"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sábado, 28 de abril de 2007

Lembranças pelo aniversário de Brasília

Escolhi cursar relações internacionais analisando o Guia do Estudante da editora Abril descobri que era o curso que tinha um pouco de tudo o que eu gostava. Então logo comecei a me informar sobre ele. A primeira vez que eu fui para Brasília foi para fazer a minha inscrição no vestibular, quis ir pessoalmente para já conhecer, minha mãe e minha tia, irmã do meu pai, resolveram ir junto, obviamente o programa seria me inscrever no vestibular e visitar outros parentes em Brasília, e viajar no mesmo dia para Jataí-GO. Quando cheguei à Brasília pela primeira vez era um vento frio na Rodoferroviária, mas que vento, senão me engano era mês de maio. A Rodoferroviária ainda era limpa, não estava cheia de ambulantes. Um primo do meu pai serviu de motorista pelo dia inteiro. O que mais chamou a atenção em Brasília foi o que chama a atenção de todo mundo, as avenidas largas, os prédios padronizados, adorei a esplanada dos Ministérios, o melhor é que ainda não estava muito seco. A inscrição para o vestibular era no ICC-norte (parte norte do minhocão). Gostei da UnB, os espaços amplos, típicos de Brasília. Um defeito era o fato dos prédios serem muito funcionais. A segunda visita à Brasília foi para prestar o vestibular, fiquei hospedado na casa do primo do meu pai em Ceilândia, então conheci Taguatinga e Ceilândia e tinha que levantar muito cedo por causa do trânsito das cidades-satélites para o Plano Piloto. No segundo vestibular, fui com um grupo de vestibulandos de Goiânia onde fiz cursinho e ficamos hospedados no Manhattan no Setor Hoteleiro Norte. Aí eu conheci a rodoviária de Brasília, o Conjunto Nacional de Brasília e o Conic (são interligados) que juntamente com o Setor Comercial Sul são os únicos lugares no Plano Piloto onde há realmente circulação de pessoas pelas ruas. Consegui a façanha de me sair pior no segundo vestibular para o qual eu havia me preparado do que no primeiro que não tive preparação alguma porque o meu segundo grau terminou em abril por causa das greves. Mas eu me mudei para Brasília mesmo assim, porque só queria prestar vestibular para relações internacionais (como eu era ingênuo, nunca prestei nenhum outro vestibular) e na UnB. Fui morar na 704N e fazia cursinho na 702/703N. Passei no vestibular e aí eu pude mesmo conhecer Brasília. Em geral, as pessoas não gostam de Brasília. Gosto muito de Brasília. Gosto da organização da cidade, hoje já não está bem assim depois de tantos governos Roriz, o Distrito Federal como um todo ficou mais confuso. Mas é no mínimo interessante uma cidade que tenha um setor chamado Setor de Motéis, e os motéis estejam lá, um Setor de Postos ou o SIA (Setor de Indústria e Abstecimento) ou que tenha um setor chamado Setor de Mansões, outro Setor Hospitalar. E como é bom, as ruas não terem nomes, basta a pessoa entender a lógica do sistema de endereços que os mapas são totalmente dispensáveis. Só precisa entender um monte de siglas SQN, SQS, SCRN, SCRS, SHS, SHN, SCN, SCS. Mas é fácil. As ruas não têm nome tem uma letra e um nome, mas só duas são realmente chamadas pelo seu “nome” W3 sul e norte, L2 sul e norte, apelidos o eixão e o eixinho. E tem o Eixo Monumental, onde num extremo está a Rodoferroviária e no outro a Praça dos Três Poderes. Eu pegava o ônibus para ir para a UnB na W3norte, pegava a Linha W3/L2 norte ou o Grande Circular, que circulava na Asa Sul e na Asa Norte. A UnB fica na Asa Norte, descia no ponto da 407N em geral, em frente da Loja Rosacruz Amorc de Brasília e da Fundação Educacional do Distrito Federal, atrás está a UnB, aí cada um procurava o seu rumo à FT, FA, minhocão (ICC-Norte e ICC-Sul), FS, CO, ou seja, Faculdade de tecnologia, prédio da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, Instituto Central de Ciências (se não falar minhocão quase ninguém sabe dizer onde fica e como é chato achar sala no ICC), Faculdade de Saúde, Centro Olímpico. Para cada uma destas unidades outro monte de siglas. REL, ADM, CIC, ECO, DIR, etc., Departamento de Relações Internacionais e Ciência Política, Departamento de Administração, Departamento de Ciências Contábeis, Departamento de Economia, Departamento de Direito (hoje Faculdade da Direito). A FA era uma zona, um pedaço ficava no prédio da FA, outra parte no minhocão. A alocação de espaço na UnB só não é mais confusa que a organização de Institutos e faculdades, agora está melhorando. A FA fica numa altitude acima em relação ao minhocão e por lá estarem os cursos de Direito e Relações Internacionais era sempre mal falada como Olimpo e pessoal que estudava lá considerado meio metido. A UnB tem biblioteca central, a BCE, outra sigla, a Biblioteca Central dos Estudantes. E em tempos de Hugo Chávez, há um busto de Simón Bolívar logo chegando à Biblioteca. Como disse um professor de lá tudo o que se faz com a Venezuela leva o nome de Bolívar, exceto a cátedra Andrés Bello, que levou o nome de quem? No minhocão fica o ceubinho, o nome vem de uma faculdade de Brasília, onde o primo do meu pai do começo da história trabalha, o CEUB. O ceubinho é local onde não há nenhum pensamento, onde os alunos ficam só enrolando, batendo papo, daí a maldade. No ceubinho fica a livraria do Chiquinho, o último lugar onde vc deve ir se estiver com pressa para conseguir um livro. Ele vai te dizer que consegue o livro para amanhã, mas ele nunca consegue. Como todos sabem neste aspecto, nós não combinamos, passei raiva até descobrir e deixar claro que se ele enrolasse comigo não compraria mais lá, pelo menos comigo quando não dava ele passou a falar a verdade. É uma figura, matou minha amiga de raiva ao me contar o livro que ela havia comprado pra mim, e para piorar eu tinha o livro. A livraria dele é uma bagunça, nem ele consegue encontrar o livro que o cliente procura, várias vezes encontrei o livro que ele procurava para outros clientes por ter boa memória visual, porque não tinha nenhuma lógica, começava logicamente e logo a lógica sumia.
Agora, vou dizer uma heresia, o local que eu mais gosto de Brasília é o Congresso Nacional. Com absoluta certeza o local que eu mais visitei, claro entre pontos turísticos, a UnB não é ponto turístico. Como já faz alguns anos que não vou a Brasília, faz anos que não vou ao Congresso, a vigilância deve ter aumentado apesar do fato que a entrada na casa do povo deve ser livre. Sempre que eu ia ao Congresso, especialmente se entrava pela Câmara dos Deputados, eu dizia que iria na biblioteca, pois aí não havia nenhuma pergunta, apenas pegavam o seu documento e davam o crachá de visitante. Andei por todos os buracos, por todos os corredores do Congresso, onde não tem nada para os visitantes verem, apenas para saber onde ficava cada sala, cada liderança, muitas vezes não havia ninguém no corredor. Claro que também circulava nos corredores movimentados onde se encontra os repórteres de televisão e os deputados. Na maioria das vezes que visitei a Câmara peguei as enormes esteiras rolantes que levam ao Anexo IV onde está a maioria dos gabinetes dos deputados. Circulando pelos corredores além de ver se há gente trabalhando pode-se ver quais as idéias do deputado (quando as tem) pelos cartazes colados nas portas, parece CA. O anexo IV fica ao lado do bolo de noiva (Q.G. do Collor antes da posse) e anexo do Itamaraty. No Congresso, vc só sabe que passou da Câmara para o Senado porque o tapete passa de verde para preto, significa que vc passou do salão Verde para o salão Negro. Logo quando eu mudei para Brasília era possível passar livremente da Câmara para o Senado. Aí enquanto eu ainda estava na graduação os seguranças começaram a ser chatos, quando vc queria passar do Salão Verde para o Salão Negro sem ter um crachá de identificação do Senado também. Mas era fácil resolver o problema era só descer a escada do Salão Verde para o piso inferior se localiza os bancos salão de beleza, e subir a escada para o Salão Negro depois do ponto onde os seguranças ficavam e pronto. Os seguranças que circulavam pelo Senado nunca olhariam o seu crachá. Aí eu podia circular por todas as Alas, assistir às audiências livres e ir à Biblioteca do Senado, Biblioteca Luiz Viana Filho (desconheço o nome da Biblioteca da Câmara apesar de ter ido mais lá). O único lugar que sempre foi difícil para ir é o Plenário, pois só é possível quando os deputados não estão lá. Hoje já mais segurança, da última vez que fui, o segurança do Senado queria que eu saísse fosse a uma entrada do Senado pegar um crachá do Senado, tentei passar pelo subsolo e também não funcionou, desisti de visitar o Senado. Construir Brasília foi um acerto de JK, não levar a idéia ao seu limite um dos problemas, TODA a administração pública federal deveria ter sido transferida para Brasília.
É verdade, em Brasília, as pessoas desejam prestar um concurso público. Mas em outras partes do país também querem. Não é uma questão de comodismo, reflete o fato de que o trabalho no emprego público é melhor. Do mesmo modo que numa cidade como São Paulo, os meus alunos vivem para trainee. O que desejam é o mesmo, a obsessão muda porque a oportunidade para concurso em São Paulo é menor e a possibilidade de fazer trainee e carreira em empresa privada é praticamente zero. O resto é preconceito. A maior parte da população não está empregada no setor público, mas está ligada a ele, pois o setor privado é de pequenos negócios basicamente não há alternativa. Há uma enorme quantidade de pessoas que fazem concurso pelo conformismo, conheço muitos. Mas também já conheci, reconheço que muito menos, quem faça por idealismo, queira trabalhar para o Estado e a sociedade, o problema é que o Estado não favorece em nada a vida destes.

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