem um maior número de empregos.

É uma tendência que vem se agravando pela crescente mecanização dessa atividade, que, a partir de meados da década de 1990, vem empregando cada vem menos gente por hectare / ano.

CC: E os ganhos energéticos, são mesmo pouco significativos, como analisam os críticos ao biocombustível?

TS: Os ganhos energéticos da agroindústria canavieira são atribuíveis à combustão derivada da queima do bagaço no processamento industrial da cana e sua transformação em açúcar e/ou álcool. Trata-se do excedente de energia transformada ou de fato transferida à rede distribuidora de energia elétrica.

Isso representa, sem dúvida, uma vantagem da cana em relação à beterraba açucareira no que se refere aos custos de processamento industrial.

Mas esse ganho tem que ser contraposto aos gastos de energia das máquinas e caminhões usados no cultivo e na colheita da cana, e também aos gastos do processamento industrial, no transporte do produto muitas vezes a longas distâncias. Este último problema pode ser solucionado através de maior racionalização da produção sucro-alcooleira e através da substituição dos caminhões por dutos, por ferrovias ou barcaças fluviais.

 

CC: A intensa discussão em que estão envoltos os biocombustíveis se associa de alguma maneira a interesses políticos e econômicos do atual momento vivido pelo capitalismo em escala global? Como isso se dá a seu ver?

TS: A moda atual dos biocombustíveis, e mais particularmente do bioetanol, decorre dos atuais preços do petróleo, provocados pelas intervenções militares do EUA no Oriente Médio. Trata-se de fatores conjunturais, reversíveis a curto e médio prazos. A era Bush, felizmente, está chegando ao fim, e qualquer um de seus sucessores poderá adotar outras políticas com vistas a normalizar as relações internacionais e evitar a ocorrência de uma recessão aguda do sistema capitalista. A partir do momento em que isto se der, haverá uma inflexão das tendências atuais.

Em termos estruturais e no longo prazo, não está havendo uma diminuição das reservas mundiais de petróleo; antes pelo contrário, novas reservas estão sendo descobertas continuamente, inclusive pelo Brasil. Nos países economicamente mais desenvolvidos, há programas de poupança de energia em andamento – inclusive no campo automobilístico, através dos chamados carros híbridos, com motores que não se destinam, como os carros flex, a substituir um combustível por outro, mas a poupar combustíveis em geral.

Por outro lado, os desequilíbrios entre a produção e o consumo decorrentes do intenso consumo de algumas economias asiáticas (China e Índia) não são necessariamente estruturais e também podem assumir um caráter conjuntural.

Diante disso, eu diria que as atuais tendências são movidas por motivos de curto prazo e voltadas para ganhos imediatos e de caráter especulativo, possibilitados pelas condições de países como o Brasil, onde a terra e o trabalho são baratos, e os poderes públicos complacentes e cooptáveis, dominados por minorias poderosas e rentistas, que têm conseguido manter sua hegemonia através do tempo, seja aproximando-se ao capital estrangeiro, seja subordinando a atuação do Estado a seus interesses.

CC: Os defensores dos biocombustíveis contrapõem-se a cada uma das críticas. Com relação àquela que avalia ser a cana uma monocultura, que viria reforçar a concentração de terras, em detrimento da agricultura familiar e da produção de alimentos, sinalizam os defensores que, no Brasil, estariam sendo ocupados somente 3 milhões de hectares para a produção de açúcar, outros 3 milhões para a produção de 17 bilhões de litros de álcool, e sobrariam como área passível de ser utilizada para cultivos energéticos nada menos que 300 milhões de hectares – já descontados desse total a área destinada a cultivos agrícolas e as áreas de preservação ambiental. O que você pensa sobre isso?

TS: Os argumentos levantados pelos defensores das atuais políticas e das tendências dominantes não se sustentam e fazem parte das campanhas de desinformação às quais já me referi – antigamente, havia os contos de fadas; hoje em dia predominam os contos da mídia e as verdades pseudocientíficas.

Não há dúvida de que no capitalismo atual tem prevalecido a grande produção, inclusive na agricultura. Mas isto vem ocorrendo em outros países não da mesma forma que no Brasil, não com essa concentração da renda, da riqueza e do poder, que tem como contrapartida o empobrecimento, a exclusão e a miséria de grandes massas da população.

Nos Estados Unidos e na França, não há monocultores e nem usineiros como aqui. Quanto às áreas ocupadas pela cana-de-açúcar, há que compará-las não com a superfície territorial do país, mas com o total das áreas agricultáveis, mas com o total das áreas de colheita, particularmente nos estados que são seus principais produtores – caso de São Paulo, que abastece mais da metade dos canaviais do país, e onde os mesmos ocupam quase metade das áreas cultivadas, relegando a um plano absolutamente secundário o arroz, o feijão e até o café.

Finalmente, no que se refere às áreas de preservação ambiental, há dados empíricos que mostram cabalmente que elas deixaram simplesmente de existir em áreas canavieiras como as dos cerrados de Pernambuco e Alagoas, ou aqui na região de Ribeirão Preto.

CC: Argumenta-se, ademais, nesse sentido, que a fome se deve à pobreza, é questão de falta de renda de vastos setores da população, e não de oferta de alimentos, segundo inclusive participantes da Conferência Internacional Rio+15 em setembro. Supondo que se proíba nesse setor o uso de matéria-prima alimentar, não haveria redução da pobreza no mundo e o preço do petróleo subiria ainda mais. Expandir a produção de bioenergia contribuiria, ademais, para combater a fome, ao gerar novos empreendimentos econômicos e empregos. Qual a sua visão sobre esse argumento?

TS: É verdade que a fome se deve à pobreza, mas esta é gerada pelo preço e/ou pela falta de acesso aos meios de produção capazes de alimentar a população carente.

Na verdade, o mal não está na cana, mas sim no tipo de empresas e de empresários que exploram a sua produção no Brasil, empresários que fazem parte das classes dominantes do país e que são apoiados por estas em detrimento do resto da sociedade – ou melhor, da maioria.

O aumento da produção de biocombustíveis não faz, nem fará, baixar o preços do petróleo. É a elevação dos preços que tem feito crescer a produção de álcool; na hora em que os preços do petróleo baixarem, haverá uma superprodução de álcool, como já ocorreu no passado.

Muitos dos novos empreendimentos surgidos na atual conjuntura deixarão de existir ou terão que mudar de ramo; alguns deles, aliás, nem sequer saíram ainda do papel em que foram inscritos.

A geração de empregos poderá existir, mas não será grande nem automaticamente capaz de sustentar-se por si só.

CC: Haveria ainda, nessa linha de argumentos, os ganhos de produtividade da lavoura advindos da inovação tecnológica, possibilitando aumentar a produção por terra cultivável. O que você pensa sobre isso?

TS: Os ganhos de produtividade da agroindústria canavieira ocorreram de fato, mais no segmento industrial do que no agrícola. Os ganhos se deram pela adoção de novas variedades de cana, que fazem aumentar a produção de açúcar e de álcool por hectare. Mas no que se refere à cana em si, a produtividade é medida em toneladas por hectare e não tem crescido muito, razão pela qual a lavoura canavieira continua sendo uma monocultura extensiva, cuja produção cresce mais em função da área cultivada do que devido a crescentes rendimentos por unidades de área.

Os ganhos de produtividade agroindustrial que acabam de ser mencionados constituem um argumento favorável à diminuição, e não ao aumento das áreas cultivadas. Isso é algo que poderá talvez ocorrer por meio da extração de álcool da celulose, e não mais do caldo, da cana – uma tecnologia ainda não disponível, por meio da qual se poderá aumentar muito a produtividade agroindustrial por hectare cultivado.

CC: O jornalista Vinícios Torres Freire chegou a alertar, em artigo na Folha de São Paulo, que a “teoria alcoolismo ignora o ganho de renda de países pobres que plantariam cana (e poderiam comprar comida, que ainda sobra no mundo), ignora ganhos de produtividade das lavouras e os estímulos de preço (se a comida fica cara, planta-se mais comida)”. Quanto ao ganho de renda, cita-se, por exemplo, que, dos 17 bilhões de litros de álcool produzidos atualmente, poder-se-ia chegar a 44 bilhões de litros em 2016, segundo o mais recente (e crítico) documento da própria FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação). No que se refere aos estímulos de preço, considerando características singulares de um país como o nosso - tais quais o sol, as terras agricultáveis e até mesmo a água -, o argumento crítico relativo aos impactos da produção de biocombustíveis na elevação dos preços de alimentos seria pouco significativo: preços em elevação seriam, outrossim, um estímulo à expansão da produção. O que você responderia?

TS: Não conheço o artigo do referido jornalista, mas poderia comentar as idéias que ele veicula da seguinte forma: (a) plantar mais comida em um país dominado pela cana é algo complicado, como se pode observar pela história da zona da mata no nordeste. No caso de São Paulo, atualmente, boa parte do abastecimento alimentar vem dos estados do Sul, graças ao fato de a expansão canavieira não poder ir além do norte do Paraná, por razões climáticas; (b) Os repiques inflacionários através da alta dos preços dos produtos alimentícios no Brasil podem ser atribuídos à expansão canavieira; em âmbito internacional, também tem havido uma alta, em função do aumento dos preços do milho usado tanto para fazer álcool nos EUA, como para fabricar ração para animais produtores de carne.

CC: Ainda nessa linha, insinua-se que o cultivo do etanol colocaria o Brasil em uma escala ainda mais privilegiada no comércio internacional de commodities, no caso os bios, com significativos ganhos de renda. Nesse sentido, advoga-se a redução de tarifas por parte de países desenvolvidos para impulsionar esse comércio, com o que se incluiriam os emergentes em um “novo ciclo de geração de riqueza”. O que você pensa sobre isso?

TS: Os programas de biocombustíveis dos países mais desenvolvidos não se destinam a abrir mercados para países em desenvolvimento, mas para resolver seus próprios problemas de curto, médio e longo prazos.

CC: Quanto à crítica relativa ao balanço energético negativo do álcool – onde se gastaria mais combustível fóssil para produzi-lo do que aquele que ele economizaria -, o físico Rogério Cezar Cerqueira Leite diz que, para cada unidade de combustível fóssil despendida para produzir o álcool, mais de 8 unidades deixarão de ser queimadas. É correto esse raciocínio, a seu ver?

TS: Não entendi bem o raciocínio do professor Cerqueira Leite, e tampouco pude perceber qual é a sua relevância prática. O álcool nunca conseguirá substituir uma grande parte do consumo de petróleo, e um excessivo aumento de sua produção acaba criando uma série de problemas sociais, econômicos e ambientais.

CC: No que se refere à degradação ambiental, o mesmo Rogério César avalia que as terras mais férteis do globo são aquelas cultivadas há séculos, e que, atualmente, não existe mais no Brasil vinhoto nos rios e nos mananciais e que a queima de palha já foi reduzida e o será mais ainda com a mecanização da lavoura. Qual a sua opinião?

TS: Também aqui há vários argumentos misturados e cuja relevância prática é difícil avaliar. A presença de vinhoto em cursos d’água e em mananciais continua existindo no Brasil, embora não seja registrada por falta de fiscalização. A colheita mecanizada de cana crua é ambientalmente e também do ponto de vista trabalhista a melhor prática possível. Mas ela precisaria ser complementada pela liberação das áreas não mecanizadas para outras culturas, e inclusive para a reforma agrária, se essas culturas não surgirem espontaneamente.

Na verdade, uma medida de fundamental importância seria a adoção de um zoneamento agroecológico e socioeconômico entre as diversas culturas e atividades, a fim de manter uma convivência entre as grandes lavouras, de um lado, e policulturas e biodiversidade, do outro.

CC: Dizem ainda os defensores do etanol que a preocupação com a água consumida pela cultura da cana é infundada, na medida em que o que existe é um complexo processo de ingestão/evaporação, no qual a água voltaria para a natureza na mesma proporção em que foi utilizada. O que você pensa disso?

TS: A cana de açúcar requer muita água, o mesmo se dando com o segmento industrial da agroindústria. Se este recurso for suficiente ou abundante, não há maiores problemas. Mas, caso isto não ocorra – por exemplo, na agricultura irrigada –, surgem problemas de prioridade social e econômica. E, no caso das usinas e destilarias, há o problema da cobrança da água utilizada e às vezes poluída por elas.

CC: Em uma versão mais política, a defesa do etanol chega também a citar Fidel Castro e Hugo Chávez, que teriam “virado a casaca”, passando de defensores a críticos contumazes do etanol em apenas um mês, uma vez diante da possibilidade de concretização da parceria Brasil-EUA na produção de bioenergia – especialmente após a vinda de Bush ao Brasil. Quanto a Chávez, especificamente, teria um motivo a mais para estar à revelia do projeto, um concorrente em potencial para o petróleo venezuelano. O que responder a essa versão?

TS: As críticas a Fidel Castro e a Hugo Chávez me parecem tão ridículas quanto a confiança depositada nas profecias de Bush para o Brasil.

 

Correio da Cidadania: Existe um grupo de entusiastas do etanol, a exemplo do físico e “pai do Proálcool”, José Walter Bautista Vidal, que o vê como uma grande oportunidade em um país que tem excelentes condições naturais para o cultivo da cana, com água e terra abundantes, uma tradição de mais de 400 anos em sua plantação, além de cerca de 40 anos no desenvolvimento da tecnologia do álcool. Mas, ao mesmo tempo em que enxergam o Brasil como uma possível potência energética, são cautelosos ao perceberem um governo que não possui um projeto bem delineado para o desenvolvimento do etanol, correndo o risco de perder o bonde tecnológico e também o controle da cadeia de distribuição de um setor de importância estratégica, que não poderia ficar nas mãos de umas poucas multinacionais. Como você encara essa percepção de nossa realidade?

Tamás Szmrecsányi: Ao contrário de Bautista Vidal, não sou nem nunca fui entusiasta do Proálcool, principalmente do modo que como foi feito, em benefício exclusivo de algumas centenas de usineiros, herdeiros dos senhores de engenho coloniais, concentradores das terras e da oferta de empregos.

A cana-de-açúcar é uma planta versátil, capaz de produzir muitas coisas úteis e agradáveis. Mas é preciso lembrar que os solos e águas em que se baseia a sua cultura são mais flexíveis ainda, capazes de produzir muitas outras coisas igualmente necessárias para a vida humana e social, e de beneficiar muito mais pessoas do que apenas e unicamente a agroindústria canavieira.

Esta, em conseqüência disto, não pode e nem deve ter o monopólio de todos os recursos naturais disponíveis. Embora reconheçamos o potencial do álcool, não vejo nele uma panacéia capaz de resolver todos os nossos problemas de subdesenvolvimento e de dependência. Antes, pelo contrário, considero que um aumento indiscriminado e sem critérios de sua produção poderá trazer – e já está trazendo – à tona outros problemas de difícil solução.

No que se refere ao controle de sua distribuição por algumas poucas multinacionais, acredito que o risco existe, mas são os próprios empresários do setor que preferem não confiá-la ao governo ou a uma entidade estatal como a Petrobras.

De um modo geral, o chamado agronegócio está fortemente integrado no que eu chamo de burguesia colonial. O risco de perderem o bonde tecnológico também existe, apesar dos investimentos feitos recentemente por entidades de fomento como a Fapesp e o CNPq.

CC: Haveria algum modelo de produção de biocombustíveis adequado para o Brasil?

TS: O modelo de produção de biocombustíveis adequado para o Brasil seria um voltado prioritariamente para as necessidades do mercado interno, e não para hipotéticos e problemáticos mercados de exportação. Essas necessidades possuem, evidentemente, os seus limites, mas se trata de um mercado garantido, expansível e mais fácil de ser controlado.

Apenas os eventuais excedentes deveriam ser exportados. E, já que o Brasil é um país tecnologicamente tão avançado na produção de álcool, esse mercado deve permanecer aberto à concorrência de outros fornecedores e de outras fontes energéticas, a fim de evitar qualquer acomodação tecnológica e de garantir a continuidade do progresso técnico no setor.

CC: Um de nossos colunistas advoga, por exemplo, que o “problema da humanidade consiste em aprender como bater-se, não contra os biocombustíveis ou as novas tecnologias, mas contra o capitalismo, que os utiliza apenas para seu lucro exclusivo. Sob este ângulo, os camponeses poderiam redirecionar sua luta, para aliar-se às classes e segmentos sociais que enxergam nos biocombustíveis uma nova oportunidade de sobrevivência. E, do ponto de vista econômico, talvez essa seja uma boa oportunidade tecnológica para os camponeses cultivarem plantas produtoras de biocombustíveis, adaptáveis às pequenas e médias propriedades”. Como você encararia essa defesa?

TS: Diria apenas que dentro do modelo atual inexistem possibilidades de conciliação entre pequenos produtores e a agroindústria canavieira.

No nível de assentamentos do INCRA, poder-se-ia eventualmente pensar em micro-destilarias de álcool e/ou micro-usinas de processamento de oleaginosas para a produção de biodiesel, cujos proprietários seriam os próprios assentados junto com o INCRA, a quem pertenceriam as terras onde cultivam.

Mas isto se contraporia ao sistema ora vigente e não parece ter maior aceitação dentro do governo, para não falar dos usineiros, que desejam transformar os assentados em fornecedores de cana ou simplesmente apossar-se do controle das terras deles via arrendamento. Ambas essas alternativas poriam fim (e em alguns casos já estão pondo) ao arremedo de reforma agrária ora praticado no Brasil.

CC: Existem ainda aqueles que consideram os biocombustíveis um item estratégico na preparação do mundo para o fim da era do petróleo, em transição para a “era solar” da qual fazem parte a bioenergia e outras fontes renováveis. Expedito Parente, o engenheiro químico que criou e patenteou o biodiesel no Brasil há 30 anos e que agora formou a empresa Tecbio Tecnologias Bioenergéticas, que desenvolve o bioquerosene para aviação, afirma que suas matérias-primas principais tenderão a ser óleos derivados de frutos de diversas palmeiras, como o coco da Bahia, na realidade proveniente da África, e outras nativas do Brasil, como o babaçu, abundante em uma extensa região do nordeste e norte do país. Você acredita nessas hipóteses?

TS: Não acredito, por enquanto, nem no fim da era do petróleo nem na capacidade de os biocombustíveis virem a substituí-lo, a não ser marginalmente, dentro de uma hipotética “era solar”. Em compensação, sou favorável tanto à energia solar como à energia eólica e à das marés, que são todas modalidades de energia limpa sem impactos sobre a estrutura fundiária, já tão concentrada, de nosso país.

CC: Jorio Dauster, presidente da Brasil Ecodiesel, considerou, por sua vez, em entrevista à IPS, que, inicialmente, predominaria a soja, que não apresenta a melhor eficiência energética, mas é a que dispõe de estrutura produtiva em 20% a 30% do total das matérias-primas. O girassol seria uma excelente matéria-prima, mas sua produção era quase nula no Brasil e somente agora, com o biodiesel, ganhou novas perspectivas de expansão, inclusive em combinação com a soja e outros cultivos de verão. O rícino passou a chamar a atenção, mas, até agora relegado, sua produtividade no país chegaria a apenas 500 quilos por hectares, menos da metade daquela registrada na Índia. Outra possibilidade destacada por Dauster seria o melhor aproveitamento do algodão, mas tudo isso exigiria uma nova estrutura produtiva, com a instalação de indústrias de óleo, e a eliminação de distorções na economia brasileira, que favorecem, por exemplo, a exportação de soja em grão, em lugar do óleo. Você enxerga também essas possibilidades?

TS: Não me considero especialista em oleaginosas e biodiesel. Até onde sei, o Brasil encontra-se em uma posição de relativo atraso tecnológico nesse aproveitamento energético, o qual me parece, por enquanto, menos nocivo do que o do álcool em termos econômicos e sociais.

Neste caso, tratar-se-ia mais de agregar valor a uma produção agrícola já existente do que de expandir a todo custo uma monocultura extensiva como a da cana-de-açúcar. Devido a isso tendo a concordar com as opiniões de Jorio Dauster.

CC: Como você vem enxergando a postura do governo diante desse quadro?E quanto à postura dos movimentos sociais, como estão e qual deveria ser seu papel?

TS: O governo não parece ter o mínimo interesse nessas questões. Os movimentos sociais procuram interessar-se por elas e até inventar metas para criar novas opções.

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/1378/58/

domingo, 16 de dezembro de 2007

O Brasil comanda a Argentina

16.12.2007Clarín.comEl País

CEOs do Brasil, interlocutores de Cristina

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Por: Silvia Naishtat

Aunque dicen que estaba programada, la salida de Carlos Oliva Funes de la presidencia de Swift, el mayor productor de carne del país ahora en manos del brasileño JBS, simboliza cómo cambiaron los interlocutores. A diferencia de otras multis que prefieren managers locales, en parte porque Argentina pesa poco en sus negocios globales y deciden no traer ejecutivos clave, los brasileños designan brasileños en la máxima posición. Pasa en Petrobras, Camargo Correa y hasta en Quilmes de la belga y cada vez menos brasileña Ambev, que tiene como CEO a Jao Castroneves.
Pero el caso de Oliva Funes tiene un sabor especial. Junto con la familia Bameule son el nombre y apellido de la carne argentina. En octubre los Bameule, famosos por las hamburguesas Paty, también vendieron al brasileño Marfrig.
La adquisición de Swift por JBS en 2004 fue la primera operación de envergadura en este sector. Se llevaron una joya con la planta de Rosario que, de acuerdo a Bernardo Kosacoff, director de la CEPAL, reúne a la mejor mano de obra frigorífica del planeta con una tradición de cien años en el oficio. JBS la convirtió en su plataforma de despegue internacional. Primero adquirió varias plantas aquí y luego dio el salto a EE.UU. Hoy son los principales productores de carne del mundo y número uno en alimentos en su natal Brasil. Este grupo, de la familia Friboi, pasó de 20.000 a 40.000 empleados y de US$ 2.000 millones a US$ 11.500 millones en facturación. Decididamente, una escala superlativa si se mide con los frigoríficos locales que aún quedan en pie.
Por lo demás, Oliva Funes ya tiene su destino asegurado: con un nuevo grupo inversor se dedicará a la producción de carne porcina para que se transforme en un sustituto de la vacuna. Pero al margen de especulaciones interesadas, ha trascendido que resulta difícil digerir en las plantas argentinas la cultura brasileña. Puestos en acción, los manuales de procedimiento en la relación con sindicatos, proveedores y clientes no son los mismos. Y cuentan que la presión por bajar costos y exportar se hace notar demasiado.

http://www.clarin.com/diario/2007/12/16/elpais/p-02503.htm

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Agora que o Lula fica louco!

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Top News November 19, 2007, 12:01AM EST text size: TT

Brazil, the New Oil Superpower

State-run Petrobras' "monstrous" new oil find has wide-ranging implications for the South American country, the oil majors, oil services providers, and beyond

by Joshua Schneyer

In a recent radio broadcast, Brazil's President Luiz Inácio Lula da Silva said he's convinced a "higher power" has taken a shining to Brazil. That, he said, might explain the providence of state-run oil company Petrobras (PBR), whose colossal new oil discovery could transform Brazil from a barely self-sufficient producer into a major crude exporter.

Petrobras announced Nov. 8 it has found between 5 billion and 8 billion barrels of light oil and gas at the Tupi field, 155 miles offshore southern Brazil in an area it shares with Britain's BG Group and Portugal's Galp Energy. Tupi is the world's biggest oil find since a 12 billion-barrel Kazakh field was discovered in 2000, and the largest ever in deep waters. Perhaps more important, Petrobras believes Tupi may be Brazil's first of several new "elephants," an industry term for outsize fields of more than 1 billion barrels.

Initially, Tupi will produce about 100,000 barrels a day but may ramp up to as much as 1 million before 2020—more than the biggest U.S. field in Alaska's Prudhoe Bay, says Hugo Repsold, Petrobras' exploration and production strategy manager. "It's monstrous," says Matthew Shaw, a Latin America energy analyst at consultant Wood Mackenzie in London.

Blocking Private Companies

Given the discovery's magnitude, Tupi already is changing how Brazilians think about their oil riches. It even tempts the kind of oil nationalism that has prompted Venezuelan President Hugo Chávez to expropriate oil reserves and production infrastructure in Venezuela from oil majors ExxonMobil (XOM) and Chevron (CVX).

Indeed, a day after Petrobras announced the Tupi discovery, Brazil said it would remove 41 oil exploration blocks, located near Tupi, from an upcoming auction of potential oil fields open to private oil companies. Brazil still plans to offer 271 blocks for bidding, however, the government said it's reanalyzing whether, and how, to share Brazil's new oil riches with private companies, after a decade of relatively open concessions.

Brazilian oil regulator ANP says it's drafting a new oil bill to present to congress that would change energy laws, perhaps limiting the role of private companies in Brazil's subsalt. Additionally, Lula says Brazil should join OPEC once Petrobras begins oil output from Tupi, around 2011.

"This looks to have triggered a major debate about the role of state vs. private oil companies here," says Sophie Aldebert, a director at Cambridge Energy Research Associates. "But Brazil is going to want to continue working with private companies."

A Number of Challenges

Despite its size, the Tupi field poses significant engineering hurdles that will drive increased costs in tapping the field. Petrobras currently pumps 1.8 million barrels daily from its Brazilian fields and expects to boost its $112 billion in planned spending over the next five years to assume the Tupi project.

For one, the oil lies some 4.5 miles beneath the ocean's surface. To reach it, Petrobras will have to run lines through 7,000 feet of water and then drill up to 17,000 feet through sand, rock, and a massive salt layer. A decade ago, geologists lacked the tools to glimpse beneath these salt layers, which can be more than a mile thick offshore Brazil. Today, with the help of data-crunching supercomputers, 3D imaging of ultradeep subsalt layers is illuminating billions of barrels of new oil. Geologists say the discoveries challenge one of the notions of the peak oil theory, which claims oil companies already have found nearly all of the world's usable oil.

Petrobras is already one of a handful of big oil companies, including Royal Dutch Shell (RDSB), BP (BP), Chevron, and ExxonMobil, with vast experience in deepwater drilling. Much of Brazil's oil production is in deep water, but none yet comes from below the salt canopy.

The prized light crude Petrobras is finding may soon place Brazil "somewhere between Nigeria and Venezuela" in terms of proved reserves, Petrobras CEO José Sérgio Gabrielli said last week. Nigeria now holds around three times Brazil's 12 billion barrels of proved oil and gas, while Venezuela has around seven times as much.

In one rough estimate, Petrobras' Repsold says the company might need to drill 100 wells to develop Tupi. Shaw believes that means Tupi may cost between $50 billion and $100 billion to develop. A first well at Tupi cost $240 million and required two years to drill. "But we're getting much faster," Repsold says. Subsequent wells have cost around $60 million apiece and taken six months or less. Petrobras declined to estimate what it will cost to develop Tupi, saying more study and drilling are needed.

"Nobody ever produced oil at these depths," says Cambridge's Aldebert. "Petrobras will do everything in its power to be the first, but any major dip in world oil prices could hurt the plans."

Good News for Oil Services

For now, with oil prices near record highs, the new discovery is good tidings for both Brazil and companies in Texas, headquarters for the industry that builds and leases offshore drilling rigs capable of reaching underneath massive offshore salt, to depths of 30,000 feet or more. Only about 40 such rigs exist in the world today, operated by Texas companies including Transocean (RIG) and its merger partner GlobalSantaFe (GSF), Noble Corp. (NE), Diamond Offshore Drilling (DO), and Pride International (PDE).

Before oil production starts at Tupi, companies that build and service massive offshore oil platforms—from shipyards in Singapore to Texas, and engineering firms and drilling experts such as France's Technip or Houston-based Schlumberger (SLB) and Halliburton (HAL)—may also reap its rewards. If Tupi pumps roughly 1 million barrels a day, it may require five or six of the largest capacity offshore platforms available, which currently cost more than $1 billion apiece. Petrobras' largest offshore platform can now handle 180,000 barrels per day.

Geologist Roberto Fainstein, whose seismic imaging work at oil-field services company Schlumberger helped Brazil to discover its massive new reserves, says the subsalt find will "lead to a rush in this kind of drilling worldwide." Brazil's discovery may quicken subsalt drilling in the Gulf of Mexico by oil majors and Mexico's state-run oil giant Pemex. A salt layer offshore West African countries including Angola, Gabon, and Equatorial Guinea is "virtually identical to Brazil's," Fainstein says, "so companies will race to begin drilling it."

Avoiding the "Oil Curse"

Subsea salt layers are present in all three of the world's biggest offshore oil areas: the Gulf of Mexico, West Africa, and Brazil. So far, subsalt oil production has been executed only in the Gulf of Mexico, near the Texas and Louisiana coast where companies including BP, Shell, ExxonMobil, Chevron, and Anadarko Petroleum (APC) have all made significant discoveries.

In the last decade, private oil majors have invested several billion dollars to find oil offshore Brazil, but none have discovered reserves remotely as large as Tupi. "If Brazil takes its new oil off the table for international oil companies, it will send shock waves through the industry," says Wood Mackenzie's Shaw.

Contrary to the price-hawk position of Venezuelan President Chávez, who recently said oil-producing countries should try to "stabilize" oil prices near $100 a barrel, Lula said he hopes Brazil's new oil will someday help to bring global oil prices down from their current levels, allowing poor countries to buy more of it.

"Brazilians are right to be euphoric," says Peter Hakim, president of Washington-based think tank Inter-American Dialogue. Because Brazil has discovered its new oil after the country's economy has been largely diversified and industrialized, "Brazil can avoid the oil curse, the dependency on one resource that dominates countries like Nigeria and Venezuela."

Schneyer is a special correspondent based in Rio de Janeiro.

domingo, 25 de novembro de 2007

Agora que ninguém vai agüentar o Lula mesmo! E o FHC vai morrer de inveja!

Brasil, ejemplo a seguir
José Carreño Figueras
24 de noviembre de 2007

Cuando el presidente Luiz Inacio Lula da Silva anunció el descubrimiento de un enorme yacimiento petrolero en las costas de su país, remató con la frase “Dios es brasileño”.

Quién sabe si habría que llegar tan lejos. Lo cierto, sin embargo, es que el descubrimiento de las nuevas reservas tiene muy poco que ver con milagros o accidentes y sí mucho con previsión, planificación y disposición a cambiar.

Hace poco más de una década, la empresa brasileña Petrobras era una compañía para importación de crudo, refinación y distribución de petróleo y derivados.

Hoy, es un nuevo gigante en la industria energética mundial, que no sólo está en proceso de convertir a Brasil en exportador de petróleo, sino que se da el lujo de invertir en empresas petroleras de otros países y aun comprar concesiones en el lado estadounidense del golfo de México.

Un purista podría alegar que después de 1997, cuando el sector energético brasileño se abrió a la inversión externa bajo fórmulas muy controladas, el petróleo no sólo es algo menos brasileño, ni 100% puro carioca. Pero es petróleo y los brasileños son cada vez menos dependientes del exterior para llenar una necesidad que hace una década los ponía nerviosos.

Y si Dios es brasileño, será gracias tal vez a que sus políticos creen más bien en el refrán de “a Dios rogando y con el mazo dando” en vez de esperar a que la Virgen les ayude, o porque tienen un sentido de nacionalidad y de país que trasciende rollos patrioteros o lemas que a veces parecen sólo de simple conveniencia.

De hecho, la independencia brasileña quedó consagrada el 22 de abril de 2006, cuando el propio Lula da Silva inauguró la plataforma petrolera P-50, frente a las costas de Río de Janeiro, y más que subrayada el pasado 17 de noviembre, cuando anunció el descubrimiento del yacimiento de Tupí, con reservas de tanto como 8 mil millones de barriles de petróleo ligero frente a las costas del estado de Sao Paulo.

El descubrimiento fue hecho por un consorcio integrado por Petrobras en 65%, British Gas en 25% y Galp Energía de Portugal en 10%.

En ese método de concesiones, en las que las empresas transnacionales asumen los riesgos y la inversión a cambio de pagar royalties sobre la producción, el país —en este caso Brasil— queda como dueño del petróleo y la compañía gana pero también arriesga.

Brasil aprovechó además las nuevas tecnologías (incluso el desarrollo del etanol) para pasar de importar 80% de sus necesidades en 1970 a un ahora seguro papel de exportador al final de esta década.

México nacionalizó su petróleo en 1938 y en su momento fue un hito histórico. Hoy el país enfrenta la posibilidad de una crisis mayor, justo cuando el crudo amenaza sobrepasar los 100 dólares por barril y cuando la exploración al otro lado de la frontera amenaza con “chupar” los yacimientos que pudiera haber en el golfo de México.

Tal vez sea el momento de examinar el ejemplo brasileño y obtener de él la o las lecciones que pudieran ser útiles al desarrollo nacional. Los tiempos cambian y nada puede quedar inmutable. Y si no hay disposición a cuando menos examinar posibilidades de cambio por adhesión al dogma, se corre el peligro del anquilosamiento y la muerte lenta del estancamiento.

De otra forma, el petróleo puede ser nuestro —si logramos extraerlo antes de que la tecnología permita fórmulas de explotación que nos priven de él—. Por lo pronto, las gasolinas que consumimos ya son de importación, en un triste anuncio de lo que puede venir.

Periodista

domingo, 18 de novembro de 2007

Belluzzo não muda o discurso e está certo!

Folha de São Paulo

São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007
LUIZ GONZAGA BELLUZZO
Delícias e riscos do câmbio


O real e os juros formam, no Brasil, um par atraente para os participantes da corrida global por ativos rentáveis


DESDE a década de 80, depois da crise da dívida externa, o Brasil não vive uma conjuntura tão favorável. A ascensão econômica da China e dos asiáticos em geral, com dotações de recursos naturais diferentes da nossa, mudou a configuração do comércio internacional. Os termos de troca entre produtos primários e bens manufaturados movem-se a favor dos países com disponibilidade e diversidade de recursos naturais. Para completar a temporada de vento a favor, veio a notícia da descoberta da megarreserva de Tupi. Alem das bênçãos da insolação e da energia renovável, a natureza nos oferece as graças do petróleo. Assim seja.
Nesse ambiente benfazejo, a política monetária ainda sustenta a taxa de juros e o câmbio fora do lugar. O câmbio valorizado é compensado por preços generosos formados num mercado mundial superaquecido. Não há dúvida de que a taxa de câmbio real valorizada e a inflação baixa daí decorrente melhoram o "bem-estar" da população, tanto dos pobres -os empregados ou beneficiados por políticas sociais- como dos ricos de todo gênero (os remediados ainda sofrem as agruras do baixo dinamismo industrial dos últimos anos, não obstante a aceleração recente do crescimento).
A sensação de bem-estar é intensa agora: a valorização é acompanhada pelo rápido aumento da demanda doméstica, do emprego, dos salários e dos demais rendimentos graças à expansão do crédito via ampliação dos prazos e à evolução dos setores não afetados pela concorrência externa, como a construção civil.
A moeda brasileira e seu juro básico formam um par atraente para os participantes da corrida global por ativos mais rentáveis. Não é só o odor de santidade que atrai os viciados em diferenciais de rendimentos.
A Índia, por exemplo, apresenta situação fiscal e de balanço de pagamentos bem mais precária: déficit fiscal e saldo negativo da balança comercial. Ainda assim, as autoridades foram obrigadas a tomar medidas para estancar a entrada de capitais, sobretudo dos investimentos de portfólio. Isso com uma taxa de juro de curto prazo de 7,20% ao ano.
O Brasil tem uma combinação câmbio-juros hostil ao investimento na indústria manufatureira e favorável à arbitragem sem risco. Em um ambiente de celebração dos emergentes de notícias favoráveis é inevitável a valorização do real.
É bom não esquecer: a outra face das reservas elevadas é a acumulação de passivos em moeda estrangeira nas Bolsas, em renda fixa.
Alem de tais inconveniências óbvias, a valorização do real é um chute no traseiro do investimento produtivo de maior graduação tecnológica, para não falar dos setores intensivos em mão-de-obra. Na toada do rápido crescimento da demanda insuflada pelo crédito, ainda é possível investir na ampliação da capacidade, a despeito da concorrência das importações subsidiadas pelo câmbio barato Mas isso não elimina o risco da consolidação de uma estrutura industrial concentrada em bens destinados à produção de commodities ou fortemente apoiados em recursos naturais, como mostram os trabalhos recentes do Iedi.


LUIZ GONZAGA BELLUZZO , 65, é professor titular de Economia da Unicamp. Foi chefe da Secretaria Especial de Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda (governo Sarney) e secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (governo Quércia).

Vergonhas do Brasil

1. O governo americano pedia 10 milhões de dólares ao governo brasileiro para criação do Colégio Interamericano de Defesa para formação conjunta de quadros militares da América. O governo brasileiro decidiu que não iria participar. Quando a decisão foi ser comunicada ao chefe do Estado Maior das Forças Armadas, ele comunicou que o exército já havia pegado o dinheiro emprestado com a Embaixada americana e que os militares brasileiros já estavam lá, inclusive haviam levado as famílias. Então como fato consumado o governo brasileiro teve que aceitar.

2. Walter Moreira Salles cancelou um acordo do Brasil com a Finlância onde a Finlãndia forneceria papel a custo inferior ao dos EUA e o Brasil forneceria café. Moreira Salles cancelou o acordo alegando que violava os princípios do livre-comércio. A Finlância foi comprar café da Colômbia e o Brasil continuou comprando papel mais caro dos EUA.

3. Na década de 50, foi votado na ONU um projeto condenando a escravidão na Arábia Saudita. Dois países votaram contra os EUA e o Brasil. Justificativa do representante brasileiro para o deputado Renato Archer: "Como é que eu, que sempre votei a favor dos Estados Unidos, iria deixá-los sozinhas em um momento em que estavam enfrentando dificuldades e defendendo seus legítimos interesses? Meu voto foi apenas um gesto cavalheiresco."

4. "Na Comissão Parlamentar de Inquérito de 1956, acusei os embaixadores Raul Fernandes, Edmundo Barbosa da Silva e Vasco Leitão da Cunha de jamais terem defendido a política brasileira de energia nuclear nas negociações com os Estados Unidos. O curioso é que todos eles tentaram se justificar invocando a Lei MAc-Mahon. como se uma lei norte-americana tivesse validade, jurisdição, no território nacional brasileiro."

5. Anos 60: A Missão Militar Norte-americana ocupava um andar no próprio prédio do Ministério da Guerra brasileiro, o mesmo ocorrendo com a representação da Marinha americana no prédio do Ministério da Marinha do Brasil.

6. San Tiago Dantas pergunta aos diplomatas brasileiros: "Qual a posição brasileira na crise de Berlim?" Respondem os grandes diplomatas brasileiros, ou melhoir os grandes funcionários do Itamaraty, "Não há posição. Nós votamos com os americanos." Resposta de San Tiago Dantas: "Então vamos dar a um país qualquer, seja ele qual for, os Estados Unidos ou qualquer outro, o direito de iniciar a Terceira Guerra Mundial com o meu voto, sem sequer imaginar quais as conseqüências disso para os meus interesses, ou para o interesse do resto do mundo?" Começava assim a Política Externa Independente.

7. JK quer denunciar um acordo informal para transferência ilegal de material nuclear para os EUA e chama o chefe do Departamento Econômico e Comercial do Itamaraty, Edmundo Barbosa da Silva, que tinha as informações. Antes de passar as informações para JK, ele liga para o embaixador brasileiro em Washington e diz o seguinte: "Embaixador, esatamos vivendo aquelas dificuldades de um presidente novo, sem experiência. Imagine que ele quer publicar todos os documentos secretos, os acordos secretos feitos com os Estados Unidos. Eu proporia ao senhor que falasse com o Departamento de Estado e mostrasse que é preciso providenciar um protesto antes que o presidente divulgue esta sua decisão." Comentário de Renato Archer: "Confesso que fiquei abismado: o Itamaraty tomando providências para que o nosso embaixador pedisse aos americanos para protestar contra a posição oficial do nossos país. Onde chegara a alienação!" Comentário meu: um sujeito desses deveria ser linchado em praça pública para servir de exemplo aos costumazes traidores da pátria que se encontram no Brasil.

8. Juarez Távora retirou das empresas brasileiras os contratos de pesquisas de minerais radiotivos passando para empresas americanas. Além disso nomeou seu primo, funcionário da Embaixada Americana, como representante do Brasil na Comissão Mista Brasil-Estados Unidos na área nuclear.

9. O Brasil assinou um acordo de importação de trigo com os EUA, uma parte seria paga com areia monazítica, outra era paga em cruzeiros mesmo à Embaixada americana. Já que o dinheiro para financiar a Embaixada americana vinha do governo dos EUA, para que serviria esse dinheiro pago em cruzeiros? Para pagar subornos no Brasil. Arche acrescenta: "É preciso deixar bem claro hoje que - aqui no Brasil - era considerado uma grande distinção estar a serviços dos americanos."

10. San Tiago Dantas sobre João Goulart: "Esta é uma das dificuldades do nosso presidente: ele não faz a menor diferença entre Albert Einstein e o José Gomes Talarico".

11. "Das cinco primeiras medidas do governo Castello Branco, três foram a favor da Hanna Corporation, uma a favor da Light (aumento de tarifas) e a quinta foi a modificação da Lei de Remessa de Lucros."

12. Roberto campos diz para San Tiago Dantas já no governo Castello Branco: "San Tiago, por que você não vai ao presidente pedir para ele permitir o aumento das tarifas da Light?" San Tiago respondeu: "Roberto, acabo de passar dois meses nos Estados Unidos, internado em um hospital." Dá para imaginar qual seria o espanto do presidente, se San Tiago aparecesse à frente dele no palácio e dissesse, de repente: "Presidente, vim aqui para pedir ao senhor que permita o aumento das tarifas da Light!" Roberto Campos insistiu: "Eu tenho muita pena do Antônio Gallotti."  "Se você tivesse tanta pena do povo brasileiro", respondeu San Tiago, "quanto tem do Antônio Gallotti, as coisas poderiam ir um pouco melhor."                 Que o Roberto Campos não valeu nada, eu sempre soube, mas assim também já é demais. Bem disse o cartunista Jaguar quando Roberto campos morreu, tenho pena do pobre diabo que terá que agüentá-lo por toda a eternidade.

13. Delfim Netto foi escolhido ministro da Fazenda pelo governo americano e o plano econômico adotado elaborado pela Rand Corporation segundo depoimento do embaixador Dias Carneiro.

14. A IBM para vender um computador sofisticado a Petrobrás, entre outras, fez as seguintes exigências: quem fosse trabalhar no computador teria que ser aprovado pelo governo americano e não poderia visitar países que fossem considerados de risco pelos EUA. E isso nos anos 80.

15. Aí o Ministéria da Ciência e Tecnologia começou a negociar uma transação secreta com o Japão. E o que fez o coronel Ozires Silva, presidente de Petrobrás? Entregou toda a negociação sigilosa para os americanos.

16. Conclusão: Este país é traído pelos próprios brasileiros que pensam mais no dinheiro no seu bolso do que nos interesses nacionais.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O caso IPEA: a Folha de São Paulo para variar, mente!

Interessante a notítica da FSP sobre os expurgos de economistas críticos ao governo do IPEA, interessante porque quando o IPEA foi destruído pelo governo FHC não houve qualquer manifestação. O IPEA conseguiu ser um órgão independente do governo durante o regime  militar, mas desde o governo FHC não sai nada independente do IPEA, apenas o velho discursinho neoliberal. Então ainda que houvesse exprugos, a Folha deveria explicar o seu silêncio anterior. É impressionante o baixo nível da imprensa brasileira. E vamos convir o unico que presta dos que estão sendo substituídos é o Régis Bonelli. E o Régis Bonelli pode ser crítico do governo, mas é um grande especialista em indústria. O pior momento do IPEA foi no governo FHC onde figuras como Ricardo Paes de Barros se promoveram.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

É preciso que se entenda isso urgentemente. Não se deve fazer faculdade para conseguir emprego!

Folha de São Paulo

São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

Só 7% das vagas em escassez são para nível superior

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Menos de 7% das vagas abertas para as quais falta mão-de-obra qualificada seriam destinadas a profissionais de nível superior. A grande maioria das vagas à procura de profissionais com qualificação é para o trabalhador com formação técnica e de nível médio.
"Qualificação não é necessariamente alta escolaridade, até um semi-analfabeto pode estar qualificado", disse Marcio Pochmann, presidente do Ipea. "Diploma é importante na competição por vagas, mas não é passaporte para o emprego."
Os setores com maior carência de profissionais qualificados procuram mais por homens, com idade entre 31,2 e 37,2 anos e escolaridade entre 8,2 e 13,1 anos de estudo. Os salários dessas vagas para as quais falta mão-de-obra apta variam de R$ 639,57 a R$ 1.915,58, ou 2,5 salários mínimos, na média. (MS)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Você deixaria de trabalhar por 172 reais?

Não? Eu também não. Este é o valor máximo que uma família pode receber do Bolsa Família. Alguém deixará de trabalhar porque passou a receber 45 reais do governo? O que faz as pessoas deixarem de trabalhar no Brasil não é a política social, é a política econômica que atrasa o país. Há fraude no Bolsa Família? Claro que há, agora, porque a vagabunda da mãe da Grazi do BBB se inscreve para receber 45 reais do governo devemos acabar com os programas sociais? Devemos acabar é com as mães da Grazi. Porque não é apenas uma ilegalidade, bandidagem, é gosto, é o prazer pelo roubo e pelo desvio, um total descomprometimento com o país e e a coisa pública, um país de mães de Grazi é inviável, não há o que possa ser feito para resolver o problema.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Era isso que deveria ter sido feito no governo FHC! A economia brasileira seria mais sólida hoje!

04/09/2007 - 12h10

Banco do Brasil confirma estudos para compra do Banco de Brasília

SÃO PAULO - O Banco do Brasil (BB) e o Banco de Brasília (BRB) confirmaram hoje a existência de estudos para que a estatal federal adquira o controle da instituição do Distrito Federal. De acordo com fato relevante publicado pelos bancos, o governo do Distrito Federal " manifestou-se favoravelmente ao início de estudos relativos à aquisição do controle acionário " do BRB pelo BB. Novas informações serão divulgadas conforme avançarem esses estudos, conclui o comunicado.


Em entrevista ao Valor Econômico em julho, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM), já aventava a " fusão com o Banco do Brasil" como uma das alternativas para o futuro do BRB. Ele também mencionava três outras opções: deixar como está, abrir o capital, ou privatizar. Para Arruda, o banco é estável e equilibrado, mas corre o risco de ter o patrimônio desvalorizado após 2011, quando acaba a obrigatoriedade de os funcionários públicos do estado manterem as contas-salário na instituição.


O Bando do Brasil também está prestes a concluir a incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC). A instituição ainda poderia incorporar outros bancos estaduais e federais, como banco da Amazônia (Basa).


O BRB apresentou lucro líquido de R$ 37,5 milhões no primeiro semestre de 2007, crescimento de 22% no comparativo anual. O patrimônio líquido ao final do semestre era de R$ 326,8 milhões, apresentando crescimento de 9,62% em relação ao primeiro semestre do exercício de 2006. As receitas com intermediação financeira cresceram 18%, para R$ 406 milhões, com as operações de crédito somando R$ 333 milhões.


(Valor Online

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Comparar Lula com Vargas? Vá estudar história presidente!

O Brasil realmente é um país infeliz, pode rir de nós São Tomé e Príncipe. Primeiro tivemos um presidente que queria acabar com a EraVargas já demonstrando de forma explícita as suas más intenções para com o país e sua incompreensão sobre a história do desenvolvimento brasileiro. De fato o que desejava era colocar o seu nome em uma fase da nossa história, não conseguiu, para sua infelicidade o período 1990-201 passará para a história como a Era Lula ou a Era do neoliberalismo. Aí o seu sucessor, que até poderá dar nome a um período histórico, tem a desfaçatez de dizer que seu governo só pode ser comparado com a Era Vargas, seria assim só se fosse para falar mal, mas nem esse status o governo Lula merece. O governo Lula só pode ser comparado ao que de mais nefasto já ocorreu neste país para impedir o desenvolvimento, o governo FHC. O capitalismo teve os seus trinta anos gloriosos entre o final da Segunda Guerra e os anos 70. O capitalismo brasileiro tem os seus TRINTA ANOS DESASTROSOS entre 1980 e 2010. Neste ritmo logo seremos a grande piada do mundo, logo um professor de Moçambique poderá dizer que o Brasil não existe, é irrelevante.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Às vezes falta presidente!

O Brasil tem um problema sério, ficará 16 anos com presidentes figurativos e que só ouvem os áulicos. O presidente Lula afirmou que a crise é dos bancos americanos e dos EUA. Coitado do Lula, não sabe o que diz, e o Mantega que sempre foi o professor de economia do Lula agora prefere ser o ministro puxa-saco. O Mantega nunca foi um grande economista, mas repetia o que os outros diziam e falava as coisas, agora que precisa ter um discurso próprio diz bobagens, aconselha mal o presidente e impede que usemos a crise a nosso favor. No atual momento a crise pode ser excelente para o Brasil se pararmos de dizer que crise não nos afeta e passarmos a adotar novas políticas anticíclicas. Mas não faremos isso, porque o governo quer seguir o manual do sistema financeiro internacional e por termos um ministro medíocre e um presidente fraco. Nem podemos dizer muito porque o FHC e Malan que eram mais instruídos falaram e fizeram mais besteiras, o Lula e o Mantega ainda tem chance de perder este campeonato de besteiras, mas caminham a passos largos para conseguir ao menos o empate. O Brasil ainda tem uma vantagem no curto prazo que são as reservas internacionais, estão num patamar alto para os padrões brasileiros, mas para os padrões da crise mundial são valores insignificantes.

A manipulação na análise de risco

Agora a imprensa brasileira fica surpresa que as agências que avaliam risco avaliasse melhor os investimentos que estão entrando em colapso nos EUA do que investir no Brasil. Mas só no Brasil governo fica implorando uma melhor avaliação e a imprensa julga os governos e o país por esta avaliação. As agências de avaliação de risco também possuem interesses no mercado e avaliam de acordo com a posição que estão adotando nos seus investimentos. Ou seja, uma agência que têm ligações com investidores em títulos lastreados em hipotecas ou que emitem estes títulos vão avaliar estes títulos como suspeitos? Só no colapso, só agora, só quando já lucraram. O Brasil é sempre pior avaliado do que outros países em condições financeiras piores por razões políticas, é simples, valia no governo FHC, vale hoje.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Pobre América Latina!

É um mau presságio, o FMI prevê um crescimento de 7% na América Latina. Sempre que o FMI faz projeções otimistas, a desgraça advém. Em todo caso se esse número se confirmar será uma vergonha para o Brasil, que certamente dará uma contribuição para a redução da taxa média de crescimento, o que significa que vários países inferiores economicamente ao brasil crescerão acima de 7%.

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Interessado em aprender matar um país? Faça estágio com Lula e Mantega!

A sabedoria do presidente Lula nos informou que alguns ganham com a valorização cambial e outros perdem, óbvio. A questão é sobre quem ganha e quem perde, e especialmente, se o país ganha, e usando uma impropriedade conceitual, se atende ao interesse nacional. Claro que as classes médias comemoram a valorização cambial, mas a maior parte dos setores médios conspira contra o país diuturnamente. Os interesses pretensamente cosmopolitas, mas de fato uma submissão colonial infantil (não passam de menininhas vestidas de Xuxa porque passam o dia na frente da TV) desagregam a sociedade brasileira, dissolvem os laços de solidariedade social, suspende qualquer idéia de nacionalidade. Sendo assim, as classes médias devem ser desconsideradas quando se pensa o país. Os ricos, temos que dividir os ricos em duas frações, os financistas e os não-financistas. Os financistas ganham, claro, estão participando da especulação, são co-responsáveis pela valorização do real, e são causadores da desvalorização do real e da especulação. E os não-financistas? Os setores exportadores são profundamente prejudicados, é besteira do ministro Mantega e dos puxa-sacos em geral dizer que apenas os setores intensivos em mão-de-obra são prejudicados, é apenas um tipo de desculpa para justificar a reforma trabalhista. Os setores intensivos em capitais só não seriam prejudicados se houvesse desenvolvimento tecnológico endógeno, que reduzisse os custos compensando a valorização, o que obviamente não é o caso. É verdade que a valorização permite a importação de máquinas e equipamentos, mas isto não fará a economia crescer enquanto o câmbio estiver valorizado. As empresas na medida em que o câmbio permanece valorizado irão perder mercado, então o desemprego irá aumentar. O que nos leva ao terceiro setor, os trabalhadores. Os setores de baixa renda são beneficiados inicialmente do ponto de vista do consumo, ficam felizes por poder consumir produtos importados legalmente ou ilegalmente com preços mais baixos, as áreas de consumo de massa tendem a se expandir. O problema é que irão ficar desempregados. Mas como não são todos teremos um crescente desemprego, mas frações dos trabalhadores continuaram sendo favoráveis ao câmbio valorizado. Eles podem ser desculpados por não serem capazes de compreender um problema tão amplo, mas conspiram contra o país. Os desempregados por sua vez não serão capazes de identificar no câmbio valorizado a causa do seu desemprego. Os pobres, verdadeiramente pobres nada tem a dizer, pois sempre estão em situação ruim. Mas o pior resultado é para o país. Um país como Brasil precisa ter superávit comercial crescente para conseguir um superávit nas Transações Correntes e não ficar dependendo de movimentos de capitais, mesmo que seja IED. Porque caso o Brasil, devido a valorização cambial, volte a ter déficit comercial e em transações correntes crescentes, os investidores irão abandonar o Brasil, retirar o capital no momento de maior necessidade, do mesmo modo, os IED não entraram, e o Brasil mergulhará na crise. A única aposta certa que um governo pode fazer no Brasil é apostar na crise. A crise é a única coisa certa. Os assessores do Lula sabem disso, quando FHC fez o mesmo, eles fizeram as críticas que agora eles rejeitam e dão a mesma resposta que o Pedro Malan e o Gustavo Franco davam, agora é diferente. Nada de diferente, tudo igual, governos escondendo a incompetência aproveitando o movimento da economia mundial e ignorando o futuro. Claro o governo permite que isso ocorra porque politicamente é muito bom, se o governo tentasse mudar haveria crise e ele seria responsabilizado e perderia as eleições de 2008, então não muda nada, e depois das eleições de 2008, o governo também não faz nada pensando nas eleições de 2010. É melhor deixar que a crise ocorra sem fazer nada porque aí pode culpar os fatores externos, e esconde que durante os quatro anos não fez nada para impedir a crise que estava marcada. Keynes dizia que no longo prazo estaremos todos mortos, no Brasil, morremos todos no curto prazo, governo nenhum pensa além do dia seguinte. E quando tentam pensar não passa de farsas, como o PAC, Brasil em Ação e similares. E o pior do atual governo é desfaçatez com que se diz que nunca se fez nada melhor do que este governo está fazendo. É de chorar, mas para pensar o interesse do Brasil desde o fim da ditadura, apenas o Sarney e o Itamar pensaram no interesse do Brasil em alguma momento. Apenas na política externa, o governo Lula recupera algumas tendências virtuosas da política externa brasileira, mas para alcançar objetivos que tornam o Brasil ainda mais débil, transformá-lo num grande pasto ou grande canavial. Porfírio Díaz, presidente do México entre 1870 e 1910, capaz de deixar o FHC morrendo de inveja com suas 10 reeleições, dizia “Pobre México, tão longe de Deus, tão perto dos EUA.”, no Brasil nos achamos abençoados por Deus, pelo menos ao estamos tão perto dos EUA. Mas de fato parece mais que fomos amaldiçoados e não há exorcismo que resolva, olha que seqüência lastimável (não sei se está em ordem crescente ou decrescente de incompetência): João Baptista Oliveira Figueiredo, José Sarney de Araújo Costa, Fernando Affonso Collor de Mello, Itamar Augusto Cautiero Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva. Desta lista, só um tem que ter sido honesto e combatido a corrupção como se faz em país sério, o Itamar Franco e, veja, é só uma possibilidade.