"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?
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sábado, 18 de dezembro de 2010

De renúncias e tradições – a propósito de Maria da Conceição Tavares

De renúncias e tradições – a propósito de Maria da Conceição Tavares

Escrito por Nildo Ouriques

26-Nov-2010

A influência de Maria da Conceição Tavares na formação de parte dos economistas brasileiros é compreensível. Em uma profissão marcada pela falta de originalidade, carreira em que os estudantes são obrigados por semestres a fio à leitura de manuais estadunidenses de duvidosa qualidade intelectual, Conceição Tavares foi durante anos a voz da indignação contra o "papagaísmo", ou seja, este estranho hábito de divulgar no Brasil as "teorias" emanadas dos centros metropolitanos a despeito das sandices ou das hipóteses convencionais e falsas que são divulgadas como se fossem verdades científicas. Além disso, numa profissão marcada pela astúcia e o "bom mocismo" interesseiro, Conceição Tavares tinha – e mantém – um "temperamento" absolutamente indispensável tanto na política quanto na lúgubre academia. Todos nós sabemos que apesar da pompa com que é anunciada e repetida pelos meios de comunicação, a maior parte das hipóteses difundidas pelos economistas no país está destinada apenas e tão somente a justificação do subdesenvolvimento em nome de um futuro que jamais chegará. Maria da Conceição Tavares, matemática de formação, professora de várias gerações de economistas, figurou voz destoante, especialmente durante os anos da oposição progressista à ditadura. É justificável que tenha o reconhecimento que muitos, com freqüência, expressam; mas este reconhecimento não a torna, obviamente, imune a graves erros.

O ambiente atual no Brasil é um cenário excelente para os apologéticos de sempre. Há, de fato, um otimismo ingênuo muito propício para que os economistas convencionais sigam repetindo as consignas que retiram dos manuais de micro e macroeconomia sem ruborizar-se. Estes economistas ignoram o fato de que em todos os demais países do mundo, o pensamento dominante, ou seja, a neoclássico, recebeu um duro golpe com a erupção da crise capitalista em setembro de 2008. Incapaz de prever a crise mundial do capitalismo e atônita diante de seu desenrolar, os economistas neoclássicos se limitam a repetir suas verdades eternas ou simplesmente fazem de conta que não possuem responsabilidades sobre a crise global que queima riqueza e gera crescente desigualdade social. Mas não nos enganemos: a despeito da catástrofe, ainda estamos longe de um acerto de contas teórico e político com o pensamento dominante. A crise mundial, é verdade, não arrefeceu minimamente as convicções dos neoclássicos embora tenha vitalizado antigas ilusões keynesianas que em grande medida também alimentam o otimismo ingênuo sobre as possibilidades brasileiras na economia mundial.

Neste contexto, não deixa de ser uma surpresa a declaração recente de Conceição Tavares sobre as possibilidades do Brasil: "não tem centro e periferia como antes. Há países de desenvolvimento intermediário, entre os quais estamos." Para aqueles que não perderam a memória, percebe-se logo que se trata de uma ruptura com um dos pilares de sua formação, especialmente quando é anunciado por uma economista que sempre rendeu merecido tributo ao economista chileno Aníbal Pinto, um dos ícones do estruturalismo cepalino na América Latina. Na mesma linha e ainda com mais ousadia, Conceição Tavares chama atenção de todos nós para outra novidade que julgo ainda mais importante: "você não pode deixar de levar em conta que mudou a divisão internacional do trabalho. Paradoxalmente, não vejo muita gente mencionar isso. Houve uma mudança radical da divisão internacional do trabalho, na qual nós estamos bem colocados porque a gente exporta para todo mundo. E, em particular, no que diz respeito a matérias-primas, exportamos mais para a China do que para a Europa, por exemplo. Nunca exportamos matérias-primas para os EUA" (Folha de São Paulo, 12/09/2010). O Brasil está realmente bem colocado nesta mudança radical na divisão internacional do trabalho?

A elaboração teórica do chamado "sistema centro-periferia" foi uma das principais conquistas do pensamento cepalino na América Latina. Na prática, significou colocar por terra as teses ricardianas do famoso capítulo VII dos Princípios de Economia Política e Tributação, mais tarde resgatadas convenientemente pelos economistas universitários sob a mistificação da denominada "teoria das vantagens comparativas". De fato, a original contribuição do economista argentino Raul Prebisch sobre a "deterioração dos termos de troca" representou um passo adiante do pensamento crítico sob a apologética dos economistas da ordem que repetiam na periferia capitalista a mencionada "teoria da vantagem comparativa", destinada a consagrar a posição dos países latino-americanos na economia mundial como meros exportadores de matérias-primas e produtos agrícolas.

Contudo, se Prebisch foi brilhante na identificação do fenômeno constatando a diferença entre os preços dos produtos que a América Latina importava e a tendência de baixa dos produtos que exportava, seu esforço intelectual foi insuficiente na explicação do problema e apenas convencional na solução: a industrialização da periferia terminaria por fechar a brecha entre os preços, acreditava. Os marxistas latino-americanos descobriram logo que a saída cepalina era não somente falsa, mas, sobretudo, que terminaria por também contribuir para a justificação do subdesenvolvimento em que ainda estamos afundados. Foi neste terreno que surgiu a "teoria do intercâmbio desigual", em que André Gunder Frank (1964), Ruy Mauro Marini (1968), Arghiri Emannuel (1968) revelaram originalmente que a industrialização não seria capaz de tirar os países latino-americanos do subdesenvolvimento e da dependência. Mesmo assim, é preciso recordar que antes deles, um desconhecido polaco, membro da Escola de Frankfurt, "economista" entre filósofos, escreveu importante livro em 1929 em que o tema do intercambio desigual aparecia magistralmente estabelecido na tradição marxiana: La ley de la acumulación y el derrumbe del sistema capitalista, lamentavelmente sem tradução ao brasileiro.

A questão fundamental na formação intelectual do economista latino-americano residia neste ponto crucial, onde os críticos (marxistas ou não) indicavam o caráter polarizante do capitalismo, inexoravelmente dividido entre um centro desenvolvido e uma vasta periferia cuja característica fundamental era o nível de pobreza de sua população. O pensamento crítico buscava, obviamente, amparo em Marx e Engels. Foi Marx, ainda em 1848, quem se burlou dos defensores da ideologia do livre comércio afirmando que "se os defensores do livre comércio são incapazes de compreender como pode um país enriquecer-se a custa de outro, não necessitamos nos assombrar-nos de que os mesmos senhores compreendam ainda menos que, dentro de um país, uma classe se enriqueça a custa de outra." Seu inseparável amigo Engels também tocou no assunto muitos anos depois, quando Marx já não existia (1888); criticando a força ainda mais intensa da ideologia do livre comércio sob impulso do imperialismo inglês, Engels escreveu que "a consigna era, agora, o livre comércio. A tarefa imediata dos fabricantes ingleses e de seus porta-vozes, os economistas, era difundir a fé no evangelho do livre-comércio e criar um mundo em que a Inglaterra fosse o centro industrial e os demais uma periferia agrícola dependente" (Cursivas minhas, NDO).

Desde então, a crítica entre os economistas latino-americanos se dividiu: de um lado aqueles que, seguindo a tradição cepalina, indicavam a industrialização como o único caminho para superar a indesejável polarização existente no sistema capitalista. No Brasil, Celso Furtado foi indiscutivelmente o mais criativo e insistente defensor desta perspectiva (Brasil, construção interrompida, 1992). De outro lado, os marxistas indicavam que a dependência e o subdesenvolvimento somente poderiam ser superados com a revolução socialista e a ruptura com o sistema capitalista. Eram, em grande medida, alternativas radicalmente distintas, ainda que muitos observadores identificassem certas coincidências entre as opções.

Este "programa de pesquisa" está esgotado, foi superado pela realidade? Ignoravam os críticos do passado a possibilidade de uma "mudança radical na divisão internacional do trabalho" como anuncia agora Conceição Tavares? Definitivamente não! No posfácio (1971) à sua importante obra, La acumulación a escala mundial. Crítica a teoria del subdesarrollo, o egípcio Samir Amim reconhecia explicitamente os méritos do debate iniciado na América Latina e perguntava: o sistema mundial "caminha em direção à dicotomia cada vez mais crescente entre centro-periferia? Ou não é mais que uma etapa da evolução do sistema, e neste caso tende em direção a uma sorte de formação capitalista mundial homogênea?". Nos termos atuais: a existência de uma suposta "semi-periferia" teria dado por concluída a antiga polarização centro-periferia?

O sistema centro-periferia pode admitir a existência de um país "semi-periférico"? Esta hipótese tampouco é rigorosamente nova; foi aventada insistentemente por Immanuel Wallerstein, mas ele próprio tem consciência da dificuldade ou, creio, debilidade do conceito. Na sua obra, O moderno sistema mundial, Wallerstein (1980) indica que o elemento constante no que denomina "economia-mundo capitalista" é a divisão hierárquica do trabalho, na qual existe uma igualmente "constante variável localização da atividade econômica". O caso historicamente relevante para a "análise do sistema-mundo" é o sueco, no século XVII, que segundo esta interpretação logrou sair da periferia sistêmica e acomodar-se à condição razoavelmente confortável de semi-periferia. Contudo, as condições suecas eram reconhecidamente excepcionais e de impossível generalização para todo o sistema, especialmente para os países latino-americanos. Ademais, enquanto Suécia praticou o mercantilismo para sair da periferia, as classes dominantes dos países latino-americanos se curvam diante da lei do valor apostando na "liberalização". Finalmente, nunca é demais recordar: a Suécia é um país europeu, ou seja, situado no centro da "economia-mundo".

Muitos anos após a publicação de sua trilogia iniciada em 1974, é o mesmo Wallerstein quem em entrevista realizada em 1999 reconhece que as condições necessárias para um país avançar em direção à semi-periferia – conceito que incluiria tanto o Brasil quanto o México e, talvez mais surpreendente, a China! – são muitas e não são fáceis. Na mesma oportunidade Wallerstein indica que "dentro da lógica do sistema" e para manter a condição de semi-periferia o Brasil teria que investir recursos significativos no âmbito militar e, claro, assegurar, durante décadas, superioridade na produção de mercadorias em relação aos seus competidores. É claro que os defensores desta linha de interpretação podem também alegar aos que insistem na dicotomia centro-periferia que acomodar Brasil e Honduras como "países periféricos" tampouco oferece a precisão conceitual necessária para captar a especificidade brasileira, posto que o "gigante do sul" possui extraordinárias vantagens em relação ao pequeno país centro-americano na economia mundial. Como estabelecer uma linha divisória mais sólida?

Os marxistas identificaram o ponto decisivo do sistema centro-periferia: a transferência de valor. Ao longo da história do capitalismo se pôde observar que a característica essencial do sistema é a reprodução da desigualdade que impede qualquer desejo de homogeneização no capitalismo. A ruralizarão da indústria no interior do país, o deslocamento de atividades produtivas sob controle das empresas multinacionais para a zona periférica são exemplos de mecanismos que foram essenciais para o processo ininterrupto de acumulação. São movimentos necessários para manter a troca desigual. Até mesmo Wallerstein reconheceu que embora a troca desigual represente uma prática antiga, somente quinhentos anos após a consolidação do que ele denomina "capitalismo histórico" foi desvelada de forma sistemática pelos oponentes do sistema.

Foi o pensamento crítico latino-americano o responsável por esta conquista teórica, indiscutivelmente. Em termos marxianos: a transferência de valor mantém a vitalidade do sistema, para a qual requer não somente deslocamentos espaciais da produção, mas, sobretudo, níveis elevados de exploração da força de trabalho e, especialmente, a super-exploração da força de trabalho. É aqui que Honduras e Brasil se encontram. Enfim, o esforço para captar a especificidade de um país qualquer ou os movimentos inerentes a acumulação mundializada não pode ignorar a lógica totalizante inerente ao sistema capitalista.

A possibilidade de uma nova configuração da divisão internacional de trabalho é também uma novidade como anuncia Conceição Tavares? Está efetivamente ocorrendo? O Brasil está "bem colocado" nesta nova situação?

O tema tampouco é novo se recordamos um texto não tão antigo de Ruy Mauro Marini (2000), publicado logo após seu precoce desaparecimento. Marini reflexiona sobre as tendências da chamada globalização, indicando a possibilidade ou o projeto de uma nova divisão internacional do trabalho aberta pela plena vigência da lei do valor em escala planetária. O texto escrito na década de noventa, se insurgia contra a hegemonia então absoluta do "neoliberalismo" na América Latina, e indicava que os países centrais apostavam na nova reconfiguração da divisão internacional de trabalho necessária para aproveitar duas vantagens estratégicas que possuíam na economia mundial. A primeira vantagem decorria da "superioridade em matéria de pesquisa e desenvolvimento" em que as potências exercem o monopólio tecnológico. A segunda estaria dada pelo controle que os países centrais possuem no processo de transferência das atividades industriais para a periferia capitalista, especialmente aquelas menos intensivas em conhecimento. Em qualquer caso, afirmou Marini, o concerto estaria construído de tal forma que as economias nacionais periféricas não lograriam jamais a condição de uma economia nacional integrada.

É fácil supor que nem mesmo o mais otimista dos economistas brasileiros se atreveria a afirmar que estamos caminhando na direção de uma economia nacionalmente integrada, capaz de sair da periferia.

Esta é a razão pela qual verificamos o elogio à economia exportadora, tão recorrente mesmo entre economistas de boa formação. Assim como a economia política inglesa sabe desde William Petty que um país pode exportar muito e empobrecer, o pensamento crítico sabe que um país pode destinar suas exportações para muitos países e não mudar um milímetro sua posição na divisão internacional do trabalho. O fato de o Brasil destinar aos Estados Unidos apenas uma parte pequena de suas exportações não muda em absolutamente nada a posição do país na adversa divisão internacional do trabalho. De fato, o Brasil exporta produtos agrícolas e minerais para muitos países do mundo sem que supere o subdesenvolvimento e a dependência; ao contrário, se pode afirmar que esta é uma das razões pelas quais seguimos no atoleiro do subdesenvolvimento.

Portanto, a existência de países de "desenvolvimento intermediário", situação na qual o Brasil – segundo a opinião de Conceição Tavares – ocuparia, não figura precisamente como novidade histórica e/ou teórica. Porém, anunciado fora de uma explicação totalizante (sistema centro-periferia), pode parecer simples apologia do subdesenvolvimento e tentativa de dar legitimidade teórica (base científica) para o otimismo ingênuo que segue inibindo a reflexão crítica necessária para mudar radicalmente o país. Após a grande crise mundial de setembro de 2008, ocorreu importante mudança na correlação de forças em escala planetária, que permite reformas mais avançadas em favor das classes subalternas, inclusive no Brasil. Mas para aqueles que pensam de outra maneira – que as condições políticas para lutas mais avançadas não existem – o que ganharemos com a renúncia no terreno teórico?

É sedutor – e talvez parte do otimismo que se abateu sobre o Brasil – pensar como José Luis Fiori, para quem estamos vivendo momentos de uma "revolução intelectual", em que "algumas idéias e teorias de esquerda e direita... já não dão conta das transformações do continente" latino-americano (Valor, 29/09/2010). No que se refere à esquerda, quiçá seria então necessário admitir que a antiga concepção centro-periferia foi finalmente superada pela realidade, pelo menos para nós, brasileiros. Neste acaso, também é necessário reconhecer que não há originalidade no movimento. Enfim, no propósito de legitimar um dos bandos na luta política eleitoral (conjuntural) que o país atravessa, cada um dirá, com forma própria e no tempo adequado, um brado já conhecido: "esqueçam o que escrevi".

Nildo Ouriques é economista, professor do departamento de Economia da UFSC e membro do Instituto de Estudos Latino-Americano da Universidade Federal de Santa Catarina (IELA-UFSC).

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/5235/9/

terça-feira, 6 de abril de 2010

Alguém tem mais vergonha de FHC do que o PSDB?

06/04/2010

PSDB inclui FHC no rol de oradores de ato pró-Serra

  Folha

Depois de muito hesitar, a direção do PSDB decidiu incluir Fernando Henrique Cardoso na lista de oradores do megaevento programado para sábado (10).

Concluiu-se o obvio: o silêncio a FHC viraria notícia instantânea. Iria às manchetes como algo mais relevante que o próprio discurso de Serra.

Pior: calado, FHC se converteria em munição para Lula, o PT e a rival Dilma Rousseff.

O petismo alardeia a tese de que o tucanato tenta manter FHC no armário, longe da vitrine eleitoral.

A cerimônia de sábado será o ato inaugural da campanha presidencial de Serra. Coisa concebida para aclamar o candidato.

Além da tribo tucana, convidaram-se lideranças do DEM e do PPS, os dois partidos que já se juntaram à caravana de Serra.

Inicialmente, previra-se que apenas quatro pessoas levariam os lábios ao microfone.

Além de Serra, só os presidentes das três legendas: Sérgio Guerra (PSDB), Rodrigo Maia (DEM) e Roberto Freire (PPS).

Provocado por repórter, há duas semanas, FHC dera-se por conformado. Dissera que, em eventos do gênero, o essencial é ouvir o discurso do candidato.

Nos subterrâneos, porém, o ex-presidente ruminava seus rancores. Dizia que o partido hesitava em defender um legado do qual se orgulha.

Incorria no mesmo erro cometido na campanha de 2006. Uma sucessão em que o tucanato se fizera representar por Geraldo Alckmin.

Candidato à reeleição, Lula e o PT haviam esfregado no nariz aquilino de Alckmin as privatizações da era FHC. E o tucano fugira do tema como ave do alçapão.

Numa trinca de artigos de jornal, FHC como que chamou para si a tarefa que, a seu juízo, o PSDB demora-se em cumprir.

Num texto, veiculado no primeiro domingo de fevereiro, FHC empilhara as realizações de sua administração. E dissera não temer o “plebiscito” proposto por Lula.

Noutro, levado às páginas no início de março, expusera as linhas gerais de uma plataforma de governo para a oposição.

No terceiro artigo, publicado no último domingo (4), o ex-presidente escreveu que, por trás da disputa Serra X Dilma, está em jogo os rumos da própria democracia.

Anotou que o programa concebido pelo PT escapa à tradição democrática do Brasil. Insinuou que se arma sob Dilma um capitalismo de Estado aos moldes da China.

O PSDB parece ter-se rendido à evidência de que FHC, a contragosto do grupo de Serra, já levou os dois pés ao palanque.

Além dele, cogita-se chamar ao palco de sábado outro personagem central da campanha de Serra: o grão-tucano Aécio Neves. Sua presença já fora confirmada. O discurso, não.

Concebeu-se uma cerimônia sem palanque. Os oradores serão acomodados no auditório. Um mestre de cerimônias os convocará, um a um, ao palco.

Alugou-se em Brasília um auditório com 1.500 assentos. Somando-se os que ficarão em pé, pretende-se juntar uma platéia de 2.000 pessoas.

Para fugir à improvisação, contratou-se uma empresa especializada na organização de pajelanças políticas.

Estima-se que, somadas todas as despesas, a conta será de cerca de R$ 500 mil. Dinheiro do fundo partidário.

Numa tentativa de dividir com o inimigo o espaço dos jornais, Lula e Dilma programaram um ato de campanha para o mesmo dia, no Rio.

http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2010-04-01_2010-04-30.html#2010_04-06_07_51_22-10045644-0

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Não sabe fazer política externa, não sabe diferenciar entre as questões individuais e as questões de Estado


São Paulo, segunda-feira, 23 de novembro de 2009


TENDÊNCIAS/DEBATES
Visita indesejável

JOSÉ SERRA


O mesmo país que tentou oferecer segurança e consolo a vítimas do Holocausto estende honras a quem banaliza o mal absoluto?


É DESCONFORTÁVEL recebermos no Brasil o chefe de um regime ditatorial e repressivo. Afinal, temos um passado recente de luta contra a ditadura e firmamos na Constituição de 1988 os ideais de democracia e direitos humanos. Uma coisa são relações diplomáticas com ditaduras, outra é hospedar em casa os seus chefes.
O presidente Ahmadinejad, do Irã, acaba de ser reconduzido ao poder por eleições notoriamente fraudulentas. A fraude foi tão ostensiva que dura até hoje no país a onda de revolta desencadeada. Passados vários meses, os participantes de protestos pacíficos são brutalizados por bandos fascistas que não hesitam em assassinar manifestantes indefesos, como a jovem estudante que se tornou símbolo mundial da resistência iraniana. Presos, torturados, sexualmente violentados nas prisões, os opositores são condenados, alguns à morte, em julgamentos monstros que lembram os processos estalinistas de Moscou.
Como reagiríamos se apenas um décimo disso estivesse ocorrendo no Paraguai ou, digamos, em Honduras, onde nos mostramos tão indignados ao condenar a destituição de um presidente? Enquanto em Tegucigalpa nos negamos a aceitar o mínimo contacto com o governo de fato, tem sentido receber de braços abertos o homem cujo ministro da Defesa é procurado pela Interpol devido ao atentado ao centro comunitário judaico em Buenos Aires, que causou em 1994 a morte de 85 pessoas?
A acusação nesse caso não provém dos americanos ou israelenses. Foi por iniciativa do governo argentino que o nome foi incluído na lista dos terroristas buscados pela Justiça. Se Brasília tem dúvidas, por que não pergunta à nossa amiga, a presidente Cristina Kirchner?
Democracia e direitos humanos são indivisíveis e devem ser defendidos em qualquer parte do mundo. É incoerente proceder como se esses valores perdessem importância na razão direta do afastamento geográfico. Tampouco é admissível honrar os que deram a vida para combater a ditadura no Brasil, na Argentina, no Chile e confratenizar-se com os que torturam e condenam à morte os opositores no Irã. Com que autoridade festejaremos em março de 2010 os 25 anos do fim da ditadura e do início da Nova República?
O extremismo e o gosto de provocação em Ahmadinejad o converteram no mais tristemente célebre negador do Holocausto, o diabólico extermínio de milhões de seres humanos, crianças, mulheres, velhos, apenas por serem judeus. Outros milhares foram massacrados por serem ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência. O Brasil se orgulha de ter recebido muitos dos sobreviventes desse crime abominável, que não pode ser esquecido nem perdoado, quanto menos negado. O mesmo país que tentou oferecer um pouco de segurança e consolo a vítimas como Stefan Zweig e Anatol Rosenfeld agora estende honras a alguém que usa seu cargo para banalizar o mal absoluto?
As contradições não param por aí. O Brasil aceitou o Tratado de Não Proliferação Nuclear e, juntamente com a Argentina, firmou com a Agência Internacional de Energia Atômica um acordo de salvaguardas que abre nossas instalações nucleares ao escrutínio da ONU. Consolidou com isso suas credenciais de aspirante responsável ao Conselho de Segurança e expoente no mundo de uma cultura de paz ininterrupta há quase 140 anos com todos os vizinhos. Por que depreciar esse patrimônio para abraçar o chefe de um governo contra o qual o Conselho de Segurança cansou de aprovar resoluções não acatadas, exortando-o a deter suas atividades de proliferação?
Enfim, trata-se da indesejável visita de um símbolo da negação de tudo o que explica a projeção do Brasil no mundo. Essa projeção provém não das ameaças de bombas ou da coação econômica, que não praticamos, mas do exemplo de pacifismo e moderação, dos valores de democracia, direitos humanos e tolerância encarnados em nossa Constituição como a mais autêntica expressão da maneira de ser do povo brasileiro.


JOSÉ SERRA, 67, economista, é o governador de São Paulo. Foi senador pelo PSDB-SP (1995-2002) e ministro do Planejamento e da Saúde (governo Fernando Henrique Cardoso) e prefeito de São Paulo (2005-2006).

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2311200908.htm

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

"Se o Brasil não tivesse São Paulo, a resistência estatística do país à crise seria ainda maior",

Sem São Paulo
"Se o Brasil não tivesse São Paulo, a resistência estatística do país à crise seria ainda maior", diz Marcelo Neri, coordenador do Centro de Políticas Sociais da FGV.
"Nas periferias do Nordeste, as classes A, B e C cresceram 12% de agosto de 2008, antes da turbulência, a agosto de 2009. É como se, nessas regiões, a crise não tivesse existido", diz.
Já a parcela da população do município de São Paulo que figurava nas classes A, B e C apresentou retração de 0,8% no período.
Neri formula suas pesquisas com base em dados divulgados pelo IBGE.
"Os números mostram, de forma inequívoca, o impacto forte dos programas sociais no combate à crise", diz Neri.
A pesquisa Datafolha, com metodologia própria, apontou um desempenho formidável dessas três classes, que estão no ápice da pirâmide social, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Elas partiram de uma fatia de 75% para 81% de 2008 a 2009. Na região Sul, caíram de 89% para 88%. Na Sudeste, apresentaram ligeiro aumento, de 83% para 85%.
Trabalho
No período entre 2001 e 2008, as transferências promovidas pelo Bolsa Família e pelas aposentadorias vinculadas ao salário mínimo haviam sido muito importantes para a redução da desigualdade social no Brasil.
No ano passado veio a mudança: a renda do trabalho foi responsável por 75% da queda da desigualdade, enquanto o aumento do salário mínimo respondeu por apenas 16% do recuo da desigualdade, segundo dados do Ipea.
O pesquisador Sergei Soares avaliou que, quando saíssem os resultados da Pnad, o Bolsa Família e todos os outros benefícios indexados ao salário mínimo voltariam a deter mais importância.
"Veremos, daqui a um ano, um efeito possivelmente ainda importante do mercado de trabalho. Mas veremos um efeito ainda mais importante das transferências do que o observado em 2008." É, de fato, o que está ocorrendo.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi0111200905.htm

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A real dimensão do Brasil em escala internacional: na falta de poder, a persuasão, mas basta?

No deserto, as miragens ganham vida e podem até dar sentido à luta pela vida, mas continuam sendo miragens. As miragens podem servir para realimentar os sonhos e fazer crer que as chances de sobrevivência são maiores, mas continuam sendo miragens.

A política externa brasileira vive de miragens. São miragens importantes, motivam o país, mas não se pode esquecer que são miragens.

Quem acompanha o blog sabe que sempre post as notícias que de algum modo exaltam este momento do Brasil. Me diverte ler estas notícias pensando no quanto elas incomodam os antiLula ferrenhos, o quanto incomodam o PSDB e o FHC por colocar o Brasil atual num patamar incomparável com o que ocorria no governo FHC. Se havia um setor no qual FHC e seu grupo imaginavam que seriam insuperáveis era na política externa, como um presidente monoglota poderia superar o príncipe da sociologia paulista? Não apenas superou, como o reduziu a insignificância dentro da história da política externa brasileira. FHC corre o risco de ser tratado nos livros de história da política externa brasileira como um Eurico Gaspar Dutra qualquer. E dentro do meu humor insólito, acho divertido acompanhar isso.

Entretanto entre a realidade e as miragens cultivadas pela internacional sobre o Brasil há uma larga distância. A imprensa internacional adotou o Brasil, adotou o Brasil porque o Brasil defende em escala mundial os valores liberais nas relações internacionais que são compartilhados por esta mesma imprensa. O Brasil segue um padrão de ação que a imprensa liberal internacional gostaria de ver generalizado. Além disso, difundir o Brasil não compromete, não é uma potência militar, não viola uma série de valores cultivados pela imprensa liberal como a China. Maximizar o soft power brasileiro não representa risco para a grande imprensa liberal, além disso o apoio ao Brasil aponta-o como modelo a ser seguido, especialmente para os governantes de esquerda. Então o Brasil foi abraçado em todo a sua agenda de política internacional.

O ativismo do Brasil em termos de política externa só é efetivo porque as ações brasileiras são significativamente amplificadas pela imprensa internacional. Sem poder militar, sem capacidade de coerção, o Brasil só pode contar com a persuasão, com a capacidade de convencimento e para tanto a imprensa funciona eficazmente ao legitimar as pretensões brasileiras, explica-las, e valida-las. Note-se, por exemplo, se os EUA ignoram por completo a idéia do G-20, e restringem as negociações ao G-8, qual seria a repercussão na mídia liberal mundial?

Agora vários periódicos trouxeram a comparação entre o Brasil e o México, apontam como o México que era o modelo em meados da década de 90 retrocedeu e o Brasil avançou. Isto deve servir como exemplo, todos os países que foram apontados como modelos a serem seguidos pela mídia liberal na seqüência sofreram grandes crises. O Brasil ainda tem uma vantagem não foi objeto de nenhum relatório do Banco Mundial apontando-o como modelo.

O Brasil tornou-se mais ativo em termos de política externa, mas não se tornou mais poderoso no sistema internacional. A arma do Brasil é a persuasão, a formação de alianças, a capacidade de mobilização dos seus diplomatas. Não se pode confundir aumento do ativismo em política externa com aumento do poder brasileiro na política internacional.

A imprensa brasileira mostra grande incompreensão da situação tanto pelos viés oposicionista que adota quanto pela ignorância mesma. O caso de Honduras é paradigmático. A UOL colocou uma notícia com uma manchete que dizia que o caso de Honduras mostrava que a OEA só funcionava quando os EUA atuavam. A jornalista Eliane Cantanhêde escreveu neste domingo (01/10) uma coluna intitulada “Quem pode pode” para tratar da questão, diz que por mais que o mundo esteja mudando, apesar de todo esforço do Brasil, a questão de Honduras só andou quando os EUA se movimentaram. E eu fico pensando, mas o que eles esperavam? Do mesmo modo que os EUA não conseguem demover o presidente do Sudão ou o governo da Coréia do Norte, agora, se a China interferir na questão de fato, o problema norte-coreano seria resolvido como por encanto. As organizações internacionais não tem poder próprio, seja a ONU, seja a OEA, o poder deles está relacionado ao comprometimento dos Estados-membros com os objetivos e ações da organização. Evidentemente que se os membros mais poderosos não se comprometem com a instituição, ela se enfraquece. Estranho seria a OEA ser tão poderosa que não dependesse dos EUA para agir, aí deveríamos pensar se não seria mais seguro “fechar” a OEA. Era evidente desde o início que o Brasil e a OEA não seriam capazes de demover a liderança golpista, por isso sempre pressionaram os EUA. O que o Brasil poderia para fazer o governo do turno de Honduras ceder? Nada, os dois países não possuem relações econômicas relevantes, nem políticas, resistir ao Brasil não representa um ônus para Honduras exceto em termos de imagem. Mas alguém pensa que o governo de Honduras tenha uma imagem a zelar no exterior que o fizesse ceder? Estranho seria Honduras ceder. Só faria sentido questionar o poder e a capacidade de ação do Estado brasileiro se houvesse um golpe na Bolívia, no Paraguai e no Uruguai (e talvez mesmo na Argentina) e o Brasil não fosse capaz de fazer pressão suficiente a ponto de demover os golpistas.

Jânio de Freitas também escreveu sobre política externa neste domingo, mas tratou de outra questão do acordo militar entre os EUA e Colômbia. O artigo intitulado “A liderança em questão” afirma que a idéia de que o Brasil lidera a América do Sul foi completamente negada pela assinatura deste acordo. Outro equívoco. Mas aí um equívoco mais honesto do que o da Eliane Cantanhêde. Dizer que o Brasil lidera a América do Sul é, em geral, uma força de expressão. De fato, a América do Sul é uma região em disputa, e os Estados da região orbitam em torno de pelos menos três eixos de poder, Washington, Brasília e Caracas. De acordo com seus interesses políticos e econômicos, os governos da região se aproximam mais ou menos de um destes eixos. Ora, é evidente que a Colômbia está numa posição isolada dentro da região e o Estado mais vinculado aos interesses dos EUA na região. É uma posição idealista imaginar que o Brasil poderia ter impedido o acordo entre a Colômbia e os EUA, para tanto o Brasil deveria que ter oferecido uma alternativa mais vantajosa para solucionar o problema que o governo colombiano considera mais ameaçador, a guerrilha e o narcotráfico. Ora em nenhum momento o Brasil se dispôs a apresentar esta alternativa. Caso Brasil, Equador e Venezuela se dispusessem a assumir a agenda política colombiana e montar uma operação conjunta para desmontar a guerrilha e o narcotráfico que ocorre no seu entorno, a Colômbia teria uma alternativa viável (mesmo superior) à cooperação com os EUA. Mas os países da região rejeitam a agenda colombiana, é um direito deles. Entretanto, para retirar os EUA da região, o melhor caminho seria se comprometer com a agenda colombiana. Agora qual o apoio interno que o presidente Lula teria para enviar tropas brasileiras para enfrentar a guerrilha e o narcotráfico na fronteira com a Colômbia e mesmo eventualmente realizar operações conjuntas na Colômbia? A sociedade brasileira está disposta a assumir o custo de ser de fato o líder da América do Sul?

A principal restrição que o Brasil sofre na sua ação internacional é o fato de não ser hegemônico na América do Sul. Hegemônico no sentido gramsciano do termo. Os países da região não identificam que possam atingir o seu interesse através das suas relações com o Brasil, e isso enfraquece significativamente o Brasil. No mesmo artigo, Jânio de Freitas aponta que o novo acordo realizado entre a Argentina e o Chile é um golpe na idéia de liderança brasileira. Podemos apontar também o fato da China estar disputando o mercado argentino com o Brasil. O que os países da região querem? Dinheiro, querem mercado para exportar seus produtos. E a capacidade do Brasil de ofertar isso é reduzida, o Brasil contribui pouco para a solução dos problemas dos seus vizinhos, a situação melhorou com os financiamentos do BNDES, mas o Brasil precisaria manter um “sólido” déficit comercial, ou pelo menos ser um grande importador da produção de seus vizinhos, deveria ser o grande parceiro comercial dos países sul-americanos como a China se tornou para os países asiáticos, mas o Brasil está bem longe disso. É surpreendente, por exemplo, que o Mercosul ainda seja discutido no Uruguai, que não haja uma completa integração econômica entre o Brasil e o Uruguai.

Por outro lado, não se pode minimizar a importância do Brasil na América do Sul. O governo Evo Morales identifica a Venezuela de Hugo Chávez como seu principal aliado. Mas a estabilidade política da Bolívia passa em grande medida pelo Brasil. A disposição brasileira em renegociar os acordos do gás com a Bolívia como a disposição brasileira em renegociar Itaipu com o Paraguai são cruciais para a sobrevivência destes governos, para ampliar suas margens de ação política. Também Hugo Chávez sabe que boa parte da sua atuação se deve ao Brasil. Os limites da ação internacional de Hugo Chávez vai até o ponto onde o Brasil pode lhe dar suporte, ele sabe disso e não ultrapassa este limite. Sem o apoio do Brasil, a pressão americana sobre a Venezuela seria muito maior. Após a fracassada tentativa de golpe em 2002, os EUA não tentaram mais nada diretamente, porque em 2003 já não podiam mais contar com o apoio do Brasil como anteriormente. Chávez sabe que caso a oposição se eleja no Brasil em 2010, a sua posição internacional ficará profundamente vulnerável. Chávez sabe também que pára continuidade do seu projeto política a integração com o Brasil é fundamental, solidificaria a estratégia de desenvolvimento alternativa. Por isso, mesmo não exigindo que o Brasil faça parte da ALBA, mesmo sabendo que o Brasil nunca poderá fazer parte da ALBA, Chávez busca aprofundar projetos conjuntos com o Brasil. O Brasil ganhou uma importância no comércio exterior venezuelano que não tinha antes de Chávez e Lula.

As ações do Brasil ganharam repercussão internacional quando o Brasil assumiu o discurso hegemônico na mídia liberal internacional. Isto fortalece o Brasil nos fóruns multilaterais mundiais, mas tem pouco impacto nas questões sul-americanas. Aqui os vizinhos querem resultados econômicos mais concretos por se aliarem ao Brasil. É preciso compatibilizar as duas coisas. E neste sentido ainda se constata o limite econômico do Brasil. O Brasil se tornou atrativo para o capital internacional, os fluxos de capitais não cessam. Isto reforça o espaço brasileiro nos fóruns econômicos internacionais. Mas este despontar econômico brasileiro ainda não foi capaz de trazer junto a América do Sul. O Brasil ainda precisa crescer muito, e adotar políticas mais efetivas de integração para ser capaz de fato criar um espaço econômico sul-americano colocando-se como centro.

A dimensão internacional continuará sendo superdimensionada neste momento de crise e de vazios de liderança, mas o Brasil não deve deixar se envolver pelo canto da sereia. É preciso continuar medindo os passos enquanto constrói uma sólida retaguarda. Esta retaguarda está em construção. Mas não está pronta. É preciso mais ousadia na integração sul-americana para que ela possa se reverter mais rapidamente em suporte político para o Brasil. o Brasil vai com cuidado com medo de perder neste processo de integração. Claro que haverá setores que serão perdedores líquidos num caso de integração sul-americana, mas é impossível que politicamente o Brasil não seja o ganhador líquido e mesmo economicamente o Brasil terá mais vantagens.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Santander driblou a crise graças ao mercado brasileiro

Santander driblou a crise graças ao mercado brasileiro

Der Spiegel

Mark Scott

O banco espanhol Santander teve um bom desempenho durante a recessão porque foi obrigado a evitar os títulos "tóxicos" devido às estritas leis domésticas para o setor bancário. A contrário de vários dos seus debilitados rivais no setor bancário internacional, o Santander está podendo agora expandir-se, e tem com alvo o mercado em crescimento que é o Brasil.
Como o maior banco da zona do euro, composta de 16 países, o banco espanhol Santander apresentou um ótimo desempenho durante a recessão. Uma regulação doméstica rigorosa obrigou este gigante do setor bancário, com sede em Madri, a manter distância dos títulos financeiros tóxicos e, de forma geral, o banco evitou emprestar excessivamente ao combalido setor imobiliário da Espanha. Agora, no momento em que os Estados Unidos e a Europa estão reduzindo os gastos, o Santander reforçou os seus planos de expansão.

Uma peça central dessa estratégia é o Brasil. Outrora conhecido como o gigante adormecido da América Latina, o Brasil - sob a liderança do carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva - transformou-se em uma potência econômica. Segundo estatísticas oficiais, o produto interno bruto do país cresceu 1,9% no segundo trimestre deste ano, em um momento em que várias outras economias de todo o mundo encolhiam. O Citigroup prevê que o produto interno bruto do Brasil aumentará cerca de 5% no próximo ano.
E o Santander se prepara para tirar o máximo de vantagem disso. Sendo já o terceiro maior banco não estatal do Brasil, atrás do Itaú Unibanco e do Bradesco, a companhia espanhola captou impressionantes US$ 7 bilhões (R$ 12,2 bilhões) para financiar a sua expansão naquele país com a venda de ações minoritárias das suas operações brasileiras. Ações adicionais que deverão ser vendidas neste mês elevarão este total para US$ 8,1 bilhões (R$ 14,1 bilhões) - naquela que é de longe, até agora, a maior oferta de venda pública do mundo neste ano.
Impulso ao setor bancário comercial
O dinheiro será bem empregado. O Santander pretende reforçar as suas próprias reservas de capital, expandir a sua rede de agência locais no Brasil em um terço até 2013, e impulsionar os empréstimos no crescente, mas ainda sub-utilizado, setor bancário comercial. "A atuação do Santander no Brasil foi inteligente e bem pensada", diz Robert Tornabel, professor especializado no setor bancário e ex-reitor da escola de administração ESADE, em Barcelona. "O Brasil é uma economia de crescimento rápido que está se tornando uma peça importante para a lucratividade do banco".
De fato, o Brasil respondeu por mais de um quinto dos 4,5 bilhões de euros (US$ 6,8 bilhões, R$ 11,8 bilhões) em "lucros imputáveis", ou lucros líquidos menos ganhos de capital, no primeiro semestre deste ano (os lucros imputáveis são a única medida de rendimentos através da qual o banco fornece uma classificação por país). Isso significa um aumento de 11% em relação ao mesmo período em 2008. Os analistas dizem que a mudança deve-se principalmente à consolidação do Banco Real, do Brasil, que o Santander adquiriu por US$ 16 bilhões (R$ 27,8 bilhões) em 2007 como parte da fatídica aquisição e divisão do gigante financeiro holandês ABN Amro pelo Santander, o Royal Bank of Scotland e o Fortis.
Se desde então o RBS e o Fortis enfrentam problemas, para o Santander a aposta deu ótimos resultados. A sua presença ampliada no Brasil contribuiu para compensar a redução das operações do banco em outras regiões - especialmente Espanha e Reino Unido - durante a pior parte da crise. Os empréstimos no Brasil, por exemplo, saltaram 16% durante o primeiro semestre de 2009, comparados a apenas 1% na Espanha no mesmo período.
Os lucros imputáveis obtidos no Brasil no primeiro semestre chegaram a 961 milhões de euros (US$ 1,4 bilhão, R$ 1,7 bilhão), o que representa um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano passado.
Mercado ainda inexplorado
Os analistas dizem que uma curva ascendente ainda mais pronunciada está por vir. Segundo números do Citigroup, a relação entre empréstimos e produto interno bruto no Brasil - um indicador-chave da maturidade do setor bancário - encontra-se atualmente em apenas 40%, o que é cerca da metade daquela do Chile, um rival regional. E a relação entre os depósitos de varejo e o produto interno bruto é comparável àquela da Colômbia, um país menor e mais pobre. Sendo assim, é óbvio que o presidente do Santander, Emilio Botin, dispõe de uma grande oportunidade para trazer uma parcela maior dos 190 milhões de cidadãos brasileiros para o setor bancário.
"O Brasil continua sendo um mercado de varejo praticamente inexplorado, e é aí que o Santander conta com vantagens", diz Xavier Vives, professor de economia da Escola de Negócios IESE em Barcelona. A estratégia do banco já está se consolidando. Desde que tornou-se proeminente no seu mercado doméstico na década de oitenta, o Santander aliou reduções agressivas de custos - especialmente através do uso de softwares proprietários para serviços administrativos - à venda cruzada de produtos financeiros aos clientes.
O banco está seguindo uma rota similar no Brasil: por exemplo, as despesas operacionais no decorrer do primeiro semestre deste ano caíram mais de 3% em relação ao mesmo período do ano passado, ainda que as rendas tivessem aumentado. E o índice de eficiência das suas agências brasileiras - com base em despesas versus rendas totais - aumentou sete pontos percentuais em um ano, caindo para 37,9%: um dos índices mais baixos dentre todos os bancos no Brasil.
A abertura de 600 novas agências nos próximos quatro anos ajudará também o banco a vender mais produtos como hipotecas e cartões de crédito para a cada vez mais afluente classe média brasileira. De forma reveladora, o Santander concentrou a sua expansão na região sudeste desse país sul-americano, particularmente em torno de São Paulo, onde o produto interno bruto per capita é quase o dobro daquele registrado no norte do país.
Competição acirrada
Mesmo assim, não há garantia de que o ambicioso plano brasileiro do Santander será um sucesso. Tanto os bancos domésticos quanto os internacionais estão procurando tirar vantagem da aquecida economia do país. Isso é particularmente verdadeiro no caso do estatal Banco do Brasil, que continua sendo o maior banco do país e que está diversificando agressivamente os seus produtos financeiros, particularmente no setor de seguros.
E embora o Brasil e, em grau menor, os Estados Unidos, país no qual o Santander entrou recentemente, representem as principais perspectivas de crescimento para o banco, vários títulos problemáticos na Espanha ainda podem reduzir a lucratividade do banco. O Santander diz ter capital suficiente para enfrentar problemas financeiros extras.
Para terem sucesso no Brasil, os espanhóis vão se basear na sua experiência prévia de expandirem-se com sucesso em outros países sul-americanos e na Europa nos últimos 15 anos. E, ao captar investimentos de US$ 8,1 bilhões (R$ 14,1 bilhões), o Botin & Co. ver-se-á em uma provisão privilegiada em um dos mercados financeiros de mais rápido crescimento do mundo. Não é de se admirar, portanto, que o Santander seja visto por muitos como um dos maiores vencedores a emergirem da Grande Recessão.

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/derspiegel/2009/10/28/ult2682u1360.jhtm?action=print

domingo, 11 de outubro de 2009

Resistimos o suficiente? É possível passar para a próxima etapa?

João Manuel Cardos de Mello escreveu em 1992: “É claro que há alternativa ao neoliberalismo que não seja nem o “desenvolvimentismo” fora de época, nem o fundamentalismo. Mas não tem cabimento propor novas utopias (quais?) quando a História frustrou a realização dos velhos sonhos. Penso que só nos resta defender a Nação dos efeitos destrutivos da crise e ir preparando com paciência e determinação, as condições para que, no futuro, possamos incorporar plenamente os resultados econômicos e sociais da Terceira Revolução Industrial.”

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Morram de inveja argentinos:Brasil é credor do FMI!

10.04.2009Clarín.comEl Mundo

Brasil pasa al club de los acreedores: prestará US$ 4.500 millones al FMI

00:00

Según anunció el gobierno, el dinero será para asistir a los países más pobres.

Por: Eleonora Gosman

No sólo dejó de deber plata al Fondo Monetario Internacional (en 2004 y en simultáneo con Argentina). Más que eso, ahora Brasil pasa a la orilla opuesta: será prestamista del FMI. De acuerdo con el anuncio del ministro de Hacienda, Guido Mántega, el país pondrá a disposición del organismo internacional 4.500 millones de dólares que podrán salvar de la horca tanto a emergentes como a países muy pobres que requieren de urgente financiación para sobrevivir en este mundo en crisis.
SDLqEntramos en el club de los acreedores", se jactaba anoche el ministro. Explicó que las naciones que más recursos precisan del Fondo "son los más pobres. Para los avanzados, eso puede no significar mucho porque no precisan de flujo financiero". Y agregó en tono acusador: "El país con mayores reservas financieras es, justamente, el que provocó la debacle mundial. Pero ellos tienen la maquinita de hacer dólares", ironizó. La colocación de esa plata pretende ser un refuerzo para las necesidades de América Latina y de Africa. Pero como señaló Mántega no implicará una caída de las reservas. El Fondo le da a cambio Derechos Especiales de Giro, una cuasi moneda que se utiliza como referencia para fijar paridades y que sirve además para ser canjeada en cualquier momento por dólares en el propio FMI. Apenas 47 de los 185 miembros del Fondo están en condiciones de prestarle dinero a la institución. Es evidente que para hacerlo es preciso contar con buena cantidad de divisas en las arcas del Banco Central. En el caso de Brasil, hay acumulados 201.000 millones de dólares.
La decisión de aportar al Fondo es esencialmente política. Resulta una consecuencia de la estrategia internacional que se fijó el presidente Lula da Silva. Durante la reunión del G-20 financiero, del 2 de abril en Londres, hubo un consenso en elevar a 250.000 millones de dólares la financiación directa aportada por los gobiernos al Fondo. Estableció también que 47 de los 185 países miembros de la institución aportarían hasta 250.000 millones de dólares para sostener los Derechos Especiales de Giro (la unidad de cuenta monetaria del FMI usada para prestar a países que demanden dinero).
Y Lula, que batalló para ser escuchado, no podía negar el aporte que el propio Fondo le pidió. El presidente ya había dado una señal al respecto cuando dijo en conferencia de prensa en Londres a periodistas de su país: "¿No les parece chic que Brasil preste plata al FMI?". En el momento sonó a ironía. Pero la realidad acaba de demostrar que, si se quiere estar en la primera línea mundial, hay que poner dinero. "Nuestra participación adquiere un significado especial en el difícil período que atraviesa la economía mundial", defendió Mántega.
Desde que fue creado el FMI, Brasil es el primer prestador latinoamericano al Fondo y lo hace, según sus propias declaraciones, para que a su vez la institución transfiera ese dinero a países con problemas. Más veces todavía que en Argentina, la historia brasileña está marcada por los default. El primero fue luego de la crisis norteamericana de 1929: en 1932, la deuda externa brasileña llegaba a 237 millones de libras esterlinas y no había como hacerle frente. El ministro económico de Getulio Vargas, Oswaldo Aranha, se opuso a tomar nuevos préstamos para pagar deudas antiguas.
El mayor endeudamiento brasileño ocurrió con la dictadura militar, entre 1964 y 1985. Fue la época del "milagro económico" a la que siguió el milagro de triplicar la deuda externa: saltó de 4.000 a 12.000 millones de dólares en 1968. La crisis del petróleo en 1974 agravó los problemas y en noviembre de 1982, el ex presidente Joao Baptista Figueiredo tuvo que pedir al Fondo un préstamo de 3.000 millones de dólares. En 1987, el gobierno brasileño entró en una nueva moratoria. Con Fernando Henrique Cardoso el país acumuló una deuda de 232.000 millones y en 2001, en plena crisis de Argentina, Brasil pidió más plata al Fondo bajo condiciones leoninas. El esfuerzo de ahorro fiscal y de eliminación de gastos de Lula durante su primer gobierno le permitió saldar sus cuentas con el FMI y pasar a una situación de tener más reservas que deudas. Claro que en 2005 casi le cuesta el puesto.

http://www.clarin.com/diario/2009/04/10/elmundo/i-01894944.htm

domingo, 18 de novembro de 2007

Belluzzo não muda o discurso e está certo!

Folha de São Paulo

São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007
LUIZ GONZAGA BELLUZZO
Delícias e riscos do câmbio


O real e os juros formam, no Brasil, um par atraente para os participantes da corrida global por ativos rentáveis


DESDE a década de 80, depois da crise da dívida externa, o Brasil não vive uma conjuntura tão favorável. A ascensão econômica da China e dos asiáticos em geral, com dotações de recursos naturais diferentes da nossa, mudou a configuração do comércio internacional. Os termos de troca entre produtos primários e bens manufaturados movem-se a favor dos países com disponibilidade e diversidade de recursos naturais. Para completar a temporada de vento a favor, veio a notícia da descoberta da megarreserva de Tupi. Alem das bênçãos da insolação e da energia renovável, a natureza nos oferece as graças do petróleo. Assim seja.
Nesse ambiente benfazejo, a política monetária ainda sustenta a taxa de juros e o câmbio fora do lugar. O câmbio valorizado é compensado por preços generosos formados num mercado mundial superaquecido. Não há dúvida de que a taxa de câmbio real valorizada e a inflação baixa daí decorrente melhoram o "bem-estar" da população, tanto dos pobres -os empregados ou beneficiados por políticas sociais- como dos ricos de todo gênero (os remediados ainda sofrem as agruras do baixo dinamismo industrial dos últimos anos, não obstante a aceleração recente do crescimento).
A sensação de bem-estar é intensa agora: a valorização é acompanhada pelo rápido aumento da demanda doméstica, do emprego, dos salários e dos demais rendimentos graças à expansão do crédito via ampliação dos prazos e à evolução dos setores não afetados pela concorrência externa, como a construção civil.
A moeda brasileira e seu juro básico formam um par atraente para os participantes da corrida global por ativos mais rentáveis. Não é só o odor de santidade que atrai os viciados em diferenciais de rendimentos.
A Índia, por exemplo, apresenta situação fiscal e de balanço de pagamentos bem mais precária: déficit fiscal e saldo negativo da balança comercial. Ainda assim, as autoridades foram obrigadas a tomar medidas para estancar a entrada de capitais, sobretudo dos investimentos de portfólio. Isso com uma taxa de juro de curto prazo de 7,20% ao ano.
O Brasil tem uma combinação câmbio-juros hostil ao investimento na indústria manufatureira e favorável à arbitragem sem risco. Em um ambiente de celebração dos emergentes de notícias favoráveis é inevitável a valorização do real.
É bom não esquecer: a outra face das reservas elevadas é a acumulação de passivos em moeda estrangeira nas Bolsas, em renda fixa.
Alem de tais inconveniências óbvias, a valorização do real é um chute no traseiro do investimento produtivo de maior graduação tecnológica, para não falar dos setores intensivos em mão-de-obra. Na toada do rápido crescimento da demanda insuflada pelo crédito, ainda é possível investir na ampliação da capacidade, a despeito da concorrência das importações subsidiadas pelo câmbio barato Mas isso não elimina o risco da consolidação de uma estrutura industrial concentrada em bens destinados à produção de commodities ou fortemente apoiados em recursos naturais, como mostram os trabalhos recentes do Iedi.


LUIZ GONZAGA BELLUZZO , 65, é professor titular de Economia da Unicamp. Foi chefe da Secretaria Especial de Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda (governo Sarney) e secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (governo Quércia).

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

O caso IPEA: a Folha de São Paulo para variar, mente!

Interessante a notítica da FSP sobre os expurgos de economistas críticos ao governo do IPEA, interessante porque quando o IPEA foi destruído pelo governo FHC não houve qualquer manifestação. O IPEA conseguiu ser um órgão independente do governo durante o regime  militar, mas desde o governo FHC não sai nada independente do IPEA, apenas o velho discursinho neoliberal. Então ainda que houvesse exprugos, a Folha deveria explicar o seu silêncio anterior. É impressionante o baixo nível da imprensa brasileira. E vamos convir o unico que presta dos que estão sendo substituídos é o Régis Bonelli. E o Régis Bonelli pode ser crítico do governo, mas é um grande especialista em indústria. O pior momento do IPEA foi no governo FHC onde figuras como Ricardo Paes de Barros se promoveram.

sábado, 28 de abril de 2007

O Lula demite o melhor e escolhe morrer abraçado ao pior

Júlio Gomes de Almeida deixou a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. Há uma controvérsia sobre se foi demitido ou não e se ele criticou os juros e câmbio porque sairia ou se saiu porque criticou os juros e o câmbio. Pouco importa. A entrada de Júlio Gomes de Almeida no Ministério da Fazenda parecia sinalizar uma mudança na política econômica. Infelizmente não foi o que ocorreu.
Apenas para deixar claro entre Guido Mantega e Júlio Gomes de Almeida, o segundo é muito mais economista e tem a virtude da coerência. Enquanto Mantega sempre disse as mesmas coisas que Almeida diz hoje, mas na hora fundamental que era a implementar políticas para mudar o Brasil, Mantega vergou e beijou a mão dos financistas, como a sua incapacidade teórica o impede de debater com os economistas neoliberais que dominam o governo, Mantega capitulou e ter alguém que não se curva ao seu lado mostra a covardia política dele e de seu presidente e debilidade intelectual do ministro. O ministro Mantega, com o perdão do trocadilho, uma manteiga, ou vaselina, ou KY, como quiser, o papel é o mesmo, facilitar o arrocho, o arrombamento que o governo faz nos brasileiros e na economia brasileira.Pena que para se proteger neste caso não serve preservativo, pílula.
Júlio Gomes de Almeida manteve no ministério a coerência, enquanto esteve na direção do IEDI (www.iedi.org.br) sempre defendeu a redução dos juros, apontou o efeito dos juros sobre a indústria e como quanto mais o câmbio se valoriza maior a desindustrialização ocorrida no Brasil. Esta idéia não é nova, foi defendida por uma série de economistas desde o início do governo FHC. O governo FHC sempre argumentou que a indústria não se prejudicava com o câmbio e que a taxa de câmbio não estava valorizada. Este cenário no governo FHC era criticado pelo PT e pelo hoje ministro Mantega, mas como sabemos mudando o governo a mesma causa gera efeitos diferentes. O IEDI continua apontando a desindustrialização e políticas de crescimento. Por isso que quando o seu diretor se tornou secretaria de política econômica parecia sinalizar mudanças. O governo não mudou, a política não mudou, e saída de Almeida mostra que não há pretensão de mudar. O que resta é torcer para que sejam tão incompetentes quanto FHC e não consigam destruir o país em apenas 8 anos. Para que não reste dúvida se alguém deveria ser demitido era o ministro Guido Mantega por incompetência, ineficiência e crime de lesa-pátria. O duro é que se ele fosse demitido por isso o presidente ficaria com vergonha e teria que se auto-demitir.