"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?
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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Até logo, Lula! Boa sorte, Dilma!

O governo Lula termina com sua popularidade atingindo o auge. E, apesar disso, há uma polarização muito grande em torno de Lula e seu governo. Os antipetistas militantes, a direita militante, que esperavam um fracasso retumbante do governo Lula foram colocados para escanteio pela dinâmica política vivida pelo Brasil nos últimos anos. Esperavam vencer as eleições de 2006 no bojo do mensalão e estavam tão certos disso que nem se preocuparam em escolher um candidato viável, de expressão nacional. Derrotados, com o encolhimento do candidato de oposição no segundo turno, esperavam que Lula fosse um governante débil durante todo seu segundo mandato, que fosse colocado nas cordas e refém dos outros atores políticos. Entretanto isso não ocorreu, livre das principais lideranças petistas que deixaram o governo pelos escândalos no primeiro governo, Lula parece ter sentido livre para seguir as escolhas pessoais, agir de acordo com o seu feeling e não de acordo com as estratégias definidas pelo staff petista. Com isso, ao contrário do que a oposição esperava, Lula retomou a iniciativa política, saiu do córner, e colocou lá a oposição que em nenhum momento soube como reagir ao peso da popularidade do governo Lula. De fato, o governante aprovado de forma retumbante pela população é o Lula do segundo mandato. Entretanto, a polarização política não diminui, os grupos minoritários foram crescentemente adotando uma posição sectária e por terem grande controle da grande mídia ganham uma repercussão muito maior do que a sua expressão social. Na grande mídia, a massa de eleitores e apoiadores do governo não têm voz, estão calados, quando são lembrados é para mostrar como foram iludidos pelo governo e que são incapazes de avaliar se a sua vida melhorou ou não durante o governo Lula. Neste quadro de polarização é difícil fazer um balanço realista sobre o legado do governo Lula.
O governo Lula mudou estruturalmente a economia brasileira? Encaminhou uma mudança estrutural da economia brasileira? Não. E este é seu maior pecado. Das promessas de campanha do PT ao longo do tempo, o descumprimento desta é que o efeito mais nefasto. Houve uma passividade muito grande, aceitou-se o status quo, e procurou-se aproveitar o máximo possível os frutos que ele pode proporcionar num período favorável da economia mundial. A escolha de Antonio Palocci para ministro da Fazenda no primeiro mandato e a permanência de Henrique Meirelles durante todo o período Lula no Banco Central favoreceram a opção por uma política minimalista, sem grandes objetivos além do controle da inflação. No segundo mandato, houve ações mais complexas, mas ainda de baixa impacto, sem mudanças estruturais.
Sendo assim, também não se pode dizer que o governo Lula tenha alterado a inserção econômica internacional do Brasil. Ao contrário, ela foi reforçada. E o pior que foi reforçada por um erro de diagnóstico. Antes de chegar ao poder, o PT mostrava certa ilusão em relação asa possibilidades de integração com a União Europeia. Esperava-se que uma integração Mercosul-União Europeia ocorresse de acordo com os valores que pautaram a integração na Europa, o que faria com este fosse muito melhor não apenas do ponto de vista econômico e comercial, mas também, político, ético em relação à integração com os EUA. No poder, o governo petista constata que uma aproximação com a União Europeia não seguirá o modelo idealizado. Mas ao invés de abandonar o idealismo de qualquer natureza, houve uma idealização da China, do seu papel nas relações internacionais e na economia mundial. Então ao invés de agir para se proteger da China, o Brasil se expôs, favoreceu uma maior “commoditização” da economia brasileira e da pauta de exportações do país ao aprofundar as relações com a China. Nada de inovador. Especialmente para um país que atuou fortemente na OMC.
Alguns intelectuais próximos ao governo argumentam, defendendo o governo, que o discurso liberal do governo na OMC nunca foi para valer, não se desejava de fato uma liberalização, mas impedir o avanço das negociações para o Brasil não ter que abrir os seus mercados. Ou seja, a defesa da liberalização dos mercados de produtos agrícolas dos países ricos não significaria que o Brasil tenha feito uma opção por uma inserção econômica internacional subalterna, mas serei uma tática. Entretanto, o padrão de relações com a China torna difícil aceitar este argumento. O Brasil favoreceu a exportação de bens de baixo valor agregado e não defendeu a indústria nacional exceto com algumas políticas circunstanciais.
Por outro lado, as ações do governo Lula nos fóruns internacionais deram uma importância ao Brasil que ele nunca havia tido. Se do ponto de vista econômico, o governo não mudou em nada a inserção internacional do país. Do ponto de vista político, e portanto, conjunturalmente, o governo deu um status ao Brasil que ele nunca teve. Sempre se dizia do Brasil ser um global trader por ter um comércio exterior distribuído entre as diferentes regiões do mundo. Hoje o governo Lula fez do Brasil um global player na política internacional, o Brasil deixou de ser meramente um ator regional para ter peso na política internacional, ainda que este papel encontre um limite claro no fato do Brasil não ser uma grande potência militarmente. E por isso, este papel político do Brasil pode ter sido apenas um movimento conjuntural e não uma mudança estrutural da posição do Brasil na política internacional. A consolidação desse novo papel do Brasil na política internacional dependerá muito da política externa adotada pelo governo da presidente Dilma Roussef, se o ativismo do período Lula-Amorim-Garcia não for mantido, a projeção política internacional do Brasil será esvaziada.
A retirada de milhões de pessoas da pobreza é avaliada como a maior conquista do governo Lula e as políticas sociais se colocam como o principal avanço do governo. Entretanto, estas conquistas foram realizadas por políticas de complementação de renda, que são importantes e resolvem de imediato o problema das famílias, e em termos locais geram até mesmo algum dinamismo econômico. Entretanto, a máquina de gerar pobreza que é a economia brasileira não foi desmontada, não foi reconstruída sobre outras bases, sendo assim, não se pode dizer que esta foi uma conquista definitiva, dependem diretamente da capacidade do governo destinar recursos orçamentários para esta finalidade, e é improvável que a capacidade do governo fazer isso continue se ampliando no futuro. Portanto, um desafio para o governo de Dilma Roussef é fazer com que esta mudança de nível de renda deixe de ser uma conquista apenas da política social, mas se torne uma conquista de uma nova dinâmica da economia brasileira.
A corrupção foi um problema no governo Lula? Foi, mas não me parece ter sido um problema maior do que foi nos governos anteriores. A corrupção agora teve mais impacto midiático em função dos segmentos minoritários e sectários antipetistas terem um controle muito grande da grande imprensa. Apenas a militância antiLula e antiPT da revista Veja já é suficiente para dar uma dimensão maior ao que ocorre no governo. Alguém pode argumentar, que nos anos 90, as redações estavam impregnadas de petistas e que os políticos do PT abasteciam a imprensa com denúncias. Isso é verdade. Entretanto, as divergências políticas não geraram nem uma polarização radicalizada e sectária, e nem a divergência ideológica foi transformada em um discurso de princípios contra a pessoa do presidente FHC nem contra o PSDB como ocorreu no governo atual. A corrupção no governo FHC não foi em nenhum momento tratada como algo intrínseco ao FHC e ao PSDB como se faz em relação ao Lula e o PT. Neste sentido, a corrupção no governo Lula foi superdimensionada em função das características que a luta política assumiu no governo Lula por parte da oposição e do PT. A oposição no governo FHC também não tinha voz e espaço no Congresso, era minoritária, mas a imprensa não se colocou no papel de oposição como setores da imprensa se colocaram quando a oposição parlamentar ficou enfraquecida. Por outro lado, o combate à corrupção foi subdimensionado no governo Lula, as operações sistemáticas da Polícia Federal no país todo não podem ser ignoradas e não foram apenas midiáticas ou violaram a democracia como muitas vezes se insistiu em dizer para não reconhecer os méritos no combate à corrupção por parte do governo Lula.
Diante do legado do governo Lula, os desafios principais do governo Dilma seriam:
1. Iniciar a mudança estrutural da economia brasileira e de sua inserção internacional, modificando entre outras coisas, a pauta de exportações;
2. É urgente resolver a questão cambial no Brasil, seria um ótimo momento para se introduzir o controle cambial.
3. Consolidar a mudança da posição do Brasil na política internacional;
4. Tornar estrutural, a mudança de faixa de renda de amplas camadas da população ocorridas através de políticas de transferência de renda;
5. Reagir ao avanço chinês na América do Sul aprofundando a integração econômica, política e a internacionalização das empresas brasileiras.
6. Aprofundar a Unasul, e definir claramente o papel do Mercosul na política brasileira para a América do Sul diante do desenvolvimento dos novos projetos.
7. Definição de uma política realista em relação aos Brics, especialmente agora que se criou um acordo a partir desta temática e se convida a África do Sul. É preciso ter claro que a China não é a mesma coisa que os demais, e num outro nível a Rússia também não.
8. É impossível a Dilma fazer um governo que seja percebido pela população como melhor do que o do Lula por causa do mito que se criou em torno dele, mas ela não pode ser uma decepção, um anticlímax.

Ainda que tenha dito que não está pensando em ser candidato, é muito improvável que o Lula não seja candidato em 2014. O cenário teria que mudar muito, o governo Dilma ser avaliado melhor do que o dele, se descobrir vários casos de corrupção envolvendo diretamente o ex-presidente, ou ainda ser acometido de uma grave doença que inviabilize permanecer na vida pública. Fora destas situações improváveis, Lula deve ser candidato em 2014. E se for seguido script normal em política, Dilma fará ajustes e correções que podem ser conjunturalmente impopulares e Lula colherá os frutos. De todo modo, ao fim da longa era Lula, do ciclo político presidencial de Lula e do PT iniciado em 1989 e concluído em 2014, 2018, ou 2022 (no cenário atual de estabilidade política que o Brasil vive há alguns anos seria bastante provável), o Brasil não será o mesmo.

domingo, 26 de setembro de 2010

Petrobras, recuperação do Estado, modelo para o México

Bajo la Lupa

La mayor oferta accionaria de la historia: la desprivatización de Petrobras

Alfredo Jalife-Rahme

Será muy difícil que el genial astrofísico británico Steven Hawking persuada a los brasileños de que Dios no existe (news.yahoo. com, 2/9/10), cuando hasta aseveran que su identidad es carioca.

Ahora estarán más convencidos que Dios es brasileño cuando descolgaron la mayor oferta accionaria de la historia, al haber desbancado las similares operaciones bursátiles de Japón y China, mediante la venta de acciones de la empresa mixta de control estatal, Petrobras, por 70 mil millones de dólares (datos de Reuters que The Financial Times reduce a 67 mil millones, 24/9/10) y que incrementa su control de 40 por ciento a 48 por ciento, según el ministro brasileño de Finanzas, Guido Mantega.

Del total, 42 mil 500 millones de dólares irán directo a las arcas del gobierno por el canje de los derechos de 5 mil millones de barriles de petróleo pre-sal, es decir, 10 por ciento del oro negro recién descubierto en las profundidades del océano Atlántico debajo de un piso de sal y que se calculan en 50 mil millones de barriles –por cierto, el equivalente del hilarante tesoro de Calderón quien, para no variar, ha contribuido con sus antecesores clones neoliberales al desastre energético de México, en general, y de Pemex, en particular.

Las acciones de Petrobras se habían desplomado 25 por ciento debido a la molestia de los accionistas privados de Nueva York y la City, quienes pretendieron sabotear la oferta accionaria que diluía su participación minoritaria (que deseaban en una fase ulterior transformar en mayoritaria controladora).

Fue el megaespeculador cosmopolita George Soros quien encabezó la estampida contra Brasil al soltar un suculento paquete de acciones de Petrobras a las hienas bursátiles (Bloomberg, 14/8/10).

Soros –presunto controlador del ex canciller foxiano Jorge Castañeda Gutman con otros tutti quanti que despachan desde la Torre Omega (presunto edificio de blanqueo del Irán-contras) hasta la Torre Mayor: ambas torres ubicadas en Paseo de la Reforma de la ciudad de México)–, navega con travestismo de filántropo cuando el perturbador libro La guerra de las divisas, del chino Song Hongbing (ver Bajo la Lupa, 22/9/10) lo desnuda como vulgar instrumento de las jugadas financieras letales de los banqueros esclavistas Rothschild (The Financial Times dixit).

La perturbación de los circuitos financieros anglosajones es desgarradora y uno de sus voceros globales, The Financial Times, no lo oculta (lleva un mes de jeremiadas al respecto) al tildar la oferta como una desprivatización (sic) que favorece el control estatal mediante la supraempresa a 100 por ciento estatal Petrosal (Bajo la Lupa, 6/9/09) que controla la propiedad catastral y jurídica del tesoro brasileño en las aguas profundas, mientras Petrobras se consagra a su operación extractiva.

El nominal control estatal siempre ha existido discutiblemente, pero era meramente decorativo y no implica sus alcances efectivos que proveen ahora tanto la dilución privada del restante de las acciones de Petrobras como la supremacía catastral y jurídica de Petrosal.

Es comprensible que a los patrones de Soros (los Rothschild), ya no se diga a sus marionetas tropicales/locales que abominan todo aquello que huela a BRIC (acrónimo de Brasil, Rusia, India y China), les perturbe la desprivatización de Petrobras que significa una derrota geopolítica mayúscula a los intereses israelí-anglosajones de la City y Nueva York (en ese orden) que no digieren la alianza muy creativa del BIT (Brasil, Turquía e Irán; ver Bajo la Lupa,19/5/10).

Jonathan Wheatley, reportero de The Financial Times (24/9/10), coloca en el foco de la acción al presidente Luis Inacio Lula da Silva, quien desde el piso de remates de la bolsa de Sao Paulo exclamó: No era Francfort. No era Londres. No era Nueva York. Fue aquí en Sao Paulo. ¡Olé!

Foto

De izquierda a derecha: el ministro de Finanzas de Brasil, Guido Mantega; el mandatario Lula da Silva; el presidente de Petrobras, Sergio Gabrielli, y Edemir Pinto, presidente de la bolsa de Sao Paulo, el viernes pasado antes de la apertura de operaciones en esa sedeFoto Ap

Las palabras de Lula resonaron en todos los rincones del planeta con excepción del país de los sordos y ciegos de la sindéresis, pero de pletóricos locuaces frívolos, al que después de dos centenarios los neoliberales convirtieron a México: En contraste con el pasado (sic), no estamos aquí para debilitar al Estado, o para rematar (sic) los activos públicos. Un Estado débil nunca ha sido sinónimo de un sector privado poderoso. Otro ¡Olé!

El disgustado Wheatley explaya que el gobierno saliente de Lula recibirá casi 24 mil 500 millones de dólares de capital fresco, como contribución vital a su ambicioso programa de inversiones, la mayor exploración petrolera del mundo, por 224 mil millones de dólares en los próximos cuatro años, mientras conserva así su autoimpuesto techo de endeudamiento a 35 por ciento.

Wheatley, quien habla en nombre de los inversionistas privados anónimos, muy bien representados por su periódico, comenta el temor (sic) de que el gobierno usaría la oferta accionaria para incrementar su control de Petrobras al reducir la participación de una minoría de accionistas. ¡Todo lo contrario de lo que ejecutan (en el doble sentido del verbo) los neoliberales priístas y panistas con Pemex cada vez más desmantelado!

La mayor oferta accionaria de la historia fue sobresuscrita en más de 20 mil millones de dólares, casi 30 por ciento, por lo que hay que aprovechar al mercado que ahora anda caliente en búsqueda de papel brasileño.

Es probable que después del triunfo electoral de Dilma Rousseff, candidata ungida por Lula para preservar el patrimonio petrolero estatal de los brasileños, Petrobras lance otra oferta que seguramente se pelearán los Fondos Soberanos de Riqueza (SWF, por sus siglas en inglés”) –fondos con sumas monumentales propiedad de los estados que participan en las bolsas globales.

Amén que los SWF, primordialmente provenientes de Medio-Oriente y Asia, exhibieron su poderosa musculatura bursátil durante la mayor oferta accionaria de la historia, Wheatley conjetura que “entidades (sic) del sector público (sic) de Brasil adquirieron 65 por ciento de las acciones vendidas.

¿Bien usó Brasil parte de sus reservas foráneas de divisas, octavo lugar mundial, que ascienden a 273 mil millones de dólares (hasta el 10/9/10, Banco Central de Brasil)?

El otrora obrero metalúrgico Lula, merecedor a carta cabal del Premio Nobel de la Paz, no sólo se ha encumbrado como óptimo estadista a escala global (basta compararlo con la diminutez involutiva de los panistas Fox y Calderón y sus gabinetes respectivos: verdaderos voladores Papantla pero sin mástil), sino que, además, le dio el pase presidencial a Dilma Rousseff, eficiente operadora de la desprivatización de Petrobras, según la expoliadora semiótica británica, cuando para nosotros significa primigenia y semiológicamente más una restatización de la linealidad histórica: una dinámica más geopolítica que financierista que ya habíamos advertido y que expusimos ante los sordos y ciegos de la sindéresis pero muy locuaces senadores frívolos del México neoliberal: una cuestión de enfoque filogenético, catastral y jurídico nada despreciable. Porque no se puede desprivatizar lo que fue adquirido por la pirata conquista bursátil durante el neocolonialismo y la desregulada globalización financierista anglosajona.

Lula no desprivatiza, sino restatiza. No es lo mismo.

http://www.jornada.unam.mx/2010/09/26/index.php?section=opinion&article=018o1pol

sábado, 25 de setembro de 2010

O corpo de Lula e o pacto social

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O corpo de Lula e o pacto social

Além de brindar os ‘mais pobres’ no projeto político, presidente tratou de cooptar os ‘muito ricos’

25 de setembro de 2010 | 12h 32

Tales A. M. Ab'Sáber - especial para O Estado

Lula deu início a seu governo declarando de modo desafiador e irônico que surpreenderia fundamentalmente tanto a direita quanto a esquerda. Afora o que há de autocomplacência lépida e demagogia comum na frase, de resto dimensões narcísicas do discurso que o político e seu governo jamais aboliram, há nela, em seu fundo, uma verdade política explícita forte, que acabou por se confirmar historicamente.

O principal da frase não é seu tom paradoxal e triunfante, a célebre tendência falastrona do presidente, da qual ele próprio é autoconsciente, mas a clara referência a fazer uma política que intervenha nos dois polos opostos da vida nacional, o claro desejo de articular os extremos em seu governo, e desde já podemos dizer, em seu corpo, de modo a que as posições políticas limites acabassem por suspender, rever e inverter seus próprios critérios, uma a favor da outra. E de fato este projeto foi desenvolvido, consciente ou inconscientemente, de modo determinado e por golpes do acaso, ao longo de seus dois governos.

Esse foi o paradoxo social e político do governo Lula. Ele foi expresso em duas dimensões: uma, junto à massa de pobres que aderiu pessoalmente ao presidente, como lulismo; outra, como pragmatismo e grande liberdade liberal, tanto para a economia quanto para os velhos e bons negócios da fisiologia e do amplo patrimonialismo brasileiro mais tradicional. O fato de um novo grupo, o do partido do presidente e dos sindicalistas ligados a ele, adentrar o velho condomínio do poder não representava problema suficiente para as velhas estruturas de controle político nacional, ainda mais se isso significasse, como acabou por se confirmar, o fim da tensão classista e contestatória própria à tradição histórica petista.

O fim incondicional da perspectiva de luta de classes do Partido dos Trabalhadores, e sua adesão enquanto partido no poder à tradição política imoral e particularista brasileiras, foi o primeiro e muito importante movimento político realizado pelo governo Lula, em sua busca de consenso em todo o espectro da vida social brasileira. Derrotado o próprio habitus de oposição de seu partido, que chegava ao poder através do corpo transferencial - ou seja, amoroso - de Lula, realizou-se sua primeira grande mágica política: a dissolução de qualquer oposição real ao próprio governo.

Isso por que, de fato, o segundo muito claro e ainda mais fundamental golpe, este de caráter econômico, simplesmente deixou a oposição à direita do governo durante anos sem objeto e sem discurso, para além de sua tradicional e dócil tendência de agregação a todo poder efetivo: Lula entregou inteiramente as grandes balizas macroeconômicas essenciais do país às avaliações e às tensões particulares do mercado interno e global, ao autonomisar na prática o Banco Central, realizando assim uma velha demanda neoliberal e peessedebista, além de colocar em sua direção um verdadeiro banqueiro internacional puro-sangue, Henrique Meirelles, ex-presidente do Bank Boston. Assim ele simplesmente se apropriou sub-repticiamente da árdua herança econômica tucana.

Esse golpe, como não poderia deixar de ser, atingiu profundamente as bases ideológicas e práticas da direita local. Através dele, com um gesto de cordialidade que seria retribuído, Lula simplesmente roubou a verdadeira base social tucana. Além de constelar as classes muito pobres em seu projeto político, o que já foi demonstrado por André Singer, Lula também cooptou amplamente os muito ricos, movimento sem o qual não se pode explicar o grande consenso que se criou ao redor do seu nome. Nas vésperas de sua segunda eleição, grandes banqueiros declaravam explicitamente nos jornais que para eles tanto fazia a vitória de Lula ou de seu rival conservador de então, Geraldo Alckmin. O que, de fato, creio que era uma inverdade. Eles preferiam Lula.

A grande direita econômica se realinhara ao redor de um governo neopopulista de mercado, que buscava realizar seu pacto social, que não foi escrito como o de Moncloa, mas garantido pelo corpo carismático especial de Lula. Era bom um governo a favor de tudo que pacificasse e integrasse as tensões sociais brasileiras tendo como único fiador mágico o corpo transferencial de Lula, a radicalidade de seu carisma.

O terceiro elemento muito poderoso na construção do amplo pacto social lulista foi a tão ampla quanto propagandeada política de bolsas sociais, articulada a uma imensa expansão do crédito popular, que, se não realizou a cidadania plena dos pobres de nenhum modo, lhes deu a importante ilusão de pertença social pela via de algum baixo consumo, o que, dado o estado atual de regressão das coisas humanas, é o único critério suficiente de realização e felicidade. E, também, de realização do próprio mercado e da produção local, que se aquecia, ficando feliz, bem feliz - como foi feliz a própria cultura soft e popzinha cheia de cantoras malemolentes do período. Lula passou a ser um grande agenciador do desejo geral ao ensaiar um mínimo circulo virtuoso na economia, com uma social democracia mínima, fundada de fato sobre o pacto político estranho que realizou. Resultado: certa vez ouvi, no mesmo dia, de um barão banqueiro e da diarista que trabalha em casa a mesma frase: "Lula fez muito bem para o Brasil".

Assim definitivamente, pela desmobilização da tradição crítica, pelos interesses graúdos bem garantidos, com boas perspectivas de negócios, e pelos pobres podendo sentir o gostinho de uma TV de plasma comprada em 30 meses, não havia por que existir, de nenhum modo, oposição política ao governo do então presidente, ex-pau de arara, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-socialista petista. Sua aprovação bateu e se manteve nos 80%, respondendo, de modo desigual, mas combinado, a interesses concretos diversos, articulados em seu corpo garantia, o que, considerando-se as clivagens ainda radicais do País, não deixa de ser uma verdadeira política do absurdo.

Para o desespero dos chiques entre si tupiniquins e paulistanos, Lula também continuou a sinalizar simbolicamente, abertamente, aos pobres com seu antigo habitus de classe, em festas juninas, churrascos com futebol e isopores de cerveja na praia privativa da Presidência, além do famoso futebolês, e assim convencendo-os facilmente e oniricamente, via identificação carismática - seu corpo transferencial - que eles não poderiam esperar nenhum ganho social para além dele, que ele, que era um deles, representava o limite social absoluto dos interesses dos pobres no País.

Ao final do período, um dado fantástico entrou em cena: com a falência adiantada, a partir de 2008, do capitalismo financeiro americano e europeu, o Brasil, com seu governo de esquerda a favor de tudo, se tornou um verdadeiro hype político e econômico global. Pela primeira vez na história deste País, dada a regressão e paralisação geral do sistema internacional, o Brasil, sempre algo avançado e algo regredido nas coisas da civilização, tornou-se "inteiramente contemporâneo" do momento atual do capitalismo global, que, em grande dívida consigo mesmo, não representava mais medida externa para países periféricos como o nosso. Noutras palavras, o capitalismo geral deu um grande passo na direção de sua brasilianização.

Assim, era necessário que surgisse tanto um novo modelo conservador que desse conta da avançada ruína neoliberal quanto uma injeção de esperança econômica para a crise geral, e nada como um bem-comportado mercado emergente como o brasileiro, satisfeito e integralmente convencido pelo sistema das mercadorias, para reanimar a ideologia mais ampla. Tudo isso Lula amarrou em seu amplo pacto, tramado em seu corpo retórico, que também tinha um grande potencial simbólico pop para a indústria cultural global, significante advindo do todo, nada estudado pelos cientistas sociais. Ele virou o cara, para um Obama em busca de alguma referência para o próprio descarrilamento econômico e social de seu mundo.

Enfim, liquidando a oposição, mantendo as práticas políticas fisiológicas tradicionais brasileiras, roubando a base social real da direita, promovendo uma mínima inserção social de massas pela via do consumo, exercitando seu carisma identificatório e pop com os pobres e com a indústria cultural global e servindo como modelo para o momento avançado da crise do capitalismo central, Lula simplesmente rapou a mesa da política nacional. Além, é claro, de sua proverbial estrela: no mesmo período o país descobriu petróleo e foi brindado pelo mercado do fetichismo universal da mercadoria com uma Copa do Mundo e uma Olimpíada! Certamente deve haver algum método, se não muito, em tal ordem fantástica das coisas.

Sua estrela, seu corpo carismático e sua habilidade pragmática, macunaímica para alguns, bras-cubiana para outros, certamente midiática e pós-ética, realizaram, com poucos mortos e feridos - aparentemente, sacrificou-se apenas a perspectiva crítica da esquerda, que é a minha - um verdadeiro pacto social a favor que, enquanto o PT de fato existiu, a direita jamais conseguiu realizar neste país.

TALES A. M. AB’SÁBER É PSICANALISTA E PROFESSOR DE FILOSOFIA DA PSICANÁLISE NO CURSO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO (UNIFESP). É AUTOR DE O SONHAR RESTAURADO - FORMAS DO SONHAR EM BION, WINNICOTT E FREUD (ED. 34, 2005)

http://www.estadao.com.br/noticias/suplementos,o-corpo-de-lula-e-o-pacto-social,615209,0.htm

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Serra: candidato a prefeito ou a presidente?

09/09/2010 - 21h15

Na TV, Serra promete expandir Bilhete Único, criação de Marta Suplicy, para todo o Brasil

Diego Salmen
Do UOL Eleições
Em São Paulo

O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, utilizou seu horário eleitoral desta quinta-feira (9) para prometer a expansão do Bilhete Único de São Paulo para o restante do Brasil.

"E nas grandes cidades onde ainda não tiver, nós vamos trabalhar em conjunto com prefeitos e governadores para implementar o sistema do Bilhete Único, assim como fizemos em São Paulo", afirmou Serra. "Em São Paulo, o Bilhete Único funciona em todo sistema de transporte coletivo", completou um narrador.

Há um porém. O Bilhete Único foi criado em 2004 pela rival de Serra, a então prefeita Marta Suplicy, do PT, que no mesmo ano disputou a reeleição e foi derrotada pelo atual presidenciável tucano.

Pelo modelo vigente na capital paulista, o passageiro pode fazer até quatro viagens com a mesma tarifa em um espaço de tempo de três horas. Também é possível utilizar trem e metrô, embora nesses casos o número de viagens permitidas seja menor.

No início, o benefício só era aceito nos ônibus da capital paulista, mas foi ampliado para a rede metropolitana de trens e o metrô paulistano após a chegada de Serra à prefeitura, quando fez uma parceria com então governador e hoje candidato ao Palácio dos Bandeirantes Geraldo Alckmin (PSDB).

O restante da propaganada do tucano foi centrada nà área de transportes. A peça exibiu obras do metrô financiadas pelo governo federal no Nordeste e que estão atrasadas. "São Paulo, ao contrário dos outros Estados, investiu pesado no metrô", disse o candidato, que prometeu tirar o imposto (sem especificar qual) sobre o combustível dos ônibus para reduzir as tarifas do transporte coletivo no país.

Em sua propaganda, a petista Dilma Rousseff disse que irá apoiar os agricultores se eleita, além de retomar as promessas de "lutar para acabar com a miséria no Brasil" e de "concluir todas as grandes obras em andamento".

Por sua vez, a candidata do PV, Marina Silva, atacou os dois principais candidatos por ficarem "brigando para se eternizar no poder". "O pior é que são iguais, defendem um tipo de crescimento sem responsabilidade com o seu futuro e o futuro do país", afirmou.

http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/09/09/na-tv-serra-promete-expandir-bilhete-unico-criacao-de-marta-suplicy-para-todo-o-brasil.jhtm

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dilma mobiliza até a Bulgária!

São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2010

 


Eleição no Brasil provoca "febre Dilma" na Bulgária

Mídia local fala da possibilidade de "búlgara presidir a 7ª economia do mundo"

"Tento explicar para os jornalistas que ela não é búlgara", afirma Paulo Américo Wolowski, embaixador do Brasil
VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A SÓFIA
A Bulgária vive uma "febre Dilma". Jornais, revistas e televisões acompanham o dia a dia da campanha no Brasil, e muitos jornalistas já estão de malas prontas para cobrir in loco a possível eleição de uma "búlgara para presidir a sétima maior economia do mundo".
Se o Quênia festejou a vitória de Barack Obama, que tem pai queniano, a Bulgária quer festejar a de Dilma, que tem pai búlgaro.
"Somos um país muito pequeno, e a possibilidade de alguém que teve um pai búlgaro ocupar um cargo tão importante nos deixa emocionados", afirma Jorge Nalbantov, apresentador da TV7, que viajará ao Brasil para fazer a cobertura da eleição presidencial.
A Bulgária tem cerca de 7,5 milhões de habitantes, população que vem caindo devido à migração e à baixa taxa de natalidade (1,4 filho por mulher, em média). Há dez anos, eram 8,1 milhões de habitantes.
Dilma é descrita pelos meios de comunicação como "dama de ferro", "Margaret Thatcher brasileira" e "toda-poderosa do governo Lula".
Algumas vezes foi chamada erroneamente de "primeira-ministra do Brasil".
Certas reportagens citam sua participação em grupos da luta armada e no roubo, em julho de 1969, do "cofre do Adhemar", que teria pertencido ao ex-governador de São Paulo e que era guardado no Rio. Essa operação foi organizada pela VAR-Palmares, na qual a ex-ministra militou, mas ela nega ter participado do roubo.
Na última quinta-feira, um dos principais jornais de Sófia, o "Trud" (algo como o trabalhador), dedicou duas páginas inteiras à ex-ministra e suas raízes búlgaras.
ABRAÇOS À BULGÁRIA
No sábado, o mesmo jornal trouxe mais uma grande reportagem com o título: "Dilma Rousseff: Quero Mandar Abraços para a Bulgária". Era baseada numa resposta dada pela candidata após entrevista no SBT.
Segundo o "Trud", Dilma disse que ir à Bulgária é uma de suas prioridades e que desejava mandar uma abraço a todos os búlgaros.
Alguns jornais e programas de televisão dizem que ela é búlgara, apesar de a candidata nunca ter ido ao país e de não falar búlgaro.
Já foram publicados títulos como: "Uma búlgara pode ser presidente do Brasil".
"Eu tento explicar para os jornalistas que ela não é búlgara, assim como não sou polonês", afirma Paulo Américo Wolowski, embaixador do Brasil em Sófia e que viu explodir o interesse da mídia local pelo Brasil.
EM BUSCA DE HERÓIS
Para Rumen Stoyanov, professor de literatura da Universidade de Sófia, a Bulgária sente falta de figuras ilustres.
"Nós precisamos de heróis. Somos um povo pequeno, que está diminuindo porque o búlgaro não quer ter filho. Por isso, é importante que ressaltemos o exemplo de alguém com sangue búlgaro com destaque fora do país", afirma Stoyanov.
Dilma não é a primeira "semi-búlgara" a ser festejada na Bulgária. Entre os heróis nacionais está John Vincent Atanasoff, considerado o inventor do computador digital. Ele nasceu e viveu a vida toda nos EUA. Mas tinha, claro, um pai búlgaro.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po0609201026.htm

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sebastião Nery: histórias da política brasileira

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http://www.sebastiaonery.com.br/

Para uma visão leve e cheia de causos da política brasileira, os artigos e livros do jornalista Sebastião Nery são excelentes, a despeito da posição política dele ser muitas vezes equivocada.

 

 

HISTORIAS DE JEQUIÉ , LOMANTO E GETULIO

RIO – Pálido, os olhos tristes e a alma cansada, Getulio Vargas desceu em Belo Horizonte, na tarde de 12 de agosto de 1954, a convite do solidário governador Juscelino Kubitschek, para inaugurar a siderúrgica Mannesman. O Rio pegava fogo com o inquérito da Aeronáutica (a “Republica do Galeão”) contra os que tentaram matar Lacerda.

Liderados pelos comunistas e udenistas, nós estudantes, com lenços amarrados na boca, impedimos que Vargas atravessasse a cidade pela Avenida Afonso Pena, sendo o cortejo presidencial obrigado a seguir pela Avenida Paraná e tomar a Avenida Amazonas até a Cidade Industrial.

No palanque, ao lado do governador e dos colegas jornalistas, vi bem suas mãos tremulas mas a voz forte. Vargas deu seu recado aos inimigos:

- “Advirto aos eternos fomentadores da provocação e da desordem que saberei resistir a todas e quaisquer tentativas de perturbação da paz”.

***

Da inauguração, Getulio foi direto para o palácio das Mangabeiras. Não conseguiu dormir, segundo confessou depois a Juscelino. Depois do café da manhã, antes de voltar para o Rio, de pé, sorrindo discretamente, com seu indefectível charuto, ao lado de JK, Getulio nos cumprimentou, um a um, e disse algumas palavras aos poucos jornalistas ali presentes.

Eu era o mais novo, fiquei na ponta. Achei sua mão gordinha e fria:

- É muito jovem. De que Estado você é?

- Da Bahia, presidente. De Jaguaquara.

- Onde fica?

- Entre Salvador e Ilhéus, perto de Jequié.

Ele parou, pensou um pouco :

- Jequié, Jequié. Conheci o jovem prefeito de lá. Conversamos, me deixou uma boa impressão. É um rapaz de futuro.

- É o Lomanto, presidente.

- Pois é, um rapaz de futuro.

Despediu-se com seu discreto e distante sorriso e a mão gordinha e fria.

2. – NEWTON PINTO E LAFAIETE

Lafaiete Coutinho, paraibano, grande, simpático, medico, udenista baiano, deputado estadual e duas vezes federal pela UDN da Bahia (de 47 a 59), secretario de Segurança do governo Balbino e secretario da Agricultura do governo Juracy, estava em uma solenidade no Fórum de Salvador quando o tambem medico Newton Pinto, ex-prefeito de Jequié e deputado estadual, sábio, doutor em misterios, viu a palma de sua mão:

- Lafaiete, você é um homem de coragem? Posso dizer uma coisa?

- Pode, Newton. O que você quiser. Lá vem você com sua quiromancia (Aurélio : - “Adivinhação pela leitura das palmas das mãos”).

- Então arrume sua vida,porque você só tem poucas semanas de vida.

Lafaiete deu uma gargalhada.

***

Era 1959, o presidente Juscelino Kubitschek e o governador da Bahia, Juracy Magalhães, estavam empenhados em arranjar um candidato que unisse a UDN, o PTB e até mesmo o PSD, para impedir que a UDN lançasse Jânio para presidente. Juscelino e Juracy achavam que podia ser Juracy,mas aceitavam Osvaldo Aranha,do PTB, amigo dos dois e de Jango.

Juracy mandou Lafaiete ao Rio Grande do Sul perguntar a João Goulart, vice-presidente de Juscelino e líder absoluto do PTB, se aceitava Osvaldo Aranha como candidato de união nacional, com apoio de JK.

Na véspera da viagem, jornalista politico de “A Tarde”, ao lado da secretaria da Agricutlura, ali na praça Castro Alves, entrei no gabinete de Lafaiete, que me contou a conversa com Newton Pinto e me interrogou :

- Você, que passou oito anos no seminário e estudou essas coisas todas, acredita em quiromancia, o destino traçado nas linhas das mãos?

- Nem acredito nem desacredito. Mas não me meto.

Ele deu uma gargalhada :

- Então estou a caminho da morte. Vou a amanhã a Porto Alegre e, de lá, pegar um aviãozinho qualquer para chegar à fazenda do Jango, em São Borja. Não gosto de avião pequeno. Mas não tem outro jeito.Vou em missão política do Juracy, não posso dizer nada, na volta te conto.

***

Lafaiete foi, conversou, voltou em um sábado, e do aeroporto de Salvador seguiu direto para o palácio da Aclamação, comeu uma feijoada com Juracy, e lhe contou a conversa toda, inclusive a resposta de Jango :

- Diga ao governador Juracy que gosto muito do doutor Osvaldo Aranha, amigo fiel do ex-presidente Vargas até o ultimo instante e meu amigo também. Mas a política do Rio Grande é um terreiro, que só dá para um galo só. Se ele se elege, me aposenta, acabou minha liderança.

Lafaiete pegou o carro oficial e foi para casa, na Graça.

Quando tocou a campainha, caiu morto na varanda.

Newton Pinto sabe da vida e da morte.

http://www.sebastiaonery.com.br/visualizar.jsp?id=1094

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Qual seria a política externa de José Serra?

Qual seria a política externa de José Serra?

Dificilmente a lógica da política externa do candidato tucano escaparia de uma volta ao passado, com danos para a integração da América Latina e benefícios para a estratégia norte-americana na região. A trajetória histórica é suficiente para se afirmar que o Brasil dos planos de Serra possivelmente abdicaria de pretensões autonomistas, para se reinserir como sócio menor do campo hegemônico. Mesmo que, por ora, o candidato mantenha sua posição protegida pelo silêncio eleitoral. O artigo é de Breno Altman.

Breno Altman - Opera Mundi

Data: 26/08/2010

O biombo mercadológico das campanhas eleitorais esconde, por diversas vezes, discussões importantes. Não é comum, afinal, que temas de pouco apelo popular sejam tratados com desenvoltura no horário eleitoral e nos debates entre candidatos. Um desses assuntos condenados ao desterro é a política internacional, apesar de sua relevância estratégica.
Essa agenda, até agora, não foi efetivamente abordada por nenhuma das duas candidaturas que polarizam a sucessão presidencial. Obviamente são mais fáceis de identificar opiniões da postulante governista, Dilma Rousseff, pois prega abertamente a continuidade do que foi feito nos últimos oito anos. Mas o silêncio do candidato oposicionista, José Serra, obriga que se mexa nas gavetas para conhecermos seu ponto de vista.
A bem da verdade, deu declarações acidamente críticas contra o Mercosul, insinuou o comprometimento do governo boliviano com o narcotráfico e entrou na onda de relacionar o PT com a guerrilha colombiana. Não há nessas diatribes, porém, idéias consistentes. Talvez o melhor caminho para encontrá-las seja realizar o diagnóstico da política internacional seguida por Fernando Henrique Cardoso, da qual Serra é herdeiro natural.
A coluna vertebral da orientação cumprida pelo Itamaraty entre 1995-2002 está em antigo raciocínio do então presidente. Para ele, o desenvolvimento da economia brasileira somente poderia ocorrer sob a égide da dependência, através da associação com os grandes centros capitalistas. Sem essa aliança subalterna, escreveu o renomado sociólogo, não seria possível obter os fluxos de investimento e comércio necessários à modernização nacional.
Trata-se de profunda injustiça acusar o ex-mandatário de ter rasgado o que, no passado, havia escrito, pois executou sua concepção ao pé da letra. Não aderiu às chamadas práticas neoliberais pela via conservadora, mas como conseqüência de suas próprias pesquisas. O pensamento de FHC levou ao amálgama entre o partido dos tucanos e setores da direita tradicional, cujos reflexos se manifestaram tanto na economia quanto na política externa.
A atração de investimentos externos, nesse modelo, pressupunha ousado programa de desregulamentações, privatizações e desnacionalizações. Os ativos brasileiros, estatais e privados, além das taxas de juros oferecidas pelos títulos públicos, deveriam ser os instrumentos fundamentais de sedução ao capital estrangeiro. O Estado deveria, por fim, se resumir ao papel de comitê gestor desses negócios, nos quais aos empresários brasileiros seria oferecida a perspectiva de progredir como sócios minoritários da globalização.
Esse desenho econômico exigia ações correspondentes no plano internacional. A diplomacia deveria estar focada no estreitamento das relações com os chamados países desenvolvidos, especialmente Estados Unidos e União Européia, reduzindo ao máximo possível todas as arestas e conflitos que atrapalhassem a importação de capitais e a ampliação de crédito juntos às principais instituições financeiras mundiais.
Tal concepção, que situava o motor do desenvolvimento fora das fronteiras nacionais, tampouco era amigável a políticas de integração regional ou de relação com o hemisfério sul. A América Latina e a África, por exemplo, eram vistas apenas como espaços comerciais que poderiam ser ocupados se os fluxos mundiais robustecessem as empresas brasileiras. No máximo, regiões para onde poderiam ser exportados capitais excedentes das grandes companhias.
O objeto do desejo de FHC era a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), idealizada pelo governo Clinton em 1994. Correspondia à arquitetura perfeita para sua doutrina: os setores mais frágeis da economia nacional seriam abertos ao capital norte-americano, incluindo os serviços públicos, para que os segmentos mais fortes (particularmente o agronegócio) pudessem ter acesso desimpedido ao ambicionado mercado dos Estados Unidos.
A busca pela simpatia das potências ao norte levou à renúncia de compromissos históricos. O Brasil passou a flertar com o sionismo no Oriente Médio. A aceitar a utilização do tema de direitos humanos para marginalizar países que confrontassem a Casa Branca. A ser omisso diante de agressões militares contra nações, como a antiga Iugoslávia e o Iraque, que se rebelassem contra a ordem mundial fixada após o colapso da União Soviética.
Essa política internacional foi interrompida com a eleição de Lula, cristalizando aquela que talvez seja a maior mudança que o novo governo promoveu em relação ao anterior. Trata-se de hipótese razoável imaginar que Serra, eleito, promoveria o retorno aos velhos preceitos. Claro que poderia efetivar algumas adaptações, já que não estamos no mesmo mundo dos anos noventa. O naufrágio da Alca, por exemplo, parece irrevogável: mais simples seria o eventual presidente tucano buscar um tratado direto com Washington.
Mas dificilmente a lógica de sua política externa escaparia de uma volta ao passado, com danos para a integração da América Latina e benefícios para a estratégia norte-americana na região. A trajetória histórica é suficiente para se afirmar que o Brasil dos planos de Serra possivelmente abdicaria de pretensões autonomistas, para se reinserir como sócio menor do campo hegemônico. Mesmo que, por ora, o candidato mantenha sua posição protegida pelo silêncio eleitoral.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16911

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Eleição não é reunião de condomínio! Eleição é sonho e futuro!

Entre os muitos erros alimentados pela imprensa brasileira está tratar eleição como reunião de condomínio. Na reunião de condomínio, se discute se os elevadores serão trocados ou não, se haverá reforma na garagem ou não, o quanto vai ser gasto no embelezamento das áreas comuns. Ninguém vai para reunião de condomínio discutir a filosofia da vida urbana em apartamentos, discutir os motivos do isolamento dos moradores, ou os motivos pelos quais não se conhece o vizinho, ou porque viver num edifício não é como morar numa cidadezinha do interior, etc.

Agora eleição é para isso. Eleição presidencial não é uma discussão sobre o trem-bala, ou sobre a pavimentação das rodovias. Eleição presidencial é uma discussão sobre uma filosofia de governo, sobre uma imaginário em relação ao futuro, sobre a sensação que as políticas públicas produzem na vida dos indivíduos, sobre resultados dos governos. Mas resultados não avaliados de forma impessoal e abstrata, mas de forma vivencial, o eleitor vê os resultados do governo na sua vida. Não faz sentido votar no candidato A, B ou C porque ele diz que construirá tantas escolas ou tantas creches. Mas é preciso crer que na filosofia de governo do candidato cabe construir creches e escolas, cabe fazer política social, cabe o desenvolvimento, etc.

A imprensa clama por um debate sobre projetos concretos dos candidatos e não por uma avaliação sobre a continuidade ou não do governo. Mas isto é uma bobagem, quem suporta uma discussão sobre se vai acabar com os pedágios ou qual será o preço dos pedágios ou sobre quantos hospitais serão construídos e onde? E mais, isso depende apenas do cantidato? Estas discussões são improdutivas. Agora o eleitor está avaliando sim as propostas dos candidatos, o que eleitor olha é, dentro da lógica de governo do Serra cabe as promessas que ele está fazendo de manter e dobrar o bolsa família? O eleitor pensa: “estou satisfeito com as políticas atuais, com o governo atual; o governo fez tudo o que prometeu? não. mas governou dentro de um lógica, criou um ambiente político, econômico, social que me favorece. qual candidato governará no mesmo caminho, conseguirá fazer a mesma coisa, qual candidato tem credibilidade, não em relação às propostas concretas, mas aos princípios do governo?” E é isto que os candidatos procuram responde na campanha, e é por isso que a campanha da Dilma saiu vitoriosa, não apenas pela vinculação com o Lula, mas porque desde 2006, a oposição não conseguiu chutar as demandas e anseios do povo para um patamar superior ao levado pelo governo Lula. O Serra veio com o slogan, “o Brasil pode mais”, mas ele não mostrou isso ao longo do caminho. A trajetória da oposição não foi de elevar sonhos, mas na maior parte do tempo criticar conquistas. Notem que enquanto o PT estava na oposição, não facilitavva a vida do governo, mas sempre baseado na idéia que era possível fazer mais e melhor, conseguia fazer um amplo contigente da população sonhar com algo mais mesmo quando perdia a eleição, o objetivo não era apenas vencer, derrotar o adversário, mas realizar um projeto superior. Pouco importa se no governo não executou exatamente este projeto. Por fatores diversos, no governo, Lula e o PT conseguiram jogar as expectativas da população para cima com um conjunto de políticas sociais.

Qual a reação da oposição? Uma crítica rançosa em relação ao governo ignorando a realidade e o eleitorado. O papel da oposição foi tentar podar as expectativas da população em relação ao Brasil, é obnvio que não era possível vencer as eleições assim. Se a oposição quisesse vencer o governo teria que criticar, mostrar os problemas, mas levantar ainda mais as expectativas, os sonhos da população e dos eleitores, mostrar que o governo estava aquém das possibilidades do Brasil. Mas em nenhum momento isso ocorreu, porque era preciso ter um projeto, um sonho para apresentar para os brasileiros e a oposição não tem. O governo brasileiro inicia ações para interferir nas grandes questões internacionais e como responde a oposição? Dizendo que o Brasil deve se preocupar com assuntos perfunctórios, com a pauta de comércio com os EUA, com o agronegócio. Quem mata sonhos, não vence eleições.

sábado, 21 de agosto de 2010

Para o PSDB sobrou se preparar para as eleições de 2018 ou 2022!

Mantida a atual conjuntura, resta para o PSDB começar agora a pensar nas eleições futuras. E pensar nas eleições futuras não significa pensar na eleição de 2014. Sem uma grande mudança, o governo Dilma ser uma catástrofe absoluta, e além disso o Lula abandonar a política por alguma razão grave, a eleição de 2014 também será uma eleição muito, muito difícil para o PSDB, porque ainda que a Dilma seja um fracasso, o Lula ainda terá força para voltar nos braços do povo. Provavelmente para o PSDB, a eleição presidencial de 2014 será utilizada como forma de criação de um nome viável para 2018 ou 2022, será o momento, por exemplo, para tornar o Aécio conhecido nacionalmente. É  hora do PSDB olhar para a experiência do PT que ficou fora do poder por três eleições presidenciais consecutivas, mas foi construindo uma imagem de alternativa, insistindo sempre na mesma candidatura consolidando o Lula como liderança. Obviamente, não é o caso do PSDB insistir no Serra, é preciso abandonar o Serra, e apostar numa nova liderança para o PSDB. A maré de incompetência no PSDB anda tão grande que é possível que se fossem escolher alguém agora, escolheriam o Alckmin. Pessoalmente não apostaria nem no Alckmin nem no Aécio, mas fora os dois quem o PSDB tem? Creio que nas circunstâncias atuais, apesar do Alckmin ter chances quase nulas de vir a ser presidente do Brasil e dos problemas causados pelo centralismo paulista no PSDB, o ex-governador Alckmin é a principal liderança do PSDB, porque possui uma diferença extremamente significativa no contexto atual em relação ao Aécio Neves, é capaz de criticar o governo Lula, ataca o governo Lula, assume-se como oposição sem medo do impacto negativo das críticas a um presidente altamente popular e com governo tão bem-sucedido quanto o Lula. E se a oposição quiser sobreviver precisa aprender fazer oposição do contrário ficando mais oito, 12 anos fora do poder será cooptada em bloco.

Outro ponto que ameaça o PSDB e o DEM é a estratégia do Lula de atuar fortemente nas eleições estaduais. Creio que se o Lula entrar nas eleições estaduais atacando diretamente figuras como o Arthur Virgílio, José agripino Maia e outros, mostrando como eles dificultaram o seu governo, entravaram os projetos, e que vão dificultar para a Dilma, é possível que consiga impor algumas derrotas significativas a oposição federal nos estados.

O fracasso do DEM e do PSDB como oposição, como já disse em outro post, abre espaço para uma oposição de esquerda ao governo Lula, uma oposição de esquerda com viabilidade eleitoral. A melhor estratégia seria a criação de um novo partido com a presença da Marina Silva, a Heloísia Helena, etc. Um partido que recuperasse o melhor do idealismo do PT sem o radicalismo vazio do PSOL e sem o neoliberalismo/oportunismo do PV.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Quem ganhou o debate Folha/UOL entre candidatos a presidente?

Hoje fui assistir o debate entre os candidatos a presidente da república do teatro da PUC promovido pelo UOL e pela Folha. Mais uma vez não houve um ganhador no sentido mais rigoroso do termo. Mas é possível dizer que definitivamente a Dilma não nasceu para este tipo de debate político que demanda alguma descontração, respostas rápidas, que tiram o candidato da berlinda e descredenciam a pergunta do adversário. a tentativa de dar sempre respostas complexas e densas travam o desempenho da Dilma, e pior, nos temas que ela não domina a tentativa de dar respostas significativas e densas faz com que as respostas sejam tortuosas, mas sem nenhum sentido, sem conteúdo. Por exemplo, a Marina fez uma questão boba sobre a reforma política (de fato a Marina desperdiçou uma questão), a Dilma falou, falou e não disse nada, ficou apenas um monte de palavras juntas num discurso empolado. Agora ela se soltou e foi muito bem ao responder as acusações do Serra sobre o Enem, inclusive inseriu na resposta a questão da Gráfica Plural de propriedade do Grupo Folha. Também foi firme ao responder a uma internauta sobre a questão da aviação civil no Brasil, fez a defesa da mudança do DAC para a ANAC. Ou seja, ela vai bem quando não precisa ser ”política”, quando não precisa fazer genêro. Como não tem prática nas disputas eleitorais, falta jogo de cintura e ele segue a risca as instruções dos assessores, por exemplo, fica em pé durante todo o debate, ela manteve quase a mesma postura erata, firme durante todo o tempo mesmo quando as câmeras não a focalizavam, só no finzinho ela se encostou um pouco no banquinho, mas aí se lembrou e voltou a posição padrão. Engraçado que novamente, como no debate na Band, para o Serra faltou novamente postura, parecia meio caído, desleixado. A Marina por mais que tente manter uma postura aparece como frágil. A Dilma, como a Marina errou na primeira pergunta, a Marina por trivialidade, a Dilma por atacar. Ela está liderando as pesqusias não precisa atacar o Serra, na verdade isso só interessa ao Serra e logo na primeira pergunta ela questiona sobre o DEM ter entrado com uma ação de inconstitucionalidade em relação ao PROUNI, é uma questão importante, poderia ser colocada por um aliado durante uma entrevista, ou pela própria Dilma respondendo a um ataque do Serra, mas no momemnto que foi colocado permitiu que o Serra respondesse elecando projetos nos quais o PT votou contra durante o governo FHC, que o PT foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra o Plano Real, contra a Constituição de 1988, que o PT era o partido do quanto pior melhor. Numa das vezes que foi repetir isso Serra errou e ao invés de dizer PT disse que o DEM é o partido do quanto pior, melhor. Outro erro besta do Serra foi dizer que a inflação no Brasil antes do real era de 5000% ao mês. Dilma levanta a questão das restrições impostas no governo FHC para a criação de escolas técnicas, sendo que escola técnica era o principal assunto do Serra no primeiro bloco e o Serra responde falando sobre o caso Eduardo Jorge.

A Marina a partir do segundo bloco procurou mostrar uma posição mais firme. De modo geral, ela foi muito melhor no debate do Uol do que no da Band, ela procurou se colocar claramente à esquerda de Serra, atacou o governo do PSDB em São Paulo, e obviamente não atacou o governo Lula, mas procurou defender que sem o tipo de arranjo político feito por FHC e Lula, ela poderá fazer mais pelo Brasil, inclusive a reforma política. Uma das questões da Marina para o Serra foi sobre a questão habitacional e na pergunta inicial ela falou sobre as favelas e não mencionou a questão da favela cenográfica que foi a polêmica sobre a propaganda eleitoral na TV de Serra na terça-feira. Na hora já anotei que a marina estava servindo de escada para o serra fazendo uma questão boba, genérica sobre habitação. Mas na réplica ao Serra, a Marina introduziu a questão da favela cenográfica, fala que visitou a favela da Mata Virgem e que a realidade habitacional de São Paulo não era a retratada por Serra e questiona o motivo da cidade cenográfica. Obviamente Serra na tréplica não mencionou a favela cenográfica, comportamento que já havia adotado diante das perguntas da imprensa.

O Serra foi o melhor no primeiro bloco, depois decaiu, a Dilma teve um comportamento uniforme, mas sem brilho exceto em poucos momentos. A Marina conseguiu se posicionar como uma alternativa, especialmente porque foi a última  a falar no fechamento do debate, fez um discurso superior aos outros.

O embaixador Rubens Barbosa estava lá com o PSDB.

O jornalista Ricardo Noblat deu carteirada. O teatro estava dividido em dois setores, no setor 1 ficava os convidados dos partidos, os jornalistas da Folha/UOL, os executivos do UOl e algumas “celebridades” convidadas. No setor 2 ficava o restante da imprensa, assinantes do UOL e da Folha, o Noblat estava credenciado para este setor. Chegou, chamou uma, chamou outro e passaram ele para os etor 1, e onde ele foi sentar? Junto com o pessoal do PSDB, isto apesar do setor 1 estar com os espaços divididos para PV, PSDB, PT e pessoal da imprensa da Folha/UOL e celebridades.

O Maluf chegou cumprimentando todo mundo como se conhecesse a todos. Foi meio constrangedor o cumprimento entre a Marta Suplicy e o Maluf, ele estava sentado, ela estava passando na fileira da frente cumprimentando todo mundo, e o cumprimentou só com um aperto de mão e seguia andando e Maluf insistiu em falar algo e ela só olhou com um sorriso sem graça. O Maluf não se sentou junto com o pessoal do PT, mas na divisa entre PV e PSDB.

O Roberto Freire estava lá na primeira fila junto do Alckmin. Impressionante como a imprensa dá atenção pra ele mesmo ele não sendo ninguém.

Realmente o PMDB acha que a Dilma vai ganhar a eleição e quer pegar sua fatia do governo, até o Moreira Franco estava no debate junto com o pessoal do PT, realmente vestiu a camisa. E no fim até disputamos o banheiro, cheguei primeiro e não deixaria o Moreira Franco passar na minha frente rsrs

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Horário eleitoral e debate no UOL entre candidatos a governador

Hoje, Geraldo Alckmin conseguiu me surpreender no debate do UOL. Tanto no debate da Banda quanto neste do UOl ele conseguiu se sair bem mesmo sendo atacado permanentemente. Não que tenha dado boas respostas, em geral fugiu do assunto ou deu respostas superficiais não indo ao cerne da questão, mas o fez de forma firma contudente parecendo que sabia do que estava falando. Ao mesmo tempo se colocou claramente como oposição ao Lula atacando o governo federal sempre que possível. Teve um desempenho muito diferente do Serra, os dois  não possuem carisma, mas o Alckmin mostrou mais traquejo para estar na berlinda e se defender e contra-atacar. O Serra ao tentar se bonzinho e ser um candidato pós-Lula e não anti-Lula se coloca numa posição débil, porque as respostas não podem ser contudentes, ele não pode atacar.

O Celso Russomano aparentemente não tem chance ganhar a eleição, mas sabe se colocar bem no debate, atacou o Alckmin de forma ainda mais contudente do que o Mercadante. É um demagógo, mas pode vir a ter futuro na política.

A melhor pergunta foi feita para o Mercadante questionando ele ter menos intenção de voto do que a Dilma Roussef em São Paulo. É impressionante como o Mercadante conseguiu encolher a carreira dele se comportando como um político qualquer, se comportando como uma Ideli Salvati.

O horário eleitoral na TV foi engraçado, o programa do Serra mecionou o Lula tanto quanto o da Dilma, ficar repetindo “depois do Lula da Silva eu quero o Zé”, penso que não leva a lugar nenhum. Se é para ser oposição que se diga isso claramente, ressaltar o Lula neste estágio do processo eleitoral não engana o eleitor, ele sabe quem é o candidato do Lula.

O programa da Dilma tentou apresentar sua biografia e tentar desarmar os boatos sobre a sua biografia sustentados pela imprensa brasileira. Creio que foi insuficiente. Falou sobre a prisão, sobre o tempo de prisão, mas era preciso ter falado claramente sobre a ditadura, sobre um país dividido, sobre as estratégias diferentes para lutar pela volta da democracia e falar da luta armada, que foi a opção de alguns e que a candidata fez parte destes grupos. Para quem viu a capa da revista Época e o programa eleitoral e não tem informações suficientes, o programa serviu apenas para aumentar as dúvidas.

domingo, 15 de agosto de 2010

Celso Amorim: Política Externa

São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2010


OPINIÃO POLÍTICA EXTERNA
Dedo acusador pode render aplauso, mas raramente salva

Atuar com discrição é a expressão da natureza conciliadora do brasileiro
CELSO AMORIM
ESPECIAL PARA A FOLHA
Têm sido frequentes as críticas que apontam para uma suposta "indiferença" -ou mesmo "conivência"- da diplomacia brasileira diante de países acusados de violar os direitos humanos. Trata-se de um juízo equivocado.
O Brasil deseja para todos os demais países o que deseja para si -a democracia plena e o respeito aos direitos humanos, cuja consolidação e aperfeiçoamento têm sido uma das preocupações centrais do governo do presidente Lula.
Consideramos, entretanto, que as reprimendas ou condenações públicas a outros Estados não são o melhor caminho para obter esse resultado. Na verdade, escolher a intimidação em detrimento da persuasão é quase sempre ineficaz, quando não contraproducente.
O dedo acusador pode render aplausos ao dono, mas raramente salva o jornalista silenciado, o condenado à morte, o povo sem acesso à urna ou a mulher privada de sua dignidade. Isolar quem se quer convencer ou dissuadir é má estratégia.
Preferimos dar o exemplo e, ao mesmo tempo, agir pela via do diálogo franco -em geral, mais eficaz. No caso do Brasil, essa capacidade de atuar com discrição não é oriunda de algum talento excepcional; é a expressão, em nossas relações com outros Estados soberanos, da natureza conciliadora do povo brasileiro.
AGENDA
Ações desse tipo são bem menos visíveis do que a admoestação midiática exercida por alguns países contra um punhado de governos, selecionados de forma nem sempre criteriosa ou politicamente isenta. A escolha dos indigitados, além de obedecer a agenda política, muitas vezes revela preconceitos, ora religiosos, ora raciais.
Muitos dos países que se consideram modelares cultivam relações com regimes não democráticos, desde que isso corresponda a interesses econômicos ou estratégico-militares. Os exemplos são tantos que não podem escapar ao mais complacente dos olhares.
Além disso, alguns aplicam, eles próprios, a pena capital. Ou conferem tratamento desumano e degradante a trabalhadores imigrantes. Ou ainda transferem suspeitos sem julgamento para prisões secretas, em voos também secretos. Isso para não falar de ações militares unilaterais, à margem do Conselho de Segurança da ONU, que resultam em milhares de vítimas civis.
O Brasil considera que as referências específicas a outros Estados no campo dos direitos humanos devem ser feitas preferencialmente no âmbito do Mecanismo de Revisão Periódica Universal do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH), que, aliás, nosso país ajudou a criar.
Ali se busca o tratamento não seletivo, objetivo e multilateral dos direitos humanos em todos os países-membros da ONU.
Em 2011, os métodos de trabalho do CDH serão revisados. Procuraremos aperfeiçoá-los para que o órgão se torne cada vez mais eficaz e para que possa trazer benefícios diretos àqueles que sofrem violações. Em matéria de direitos humanos, como já declarei diversas vezes, não há país que não tenha algo a ensinar, assim como não há país que não tenha algo a aprender.
No esforço de persuadir, o Brasil se vale da cooperação com organizações ou países da mesma região, que têm muito mais probabilidade de serem ouvidos do que, por exemplo, as ex-potências coloniais ou outras nações cuja ação é percebida como reflexo de arrogância e complexo de superioridade.
Destas, pode-se dizer, como na Bíblia, que percebem mais facilmente o cisco no olho do próximo do que a trave em seu próprio olho. Foi o que se revelou quando propusemos, na antiga Comissão de Direitos Humanos, resolução que enunciava que o racismo era incompatível com a democracia.
Tampouco é verdade que o Brasil se recuse a recorrer à condenação quando o diálogo se revela ineficaz.
SEM INDIFERENÇA
O acompanhamento cuidadoso, não movido por preconceitos, de nossas votações no CDH revela que estas estão longe de obedecer a um padrão uniforme e tomam em conta uma variedade de fatores. Muito recentemente, aliás, o Brasil apoiou resolução condenatória a um Estado que se negou a acolher recomendações que tinham por objetivo aperfeiçoar a situação dos direitos humanos no país.
Tampouco é demais lembrar que, por meio da ação multilateral e de projetos de cooperação, o Brasil tem ajudado concretamente na melhora da situação de direitos humanos -no Haiti, na Guiné-Bissau e na Palestina, para citar apenas alguns. As posições do Brasil são fruto de um conjunto bem menos simplório de considerações do que a enganosa dicotomia entre bons e maus.
O Brasil não é indiferente ao sofrimento daqueles que defendem liberdade de expressão ou de culto, dos que lutam pela democracia, dos que se insurgem contra discriminações de toda natureza.
Ao contrário, nossa diplomacia busca constantemente -sem alarde, sem interferências que geram resistências e ressentimentos, mas visando resultados efetivos- atuar em prol da universalização dos valores fundamentais da sociedade brasileira.

CELSO AMORIM é ministro das Relações Exteriores

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Que falta faz Leonel Brizola nos debates entre presidenciáveis!

Apesar das tentativas de Plínio de Arruda Sampaio, faltou hoje um Leonel Brizola no debate para quebrar os discursos arrumadinhos e especialmente quebrar as regras do debate. Esses debates engessados demais são muito chatos. Aparentemente ninguém ganhou o debate. Alguns comen tárisras dizem que o candidato Plínio de Arruda Sampaio ganhou, pode ser, ele foi divertido, criticou a todos igualmente, mostrou-se diferente. Por outro lado, não possui chances de vencer as eleições. A Marina foi chatinha como sempre, não entendo como ninguém da assessoria impõe a ela um treino de voz, em alguns momentos achei que ele mostrou mais desenvoltura do que a Dilma, mas faz um discurso certinho demais para quem é oposição e para quem, como o Plínio, deveria estar atirando para todo lado para viabilizar a candidatura. O Serra e Dilma foram normais. O Serra no final disse que a filha deve falou que ele não havia sorrido, isso não é problema, o problema é que nos closes não me parecia que ele estava sério, mas sim abatido, descaído, fraquejando. Em alguns momentos, apesar da imprensa ter dito que ele vestia um terno Ricardo almeida, o Serra tinha o porte do primo pobre. Mas obviamente mostrou mais desenvoltura do que a Dilma. A Dilma mostrou pouco desenvoltura, parecia tudo muito automático, se atrapalhou um pouco para falar. Mas apresentou autoridade e porte de presidente. Engraçado que se imaginava que seria mais difícil responder as críticas e perguntas do Plínio de Arruda Sampaio, porque poderia forçar um afastamento do discurso de esquerda. Mas nestas ela se saiu bem, me parece que ela mostrou mais dificuldade nas perguntas do Serra apesar delas terem sido básicas. Aparentemente pelo fato do confronto com o Serra ser mais essencial para o desenrolar das eleições ela ficou nervosa e não teve o mesmo desempenho do que no confronto contra o Plínio de Arruda Sampaio

domingo, 1 de agosto de 2010

Por prestígio, Brasil ajuda países pobres

São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2010


Por prestígio, Brasil ajuda países pobres

Governo brasileiro dissemina doações, ações sociais e transferências para nº cada vez mais amplo de parceiros
Objetivo desse "soft power" é conquistar simpatias, influência política e votos em órgãos internacionais

Pedro Sá da Bandeira - 16.out.2008/Efe

Lula ao lado do presidente de Moçambique, Armando Guebuza, em Maputo; país é um dos recipientes da ajuda brasileira
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto os Estados Unidos aumentam em mais US$ 59 bilhões o orçamento para as guerras no Iraque e no Afeganistão, o Brasil investe no chamado "soft power", disseminando doações, ações sociais, treinamento de pessoal e transferência de tecnologia para um número cada vez maior de países pobres, ou nem tanto, da América Latina, África e Ásia.
O objetivo é conquistar simpatias que convertam em influência política e votos, não apenas para obter a sonhada vaga no Conselho Permanente de Segurança das Nações Unidas, mas também para vencer disputas em organismos e instituições internacionais.
O Brasil anda mesmo precisando de votos, depois das derrotas para a OMC (Organização Mundial do Comércio), para o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e para a Unesco (o órgão da ONU para educação). A última foi na eleição do diretor-executivo do Escritório da ONU para o Combate ao Crime e Drogas.
O "soft power" está acelerado. Na sexta-feira passada, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estava no Paraguai, visitando linhas de transmissão de energia que o Brasil financia no país, o Itamaraty divulgava em Brasília a liberação de US$ 500 mil para refugiados colombianos no Equador.
O maior alvo do "soft power" é o Haiti, o país mais pobre das Américas e que acaba de sofrer um terremoto devastador.
O Brasil detém o comando militar das tropas de paz da ONU no país, o governo destinou US$ 15 milhões logo após a tragédia, e Lula enviou proposta ao Congresso para um adicional de R$ 375 milhões.
Além disso, o Brasil atua na reativação da produção agrícola no país, fez contribuição voluntária de US$ 130 mil via Programa Mundial de Alimentos, enviou mais US$ 50 mil para a embaixada em Porto Príncipe distribuir água e comida e doou US$ 55 milhões para o Fundo de Reconstrução do Haiti.
Há duas coordenações desse "saco de bondades", ambas do Itamaraty. Uma é a ABC (Agência Brasileira de Cooperação), e a outra, a CGFome (Coordenação Geral de Ações Internacionais de Combate à Fome).
O orçamento da ABC foi de R$ 18,7 milhões em 2006 para R$ 52,6 milhões neste ano, enquanto a equipe pulou de 90 para 160 funcionários de 2009 para 2010. São 56 países assistidos, e o valor é considerado pequeno. Se computasse a hora técnica (remuneração dos profissionais) seria cinco vezes maior, estima o diretor da agência, ministro Marco Farani.
A fila dos que recebem ajuda é encabeçada por Moçambique,Timor Leste, Guiné Bissau, Cabo Verde, Paraguai, Guatemala, São Tomé e Príncipe, Angola, Uruguai e Cuba. E inclui Autoridade Nacional Palestina, Níger, Burundi, Uganda, Serra Leoa e Nigéria, entre outros.
FILOSOFIA DA AJUDA
A filosofia da ajuda, como diz, é fazer doações só em casos de emergência, privilegiando "sustentabilidade". Exemplo: o projeto "Cotton 4", de US$ 4 milhões, para desenvolver a indústria de algodão em Mali, Chade, Benin e Burkina Fasso.
Já o CGFome tenta exportar experiências brasileiras (como destinar alimentos da agricultura familiar para escolas) inclusive para o Chile, que não é pobre.
Mas são finalidades variadas e, só em junho deste ano, foram R$ 6 milhões para ajuda, entre outras, às vítimas dos episódios recentes de violência no Quirguistão, a reassentamentos no Sri Lanka e à recuperação do inverno rigoroso na Mongólia.
O coordenador do grupo, ministro Milton Rondó Filho, disse que o orçamento passou de R$ 2,4 milhões em 2007 para cerca de R$ 50 milhões neste ano, segundo ele, para "reforçar a solidariedade e os gestos políticos brasileiros no mundo".
Segundo o embaixador Piragibe Tarragô, subsecretário do Itamaraty para África, respalda a política Sul-Sul, de aproximação com países pobres e emergentes. "O Brasil quer ser reconhecido e ter influência."
A investida já foi tema de reportagem da revista britânica "The Economist", mas com um alerta: "O país ainda tem grandes bolsões de pobreza, e o envio de dinheiro para o estrangeiro pode ser controverso".
O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), concorda: "É uma ação tortuosa. Se você fala em Haiti e países muito pobres, é correto. Mas a busca pelo protagonismo fez com que o Brasil exagerasse nas suas relações e na sua bondade", disse.
A oposição tenta impedir a revisão do Tratado de Itaipu, alegando que o aumento do preço da energia excedente que o Paraguai vende ao Brasil pode custar R$ 5,5 bilhões. "Vamos resistir", diz.

sábado, 31 de julho de 2010

Exercício de futurologia eleitoral: os partidos diante de uma vitória de Dilma

A pesquisa Ibope do dia 30/07 mostra a candidata Dilma liderando no primeiro turno e vencendo o candidato Serra no segundo turno. Já antes de Dilma assumir a liderança já havia um consenso de que ela seria a favorita para vencer as eleições. Se nada mudar, se não houver nenhum evento grave, Dilma deve vencer as eleições. Quais seriam as consequências do ponto de vista dos partidos desta vitória?

1. Confirmada a tendência, os DEM irão encolher nos estados, no Senado, na Câmara dos Deputados, se José Serra for derrotado será um fracasso retumbante para os DEM. Não terão nenhum espaço político relevante, há que se considerar que tanto o Kassab na prefeitura, quanto a provável vitória de Cesar Maia no Rio independe do DEM. o resultado das eleições mostrariam duas coisas ao DEM, o fracasso do projeto de reforma do antigo PFL, e o fracasso da estrarégia histriônica fortemente antilula e antipetista. Nem o udenismo seira capaz de impulsionar o DEM. Portanto, o DEM ficaria reduzido a um partido pequeno e irrelevante com um grupo fortemente ideológico. Os quadros, que possuem mais preocupação com a viabilidade eleitoral do que com uma postura ideológica anti-PT, anti-Lula, deverão deixar o DEM para derir a outros partidos seja o PSDB, o PP, o PR, o PMDB.

2. O mesmo deve ocorrer com o PPS. De partido comunista para partido representativo de uma direita udenista, tradicional, clientelista, o PPS irá acabar como força nacional. É possível que Roberto Freire nem consiga se eleger deputado em São Paulo, trocou o do´micílio eleitoral de Pernambuco, onde não tinha viabilidade eleitoral, para São Paulo, onde espera se eleger graças ao PSDB, mas é pouco conhecido, entao pode perder. E o Raul Jungman certamente será derrotado na disputa pelo Senado em Pernambuco. Então o PPS pode ficar sem nenhum nome de projeção nacional no Congresso. Claro hoje o Itamar Franco está no PPS e deve ser eleito, mas é um peixe fora d’água e depois de eleito, duvido que fique muito tempo no PPS.

3. O PSDB se firmaria como o segundo pólo de poder poder no sistema partidário brasileiro. Mas sairia muito enfraquecido das eleições. Especialmente o PSDB paulista estaria em séria crise apesar da força no estado. Alckmin se mostrou uma liderança frágil fora de São Paulo, José Serra, uma liderança nacional duas vezes derrotado para presidência, certamente se afastaria da política, ou se manteria na periferia voltando a se candidatar a prefeito de São Paulo já que o Kassab não pdoerá ser candidato, mas o Serra enfrentaria a desconfiança do eleitor já que abandonou a prefeitura anteriormente. Não há nenhuma grande liderança surgindo em São Paulo que pudesse se projetar nacionalmente. A tendência do PSDB seria num primeiro momento radicalizar o discurso contra um possível governo Dilma, adotaria uma posição similar a do DEM, ou, para ficar dentro do PSDB, o PSDB de São Paulo adotaria uma posição extremista e histriônica como o senador Arthur Virgílio adotou no Senado. Muitos analistas políticos diriam que esta derrota do PSDB paulista abriria caminho para a consolidação da liderança nacional de Aécio. É possível, mas improvável no curto prazo, tudo irá depender do que o presidente Lula pretende fazer em 2014. Já se comenta que o Aécio Neves pretende ser presidente do Senado. Se isso ocorrer num governo Dilma, e com a perspectiva não da reeleição da Dilma, mas da volta do Lula em 2014, o Aécio vai cooperar com o governo mais do que o Renan Calheiros. Neste cenário, é provável que o PSDB paulista procure radicalizar a oposição, enquanto o PSDB ligado a Aécio procure um boa convivência com o governo, fazendo aquele oposição formal, uma denúncia aqui, outra ali, empacando alguma votação, mas sem confrontação aberta. Não haveria sentido em partir para o tudo o nada para Aécio que poderia escolher ser candidato contra o Lula apenas para ser conhecido nacionalmente já que teria mais oito anos no Senado ou voltar para o governo de Minas com tranquilidade. Ou seja, se ficar claro que o Lula pretende voltar em 2014, o PSDB deve se dividir em duas estratégias distintas. Caso o presidente Lula assuma algum cargo em organizações internacionais como foi especulado na imprensa, dependendo da improtância da função seria um indício que ele não pretende voltar em 2014 e que a Dilma seria candidata a reeleição. Aí teríamos um cenário diferente, um PSDB unido em torno de Aécio procurando fragilizar, desgastar o governo Dilma e o PT. Nestas condições seria uma tragédia para um governo Dilma ter Aécio Neves como presidente do Senado. O PMDB é um partido muito volúvel, uma parte importante do partido orbita em torno de lideranças externas à legenda e, com Aécio na presidência do Senado, esse comportamento seria maximizado. Nesse sentido, para o PSDB, o melhor cenário diante de uma derrota de Serra seria uma sinalização por parte do Lula que não será candidato em 2014 e que a Dilma poderá ser candidata a reeleição. No instável sistema político brasileira, diante de um governo que imagina-se tenha menos carisma que o governo Lula, haverá rapidamente um reposicionamento das forças políticas independentemente das alianças eleitorais atuais.

4. O PMDB é um partido singular, em nível nacional nunca perde. Fará parte do governo se a Dilma ganhar, e se a Dilma perder também. Mas no caso em análise, numa possível vitória de Dilma Rousseff, a situação do PMDB dependerá em primeiro lugar da bancada que conseguir eleger no Senado e na Câmara. Supondo que mantenha o peso atual, o PMDB terá forte influência no governo Dilma ainda mais com Michel Temer como vice. Especialmente porque o Michel Temer parece ter poderes especiais para concentrar poder mesmo quando parece numa posição mais fraca. Vejam o caso de São Paulo, quem comanda o PMDB paulista desde os anos 80 é o Quércia, inclusive o PMDB paulista apoio José Serra e não Michel Temer que é do PMDB de São Paulo. Então note que situação esdrúxula, o Michel Temer não consegue ser o líder do PMDB de São Paulo, mas é a principal liderança do PMDB nacional há anos. Assim não se deve duvidar da influência que ele terá no governo Dilma mesmo vice sendo fraco normalmente. Mas a questão fundamental no caso de uma vitória de Dilma nas eleições é, o PMDB será fiel no Congresso? A fidelidade do PMDB dependerá da perspectiva de tempo no poder. Consequentemente, se o Lula sinalizar um retorno, a perspectiva será longa e o cálculo do PMDB fará com que não faça exigências demais de imediato crendo que estará no governo durante longo tempo. Por outro lado, se o Lula tomar outro rumo, abandonar a política, ocupar um cargo no exterior, etc. mostrando que não pretende voltar ao poder, a fidelidade do PMDB variará diariamente de acordo com a popularidade e com os resultados do governo Dilma e evidentemente das manobras políticas recorrentes no interior do Congresso. Estas manobras terão maior capacidade de enfraquecer no Congresso o governo Dilma e forçar novas concessões ao PMDB se o Aécio Neves for presidente do Senado. De todo modo, o PMDB deve continuar sendo uma força política, mas um partido amorfo, sem idéias, ideologias e sem perspectiva de disputar o poder diretamente, continuará dependendo de outro força. E nesse sentido, caso a hegemonia do PT seja duradoura, por exemplo um governo Dilma, e depois Lula novamente, é provável que o PMDB se enfraqueça como força política como o DEM ao se associar por tanto tempo com o PSDB.

5. Uma vitória de Dilma Rousseff consolidará o PT como uma força política integrada ao establishment. E os setores mais a esquerda ainda existentes se tornarão cada vez mais pragmáticos e com propostas que não comprometam a viabilidade eleitoral. Caso ainda haja resistentes acabarão por deixar o partido. Veremos que há uma abertura no sistema político brasileiro num próximo item. Contraditoriamente a vitória de Dilma pode acentuar um problema já crônica, a ausência de novas lideranças com projeção nacional no PT. A Dilma foi escolhida por Lula, não tinha qualquer liderança dentro do PT e ganhou  poder no interior do governo também pela ação do Lula. Dilma não é uma liderança natural, não mobiliza as forças políticas e na presidência dificilmente o fará. É provável que em termos de liderança na presidência, a Dilma se assemelhe mais ao FHC do que ao Lula. Dependerá mais da articulação dos líderes no Congresso do que de sua própria ação. Também é pouco provável que Dilma tenha o apoio e o apelo popular que o Lula teve. Neste sentido, tudo caminha para a manutenção do Lula como o grande líder e o ponto de convergência do PT. A dependência do PT em relação ao Lula deve aumentar não diminuir. Esta situação se acentua porque nos estados não estão despontados lideranças petistas que possam se projetar nacionalmente. O desempenho de Mercadante até agora nas eleições paulistas é vergonhso, deve perder e ficar sem mandato. Aí nas eleições municipais irá disputar com a Marta quem será o candidato a prefeito. Fora de São Paulo, aparentemente despontava lideranças em Minas que foram abafadas pela coligação forçada com o PMDB. Eventualmente, dependendo da posição que o Fernando Pimentel (que não será eleito, devem se eleger Aécio e Itamar por ampla margem) ocupe no governo Dilma pode se projetar nacionalmente, mas novamente seria um processo tortuoso, não consegue vencer o Aécio em Minas e pleitear ser candidato a presidente, por exemplo, contra o Aécio. Mas enfim, nestes eleições não parece emergir nos estados nenhuma liderança que possa se projetar nacionalmente para ser liderança nacional. Caso vença as eleições o Tarso Genro pode se aproximar disso, mas considero improvável. A polarização política no RS é muito grande e por melhor que o governo seja a aprovação será sempre limitada, o governo será sempre muito questionado, discutido não dando base para um projeto nacional. A vitória de Dilma diante das alianças e estratégias adotadas farão com que o PT continue sendo Lula.

6. Mantida a hegemonia do PT em nível nacional, partidos como PSB, PDT, PP, PR, PTB, PCdoB, se tornarão cada mais indiferenciados. Em alguns estados, alguns membros procurarão manter o discurso tradicionald e cada um, mas no fim a ação será pragmática, numa adesão incondicional (em termos ideológicos) ao governo do PT no plano federal. É provável que haja mais fusões entre partidos. Quem imaginaria há alguns anos, o PP apoiando o PT? O Francisco Dornelles anunciando o apoio não oficial à Dilma? Ou ainda todos deputados do PTB indo atrás da Dilma para apoiá-la e o PTB não apoiando formalmente apenas por causa do presidente da legenda, Roberto Jeferson, praticamente um obstáculo meramente burocrático? O PSB seria o partico com maior perspectiva, mas a forma como abortou a candidatura Ciro Gomes parece indicar um caminho similar ao DEM, abandono de quaqluer projeto de poder em âmbito nacional. Com a guinada do PT à direita, já não há diferença entre PT e PSB. Então acabamos num vazio ideológico. O PDT sem o Brizola acabou, se o sistema partidário brasileiro caminhar mesmo para a polarização deve acabar. o PC do B seria um partido ideológico, com posições, mas também é falso. A aliança com o PT já está sempre pré-aprovada, o PT caminho para a direita e o PC do B não colocou obstáculos, não travou o processo, foi junto apesar de manter um discurso mais radical. Mas curiosamente não é um discurso radical não é mais um radicalismo de esquerda-marxista, mas um radicalismo nacionalista. Neste sentido, o PCdoB mudou a sua ideologia mas por um caminho diverso do PT. De todo modo, esta postura nacionalista do PCdoB não suporta um projeto nacional de poder, coloca-se apenas como linha auxiliar do PT. O partido carece de lideranças nacionais.

7. O PV, no Brasil, não é um partido ambientalista como na Europa, com um projeto universal. Em termos nacionais mantém este discurso, mas em nível local é mais do mesmo, não é sequer um fator de difusão de uma consciência ambiental nos estados e municípios. Falta ao partido lideranças nacionais, e aí agora usou a estratégia da UD, como a UDN foi atrás de Jânio quadros para ganhar uma eleição, o PV foi atrás da Marina Silva para ter alguma projeção nacional. Mas fora o discurso ambiental não há relação entre o PV e a Marina. Se a Marina Silva pretende insistir em ser uma lidenraça nacional e disputar o poder, ela deixará o PV após as eleições de outubro. O PV é um partido de lideranças locais, e estas ldieranças já estão vinculadas a outros projetos de poder, PSDB, PT ou outro. É uma evrgonha, por exemplo, para um partido que supostamente tem uma candidata disputando a presidência da República a situação no Rio de Janeiro, onde o Fernando Gabeira é mais aliado do PSDB e do Serra do que da Marina.

8. Por fim, temos a extrema esquerda representada pelo PSOL, PSTU, PCO, etc. Fora o PSOL que ainda tem alguma representatividade, os demais são insignificantes em termos eleitorais. Há frações do PSOL que poderiam crescer eleitoralmente, mas o partido é fracionado em várias tendências como o antigo PT (claro o PT ainda têm tendências, mas na prática são irrelevantes, o que dita a posição do partido é viabilidade eleitoral). Padece de um antigo problema da esquerda marxista brasileira, não estabelece vínculos com o povo brasileiro nem que seja para mudá-lo, vive num mundo a parte.

9. Neste quadro partidário, há a formação de dois pólos, um em torno do PT e outro em torno do PSDB. Ainda que vários analistas políticos na grande imprensa insistam que o caminho seria a aproximação entre o PT e o PSDB para que pudessem se livrar dos aliados mais fisiológicos, isso não irá acontecer. A proximidade que buscam entre o PT e o PSDB no passado deve-se mais a emoção, aos sentimentos que o analista nutre ou nutria por membros das duas legendas, ou pela interpretação pessoal do analista sobre a atuação dos dois aprtidos do que propriamente por uma convergência de propostas para o Brasil. Hoje há uma grande convergência, mas é um convergência inconciliável, porque os dois partidos almejam a mesma coisa o poder, e a convergência ocorreu por isso. A convergência não surgiu de uma análise e definição de propostas para o Brasil. Ao contrário, os dois querem ganhar as eleições, e procuram incorporar as propostas e ações que mostraram dar viabilidade eleitoral ao concorrente. Claro que há diferenças acidentais entre os dois partidos no governo, mas são acidentais, dependem da conjuntura internacional, do momento político e econômico interno, etc. Do mesmo modo que há diferenças entre Republicanos e Democratas nos EUA hoje há diferenças entre o PT e o PSDB, não cabe esperar qualquer ruptura entre um governo e outro. Houve um esvaziamento ideológico, uma adesão ao pragmatismo, uma aceitação do possível, evita-se confrontar e resolver os grandes problemas brasileiros, procura-se contorná-los sem resolver. por exemplo, a política social do governo Lula faz mudanças significativas na estrutura social brasileira, mas e se amanhã o governo não tiver condições de aumentar os recursos para a política social? E se a economia entrar em recessão (é bom lembrar que recessões são intrínsecas às economias capitalistas, é bom os petistas ex-marxistas relembrarem disso, o Lula não tem o poder de abolir a dinâmica econômica)? Enfim, das transformações sócio-econômicas do governo lula ainda preciso um teste para verificar o que é definitivo e o que é apenas conjutural. Ora estas opções são muito pobres, abole por completo o ideal de uma nova sociedade, de um Brasil estruturalmente distinto, com uma sociedade coesa, integrada com maior nível de renda, educação, com maior capacidade de se auto-sustentar e autodeterminar. Neste quadro cabe perfeitamente, não uma terceira via, mas um terceiro partido que apresente uma proposta política mais à esquerda, um partido mais utópico em suas propostas e ações, mas pragmático na luta pelo poder, que não seja apenas um partido para ser apenas a consciência crítica do país. Mas num primeiro momento, ele deveria ser exatamente isso, um papel que de certo modo o PT desempenhou em alguns momentos quando estava na oposição, criticar para mostrar que é preciso fazer mais, propor políticas alternativas ousadas especialmente vinculadas com o comprometimento do cidadão com os rumos do país. Neste plano, este partido deveria adotar uma idéia do PMDB (obviamente neste caso é só discurso, não resulta em nada) que é o fortalecimento do município, mas não das instituições políticas municipais, mas da participação política do cidadão no município, fazer do município uma arena de educação política e de responsabilidade cidadã, de compromisso com o outro, com todos os brasileiros. Das lideranças atuais, caberia uma Heloísa Helena e uma Marina Silva num terceiro partido que desempenhasse esse papel de disputar o poder e ser a consciência crítica do país sem se deixar envolver pelas questiúnculas que tomam conta das instituições brasileiras diariamente e que dominam os discursos políticos e eleitorais.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Veríssimo sobre economistas e imprensa brasileira

‘Camone’

 

Não deixa de ser irônico que o analista econômico mais à esquerda — se é que cabe o termo — da grande imprensa brasileira seja um americano. Paul Krugman é publicado no Brasil porque ganhou um Nobel e escreve bem, mas está na contramão do pensamento econômico dominante do seu país, que é a opinião dominante por aqui também.

Critica o monetarismo clássico, os preceitos da escola de Chicago e os mitos do mercado autorregulador e ultimamente tem batido muito na opção da União Europeia de vencer sua crise atual com medidas de austeridade e cortes em gastos públicos — segundo ele um exemplo da velha prática perversa de fazer os pobres pagarem pelas lambanças dos ricos.

Krugman defende a ação dos governos para estimular economias e desobediência a todas as receitas de autoflagelação vendidas aos pobres como "responsabilidade fiscal" e sacrifício depurador. Quer dizer, é um estranho em dois mundos, o dos economistas ortodoxos americanos que ainda ditam a política do país, mesmo no governo do Baraca, e o dos economistas locais que seguem a linha americana. Sem falar na estranheza de vê-lo publicado nos nossos principais jornais conservadores, no que também pode ser visto como uma admirável demonstração de pluralismo de enfoques.

Mas me lembrei de quando eu era guri e brincava de "mocinho", ou caubói, com outros garotos da vizinhança, todos com reluzentes revólveres de espoleta metidos em seus coldres, até os sacarmos para matar bandidos ou índios. Eu tinha morado nos Estados Unidos e sabia inglês, mas o máximo que os outros sabiam era enrolar a língua e fingir que falavam como nos filmes. Seu vocabulário era "Camone" e pouco mais, mas não importava. Nos comunicávamos naquele inglês imaginário, e vivíamos juntos a glória de ser americanos. Ninguém tinha a pontaria de um americano. Ninguém brigava a socos e saía da briga sem uma marca no rosto como um americano.

Um americano era perfeito. Um americano podia tudo. Depois, claro, crescemos e descobrimos que nem todo americano era "mocinho". Mas daquele tempo ficou a ideia inconsciente de que ser americano é credencial suficiente, de que basta dizer "camone" para dispensar qualquer outro tipo de aferição.

O que tudo isto tem a ver com o Paul Krugman? Talvez o fato de ser americano tenha facilitado sua entrada nas páginas econômicas sem que checassem suas convicções. Tudo teria a ver com a infância de todos nós.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/07/29/camone-311986.asp

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Onde o Serra pensa que está?

O Serra voltou a atacar a Bolívia, dizendo que ao contrário da Bolívia, a Colômbia não faz corpo mole no combate ao narcotráfico. Tenho várias dúvidas, tem alguém recebendo para aconselhar o Serra a dar estas declarações? O Serra está tentando imitar o Paulo Maluf em campanha? O Serra sabe que é candidato a presidente do Brasil e que aqui ninguém está nem aí para isso, que não vai ganhar voto por ficar atacando a Bolívia? O Serra está pensando, eu perco a eleição, mas faço um estrago na política externa brasileira? O Serra está sendo pressionado pelos segmentos mais a direita a atacar o governo Lula e como não pode, resolveu fazer estas críticas raivosas contra a Bolívia de Evo Morales? Ele faz estes ataques porque sabe que serão manchetes em sites e jornais?

Se os ataques de Serra à Bolívia sinalizam o direcionamento que será dado à política externa brasileira num governo Serra, o retrocesso será enorme. E note-se que se Serra tivesse vencido em 2002, a expectativa era outra, pois tinha atuado na questão dos genéricos na OMC, talvez a posição mais autônoma do governo FHC em âmbito internacional, e pretendia, segundo a imprensa, nomear o Celso Amorim como Ministro das Relações Exteriores.