"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?
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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

16 anos para entender

Na UnB, vc tem um conjunto de disciplinas que são obrigatórias, mas dentro de certos limites, considerando-se os pré-requisitos vc que escolhe quando vc fazer a matéria. Logo no primeiro semestre escolhi fazer "Introdução ao Direito), em tese prevista para o segundo semestre do curso. Felizmente depois descobri que alguns colegas que haviam entrado no curso no mesmo período também tinham feito a mesma escolha, então não estaria sozinho. O professor era o Sebastião (não lembro o sbrenome agora), o sujeito era doido. Falava barbaridades para os alunos até chamar de burro ele chamava. E gostava do pessoal de direito e esperava que os de relações internacionais fossem mal. Na primeira prova fui o primeiro a terminar a prova, e normalmente terminava as provas rápido, então ele ficou incomodado, estava chegando na porta ele perguntou "A prova estava difícil?, eu disse não, fácil. Ele perguntou de novo, "estava fácil?" eu respondi muito fácil, e na terceira vez que ele perguntou eu disse que estava facílima e sai. Certamente não fiz amigos neste sala, os colegas odiaram. Uma colega depois veio me falar que se não me conhecesse ficaria revoltada de eu estar falando que a prova era fácil enquanto ela estava lá se matando, mas que ela também queria ter falado aquilo pra ele. Ela disse que depois que eu sai, ele foi na no hora corrigir a prova, e aí disse, é ele foi bem mesmo. Aí alguém perguntou se eu tinha tirado dez e aí ele disse que aí já era demais. No fim do curso, ele estava lamentando que as maiores notas tivessem sido a minha e de uma colega, ambos de Rel. Bom que ele nos encontrou e falou.

Mas me lembrei do Sebastião, porque fui na livraria cultura e encontrei uma biografia do autor do livro que ele usou na matéria Introdução ao Direito, o livro era "Introdução à Ciência do Direito" de A. L. Machado Neto. Quando vi que havia uma biografia do autor fiquei intrigado, curioso em ler, mas comprar um biografia de alguém de uma área que eu não acompanho eu não iria, então sentei lá na Cultura e li o livro. E aí depois de 16 anos entendi um discurso dele revoltado. Ele estava falando mal da teoria tridimensional do direito de Miguel Reale, questionando que o Direito fosse fato, valor e norma. Agora finalmente entendi que toda a questão, o contexto no qual se coloca pertinente aquele discurso. É que ele era discípulo do A. L. Machado Neto e este era discípulo do jurista argentino, Carlos Cossio, fundador da teoria egológica do direito, que diz que o direito não é o estudo das normas mas da conduta humana através das normas. E eu gostei da teoria do Carlos Cossio pelo que está biografia do A. L. machado Neto, mas não tenho como me aprofundar em mais um assunto, porque segundo consta no livro, um dos livros de Cossio tem 900 páginas e outro 500 páginas, não dá para ler isso apenas por diletantismo.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Roberto Aguiar é um bom nome!

Eu tive aulas com o Roberto Aguiar na UnB.  Dentro das idiossincrasias (para não chamar de clientelismo, paternalismo, etc) vigentes nas universidades existe a de criar disciplinas obrigatórias no curso pensando apenas no interesse pesssoal do professor sem que se considere se a disciplina cabe ou não no curso. Então na época que foi pensada a grade do curso de relações internacionais da UnB incluíram a disciplina de Direito das Sociedades Comerciais para atender a demanda de uma professora que dava aulas no departamento. Depois a professora se aposentou a disciplina ficava lá e ninguém a queria. O último a ministrá-la foi o professor Roberto Aguiar. Era uma disciplina dos últimos semestres. Mas uma colega e eu pegamos logo no início do curso, fomos os únicos da minha turma que cursaram a disciplina, os outros tiveram que fazer outras disciplinas para compensar a ausência desta que deixou de ser ofertada.  A princípio pode parecer uma disciplina vazia e sem sentido, especialmente para o curso de relações internacionais. Mas eu gostei muito da disciplina pelo enfoque dado pelo Roberto Aguiar. Os melhores textos sobre o direito li nesta disciplina. Apesar das besteiras que o blogueiro da Veja fala contra o Direito Achado na Rua, esta disciplina permitiu tomar contato com estas idéias, além da antropologia de Pierre Clastres. Um dos livros da disciplina passei anos procurando nos sebos até que mais de 10 anos depois de terfeito a disciplina consegui comprar num sebo aqui em São Paulo, "O Direito e a ascensão do capitalismo". Os próprios livros do Roberto Aguiar são muito interessantes, gostei muito de "Direito, poder e opressão". É certamente uma pessoa bem intencionada, sinceramente que a escolha dele é melhor do que a Sepúlveda Pertence por ser o Roberto Aguiar muioto mais ligado com a história recente da UnB.

Também gostaria de reforçar o que disse em outro post, o que está ocorrendo agora na UnB é o ponto culminante de um processo iniciado ainda no governo FHC, que permitiu a reeleição de reitores o que na UnB fortaleceu o grupo do Lauro Morhy então reitor e abafou todas as críticas sobre desvios de dinheiro, sobre a ação do CESPE. Também é preciso ter claro que as eleições nas universidades assumiu ares de eleições em qualquer prefeitura brasileira, jogo baixo, compra de votos, promessas, acúmulo de recursos para campanha. Eleição para reitor passa longe de um discussão civilizada e intelectual sobre a universidade, o seu papel no país e no mundo. Predominam os interesses paroquiais.

sábado, 5 de abril de 2008

A UnB em crise

A reitoria da UnB foi invadida pelos estudantes. É uma resposta algo tardia às denúncias sobre os gastos do reitor pagos pela FUB. Quem acompanha o blog há algum sabe que eu já disse aqui que sempre acho muito engraçado os professores das universidades públicas criticarem o clientelismo, o patrimonialismo, porque nas universidades públicas brasileiras predominam os mesmos tipos re lações arcaicas que encontramos no governo. O apadrinhamento, o favorecimento tende a ser a regra, então a crítica é sempre hipócrita já que nunca há auto-crítica e tentativa de reformar a universidade. Na UnB, desde quando eu estava na graduação, o CESPE, por exemplo, era alvo de muitas desconfianças. Vejam o surreal, o órgão responsável pela realização do vestibular e de concursos públicos passou a administrar o RU, ou melhor, o bandejão. Aí depois que o CESPE assumiu o controle passou a passar uma campanha publicitária para que os alunos chamassem o restaurante universitário de RU e não mais de bandejão para refletir uma mudança na qualidade da comida e dos serviços. Tem lógica? Faz sentido o CESPE controlar o bandejão? Tem lógica gastar dinheiro com  propaganda das reformas do bandejão? Claro que tem, porque o CESPE era o maior foco de denúncias, toda a camapnha para reitor girava em torno da caixa-preta do CESPE. Então era um meio de melhor a imagem do órgão dentro da universidade. O CESPE queria continuar com o dinheiro, mas agora com uma boa imagem. E com a eleição do Lauro Morhy, o diretor do CESPE que o apoiou foi promovido. As denúncias em relação à FUB e à Editora da UnB é apenas uma expansão dos problemas que se desenvolvem desde meados da década de 90. Interessante como ainda aparece gente dentro da universidade para dizer que o dinheiro da FUB é privado, o que só faz envergonhar mais a sociedade pela falta de vergonha na cara. A política na universidade se tornou tão rasteira que quando eu era aluno um candidato a reitor ofereceu emprego para um amigo e eu caso ele ganhasse e nem ficou vermelho. Depois que saímos da casa dele às margens do lago Paranoá no Lago Sul, perguntei para o meu amigo, eu entendi direito, ele nós ofereceu um emprego em troca do apoio? O pior é que não é uma exceção, é a regra. E infelizmente já está mais do que evidente que as eleições nas universidades não representaram um avanço, reforçaram estas tendências.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Saudosismo

Dois eventos esta semana me deixaram saudosista. Em primeiro lugar ter ido à colação de grau festiva da turma de relações internacionais que conclui o curso no segundo semestre de 2007. Descobri que ainda vai demorar para eu ficar insensível em formaturas. Em primeiro lugar, porque gostei muito da minha. A minha colação de grau foi perfeita. E claro, antes que algum aluno/amigo se manifeste, pela linda homenagem do ano passado.

Acho que já contei sobre a minha formatura, mas irei recontar. Fiz questão de fazer parte da comissão de formatura para que a formatura tivesse um pouco a minha cara, e foi ótima. Primeiro, porque ocorreu no auditório do Senado Federal. As formaturas dos cursos de relações internacionais e ciência política ocorriam, naquela época, no auditório do Itamaraty (agora todas ocorrem na horrível tenda da UnB), mas eu detestava o auditório, um auditório, escuro, feio. Então, como o pessoal de ciência política era sempre insatisfeita das formaturas ocorrerem no Itamaraty o que demonstrava um predomínio do curso de relações internacionais, apoiei a idéia deles de fazer em outro lugar, e no caso decidimos que seria o Senado. Só havia um problema, o Senado havia proibido este tipo de evento lá. E para conseguir seria necessário conseguir uma autorização por parte do primeiro-secretário na época, senador Ronaldo Cunha Lima. Uma das formandas em ciência política era do Maranhão e a família dela era próxima do senador Edson Lobão. Então através do senador Edson Lobão conseguimos que o fosse liberado o auditório do Senado. Em retribuição agradeceríamos no convite de formatura aos dois senadores, mas esqueci disso, e aí só no discurso de formatura que eu agradeci aos dois.

Duas figuras lapidares morreram no ano que me formei. Darcy Ribeiro que foi fundador da UnB e Ruy Mauro Marini, teórico da dependência e professor do REL. Então alguns colegas sugeriram que dêssemos o nome do Darcy Ribeiro à turma, fui contra porque muita gente na UnB faria o mesmo. Outros nomes rotineiros, como Rui Barbosa, foram sugeridos. Ruy Mauro Marini seria um bom nome, mas não seria vencedor. Então eu sugeri Theotonio dos Santos. Theotonio dos Santos é também um dos pais da teoria da dependência, era professor apossentado do REL e ainda estava (e está) vivo. E para ganhar na votação ainda garanti que eu conseguiria trazê-lo para a colação de grau. Na véspera da formatura uma colega veio conversar comigo (ela tinha defendido outro nome) para me tranquilizar dizendo que se ele não viesse não haveria problema, ninguém ficaria chateado. Mas ele foi na formatura. Ainda organizamos uma palestra com ele na UnB para aquele período o que reduziu os custos da viagem para ele, e isso permitiu que eu lesse em primeira mão os textos que estão no livro Teoria da Dependência: balanço e perspectivas.

Para paraninfo nós convidamos o professor Cristovam Buarque, hoje senador e na época governador do DF, ele não só aceitou como compareceu. E eu ainda atrasei o início da cerimõnia para esperar uma amiga minha e dei um chá de cadeira no governador apesar da chateação de professores para começar logo, porque ele foi pontual e teve que ficar escondido para chegar só quando fosse começar, sendo o governador, pelo protocolo, ele não poderia entrar no recinto e aguardar que outra pessoa chegasse para a cerimônia começar. O Cristovam Buarque falou maravilhas sobre o meu discurso, inclusive levou a minha cópia, e disse que todos deveriam pedir uma cópia. E apesar desta bajulação quando ele foi candiato a presidente eu não votei nele, mas minha família votou.

Além disso na minha formatura teve outro fato que me deixou bastante contente, recebi uma homenagem surpresa dos demais formandos pela minha atuação na comissão de formatura. Então foi um dia radiante. Terminei o dia extremamente otimista.

O ano passado, ano em que completou dez anos da minha colação de grau, recebi uma homenagem linda da turma que concluiu o curso no final de 2006. Novamente uma homenagem supresa, porque eu não era o professor oficialmente homenageado, com direito à faixa e discurso, e presentes, garrafas de água como a que eu sempre levava para a sala. Este ano, oficialmente homenageado, não havia como não entrar no clima de formatura já que formaturas só me trazem boas lembranças. E no discurso este ano comecei citando o meu blog e a minha pesquisa sobre as razões que levam alguém a cursar relações internacionais.

Outro momento de saudosismo ocorreu nesta quarta-feira conversando com o cônsul da Venezuela em São Paulo que veio fazer uma palestra no Unibero.  Lembrei também da UnB, da Rel Júnior e do professor Galvão. A Rel Júnior é a empresa júnior de relações internacionais que criamos na UnB. Através da Rel Jr conheci o professor Galvão que trabalhava na área internacional da reitoria e tinha bom trânsito com diplomatas estrangeiros e adorava recepções diplomáticas. O primeiro evento que rpomovemos com ele foi levar um diplomata da República Tcheca para falar sobre a divisão da Tchecoslováquia. E logo no meu primeiro evento descobri que não podia contar com presença voluntária, havíamos colocado cartazes em toda FA, mas a sala estava vazia. Tive que cassar público nas salas de aula. Na UnB, as aulas não param para eventos, as coisas ocorrem simultaneamente, o aluno escolhe. Foi constrangedor, mas consegui público. Através do professor Galvão, um amigo e eu nos aproximamos da Representação de Taiwan no Brasil, que ficava na SCRN 714. Organizamos um seminário com o representante de Taiwan na UnB. O representante seria o embaixador caso o Brasil reconhecesse Taiwan como Estado soberano. Como o país não é reconhecido, eles dão enorme atenção a quem se interessa por eles. Almoçamos várias vezes com eles, nos deram vários livros de presentes, moedas comemorativas, e uma borboleta de ouro. Também fomos jantar na casa do representante de Taiwan no Lago Sul. Tive que comer coisas que eu não gostava. Duas coisas interessantes, os convidados foram distribuídos em várias mesas e com lugar marcado e com pessoas que vc não conhecia para obrigar a conhecer, felizmente eu fiquei na mesa do senhor Chang que era o segundo na hierarquia da representação e que era muito engraçado. Ele era engraçado sem querer ser engraçado, era o jeito dele mesmo que era engraçado. E nesse dia ele ainda levou uma bebida típica deles pra mesa que ele queria que todo mundo virasse o copo e bebesse de uma vez, obviamente eu fiz isso uma vez e só, mas ele continuou então no fim estava mais engraçado ainda. Outro fato curioso é que no convite trazia o horário de início e término do jantar. Quando deu o horário de término, o representante se levantou e começou a se despedir das pessoas para elas irem embora. A partir destes contantos o meu amigo chegou a ganhar uma viagem para conhecer Taiwan. Também fui fazer uma visita a alguns diplomatas da embaixada da China com o professor Galvão, mas eles eram mais fechados, conversaram menos. Também fui em ventos da embaixada do Irã, foi a primeira vez que comi caviar e detestei, nunca mais, realmente não gosto de nada que venha do peixe ainda que seja caro. Fui também num evento da embaixada da Hungria que eu já citei aqui no blog há algum tempo quando coloquei as frases de poetas húngaros que eu anotei, era a inauguração de uma exposição de fotografias de cemitérios húngaros e abixo de cada foto colocaram trechos de poesias húngaras, lamentei não ter levado papel, só pude anotar as frases que couberam no extrato bancário que estava na minha carteira. E ainda participei com o professor Galvão da articulação de uma candidatura de um professor da Faculdade de Educação para reitor. Mas logo a Rel Jr entrou em crise e eu me cansei destas coisas. Foi uma das experiências que me ajudaram a perceber que eu não gostaria de ser diplomata.

Nesta história de Taiwan nós conhecemos muita gente, entre elas, o mestre Wu, mestre em Tai Chi Chuan. Eu morava na 103N e o mestre Wu morava na 105, entre a SQN 104 e a SQN 105 há um espaço aberto gramado, uma quadra esportiva. E lá o mestre Wu dava aulas gratuitas de Tai Chi Chuan as 06 ou 06:30hs da manhã. E o inacreditável é que ele me convenceu a ir lá participar. Acordar de madrugada para fazer Tai Chi Chuan. Ele era especialista nestas coisas orientais, uma vez eu fui fazer acunputura com ele. Não adiantou eu insitir em pagar e deixar o cheque lá, ele não queria receber e nunca depositou o cheque em gratidão pela homenagem que havíamos feito a Taiwan. Aí também não voltei mais lá porque fiquei com vergonha.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Pensar, só se pensa sozinho! Aprender, só se aprende com os outros!

Há alguns dias estava dando um sermão numa das salas e dizia que eles que deveriam inserir os estudos na vida deles, que deveria fazer parte da vida e não um intervalo entre uma e outra atividade. E que o melhor modo de inserir os estudos na vida é fazer com ele faça parte da relação entre os amigos, é conversar sobre o que se está estudando, é usar o que está sendo estudado na conversa com os amigos, é pensar o conjunto de fatos da vida a partir das visões de mundo, das teorias que se aprende na faculdade. Dizia inclusive que pode-se tonar as fofocas sobre os colegas mais interessantes colocando por exemplo Maquiavel na história, qualquer pessoa e as suas relações no mundo se tornam mais interessantes quando olhadas pelos olhos de Maquiavel. Então entre uma balada e outra, eles deveriam utilizar os amigos para conversar mais ilustradas ainda que fosse fofoca.

As pessoas não aprendem apenas lendo livros ou estudando solitariamente. É preciso colocar as idéias em debate, é preciso colocar as idéias em discussão, é preciso para testar se elas são boas mesmo, e o seu domínio sobre elas. Pensar só se pensa sozinho, cada indivíduo isoladamente, e por isso, o pensar é livre, pode-se pensar qualquer coisa, qualquer besteira e desenvolver o pensamento. Agora é preciso lançar o pensamento no mundo para que ele seja debatido, questionado, testado, conversado, e que para daí possa resultar alguma conhecimento. É nesta elaboração coletiva do conhecimento que o aprendizado ocorre. Por isso até para aprendermos de verdade precisamos de amigos, precisamos dos outros. Na série de tv, House, vemos isso de forma radical, como os diagnósticos do dr. House são feitos? Cada um dos médicos auxiliares e ele vão lançando idéias sobre qual seria a doença, discutem, discordam, e aí vão fazer exames para testar a melhor hipótese que sobrou após a discussão. Caso o diagnóstico estivesse errado (e como é série de tv o primeiro diagnóstico nunca está certo) volta-se a discussão. Esta é uma situação generalizável se não se conversar, debater sobre o que se estuda, não se aprende.

Na UnB eu aprendi a estudar em biblioteca graças aos meus amigos. Estudar é algo metódico, significa definir qual o conteúdo será estudado, escolher qual material será utilizado, colocar a bunda na cadeira e começar a estudar. Evidentemente, o ambiente mais propício para estudar é numa biblioteca, numa boa biblioteca. Como sempre tive boa biblioteca em casa nunca tive o hábito de ir estudar em bibliotecas até o segundo grau. Aprendi a estudar na biblioteca da UnB graças à Raquel, ao Jeferson, à Giovana, à Renata. A Raquel, a Renata e a Giovana moravam em casas muito cheis, não eram propícias ao estudo, então iam para a biblioteca. A Renata e a Giovana moravam na casa dos tios da Giovana, ótimas pessoas, sempre cabia mais um na casa, mas para se concetrar nos estudos não dava. A Raquel morava na casa de irmã dela com sobrinhos pequenos, então também era melhor ir para a biblioteca. Depois a Raquel foi morar no C.O., onde o Jeferson morava. O C.O. é o Centro Olímpico da UnB, obviamenteo ninguém mora lá, mora no CEU que fica ao lado, mas todo mundo chama de C.O. O CEU não é o céu, é o Casa do Estudante Universitário, para o meu espírito seria impossível habitar lá, mas os apartamentos são duplex (não se enganem com essa informação), relativamente espaçosos, mas com gente demais ( o que dificulta estudar se os colegas de quarto estiverem lá) e com um defeito generalizado em Brasília com concreto exposto. Já disse isso antes no blog, não vejo beleza no concreto. Eu morava sozinho num local mínimo e, portanto, não tinha como trazer os livros que estavam em Barra do Garças, e como estava somente a seis meses em Brasília ainda não havia compreado livros suficiente para dizer que tinha uma biblioteca em casa, mas ainda sem ter espaço ela cresceu rápido. Então mesmo para mim a melhor coisa seria estudar na biblioteca, mas eu jamais teria ido se lá não estivessem a Raquel, a Renata, a Giovana, o Jeferson. E a Renata nem fazia relações internacionais, estudava odontologia. O curso de Introdução á Economia com professor Antônio Dantas começou desastroso, todo mundo foi mal, a minha pior nota na faculdade foi na primeira prova do Dantas, tirei 3, que no sistema de notas da UnB é MI, e no sistema ABC, seria D, mas na nota semestral fiquei com SS, que seria no sistema usado em São Paulo A. E isso graças aos meus amigos, graças às horas de estudo em grupo, com quem eu conversaria sobre conceito de demanda e oferta? Com quem eu poderia conversar sobre custo marginal decrescente? Ora, se não for com os seus amigos, ou mesmo apenas colegas de turma, só sobra o professor, porque o resto da humanidade não está interessada. E o professor lhe dará resposta para perguntas, não resolve o seu problema, porque as palavras do professor vc vai querer é decorar como resposta sem se preocupar em entender e questionar. Por isso aprende-se mais conversando com os amigos. E com isso biblioteca passou a fazer parte da minha vida de estudante, durante todo o período na UnB sempre estudava na biblioteca e sempre com tempo para conversas teóricas e para me atualizar nas fofocas. As longas conversas com a Ana Patrícia sobre o neoliberalismo e sobre os autores liberais foram fundamentais para o que eu penso hoje. Na minha dissertação de mestrado, nos agradecimentos, agradeci ao Fernando por sempre me atualizar sobre o que pensa a direita brasileira, sobre os erros da direita brasileira. Claro que coloquei assim para encher saco. Mas é verdade. Conheci o Fernando na graduação em relações internacionais na UnB, e conversar com ele sobre o Brasil e omundo sempre foi ótimo para desenvolver a tolerância com a divergência (não concordamos sobre quase nada) e para ver as frauqezas dos meus próprios argumentos. Para a Raquel, eu disse qu ela é minha consciência ética. Poucas pessoas são tão íntegras quanto à Raquel, então é óbvio que conversando com ela, ouvindo-a, eu estava aprendendo. Como a idéia já ficou clara não irei me estender mais, mas é evidente que no mestrado foi a mesma coisa. Aprendi pelas conversas que tive sobre o Brasil e o mundo. Então o que somos intelectualmente deve-se mundo ás conversas que estabelecemos, aos nossos interlocutores, se não os temos não percorreremos um caminho frutífero.

Já escrevi aqui no ano passado um libelo sobre uma das turmas que vi formar, que só tiveram a melhor formação, só foram a melhor turma, porque se dedicaram coletivamente, porque foram um bom grupo. Então se quer aprender, se quer crescer intelectualmente encha o saco dos seus colegas e amigos para que eles também queiram e participem deste processo.

PS 1: A biblioteca da UnB é a melhor biblioteca universitária que eu conheço pelo horário de funcionamento. Funciona praticamente 24 horas, das 08:00hs da manhã até às 06:00 hs da manhã do dia seguinte.

PS 2: Em São Paulo, voltei a ser comodista. Tenho que reaprender a usar bibliotecas públicas apesar da minha ser quase sempre mais do que suficiente.

domingo, 18 de novembro de 2007

Curiosidade e amenidades

Os EUA fizeram uma expiência nuclear nas Malvinas que afetou até o Pólo Norte, gerando três auroras boreais, aumentou a presença de estrôncio 90 na atmosfera que foi constatado pelas universidades americanas obrigando o governo americano a revelar o teste. Archer estabeleceu uma série de relações entre as explosões e mudanças climáticas na região naquele período e conversou com o Almirante Álvaro Alberto que o mandou tratar com Carlos Chagas Filho que era presidente da Comissão da Onu sobre questão nuclear. Aí Carlos Chagas fez uma série de cálculos tentando demonstrar que não havia relação. E Renato Archer não entendeu o que ele disse. Quando encontrou o Almirante Álvaro Alberto novamente ele perguntou do encontro e o Archer disse que não havia entendido nada do que foi explicado pelo Carlos Chagas. No que o Almirante respondeu: "O Carlos Chagas não sabe nada que você não possa entender. Nada!" Em seguida o Almirante mandou chamar o Carlos Chagas no Clube Naval e disse: "Repita agora para mim o que você disse ao Renato, que ele não entendeu. Eu já avisei ao Renato que você não sabe nada que ele não possa entender."

Obviamente não é o caso de Carlos Chagas Filho. Mas no mundo intelectual há muitas farsas, há criaturas que eu tenho absoluta certeza que meus melhores alunos sabem mais do que eles. Eu acho que já contei aqui o caso de uma professora na UnB. Me inscrevi para disciplina Economia da América Latina, aí chego na sala, a professora diz que um dos problemas do curso será a existência de pouca bibliografia sobre o tema. Eu levantei e fui embora, com absoluta certeza eu sabia mais que ela, bastava ir no meu computador e pegar uma lista de mais de cinco páginas só de referências bibliográficas atuais sobre o tema. Sinceramente, professor tem que demosntrar que sabe mais do que os alunos.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Reinaldo Azevedo da Veja

Reinaldo Azevedo tem um blog no site da Veja e vive batendo no "Direito achado na rua" da UnB, de vez em quando entro no blog, porque em geral ele é comentado em outros blogs. O sujeito é um reacionário, chato, neoliberal, preconceituoso, ou seja, segue o padrão Veja de qualidade, mas como é debatido de vez em quando olho. E nestas visitas bissestas sempre há algum comentário sobre o "Direito achado na rua". Conheci o "Direito achado na rua" no meu primeiro semestre na UnB e inclusive comprei o manual introdutório que fazia parte de um curso à distância. A idéia do "Direito achado na rua" é que o juiz ao interpretar a lei e proferir uma sentença não deve ficar preso à letra fria da lei, mas deve considerar os fatores sociais. Radicalizando a tese isso significa na prática que num sistema de direito romano haveria espaço para que o juiz "legisle" como num sistema de common law. De um modo mais suave considerar os fatores sociais pode significar o seguinte, o indivíduo A e o indivíduo B, em ações independentes roubam um carro. O indivíduo A estuda na USP, é filho de um deputado (ou um executivo, ou empresário ou fazendeiro), mora em um condomínio fechado. O indivíduo B da mesma idade, não terminou o segundo, é filho de um operário (ou um desempregado, camelô, pequeno comerciante, etc.). A pena do indivíduo A deve ser maior do que a do indivíduo B. Ou o grilheiro ocupa terras do Estado, falsifica documentos, venda a terra para outros, o MST ocupa terra dos fazendeiros para que se faça reforma agrária, a sua ação deriva de um problema social. Então a pena do grilheiro deve ser muito mais pesada e as ações do MST devem ser julgadas como atividade política e não como ação criminosa. E assim segue. O "Direito achado na rua" não é tolice que diz Reinaldo Azevedo, é o direito que se faz na rua, considerando as questões do povo e que não ficam prisioneiros dos gabinetes.Pode na prática estar equivocado, mas não no princípio. Basta ver a velha história da lei que pega e da lei que não pega, ou do Brasil real e o Brasil legal de Oliveira Vianna.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

UnB 45 anos!

Recebi há alguns dias o jornalzinho da reitoria da UnB, e dando uma olhada nele hoje vi que trazia uma reportagem intitulada "O sucesso de quem fez UnB" e trazia comentários de algumas personalidades que fizeram UnB e listava o nome de outras. Entre os depoimentos trouxe um da Ana Paula Padrão que diz que uma das melhores coisas da UnB é o trânsito que se pode ter entre os departamentos e isso é realmente muito bom, gostei muito. Agora a maior parte dos nomes desabona a UnB e poderia ter mantido em segredo a sua passagem por lá, é o caso por exemplo do presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), eu nunca pensaria que ele estudou medicina na UnB, e a UnB deveria ter mantido o segredo. E para piorar Paulo Octávio (DEM-DF), vice-governador do DF, estudou economia na UnB. A porcaria do Gilmar Mendes que deveria ter seu diploma de direito cassado também estudou lá. O Gilmar Mendes é uma vergonha para o direito brasileiro. A Miriam Leitão estudou na UnB, não existe nada pior no jornalismo brasileiro que a Miriam Leitão, mas nem o Diogo Mainardi, porque ele pelo menos é palhaço, uma vez eu mandei um e-mail pra ela dizendo que em um governo decente todo ministro elogiado por ela seria demitido e todo ministro criticado seria fortalecido. Outra jornalista mal formada pela UnB é a Eliane Cantanhede, ela já foi muito boa, hoje apenas faz campanha pro PSDB. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, estudou geologia na UnB e agora acha que economia brasileira deve se mover mais devagar que uma placa tectônica pra não gerar terremotos de grandes proporções e assim o atraso vai se perpetuando. E a jóia da coroa entre os mais conhecidos, a Roseana Sarney cursou Ciências Sociais, uma prova viva que nem todo mundo que faz sociais é marxista ou de esquerda.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Monitores e o sistema de cátedras!

Uma colega da época da UnB deixou uma mensagem pra mim e dizia que eu havia sido professor dela na época da UnB. E eu respondi que isso só poderia ser força de expressão que no máximo eu poderia ter sido um monitor chato. Na UnB existe a figura do monitor que dependendo do professor ele ganha mais ou menos funções, dependendo das circunstâncias pode ser apenas ela a dar as aulas. Com a utilização dos alunos do mestrado para dar aula não sei se isso mudou, de todo modo continua sendo um aluno a dar aula no lugar do professor lotado na disciplina. É interessante que em 40 anos do fim do sistema de cátedras no Brasil, as universidades brasileiras ainda não conseguiram se reorganizar seja do ponto de vista administrativa seja do ponto de vista de quadros Por exemplo, no sistema de cátedra, o Florestan Fernandes era o "dono" da cátedra de sociologia, dava as aulas magnas, mas não ficava cuidando de alunos de graduação, esclarecendo dúvidas, disso cuidava Fernando Henrique Cardoso, Octávio Ianni e outros que estavam iniciando a carreira. Hoje o sistema de cátedras acabou, continua sendo verdadeiro que o pesquisador renomado não deve ficar corrigindo provas de graduação, mas também não pode deixar as aulas para monitores, sejam alunos de graduação, ou alunos que estão no mestrado, as universidades públicas ainda não encontraram um ponto de equilíbrio entre a importância dos grandes nomes darem aula de verdade e o seu desinteresse pelo processo de aprendizado dos alunos. Fui monitor em cinco disciplinas na UnB: História Social e Política da América Latina, Introdução à América Latina, Estudos e Pesquisas para Paz, Análise Política e Teoria das Relações Internacionais.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Rel serve pra quê?

A mensagem abaixo foi postada no orkut por um ex-aluno do curso de relações internacionais da UnB. A mensagem em inglês não é afetação, ele é de Barbados. Como gostei da mensagem, coloco aqui.

O REL eh...o siguinte
I graduated from REL in 1993 then did the Masters program at UnB and completed that in 1995 before going onto Japan and specializing in Comparative Business and Management at the International University of Japan. REL is not going to make you a world citizen. It depends on you the individual. There are some who will do this course and become very successful and there are others who will not. One thing I can say is that it's an excellent course for developing your intellect and asking the BIG questions about the world's problems. It also helps to give you great insight into understanding the human condition at the level of nations. However, in today's world, you need at least four or five foreign languages, some notion of Business Management and/or Economics together with International Development. I believe REL is a great spring-board into all these areas but you need to supplement it with something else. I'd recommend a bachelors degree in REL but a Masters in Business, Law, International Development, Economics, Marketing or any social science. That's an excellent combination even if you want to go into Itamaraty after. Good luck...
REL eh excelente...

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Mais uma da UnB, empresa júnior

Como este final de semana haverá um encontro de 10 anos do término da graduação em Brasília e eu não estarei lá, mais uma questão da UnB.
Quando eu estava na UnB, uma parte dos meus colegas inventaram de montar uma empresa júnior de relações internacionais. Eu não tinha interesse na questão, mas como toda a minha turma estava envolvida resolvi participar. E como não sei participar mais ou menos, assumi boa parte da responsabilidade. Criamos a Rel Júnior. Como já expliquei em outro post, o curso de relações internacionais é chamado de rel em Brasília, porque na UnB todo departamento tem uma sigla e sigla do Departamento de Relações Internacionais e Ciência Política é REL. E toda discussão em torno disso é besteira.
A UnB juntou no mesmo órgão as empresas juniores e a incubadora de empresa. Os dois projetos estavam sob a supervisão do CDT- Centro de Desenvolvimento Tecnológico. Obviamente a primeira empresa júnior a ser criada foi a do curso de administração, e só anos depois que outros cursos começaram a criar as suas. A do curso de administração chama-se Consultoria Júnior. No semestre que estávamos criando a de relações internacionais, tinha acabado de ser criada a de psicologia, e outros duas que não me lembro quais estavam sendo criadas. Estava virando uma praga no Rel mesmo o nosso grupo disputou com outro o direito de criar a empresa de rel, como para criar precisava que o chefe do departamento aprovasse, então não foi muito difícil para nós conseguirmos, porque no outro grupo tinha algumas boas pessoas, mas muitos picaretas. Pelas informações que eu busquei na internet a Rel Júnior ainda existe, mas hoje se chama Domani.
Como agora agora havia um bom grupo de empresas juniores, o CDT queria organizar melhor, definir melhor as regras, e até definir o nome do programa de desenvolvimento de empresas juniores. Então foi marcada uma reunião com representantes de todas as empresas juniores da UnB. A primeira grande questão discutida foi o nome do programa, as sugestões eram Programa Empresa Júnior ou Programa Consultoria Júnior, atente para o nome da empresa júnior de administração. O representante do CDT colocou a questão e começou a discussão, só a administração defendia Consultoria Júnior, mas a discussão nunca era encerrada, o representante do CDT sempre mantinha a discussão como queria a administração. Depois de passar mais de hora nessa discussão, eu falei, vamos falar claro vocês querem consultoria júnior porque vai azer propaganda de vocês, e nós não queremos pela mesma razão, e o fulano só não encerra a discussão porque quer agradar vcs. Claro todo mundo negou que fosse isso. Mas a discussão foi encerrada, ficou como Programa Empresa Júnior. E depois o representante do CDT veio me explicar que não defendia os interesses da administração. E aí eu expliquei para ele que ele defendia sim e que entendia. No fundo esta é uma questão simples que mostra novamente como as relações pessoais são fundamentais dentro do sistema universitário. A vantagem da administração é que estava lá há muito tempo e todos tinham predisposição de fazer como eles queriam porque até então só precisavam ouví-los. Do mesmo modo, claro que o clientelismo favoreceu que fosse o meu grupo e não o outro fosse autorizado a montar a empresa. E depois de eu ter apelado numa reunião, sempre me chamava para conversar. Até quando já estava me afastando disso, ele me encontrou e estava todo preocupado sobre porque não tinha sido o representante nas últimas reuniões.
Na montagem da empresa tivemos uma sorte inicial, fizemos uma cerimônia de inauguração com a presença do reitor da UnB. Parentesis, o reitor era também o presidente do Trade Point de Brasília que era ligado a UnB e uma ex-professora do Rel Mary Dayse Kinzo (foi ministra interina da Integração Nacional no governo FHC) era diretora do Trade Point. Eu tinha ido conversar com ela para manter relações entre a Rel Júnior e o Trade Point. Ótimo e ela iria na inauguração e como o reitor estaria lá ela me pediu para falar que ele era o presidente do trade Point de Brasília que era para o Trade Point aparecer. Ninguém conhecia o Trade Point e nós conseguimos praticamente lotar o auditório. Ótimo, vou fazer o discurso e começo, "em primeiro lugar gostaria de dirigir meus cumprimentos ao magnífico reitor e presidente do Trade Point de Brasília, João Claúdio Todorov. Depois que terminou a cerimônia, começou um coquetel bastante farto e ela veio conversar comigo pra reclamar, pra ela eu estraguei tudo ao chamar o reitor de magnífico porque colocou o peso no cargo de reitor e não de presidente do Trade Point, eu deveria tê-lo chamado de ilustríssimo. Isto é que se chama picuinha.
Voltando a sorte incial, uma das minhas colegas convidou um vice-presidente da Federação de Indústrias de Brasília (FIBRA) que era vizinho dela para ir na inauguração e ele foi. Um sujeito muito entusiasmado, que gostou da proposta que estávamos apresentando e logo nos contratou. Não houve dificuldade para conseguir o primeiro trabalho. O objetivo dele era conseguir aumentar as exportações das indústrias de Brasília e para isso ele queria uma pesquisa de mercado dos países de língua espanhola e portuguesa. Claro, motivado pela idéia que é mais fácil comercializar com países com idiomas mais acessíveis. Obviamente nunca tínhamos feito isso, porque não são questões que se aborda no curso de relações internacionais da UnB. Mas, apesar de enormes contratempos não relacionados ao trabalho, foi relativamente concluído. Valeu pela experiência.
Para meus alunos que lêem o blog, esta não é uma boa idéia.

Mais proposta de reforma para UnB

Outra proposta que apresentei e que ainda hoje considero um erro que não seja adotada, é a integração das atividades dos diferentes cursos. Na época argumentava especificamente em relação ao curso de relações internacionais. Havia um sério problema sobre a utilização de textos em inglês no início do curso, e a questão que eu me colocava era que os alunos do curso de letras tinham que fazer trabalhos de final de curso que eram de tradução, porque não ligar as necessidades do curso de rel com as atividades do cursos de letras? Nos trabalhos de conclusão de curso eles traduziriam textos que seriam utilizados por alunos de outro departamento e não textos que depois iriam para o lixo. Sempre me responderam que era difícil viabilizar isso e só. Há um problema que são os direitos autorais, mas lá sempre se violou os direitos autorais. E há outras possibilidades de integração, por exemplo, nas empresas juniores.

Complementando a reforma da grade do curso de REL da UnB

Além de propor uma reforma curricular, eu também apresentei para os professores a proposta de criação de um Decanato de Relações Internacionais. Hoje eu me pergunto se eu realmente imaginei que eles levariam isso em consideração ou se fiz por desencargo de consciência. Claro que algumas das atribuições do decanato que deveria ser criado já eram exercidas por outros órgãos. A proposta do Decanato foi elaborado para um candidato a reitor que eu inventei de apoiar. Ele perdeu.


Decanato de Relações Internacionais

Atribuições:

· divulgar os trabalhos científicos produzidos na UnB no exterior. Dever-se-ia traduzir para o inglês os melhores trabalhos produzidos por alunos e professores e enviar ao menos um exemplar para as melhores universidades do mundo.

· buscar uma maior aproximação entre as embaixadas em Brasília e a universidade, possibilitando que os professores, alunos e a comunidade em geral possam conhecer um pouco mais sobre a cultura e história destes países. Isto poderia se dar através de cursos de extensão e exposições. Por exemplo, a criação de um núcleo de estudos chineses, que estudasse a China sobre os mais diversos aspectos, e promovesse cursos de língua e cultura chinesa teriam uma grande chance de serem financiados pela Representação de Taiwan no Brasil e desta forma conseguir recursos para outras atividades da universidade. Outra forma possível de cooperação seria convidar diplomatas estrangeiros para ministrar cursos de extensão ou mesmo disciplinas regulares se eles estiverem aptos para isso, especificamente no curso de relações internacionais isto seria muito bem vindo.

· num momento em que é política oficial do governo federal reduzir os recursos destinados ao ensino superior, poderia ser responsabilidade deste decanato encontrar instituições no exterior que se disponham a financiar projetos de pesquisa na UnB. Buscar uma parceria, por exemplo com empresas multinacionais, onde a universidade trabalharia em um projeto de interesse específico da empresa, e como contrapartida a empresa financiaria outro projeto que não necessariamente teria relação com os interesses diretos da empresa para que os cursos beneficiados não fossem apenas aqueles que tem apelo de mercado.

· buscar estabelecer convênios com universidades estrangeiras para a troca de pesquisadores.

· conseguir bolsas de estudo para alunos da UnB realizarem parte de seu curso de mestrado e doutorado no exterior.

· promover periodicamente seminários com importantes membros da comunidade acadêmica internacional.

· buscar trazer para a UnB alguns congressos científicos internacionais.

· buscar trazer para UnB também alunos que não sejam de países do Terceiro Mundo, mesmo que não seja para cursarem o curso completo, mas apenas um período, para que seja possível fazer da UnB uma universidade internacional.

· organizar e patrocinar o envio de professores da UnB para participarem de eventos no exterior.

Proposta de currículo apresentada na UnB

Abaixo encontra-se a a prposta de reforma curricular que eu apresentei para os professores do REL no semestre que eu me formei em Relações Internacionais na UnB. Eu acho que eu ainda era um pouco idealista, mas não pensava isso na época. O que mostra o quanto é difícil estirpar todo viés idealista do pensamento.



Curso de Relações Internacionais:

Proponho abaixo uma idéia de um fluxo que consideraria substantivo:

A) Primeiro Semestre

Formação e Evolução do Estado Nacional - histórico de como se formou o Estado, como evoluiu, como se encontra hoje, e as teorias mais importantes que o define e explica seu funcionamento e razão de ser.

Introdução à Ciência Política - formato atual, mas seria conveniente que todos os professores ministrassem o mesmo conteúdo.

Introdução ao Direito - formato atual

Introdução à Economia - formato atual.

História das Relações internacionais Contemporâneas - formato da disciplina atualmente existente como optativa.

História do Brasil Republicano - visão das transformações políticas, econômicas e sociais pelas quais passou o Brasil após a proclamação da República.

B) Segundo Semestre

Introdução à Economia Política Internacional - conceitos fundamentais para se compreender o funcionamento da economia internacional e seus desdobramentos políticos.

Formação Econômica do Brasil - formato atual.

História das Idéias Políticas - estudo das teorias políticas clássica e moderna.

Metodologia de Pesquisa em Relações Internacionais -

Direito Internacional Público - formato atual.

C) Terceiro Semestre

Teoria das Relações Internacionais 1 - formato atual, mas sem ficar apenas em autores americanos, e lendo apenas comentadores de obra alheia.

História das Idéias Políticas 2 - estudo dos pensadores contemporâneos.

Economia Política Internacional: as relações norte-sul.

Direito Constitucional Brasileiro

História da América Latina

Desenvolvimento e Subdesenvolvimento - apresentação das teorias que explicam os dois fenômenos, e das teorias que visão promover o desenvolvimento econômico.

D) Quarto Semestre

Comércio e Finanças Internacionais - história das relações comerciais e das teorias explicativas.

Economia Brasileira - formato atual.

Europa Contemporânea - história da Europa após a Segunda Guerra Mundial.

Política Externa dos EUA - apresentação da política externa americana e seu reflexos na América Latina como um todo e no Brasil especificamente.

Teoria das Relações Internacionais 2 - complemento de TRI-1. São válidas as mesmas observações.

História da Política Externa do Brasil - formato atual.

E) Quinto Semestre

Direito Internacional do Comércio - regras que regulam o comércio internacional.

Política Brasileira - estudo da situação política interna após o fim dos governos militares.

Análise das Relações Internacionais - estudo do modo pelo qual se analisa os fenômenos internacionais.

História Africana - séculos XIX e XX.

Paz e Direitos Humanos - estudo das teorias sobre estes conceitos e das propostas que objetivam criar um sistema internacional pacífico.

Globalização e Empresas Multinacionais - estudo das transformações econômicas ocorridas no sistema internacional após o fim da Segunda Guerra Mundial no Ocidente.

Cooperação Internacional - histórico da cooperação entre Estados e dos mecanismos que podem facilitá-la.

F) Sexto Semestre

Política de Comércio Exterior do Brasil - legislação de comércio exterior e as idéias que norteiam as decisões nessa área.

Integração Regional - teorias sobre integração e histórico dos processos que se desenvolveram após o final da Segunda Guerra Mundial.

Japão e China - séculos XIX e XX.

Teoria e Prática da Negociação Internacional

Problemas Internacionais Contemporâneos - Estudo dos conflitos que perturbam o mundo após o fim da Guerra Fria.

Organizações Econômicas Internacionais

G) Sétimo Semestre

Organizações Políticas Internacionais

Oriente Médio - século XIX e XX.

Leste Europeu - século XX

Disciplinas Optativas

H) Oitavo Semestre

Disciplinas Optativas

Dissertação em Relações Internacionais

Disciplinas Optativas

O aluno deveria cursar 40 créditos de disciplinas optativas e como ocorre atualmente prestar exame em proficiência em duas línguas estrangeiras, mas além da prova escrita deveria também haver uma prova oral. O aluno a partir do quarto semestre deveria obrigatoriamente ingressar em um grupo de trabalho sobre temas específicos e elaborar sua dissertação final dentro do tema tratado pelo seu grupo de trabalho. Isso traria dois benefícios forçaria o aluno a se especializar em tema específico e forçaria os professores do Rel a debaterem um pouco, e talvez assim passassem a elaborar idéias próprias como alguns professores de ciência política, para deixarem de aceitar como verdade todas as teorias que chegam dos EUA, que apresentam o mundo como estando a caminho do paraíso. O departamento também deveria buscar estabelecer convênios, por exemplo com o Ministério das Relações Exteriores, com o Senado, com a Câmara Federal, e outros Ministérios, para que fossem abertas vagas para estágio de alunos de Rel todo semestre. Evidentemente que caso isso se concretize é fundamental que o processo de seleção seja sério e não beneficie apenas aqueles alunos que têm uma proximidade maior com os professores.

sábado, 28 de abril de 2007

Lembranças pelo aniversário de Brasília

Escolhi cursar relações internacionais analisando o Guia do Estudante da editora Abril descobri que era o curso que tinha um pouco de tudo o que eu gostava. Então logo comecei a me informar sobre ele. A primeira vez que eu fui para Brasília foi para fazer a minha inscrição no vestibular, quis ir pessoalmente para já conhecer, minha mãe e minha tia, irmã do meu pai, resolveram ir junto, obviamente o programa seria me inscrever no vestibular e visitar outros parentes em Brasília, e viajar no mesmo dia para Jataí-GO. Quando cheguei à Brasília pela primeira vez era um vento frio na Rodoferroviária, mas que vento, senão me engano era mês de maio. A Rodoferroviária ainda era limpa, não estava cheia de ambulantes. Um primo do meu pai serviu de motorista pelo dia inteiro. O que mais chamou a atenção em Brasília foi o que chama a atenção de todo mundo, as avenidas largas, os prédios padronizados, adorei a esplanada dos Ministérios, o melhor é que ainda não estava muito seco. A inscrição para o vestibular era no ICC-norte (parte norte do minhocão). Gostei da UnB, os espaços amplos, típicos de Brasília. Um defeito era o fato dos prédios serem muito funcionais. A segunda visita à Brasília foi para prestar o vestibular, fiquei hospedado na casa do primo do meu pai em Ceilândia, então conheci Taguatinga e Ceilândia e tinha que levantar muito cedo por causa do trânsito das cidades-satélites para o Plano Piloto. No segundo vestibular, fui com um grupo de vestibulandos de Goiânia onde fiz cursinho e ficamos hospedados no Manhattan no Setor Hoteleiro Norte. Aí eu conheci a rodoviária de Brasília, o Conjunto Nacional de Brasília e o Conic (são interligados) que juntamente com o Setor Comercial Sul são os únicos lugares no Plano Piloto onde há realmente circulação de pessoas pelas ruas. Consegui a façanha de me sair pior no segundo vestibular para o qual eu havia me preparado do que no primeiro que não tive preparação alguma porque o meu segundo grau terminou em abril por causa das greves. Mas eu me mudei para Brasília mesmo assim, porque só queria prestar vestibular para relações internacionais (como eu era ingênuo, nunca prestei nenhum outro vestibular) e na UnB. Fui morar na 704N e fazia cursinho na 702/703N. Passei no vestibular e aí eu pude mesmo conhecer Brasília. Em geral, as pessoas não gostam de Brasília. Gosto muito de Brasília. Gosto da organização da cidade, hoje já não está bem assim depois de tantos governos Roriz, o Distrito Federal como um todo ficou mais confuso. Mas é no mínimo interessante uma cidade que tenha um setor chamado Setor de Motéis, e os motéis estejam lá, um Setor de Postos ou o SIA (Setor de Indústria e Abstecimento) ou que tenha um setor chamado Setor de Mansões, outro Setor Hospitalar. E como é bom, as ruas não terem nomes, basta a pessoa entender a lógica do sistema de endereços que os mapas são totalmente dispensáveis. Só precisa entender um monte de siglas SQN, SQS, SCRN, SCRS, SHS, SHN, SCN, SCS. Mas é fácil. As ruas não têm nome tem uma letra e um nome, mas só duas são realmente chamadas pelo seu “nome” W3 sul e norte, L2 sul e norte, apelidos o eixão e o eixinho. E tem o Eixo Monumental, onde num extremo está a Rodoferroviária e no outro a Praça dos Três Poderes. Eu pegava o ônibus para ir para a UnB na W3norte, pegava a Linha W3/L2 norte ou o Grande Circular, que circulava na Asa Sul e na Asa Norte. A UnB fica na Asa Norte, descia no ponto da 407N em geral, em frente da Loja Rosacruz Amorc de Brasília e da Fundação Educacional do Distrito Federal, atrás está a UnB, aí cada um procurava o seu rumo à FT, FA, minhocão (ICC-Norte e ICC-Sul), FS, CO, ou seja, Faculdade de tecnologia, prédio da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, Instituto Central de Ciências (se não falar minhocão quase ninguém sabe dizer onde fica e como é chato achar sala no ICC), Faculdade de Saúde, Centro Olímpico. Para cada uma destas unidades outro monte de siglas. REL, ADM, CIC, ECO, DIR, etc., Departamento de Relações Internacionais e Ciência Política, Departamento de Administração, Departamento de Ciências Contábeis, Departamento de Economia, Departamento de Direito (hoje Faculdade da Direito). A FA era uma zona, um pedaço ficava no prédio da FA, outra parte no minhocão. A alocação de espaço na UnB só não é mais confusa que a organização de Institutos e faculdades, agora está melhorando. A FA fica numa altitude acima em relação ao minhocão e por lá estarem os cursos de Direito e Relações Internacionais era sempre mal falada como Olimpo e pessoal que estudava lá considerado meio metido. A UnB tem biblioteca central, a BCE, outra sigla, a Biblioteca Central dos Estudantes. E em tempos de Hugo Chávez, há um busto de Simón Bolívar logo chegando à Biblioteca. Como disse um professor de lá tudo o que se faz com a Venezuela leva o nome de Bolívar, exceto a cátedra Andrés Bello, que levou o nome de quem? No minhocão fica o ceubinho, o nome vem de uma faculdade de Brasília, onde o primo do meu pai do começo da história trabalha, o CEUB. O ceubinho é local onde não há nenhum pensamento, onde os alunos ficam só enrolando, batendo papo, daí a maldade. No ceubinho fica a livraria do Chiquinho, o último lugar onde vc deve ir se estiver com pressa para conseguir um livro. Ele vai te dizer que consegue o livro para amanhã, mas ele nunca consegue. Como todos sabem neste aspecto, nós não combinamos, passei raiva até descobrir e deixar claro que se ele enrolasse comigo não compraria mais lá, pelo menos comigo quando não dava ele passou a falar a verdade. É uma figura, matou minha amiga de raiva ao me contar o livro que ela havia comprado pra mim, e para piorar eu tinha o livro. A livraria dele é uma bagunça, nem ele consegue encontrar o livro que o cliente procura, várias vezes encontrei o livro que ele procurava para outros clientes por ter boa memória visual, porque não tinha nenhuma lógica, começava logicamente e logo a lógica sumia.
Agora, vou dizer uma heresia, o local que eu mais gosto de Brasília é o Congresso Nacional. Com absoluta certeza o local que eu mais visitei, claro entre pontos turísticos, a UnB não é ponto turístico. Como já faz alguns anos que não vou a Brasília, faz anos que não vou ao Congresso, a vigilância deve ter aumentado apesar do fato que a entrada na casa do povo deve ser livre. Sempre que eu ia ao Congresso, especialmente se entrava pela Câmara dos Deputados, eu dizia que iria na biblioteca, pois aí não havia nenhuma pergunta, apenas pegavam o seu documento e davam o crachá de visitante. Andei por todos os buracos, por todos os corredores do Congresso, onde não tem nada para os visitantes verem, apenas para saber onde ficava cada sala, cada liderança, muitas vezes não havia ninguém no corredor. Claro que também circulava nos corredores movimentados onde se encontra os repórteres de televisão e os deputados. Na maioria das vezes que visitei a Câmara peguei as enormes esteiras rolantes que levam ao Anexo IV onde está a maioria dos gabinetes dos deputados. Circulando pelos corredores além de ver se há gente trabalhando pode-se ver quais as idéias do deputado (quando as tem) pelos cartazes colados nas portas, parece CA. O anexo IV fica ao lado do bolo de noiva (Q.G. do Collor antes da posse) e anexo do Itamaraty. No Congresso, vc só sabe que passou da Câmara para o Senado porque o tapete passa de verde para preto, significa que vc passou do salão Verde para o salão Negro. Logo quando eu mudei para Brasília era possível passar livremente da Câmara para o Senado. Aí enquanto eu ainda estava na graduação os seguranças começaram a ser chatos, quando vc queria passar do Salão Verde para o Salão Negro sem ter um crachá de identificação do Senado também. Mas era fácil resolver o problema era só descer a escada do Salão Verde para o piso inferior se localiza os bancos salão de beleza, e subir a escada para o Salão Negro depois do ponto onde os seguranças ficavam e pronto. Os seguranças que circulavam pelo Senado nunca olhariam o seu crachá. Aí eu podia circular por todas as Alas, assistir às audiências livres e ir à Biblioteca do Senado, Biblioteca Luiz Viana Filho (desconheço o nome da Biblioteca da Câmara apesar de ter ido mais lá). O único lugar que sempre foi difícil para ir é o Plenário, pois só é possível quando os deputados não estão lá. Hoje já mais segurança, da última vez que fui, o segurança do Senado queria que eu saísse fosse a uma entrada do Senado pegar um crachá do Senado, tentei passar pelo subsolo e também não funcionou, desisti de visitar o Senado. Construir Brasília foi um acerto de JK, não levar a idéia ao seu limite um dos problemas, TODA a administração pública federal deveria ter sido transferida para Brasília.
É verdade, em Brasília, as pessoas desejam prestar um concurso público. Mas em outras partes do país também querem. Não é uma questão de comodismo, reflete o fato de que o trabalho no emprego público é melhor. Do mesmo modo que numa cidade como São Paulo, os meus alunos vivem para trainee. O que desejam é o mesmo, a obsessão muda porque a oportunidade para concurso em São Paulo é menor e a possibilidade de fazer trainee e carreira em empresa privada é praticamente zero. O resto é preconceito. A maior parte da população não está empregada no setor público, mas está ligada a ele, pois o setor privado é de pequenos negócios basicamente não há alternativa. Há uma enorme quantidade de pessoas que fazem concurso pelo conformismo, conheço muitos. Mas também já conheci, reconheço que muito menos, quem faça por idealismo, queira trabalhar para o Estado e a sociedade, o problema é que o Estado não favorece em nada a vida destes.