"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

terça-feira, 29 de julho de 2008

Agora apareceu quem manda!

29/07/2008 - 08h36

Rodada de Doha depende de um compromisso entre Índia e EUA, agora ou nunca

 

GENEBRA, 29 Jul 2008 (AFP) - Os ministros de 35 países tentavam nesta terça-feira aproximar Estados Unidos e Índia para evitar que o tema da proteção dos mercados agrícolas de países em desenvolvimento provoque o naufrágio definitivo das negociações multilaterais de livre comércio.
Vários ministros destacaram ao chegar à reunião na sede da Organização Mundial de Comércio (OMC) em Genebra os riscos de que este dia -o nono consecutivo de negociações exaustivas- acabe sem uma solução de compromisso.
"Vejo as coisas por um fio. Se não for resolvido (a questão das salvaguardas pedidas pela Índia) isso acaba", disse à AFP o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Amorim pediu a todas as partes que "assumam riscos, políticos inclusive", para salvar a Rodada de Doha, "porque se isso acabar agora, francamente não vejo como se possa retomar dentro de dois ou três meses, seria uma total ilusão".
O comissário de Comércio da União Européia (UE) também destacou a necessidade de "um compromisso entre as duas partes, ou seja, Estados Unidos e Índia e outros países em desenvolvimento".
"Se não mostrarem a vontade de compromisso, temo que o acordo caia, a perspectiva é espantosa", disse Mandelson à imprensa.
O ministro indiano do Comércio Kamal Nath não pareceu particularmente pressionado ao chegar à sede da OMC.
"Esta noite tive ótimos sonhos. Estou otimista", comentou a jornalistas, e acrescentou: "os Estados Unidos tentam favorecer seus interesses comerciais, eu tento proteger a vida e a segurança dos agricultores (indianos)".

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Para variar, o Brasil é o traidor!

28/07/2008 - 06h30

Posição do Brasil na OMC é vista como 'traição', diz jornal

Uma reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal La Nación afirma que os países do Mercosul perceberam como "traição" o apoio brasileiro à proposta de liberalização comercial apresentada pelo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, em negociações em Genebra.
De acordo com o jornal argentino, a posição do Brasil colaborou para manter acesas tensões com a Argentina nas negociações que buscam finalizar a Rodada Doha de livre comércio, que entraram nesta segunda-feira em sua segunda semana.
No domingo, segundo o jornal, "a Argentina manteve suas queixas em relação à inflexibilidade (da proposta), enquanto o Brasil começou uma atividade frenética para apaziguar a crise desatada entre os dois países, depois de sua decisão de 'aceitar como um todo' o projeto de acordo".
Segundo o La Nación, o secretário argentino de Relações Econômicas Internacionais, Alfredo Chiaradía, um dos principais negociadores do país, disse que a decisão do Brasil "cria tensão" no Mercosul.
"Outras fontes diplomáticas argentinas confirmaram que a atitude do Brasil era percebida como uma 'traição' do gigante sul-americano contra seus sócios do Mercosul", diz o jornal.
Argentina e Brasil discordam sobre a flexibilidade que permite aos países em desenvolvimento proteger percentagens limitadas de seus setores considerados mais sensíveis contra o impacto de uma redução das tarifas de importação. As propostas teriam partido de 12% e chegado a 14% - taxa aceita pelo Brasil. A Argentina, no entanto, considera o número insuficiente e defende uma taxa de 16% .
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, teria dito ao La Nacion que fará "todo o necessário para ajudar" o Mercosul nas negociações.
Esta linha também é defendida por "fontes latino-americanas" citadas pelo jornal. Segundo elas, Amorim fará todo o possível para que a Argentina tenha seus desejos atendidos no acordo final da rodada.

http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/07/28/ult4909u4717.jhtm

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Matar o Bush de raiva

Venezuela vai doar lâmpadas para pobres dos EUA

O governo da Venezuela vai distribuir lâmpadas de baixo consumo de energia em comunidades pobres de 11 cidades americanas, entre elas a capital, Washington.
Segundo as autoridades, a medida faz parte do programa Missão para Revolução Energética, que visa a ajudar pessoas de baixa renda a diminuir o consumo de energia.
O projeto, que já está em andamento na Venezuela, está sendo financiado com o dinheiro das vendas de petróleo.
Segundo correspondente da BBC em Caracas James Ingham, 60 milhões de lâmpadas econômicas já foram doadas a comunidades carentes venezuelanas. O governo espera que o consumo de energia no país seja reduzido em 5%.
Nos Estados Unidos, o governo do presidente Hugo Chávez deve distribuir 500 mil lâmpadas para residentes de 11 cidades, o que deve resultar em uma economia de US$ 15 milhões (cerca de R$ 25 milhões) ao longo dos dez anos de vida útil das lâmpadas. A Venezuela tem uma das maiores reservas petrolíferas do mundo e há cinco anos vem aplicando parte dos lucros obtidos com a exportação da commodity em programas sociais. Além do programa de distribuição de lâmpadas, Chávez também fornece petróleo a baixo custo para vários países, incluindo a Grã-Bretanha, que compra combustível venezuelano a baixo custo e repassa o desconto para usuários de baixa renda no transporte público.
Críticos dizem que, por trás da iniciativa, o objetivo do país é fazer propaganda política.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A Eliane Cantanhêde falou algo que preste? É preciso imprimir, arquivar e guardar, porque não é algo que deva se repetir!

16/07/2008

Felizes para sempre

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um homem de sorte e de enorme senso de oportunidade. Quando pega fogo no PT, ele vira as costas. Quando as labaredas chegam ao Planalto, não viu, não sabia. Quando há uma crise em outra esfera, vira de frente, vê, sabe e ainda consegue dar um jeito de tirar uma casquinha.

Foi assim que, depois de trocarem desaforos em público, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o ministro da Justiça, Tarso Genro, foram trocar de bem em privado: no gabinete presidencial e na presença do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que já presidiu o STJ antes de Gilmar e é gaúcho como Genro.

Enquanto eles se reuniam para lavar roupa suja, veio a notícia: quem pagou o pato foi o tal delegado Protógenes Queiroz, imbuído do espírito do bem contra o mal e responsável pelo inquérito que jogou o banqueiro Daniel Dantas no meio do fogo, incendiando o país. Daniel Dantas está muito bem, obrigado. O delegado foi mandado "estudar", abandonando o processo e a confusão.

E, assim, chegamos ao chamado "final feliz": ninguém mais fala em Daniel Dantas, em desvios, em tráfico de influência, em formação de quadrilha; o delegado enfim se recolheu (ou melhor, foi recolhido) ao seu devido lugar; e Gilmar e Genro fazem juras de amor eterno.

Passada a reunião no Planalto, outra coincidência.

Na Record News, Gilmar e Genro anunciavam ao vivo a intenção de acabar com a "espetacularização" e os "abusos dos agentes públicos", reforçando as defensorias públicas para tornar a justiça mais justa (igualando assim, via defensorias (?!), o tratamento de ricos e pobres....)

Simultaneamente, na TV Globo, uns bandidos pés-de-chinelo de Alagoas desfilavam pelo vídeo devidamente algemados e empurrados pela polícia.

É sempre um deus-nos-acuda quando um grandão qualquer aparece algemado na TV. Mas ninguém reclamou, ninguém falou em "espetacularização", nem em "abuso do poder", nem em "Estado Democrático de Direito" quando os algemados eram uns quaisquer alagoanos.

Prender, algemar e deixar filmar Daniel Dantas, Naji Nahas e Celso Pitta foi um verdadeiro escândalo, que revirou os Poderes da República. Prender, algemar e deixar filmar os suspeitos de adulteração de gasolina, ou algo assim, lá no Nordeste foi apenas parte da rotina policial e da vida nacional.

Na outra encarnação, não queira ser alagoano, nem delegado, nem um qualquer à espera de melhorias nas defensorias públicas. Acerte logo com o Todo-Poderoso para vir de banqueiro e ter 90% do caminho andado para se acertar com as autoridades de carne e osso.


Eliane Cantanhêde é colunista da Folha, desde 1997, e comenta governos, política interna e externa, defesa, área social e comportamento. Foi colunista do Jornal do Brasil e do Estado de S. Paulo, além de diretora de redação das sucursais de O Globo, Gazeta Mercantil e da própria Folha em Brasília.
E-mail: elianec@uol.com.br

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/elianecantanhede/ult681u422779.shtml

terça-feira, 15 de julho de 2008

Para ser de direita é necessário ser burro?

LEITURAS DE VEJA
A direita emburreceu de vez?

Por Paulo Ghiraldelli Jr. em 15/7/2008

"Não é preciso ser burro para ser de esquerda." Esta frase de Fernando Henrique Cardoso, na condição de presidente da República, é uma das mais corretas e bem elaboradas que ele já cunhou para o mundo jornalístico. Começo a acreditar que a frase simétrica, contemplando a direita, não vale. Estou dizendo, então, que para ser de direita é necessário ser burro? Pode não ser assim no exterior, mas, no Brasil, a condição política conservadora está indo de mal a pior.

A situação da revista Veja tem estampado isso. Os articulistas que a revista apresenta estão cada vez menos preparados. O caso de Gustavo Ioschpe salta aos olhos. O que ele escreve deixa qualquer pessoa relativamente bem informada totalmente estarrecida. Pego aqui o rabisco dele chamado "Errar é humanas" (Veja, 30/06/08).

Eu vou citar as pérolas gustavianas e sigo depois com breves comentários. Segurem-se na cadeira.

"Eu só descobri que não entendia nada de matemática quando conversava com um colega russo, no mestrado, sobre o assunto. Aquilo que para mim exigia um grande esforço mental, de montagem de equações e de tentativa de operações algébricas, para ele era visivelmente algo automático, instintivo, como a construção de uma frase em sua língua natal. (...)"

O afastamento do empírico

Sim! Ele é economista, uma área em que sem a matemática é impossível sobreviver. Mas ele diz que não sabe matemática! Agora dá para entender por que produziu aquela estatística, já denunciada por mim e outros, querendo mostrar que a ampliação de salários de professores não melhora a educação. Pronto, é isso: ele errou na estatística, é claro. Não sabe matemática.

E ele continua:

"O problema é fundamentalmente filosófico, epistemológico: a maioria das pessoas entende a matemática como uma ferramenta que precisamos dominar para resolver alguns problemas do cotidiano. Mas a matemática não é isso. A matemática é uma linguagem que descreve o mundo. Todo o mundo físico é traduzível em números, com acuidade muito maior do que a descrição feita por palavras. Além disso, a matemática é a árvore da qual brotam os frutos das ciências exatas: física, química, biologia, estatística, engenharia, medicina – nada disso seria possível sem a matemática. (...)

Sem uma comprovação empírica, qualquer pensamento é apenas uma tese."

Mas Gustavo, veja, meu caro, as matemáticas não se desenvolveram para então gerar as ciências, elas caminharam juntas. Além disso, sua frase "sem uma comprovação empírica, qualquer pensamento é apenas uma tese" é exatamente a frase que nega o poder da matemática. Ela é exatamente a disciplina que não suporta a empiria! Ela é o afastamento do empírico, par excellence.

A Caverna de Platão

Leitor, você agüenta mais um pouco? Sim? Então, tome:

"Eu só fui descobrir isso [que disse acima] quando já estava no mestrado. De tudo que estudei na vida – e acabei estudando, na faculdade, história, ciência política, psicologia, sociologia, economia, geologia, marketing, administração, contabilidade, crítica literária, filosofia e outras que nem me lembro mais, não apenas por desejo e curiosidade próprias, mas porque o sistema americano impõe essa multidisciplinaridade – hoje vejo que a matéria mais importante é estatística. Achava a matéria um porre quando a cursei, no primeiro ano. O que é natural, aliás: aos 18 anos, o cérebro humano está demasiadamente encharcado de hormônios para que os pensamentos possam nadar. Agora vejo que a estatística é a base de tudo, é o que possibilita a distinção entre a opinião e o fato, a aparência e a realidade (as ‘formas’ platônicas). Sem estatística não pode haver ciência exata nem ciência social."

Viram? Eu tenho criticado o que chamei de PTE, o Pensamento Tecnocrático em Educação, que é capitaneado pelo "grupo da Veja", "grupo do Paulo Renato" e, enfim, o que agora também está no MEC, com Fernando Haddad imitando a secretária de Educação de São Paulo em tudo que é conservador. O PTE é isso: a apologia da estatística. Mas não a estatística inteligente, e sim, a estatística tomada como panacéia. É uma espécie de "ideologia do cientificismo da estatística". Isso é ignorância.

Gustavo é tão ignorante que ele quer resolver o problema filosófico "aparência versus realidade" com estatística! Os sistemas filosóficos não resolvem o problema. Eles não apareceram para fazer isso. Eles apareceram para equacionar o problema da relação entre ilusão e aparência (se é que esse problema existe).

Platão não quis renegar o mundo existente, o aparente, para impor a todos o mundo das formas; o que ele fez foi mostrar que, como homens, vivíamos em ambos: um é o mundo inteligível, o outro é o sensível. Um mundo, nós acessamos pelo intelecto, o outro, acessamos pelos sentidos. A Caverna de Platão não é um lugar, é uma condição – carregamos nas costas nossa Caverna quase como a tartaruga carrega a casca. A tartaruga carrega a casca e pode até imaginar que teria como eliminá-la. Pode imaginar que, uma vez sem a casca, viria a se apresentar como realmente é, na sua essência de tartaruga – a tartaruga real. Mas ao perder a casca, morreria, e morreria sem ser tartaruga, e sim, como uma tartaruga desfigurada.

"Otimismo despropositado"

Quando cometo um erro de cálculo ou de percepção e sou avisado, ou descubro o erro por mim mesmo, eu o corrijo. Assim, estou no âmbito do que a ciência faz, e também o senso comum. Agora, no âmbito da ilusão metafísica (ou no âmbito do que Marx chamava de ideologia), não posso fazer algo que se chame "correção". Posso mostrar que o que é visto pelos olhos do corpo não é o correto, e este, o correto, seria visto pelos olhos da razão, mas isso não elimina a visão dada pelos olhos do corpo. Nesse sentido, não há como "corrigir" uma ilusão metafísica. Por isso mesmo, cada sistema filosófico elege como ilusão coisas completamente diferentes. E, para a filosofia metafísica, a ilusão faz parte da estrutura do mundo e por isso mesmo ela não pode ser eliminada, corrigida. Para Kant, a ilusão necessária era, por exemplo, Deus. Para Marx, a ilusão necessária – a ideologia – era o fetichismo da mercadoria em associação com a reificação. Essas "ilusões" não são eliminadas por "correção". Muito menos por estatística!

Gustavo não entendeu nada de filosofia. E pior, não entendeu nada de estatística, pois a estatística é justamente a "não exatidão" da matemática. Estatística é o mundo da probabilidade e, portanto, a introdução da não exatidão no campo que se pensa rei da exatidão.

Acabou? Não, não! Ele não pára assim, não. O meninão é um poço inesgotável de frutos de quem nasceu de onze meses. Segue mais:

"Essas idéias me vêm à mente quando vejo que filosofia e sociologia foram incluídas como matérias obrigatórias no currículo do ensino médio. Veja só: nosso sistema educacional é um fracasso tão retumbante que, na última medição em que o desempenho dos alunos foi dividido em níveis, o SAEB de 2003 apontou que 55% dos alunos da quarta série estavam em situação crítica ou muito crítica em leitura, o que quer dizer que eram praticamente analfabetos. A maioria dos alunos que faz a prova de Matemática no SAEB acha que ‘3/4’ é 3,4, e não 0,75. Não entendem nem a notação de uma fração. Achar que esses professores, com essa qualidade, conseguirão ensinar filosofia e sociologia a esses alunos é o que os ingleses chamam de wishful thinking, um otimismo despropositado."

A "leitura do mundo"

Bem, vejam que ele confunde as habilitações, ele acha que todo professor é despreparado. O professor de filosofia, que não ensina matemática, seria um despreparado. O aluno vai mal de matemática e ele culpa, de antemão, os professores de filosofia e sociologia que, aliás, nem bem começaram o serviço! Veja só como ele, em vez de se guiar por estatísticas, tem como guia o preconceito.

Só mais um pouco de gustavice, por favor. Agüente a última dose.

"No primeiro semestre da faculdade, li um texto muito bom de Paulo Freire, em que ele dizia que era preciso read the word to read the world (ler a palavra para ler o mundo). Não sei se ele o escreveu em inglês ou se a tradução foi especialmente fortuita, mas o enunciado é verdadeiro: é impossível entender a complexidade do mundo se você não sabe ler."

O trecho acima é significativo. Mostra como nossas elites, não raro, erram na educação dos filhos. O menino Gustavinho é rico. Foi estudar nos Estados Unidos quando ainda não tinha maturidade para tal. Lá, no exterior, o professor deu para ele ler o Paulo Freire, um brasileiro. Poderia ter lido aqui mesmo, de modo correto. Mas quis ler errado, pagando caro para tal, lá nos Estados Unidos.

Por que ele, Gustavinho, está errado? Ora, o que Paulo Freire disse é o inverso do que ele escreveu (em inglês).

Paulo Freire escreveu, é claro: lemos o mundo para depois lermos a palavra. O que Paulo Freire queria com isso, baseado no historicismo de Hegel e no pragmatismo americano, era nos fazer notar que antes de qualquer aprendizado formal, escolar, temos uma concepção de mundo adquirida a partir de nossas vivências. Isso é o que já estava em John Dewey: antes de tudo, vem a experiência (que não deve ser tomada como experimento), que então é continuamente re-significada (Rorty diz: redescrita). Então, o aprendizado escolar se dá sobre o que já aprendemos na nossa "leitura do mundo". Daí a idéia freireana de insistir na prática educativa que leva a sério o que já sabemos antes de aprendermos a leitura e a escrita.

A ladainha de sempre

Ora, a conclusão que Gustavo tira do Paulo Freire, que ele copiou errado, é que precisamos aprender a ler e a escrever. Mas isso é o óbvio, ninguém pensaria o contrário. E quem iria citar um filósofo da educação, como Paulo Freire (ou qualquer outro), para dizer o que é uma evidência e um consenso do senso comum? Só um tolo.

No final do artigo "Errar e humanas", Gustavo então desanda a falar mal do marxismo que estaria impregnado em professores de filosofia, e se volta contra o ensino de filosofia e sociologia na escola média. A ladainha de sempre. Mas a essa altura já perdeu toda a moral. Então, alguém que é sadio pára a leitura, não há como continuar a ler seu texto. É isso! A direita está cada vez pior.

Se não consegue fazer valer uma decisão contra o Sudão fará valer contra quem?

14/07/2008 - 20h56

Sudão recorre ao Conselho de Segurança contra prisão do presidente

da Folha Online

O Sudão irá ao Conselho de Segurança (CS) da ONU para bloquear a ordem de detenção decretada contra o presidente do país, Omar al Bashir, acusado de genocídio e crimes de guerra e lesa-humanidade pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), disse hoje o embaixador sudanês nas Nações Unidas, Abdalmahmood Abdalhaleem.

"Pedimos aos membros do Conselho de Segurança que intervenham neste caso", disse o diplomata em coletiva.

Segundo Abdalhaleem, o CS tem autoridade para bloquear a ordem de captura e o processo que levou à sua emissão, já que foi o órgão que, em 2005, autorizou o TPI a investigar as denúncias de violação dos direitos humanos na conflituosa região sudanesa de Darfur.

"É preciso deixar claro que (o TPI) é a favor da paz e do fim do derramamento de sangue, ou que, antes disso, está do lado da justiça, embora, para nós, isso não seja justiça", opinou o diplomata sudanês.

Abdalhaleem advertiu que Cartum "está considerando todas as alternativas" para anular a decisão da Promotoria do TPI, mas não esclareceu se isso incluía o uso da força.

Porém, afirmou que a ação do promotor-chefe da corte internacional, Luis Moreno Ocampo, "terá conseqüências desastrosas para o processo de paz" de Darfur, e reiterou: "Nunca colaboraremos com o TPI".

"Quando se acusa um chefe de Estado, que é o líder de um país, com quem depois alguém pode falar?", questionou o diplomata.

Abdalhaleem disse a ordem de detenção contra Bashir cria "problemas de legitimidade" para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que "sempre recorreu ao presidente" quando as Nações Unidas enfrentaram "dificuldades" em suas atividades no Sudão.

Genocídio

O embaixador sudanês também acusou Moreno Ocampo de "ser um ativista, não um jurista", que, por motivações políticas, "colabora com os inimigos do Sudão".

"Este é um assunto político, não legal, com o qual querem deter nossa marcha rumo ao progresso e à democracia e algumas potências cobram contas pendentes", acrescentou.

O presidente do Sudão, Omar al Bashir, acusado de genocídio

Ocampo afirma ter evidências suficientes para provar as acusações de genocídio. "Bashir tem total controle de suas forças, e suas forças têm como alvo absoluto a terra dos Fur, dos Masalit e dos Zaghawa", disse o promotor à rede CNN. "Noventa e oito por cento das vilas Fur foram atacadas --então toda essa população foi removida, parte significativa da população em campos (de refugiados) são Fur e Masalit e Zaghawa-- e Bashir ataca essas pessoas em suas terras e em seus campos", afirmou. "Ele está tentando destruir uma parte substancial desses grupos, por isso que é genocídio."

Por sua vez, o porta-voz da ONU, Farhan Haq, disse que as acusações do TPI contra Bashir "não afetarão as atividades da ONU no Sudão".

Haq evitou comentar se a ação contra o presidente sudanês impedirá que Ban volte a reunir com ele.

"Não quero especular, mas nossos planos são seguir com os contatos com o governo do Sudão", afirmou.

Segundo o funcionário, no sábado, Ban conversou por telefone com Bashir, a quem "enfatizou" a independência do TPI e disse não ter "influência" sobre as decisões da corte.

Besteiras que pioram o mundo!

15/07/2008
Os direitos inalienáveis dos chimpanzés: um fato histórico ou motivo de chacota?
Adam Cohen
O Parlamento da Espanha aprovou recentemente uma resolução garantindo direitos legais aos macacos. A reação foi mista. Peter Singer, um professor de bioética na Universidade de Princeton e um ativista pela libertação dos animais, declarou que a decisão é de "importância histórica mundial". O comediante Stephen Colbert - mostrando uma foto de um chimpanzé-artista - insistiu que a nova lei não deve dar aos macacos "o direito de não usar smoking e patins".
Na verdade, provavelmente fará exatamente isso. Uma resolução não-compulsória na Espanha, que o Parlamento agora precisa rechear de leis mais específicas, permite que os macacos sejam mantidos em zoológicos, mas não usados em circos e outros tipos de apresentações. Ela pede a proibição das pesquisas que ferem macacos.
Com a resolução, a Espanha torna-se líder mundial em proteção de direitos dos macacos, mas talvez não por muito tempo. Ativistas pelos direitos dos animais da Áustria estão lutando para que um chimpanzé chamado Matthew Hiasl Pan seja declarado uma pessoa. Até agora eles perderam, mas estão apelando para a Corte Européia de Direitos Humanos.
Conceder direitos legais aos macacos é um tema fácil de chacota - e os ativistas pelos direitos dos animais não estão ajudando a si mesmos. Em reportagens na mídia, geralmente eles aparecem como malucos - sejam os defensores de Matthew insistindo que "todo mundo tem o direito a um julgamento justo, até os chimpanzés", ou Pedro Pozas, o secretário-geral do Grande Projeto do Macaco Espanhol, que declara: "Eu sou um macaco".
O movimento pelos direitos dos animais também é prejudicado por sua associação com defensores menos interessantes. O grupo Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais constantemente prejudica sua causa com medidas idiotas, como o anúncio que publicou com fotos justapostas de animais enjaulados e de judeus desnutridos nos campos de concentração.
Com freqüência os defensores dos animais parecem se importar com os mesmos, excluindo as pessoas. Leona Helmsley foi o epítome dessa tendência quando deixou US$ 12 milhões para seu cachorro e determinou que virtualmente todo o seu legado de bilhões de dólares seja usado para cuidar de cachorros.
O campo adversário dos direitos dos animais, porém, não se sai muito melhor. Muitos baseiam sua oposição na Bíblia - especificamente o verso do Gênese que garante ao homem o "domínio" sobre "todas as coisas rastejantes sobre a terra". É difícil ver por que isso deva ser interpretado como um endosso divino para usar chimpanzés em testes de colisões ou, mesmo que fosse, deva orientar a lei secular.
Os adversários dos direitos dos animais muitas vezes se baseiam em argumentos "escorregadios" e desgastados - que se os macacos têm o direito de não sofrer abusos, em breve os peixinhos dourados poderão processar seus donos por não trocar a água do aquário. Até Singer, que muitas vezes é rotulado de extremista dos direitos dos animais, diz que as espécies devem ser avaliadas caso a caso. As leis americanas - notadamente o Decreto de Proteção, Manutenção e Melhora da Saúde dos Chimpanzés - já fazem isso.
Grande parte da oposição aos direitos dos animais é realmente econômica. A campanha contra o referendo anticrueldade que será votado na Califórnia em novembro próximo - para proibir a manutenção de bezerros, galinhas e porcos em gaiolas desumanamente pequenas - está sendo financiada em grande parte por produtores de ovos e carne.
Retirando a retórica mais ridícula dos ativistas pró-macacos, sua alegação tem sentido. Os grandes macacos são biologicamente muito próximos dos humanos; os chimpanzés e as pessoas compartilham cerca de 98% do DNA. Os macacos têm técnicas de comunicação complexas e laços emocionais fortes. Eles experimentam solidão e tristeza. Eles merecem respeito.
Parece estranho dizer que os macacos têm direitos - ou chamar um chimpanzé de "pessoa". Como questão jurídica, porém, não é tão exagerado. As pessoas em coma irreversível têm direitos. Até as empresas são reconhecidas como "pessoas", com direitos à livre expressão e à proteção, e a capacidade de processar e ser processadas.
Se os macacos receberem direitos, não terão os mesmos que os humanos - apenas direitos que sejam considerados apropriados a sua situação. Os protetores de Matthew querem que ele seja declarado uma pessoa porque seu santuário animal teve dificuldades financeiras e eles querem que ele possa aceitar doações para seu próprio sustento. É difícil ver qual o problema nisso.
Os críticos objetam que reconhecer os direitos dos macacos diminuiria os seres humanos. Mas parece mais provável que mostrar respeito pelos macacos eleve os humanos ao mesmo tempo.
A lei americana está se tornando cada vez mais cruel. A Suprema Corte decretou recentemente que os Estados não são obrigados a administrar uma injeção letal para evitar o risco desnecessário de os condenados à morte sentirem muita dor. Se os macacos tiverem direito a um tratamento humano, ficaria mais difícil negar esse mesmo direito a seus primos humanos.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

As oligarquias defendem o que favorece a sua permanência no poder! Não possuem compromisso com qualquer idéia ou projeto!

América Latina bipolar: os movimentos se movem

Escrito por Boaventura de Sousa Santos

24-Jun-2008

A América Latina é peça-chave nas estratégias das empresas transnacionais e dos governos do norte global. A expansão do mercado transformou a água, os serviços de saúde e a educação em mercadoria. A mercantilização dos recursos naturais é fundamental para a acumulação de capital a médio prazo, colocando a biodiversidade enorme da América Latina no centro dos interesses.

O processo de "refocalizar" a América Latina acelerou-se devido ao fracasso da guerra do Iraque. Os Estados Unidos perceberam que, durante sua relativa ausência, gestaram-se mudanças e os processos sociais avançaram fora de seu controle, resultando em governos progressistas e movimentos sociais fortes que chegaram ao poder através da democracia, sendo que os Estados Unidos usam o discurso da democracia para justificar suas intervenções.

Neste cenário, está se desenvolvendo uma nova contra-insurgência, mistura das estratégias da Aliança para o Progresso e uma política de divisão dos movimentos, especificamente o indígena. O protesto é criminalizado de maneira brutal e a militarização torna-se mais profunda. Incapaz de conquistar apoio popular, o neoliberalismo tenta substituir "desenvolvimento" e "democracia" por "controle" e "segurança".

Isto é conseqüência do aprofundamento da exclusão social, da miséria e da desigualdade, o que implica na emergência de um fenômeno de fascismo social. Não um regime político, mas uma forma de sociabilidade onde alguns têm capacidade de veto sobre a vida de outros. Corremos o risco de viver em sociedades politicamente democráticas, mas socialmente fascistas.

O melhor exemplo desta lógica é o doloroso aumento da fome no mundo, que mostra a contradição entre a vida e a ânsia de lucro. A emergência do fascismo social mostra que a modernidade, como projeto, está quebrada, porque não cumpriu suas promessas de liberdade, igualdade e solidariedade, e não irá cumpri-las.

Surge, então, a contradição entre o paradigma da segurança e da luta contra o terrorismo e os Estados que reivindicam sua soberania, os movimentos sociais e, especificamente, as lutas dos povos indígenas. Nos territórios indígenas estão 80% da biodiversidade latino-americana. Organizações como a Coordenadoria Andina de Organizações Indígenas, a Confederação Nacional de Comunidades Afetadas pela Mineração do Peru e a Coordenadora Nacional de Ayllus e Marqas são um perigo para o status quo.

A criminalização da dissidência na América Latina é ainda mais forte contra os indígenas, como vemos no Peru e no Chile. Existe a intenção de transformar os indígenas nos terroristas do século XXI, como mostram os documentos da CIA. O uso das leis anti-terroristas contra os dirigentes indígenas está baseado em uma descaracterização total do conceito de terrorismo, uma vez que isto significa atacar e causar danos a civis inocentes. No caso das lutas indígenas, são ataques contra a propriedade privada para defender outra propriedade, a comunitária e ancestral.
Isto não cabe em nenhum conceito de terrorismo.

A regionalização subnacional tem sido promovida pelo Banco Mundial em forma de descentralização, que apontou a desmembrar o Estado central através da transferência de responsabilidades para os níveis locais. Na Bolívia, existia uma descentralização dirigida pelas autonomias indígenas, a partir de uma visão política e cultural sólida, que permitiu que os indígenas ganhassem alguma coisa com as políticas de descentralização do BM.

Mas a bandeira da descentralização foi assumida agora pelas oligarquias, em resposta à perda de controle do Estado central que elas sofreram. Eles sempre foram centralistas, mas agora levantam a bandeira da autonomia para defender seus privilégios econômicos. Isto gerou um problema político para o movimento indígena na Bolívia, que tem promovido a autonomia dos oprimidos, não dos opressores. A "autonomia" de Santa Cruz é ilegal sob a velha Constituição; uma nova está para ser aprovada. A decisão das autonomias caberia ao Congresso.

Tenho defendido, na Bolívia, a diferenciação entre autonomias ancestrais e as da descentralização. Proponho entender as autonomias indígenas como extraterritoriais em relação às autonomias departamentais. Deveriam estar baseadas no controle total do seu território, fora da governabilidade descentralizada, uma vez que são anteriores ao processo de descentralização. Mas seria necessário fortalecer a institucionalidade indígena, que ainda é frágil diante do poder das oligarquias bolivianas.

O debate atual é perigoso, porque existem desejos recíprocos de enfrentamento armado. As oligarquias não querem deixar seus privilégios e os indígenas não vão deixar pacificamente que o país seja dividido. Seriam eles que defenderiam o país.

A Colômbia e o Peru representam o status quo neoliberal e os Estados Unidos na região. São complementares. A Colômbia representa a lógica militar que busca conflitos e tensões, os quais criam condições para a militarização e a intervenção. No Peru, é promovida uma lógica similar, com forte criminalização das organizações sociais, um primeiro passo que prepara a militarização posterior. Existem indícios de que a base de Manta, no Equador, vai se mudar para a Amazônia peruana.

Estamos entrando em uma fase histórica de polarização. De um lado, as políticas de mercantilização buscarão livre acesso aos recursos naturais e a continuidade dos privilégios das elites. Do outro, existe um imaginário radicalizado nas forças progressistas do continente, que desenvolveram concepções diferentes de democracia, desenvolvimento, direitos e sustentabilidade, compartilhadas por cada vez mais pessoas e organizações. As forças dominantes não podem mais cooptar este imaginário radical com suas propostas de proteção social. Por isso a repressão.

O horizonte continua sendo a democracia e o socialismo, mas um socialismo novo; seu novo nome é democracia sem fim. A democracia radical é uma alternativa para duas idéias fundamentais. Não acredito que seja possível mudar o mundo sem tomar o poder, mas também não podemos mudar algo com o poder que existe hoje. Então, devemos mudar as lógicas do poder e, para isso, as lutas democráticas são cruciais e são radicais, por estarem fora das lógicas tradicionais da democracia. Devemos aprofundar a democracia em todas as dimensões da vida. Da cama até o Estado, como dizem as feministas. Mas também com as gerações futuras e com a natureza, o que é urgente para deter a destruição do planeta.

Nosso objetivo é sair de uma democracia tutelada, restrita, de baixa intensidade, para chegar a uma democracia de alta intensidade, que torne o mundo cada vez menos confortável para o neoliberalismo. Mas a realidade não muda espontaneamente. Em política, para fazer algo é preciso ter razão a tempo, no momento oportuno, e ter força para impor essa razão.

Publicado originalmente na Alai - De uma entrevista realizada por Raphael Hoetmer em Lima, Peru, durante a Cúpula dos Povos, em maio.

http://www.correiocidadania.com.br/content/view/1983/59/

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Que vexame! Nem o Bush seria tão patético! Mas isso é uma demonstração do realismo, os Estados estão numa corrida armentista, ainda que as armas sejam fictícias!

July 10, 2008,  9:16 am

In an Iranian Image, a Missile Too Many

By Mike Nizza and Patrick Witty

INSERT DESCRIPTION

 

In the four-missile version of the image released Wednesday by Sepah News, the media arm of Iran’s Revolutionary Guard, two major sections (encircled in red) appear to closely replicate other sections (encircled in orange). (Illustration by The New York Times; photo via Agence France-Presse)

Updated, 9:33 a.m., Agence France-Presse has retracted the image as “apparently digitally altered.”

As news spread across the world of Iran’s provocative missile tests, so did an image of four missiles heading skyward in unison. Unfortunately, it appeared to contain one too many missiles, a point that had not emerged before the photo appeared on the front pages of The Los Angeles Times, The Financial Times, The Chicago Tribune and several other newspapers as well as on BBC News, MSNBC, Yahoo! News, NYTimes.com and many other major news Web sites.

veja o restante aqui:

http://thelede.blogs.nytimes.com/2008/07/10/in-an-iranian-image-a-missile-too-many/index.html?hp

Como falta problemas ao mundo, inventemos mais alguns!

Como todos sabem, a Bélgica é um país calmo e tranqüilo, onde nas horas vagas a população local analisa como tornar o país menos tedioso. Uma das grandes idéias é separar a população flamenga da população francófona, dividir o país para acabar com a dominação dos "franceses" sobre os flamengos, que são mais ricos e financiam "os pobres" do sul. Depois desta idéia brilhante já desenvolvido há muito tempo, o jornal francês Le Monde noticia uma nova, a parte francesa se tornar independente e se incorporar à França como reigão autônoma. Isso tudo porque estão tentando fortalecer a União Européia, imagina se o objetivo fosse acabar com ela.

 

La "Belgique française" d'un député francophone

LE MONDE | 10.07.08 | 15h29  •  Mis à jour le 10.07.08 | 15h29

'est un document de 30 pages, totalement inédit depuis le déclenchement de la crise institutionnelle belge. Intitulé "Loi organique portant statut d'autonomie de la Belgique française", il expose ce que l'Assemblée nationale et le Sénat français pourraient adopter, après une déclaration de conformité du Conseil constitutionnel, et avant une promulgation par le président de la République. A savoir l'incorporation de la Belgique francophone, dotée préalablement d'un statut de collectivité territoriale autonome, dans la République.

Le texte a été rédigé par des juristes belges, aidés de spécialistes français dont l'identité n'est pas révélée. Il émane d'un groupe de réflexion dénommé Energies réformatrices, piloté par Daniel Ducarme, un homme politique célèbre en Belgique francophone.

Ancien ministre et ancien coprésident du Parti réformateur libéral, il est aujourd'hui député fédéral et délégué de son parti pour les Belges de l'étranger. M. Ducarme endosse, "avec beaucoup de gravité", souligne-t-il au Monde, la responsabilité d'un projet qui, dit-il, offre une perspective à sa communauté. "Lassée par la crise, l'opinion publique avance vite : 29 % des Wallons se sont récemment déclarés" ouverts "à la perspective d'une association avec la France", dit-il. M. Ducarme ne cache toutefois pas que celle-ci reste, même à ses yeux, "une hypothèse éloignée". Aussi a-t-il fait plancher ses collaborateurs sur un autre texte énumérant - en 3 feuillets celui-là - un statut d'une Belgique autonome, séparée de la Flandre dans l'hypothèse où la crise institutionnelle que connaît le royaume depuis treize mois se solderait finalement par une rupture.

LARGE AUTONOMIE

"L'important est surtout de rendre les gens conscients de ce qui pourrait se passer, de les amener à s'interroger sur leur identité et de ne pas se présenter un genou à terre. Que ce soit face à la Flandre ou face à la France", souligne le responsable libéral. Qui rejette, au passage, l'étiquette de "rattachiste". "Le rattachement prôné par certains n'inclut pas l'idée d'une autonomie pour nos régions dans la République."

Inspiré des statuts de la Polynésie, le projet du député énumère en détail le partage des compétences entre la France et une "Belgique française", qui serait composée de la Wallonie, de Bruxelles, de la région germanophone et des communes limitrophes de la capitale belge, situées en territoire flamand mais majoritairement francophones. Leur population serait consultée par référendum.

Soumise aux lois générales de la République, la "Belgique française" jouirait d'une large autonomie, notamment dans le domaine de l'enseignement, de la recherche, de la culture et de l'audiovisuel. Son identité culturelle spécifique inclurait le maintien des langues flamande à Bruxelles et allemande en Wallonie, au côté du français. La "collectivité autonome" élirait un président et un vice-président mais garderait un roi, réduit à des missions purement protocolaires. Le système monarchique garde, il est vrai les faveurs d'une majorité de francophones belges...

Jean-Pierre Stroobants (Bruxelles, correspondant)

Article paru dans l'édition du 11.07.08

http://www.lemonde.fr/europe/article/2008/07/10/la-belgique-francaise-d-un-depute-francophone_1068594_3214.html#ens_id=926038

Choque de realidade!

Editorial do Le Monde questiona a política do presidente Sarkozy em relação à China. Primeiro, se silenciou em relação ao Tibete enquanto os outros protestavam. Depois ameaçou não ir à cerimônia de abertura dos jogos olímpicos. E agora confirmou presença nos jogos com a desculpa que as conversações entre a China e o Dalai Lama foram iniciadas. O jornal diz que Sarkozy sabe que estas conversações desagüam num impasse e ainda assim muda podição e que as oscilações dele faz a China ver a França agora como um tigre de papel.

A bem da verdade digamos que independente de qual fosse a política implementada por Sarkozy a conclusão seria a mesma, tigre de papel.

 

Edito du Monde

Tigre de papier

LE MONDE | 10.07.08 | 14h37

icolas Sarkozy a mal joué avec la Chine, au risque de perdre sur tous les tableaux. En mars, au lendemain de l'émeute de Lhassa et de la répression chinoise qui a suivi, il est resté silencieux, alors que plusieurs de ses homologues européens exprimaient leur indignation. Comme pour faire oublier ce mutisme, il a ensuite agité la menace du boycottage de la cérémonie d'ouverture des Jeux olympiques. Et il vient d'annoncer, en marge du sommet du G8, qu'il sera bien présent le 8 août à Pékin pour la grand-messe olympique. Résultat : le président français aura donné aux Chinois le sentiment d'avoir cédé à leurs exigences.

Pour justifier sa décision, M. Sarkozy explique que le dialogue a repris entre Pékin et le dalaï-lama. Mais on sait aujourd'hui que les dernières rencontres entre émissaires du chef spirituel tibétain et responsables chinois n'ont rien donné et que le dialogue est dans l'impasse, comme l'avaient anticipé tous les spécialistes. Il sera donc difficile de convaincre l'opinion française, encline à prendre le parti du faible contre le fort, du dalaï-lama contre les autorités de Pékin.

Le chef de l'Etat est également perdant avec les Chinois : ceux-ci n'ont pas manqué de tirer profit des hésitations ou des incohérences françaises. Les responsables chinois ne se privent plus aujourd'hui de traiter la France comme un "tigre de papier", dont les menaces ont des allures de rodomontades. La "sortie" de l'ambassadeur de Chine en France, convoqué par Bernard Kouchner après avoir menacé Paris de "sérieuses conséquences", notamment sur les plans économique et commercial, si Nicolas Sarkozy s'avisait de rencontrer le dalaï-lama, traduit bien cet état d'esprit.

Enfin, le président de la République a fait preuve d'une singulière naïveté s'il s'imaginait que la France pourrait, grâce à lui, peser de quelque poids que ce soit sur la Chine et ses relations avec le chef du gouvernement tibétain en exil. Pour Pékin, la question de la légitimité chinoise au Tibet est si sensible que les pressions extérieures à ce sujet sont régulièrement balayées avec mépris. Cela ne veut pas dire que la communauté internationale doit renoncer à dénoncer la repression au Tibet. Bien au contraire. Encore faut-il, pour être efficace, se faire respecter des Chinois, de façon argumentée et cohérente. Deux qualités qui ont manqué à M. Sarkozy.

http://www.lemonde.fr/opinions/article/2008/07/10/tigre-de-papier_1068573_3232.html#ens_id=1053187

Agora vai comentar os eventos dos últimos seis anos e a imprensa vai publicar? Era só que faltava!

quinta-feira, 10 de julho de 2008, 11:14 |

Ingrid diz ter aprovado cabeçada de Zidane na Copa 2006

A ex-refém das Farc afirmou que acampamento ficou divido 'entre os pró-Ingrid e os que torciam para a Itália'

EFE

PARIS - A ex-candidata à Presidência da Colômbia Ingrid Betancourt disse nesta quinta-feira que aprovou a cabeçada do jogador francês Zinedine Zidane no zagueiro italiano Marco Materazzi na final da Copa do Mundo de 2006.

Na partida, o jogador da Itália ofendeu o então camisa dez da França, que reagiu dando uma cabeçada no peito do adversário. Zidane, que fazia sua última partida na carreira, levou um cartão vermelho pelo lance.

"Adorei a cabeçada de Zidane", disse Betancourt em entrevista publicada na edição desta semana da revista "Paris Match". Betancourt também disse que "teria feito algo parecido" se estivesse no lugar do meia francês. Além disso, afirmou que a final da Copa dividiu a torcida no cativeiro.

"Essa Copa do Mundo não deixou de dar problemas no acampamento. Havia os pró-Ingrid, ou seja, os pró-franceses, e os que torciam para a Itália", disse.

Ingrid Betancourt foi resgatada na quarta-feira passada em uma operação do Exército colombiano após ficar seis anos em poder das Forças Armadas Revoluconárias da Colômbia (Farc).

http://www.estadao.com.br/esportes/not_esp203646,0.htm

Japão não ama os emergentes! Mas o Japão tem poder?

G-8 expansion worries Tokyo

BY SUSUMU MAEJIMA, STAFF WRITER

2008/7/2

This is the first in a series on the G-8 summit in Hokkaido that starts Monday.

If French President Nicolas Sarkozy puts Japanese government officials on edge during next week's Group of Eight summit, it will probably have little to do with his wife, singer and former model Carla Bruni, grabbing the media spotlight.

A more likely cause of concern for the host nation at Lake Toyako, Hokkaido, is Sarkozy's proposal to include China, India and other emerging economies in the G-8 framework.

As Japan is the only G-8 member from Asia, officials apparently fear that such a development would dilute Tokyo's influence within the exclusive club.

"At the G-8 summit, we must produce concrete results, rather than merely discuss issues," Sarkozy told Prime Minister Yasuo Fukuda in Rome on June 3. "We have to increase the number of member countries if we are to respond to changes going on around the world."

Fukuda made it clear he did not agree and that Japan would support the current setup.

"The summit offers a valuable and meaningful opportunity for a limited number of leaders who assume great responsibilities for international society to frankly exchange opinions," he was quoted as saying.

"It is important to hold dialogue with emerging economies in dealing with global challenges. We will have an 'outreach' meeting with these countries at Lake Toyako."

Sarkozy, who took office in May 2007, has advocated a "G-13" framework, which would include China, India, Brazil, Mexico and South Africa.

His initiative comes at a time when G-8 countries are struggling to show meaningful leadership on climate change and soaring energy and food prices.

International efforts to curb global warming will not pay off without the involvement of China, India and other emerging economies, where strong demand has helped send worldwide energy and food prices skyrocketing.

In a written interview with The Asahi Shimbun, Sarkozy's foreign minister, Bernard Kouchner, said, "We have to share responsibilities with emerging economies, rather than simply holding dialogue with them."

British Prime Minister Gordon Brown has also backed a G-8 expansion.

In a speech in New Delhi in January, he said that the G-8, the World Bank and the International Monetary Fund should be restructured to reflect the growing influence of India and other Asian countries.

Japan is reluctant to expand the G-8, a move that could undermine its key diplomatic position as the only Asian member.

It is also seeking a permanent seat on the U.N. Security Council, where four of the five positions are held by fellow G-8 members.

"The (summit process) started as a gathering of mature, advanced democracies and has maintained its fundamental principles," Chief Cabinet Secretary Nobutaka Machimura told a news conference last week.

"The member countries will decide, by consensus, which countries are qualified to join the grouping, after taking its origin and background into account."

A senior Foreign Ministry official in charge of preparations for the summit said he did not expect G-8 leaders to discuss expansion at Lake Toyako.

"There will be some leaders who say whatever they want at news conferences after the summit is closed," the official said, when asked about the possibility of Sarkozy's proposal being put on the table. "But I'm afraid that leaders will not have time to discuss the issue during the summit because they have a long list of pressing issues before them."

The summit process was launched in 1975, when leaders from Japan, the United States, Britain, France, West Germany and Italy gathered at the Chateau de Rambouillet in suburban Paris to discuss the global economy, following the 1973 oil crisis.

Canada joined the following year, and Russia was officially admitted from the 1997 summit in Denver because Western countries wanted to back its transition to democracy and a market economy.

In recent years, G-8 countries have tried to embrace the rise of emerging economies by inviting several countries for informal discussions on the sidelines of their annual summits.

The five countries on Sarkozy's list have regularly participated in these "outreach" meetings since the 2005 summit in Gleneagles, Scotland.

But guest countries are not involved in months-long preparations by senior government officials, and their views are not included, at least directly, in the joint communique released after the summit.(IHT/Asahi: July 2,2008)

http://www.asahi.com/english/Herald-asahi/TKY200807010515.html

Mudou o vento, mudou o Viola!

Quinta-Feira, 10 de Julho de 2008 

Obama e a despolarização do mundo

Eduardo Viola e Patrícia Carlos de Andrade*

 

O mote da campanha do candidato democrata à presidência dos EUA, Barack Obama - "mudança na qual podemos acreditar" -, não poderia ser mais clichê. Todo político promete mudanças e afirma que suas promessas serão cumpridas. Mas, no caso de Obama, a frase colou porque o fator mudança é central neste momento, nos EUA e no mundo, e ele convence como alguém capaz de capturar profundamente seu significado.
Enquanto o candidato republicano, John McCain, se formou na sociedade industrial, nacional e ideológica, Obama é filho da sociedade do conhecimento, globalizada e pós-ideológica e símbolo da mobilidade social. Sua juventude representa bem mais do que apenas maior energia. Ela sugere abertura cognitiva muito maior para perceber as grandes transformações de seu tempo e agir com velocidade. O sucesso fenomenal das iniciativas da campanha do candidato por meio da internet é apenas um entre os sinais da visão dinâmica de alguém que compreende e opera novas possibilidades. Não se conclui daí, necessariamente, que ele será um grande presidente - as incógnitas de um homem jovem e carismático, herdeiro de visão bastante intervencionista do Estado, que foi pouco experimentado diante de importantes decisões, estão presentes em Obama. Como candidato, porém, ele é sinal da consciência que a sociedade americana tem de si como uma sociedade em transformação. A palavra "mudança" transmite a mensagem de que ele compreende profundamente o mundo atual, ao contrário da retórica vazia que seus adversários quiseram atribuir-lhe.
É possível afirmar que, se eleito, Obama cumprirá sua promessa, como agente de mudanças? A resposta é sim, em vários aspectos.
Obama reconhece a ascensão do restante do mundo em relação ao poder americano e não a considera negativa. Encara o processo não como uma derrota da civilização americana, mas como produto de inevitabilidade demográfica: o crescimento de padrão de vida do resto do mundo no modelo que triunfou nas guerras quentes e na fria do século 20 - economia de mercado e democracia representativa. Vê, portanto, a capacidade dos EUA de definirem por si a dinâmica do mundo, hoje, como muito limitada. Se eleito, deve propor política de segurança global menos militarista e mais multilateral - buscando engajar, além dos aliados tradicionais, os amigos indianos, brasileiros e sul-africanos e os adversários chineses e russos - e recuperar o pleno respeito das liberdades civis internamente e dos direitos humanos internacionalmente. Focará na retirada gradual do Iraque, na mudança de abordagem no Afeganistão e na séria mediação da paz entre israelenses e palestinos. Tentará, como já disse, diálogo com o Irã, que, se bem-sucedido, poderá resultar em estabilização geral no Oriente Médio. Há muitas incógnitas, mas que ele tentará, isso é certo.
Pela primeira vez em várias décadas, haverá uma nova política energética nos EUA: forte estímulo às energias renováveis já estabelecidas (hidrelétrica, eólica, solar e biocombustíveis), incremento dos fundos federais na pesquisa de novas tecnologias decarbonizadas (hidrogênio, captura e seqüestro de carbono fóssil, etanol de celulose, energia das marés), retomada da construção de usinas nucleares, renovação da malha de transmissão elétrica, substancial aumento dos padrões de desempenho dos veículos e grande expansão dos carros híbridos. Obama buscará menor dependência do suprimento de petróleo do Oriente Médio e uma ênfase na integração energética nas Américas. Pode-se esperar um incremento da taxação das empresas petroleiras e a criação de um mercado generalizado de carbono, com o estabelecimento de uma política nacional de "caps and trade" - estabelecimento de tetos para emissão de carbono pelas empresas e um mercado para compra e venda de cotas de carbono -, tendo como exemplos os sistemas que estão sendo implantados na Califórnia e na Nova Inglaterra.
Obama e McCain, ao contrário de George W. Bush, consideram que os EUA têm de reduzir as emissões de carbono e liderar, juntamente com a União Européia e o Japão, um grande acordo global para diminuir os efeitos da mudança climática, com duas condições: negociação estratégica ampla com os outros grandes emissores - China, Índia, Rússia, Brasil e Indonésia - e todos os países desenvolvidos terão de reduzir emissões muito mais acentuadamente que os outros, transferindo tecnologias decarbonizantes ao resto do mundo.
Hoje, nossas relações com EUA são muito maduras, por nos termos consolidado como democracia de mercado. Ainda existem, no entanto, entre formadores de opinião brasileiros, visões específicas e por vezes distorcidas da sociedade americana. Diplomatas e a elite econômica tendem a formar seus julgamentos em função do grau de liberalização comercial. Por esse prisma, Obama representará continuidade, pois não deverá haver nenhum avanço nesse campo. Na visão de ONGs, as questões centrais são a proteção internacional dos direitos humanos e do meio ambiente. Por esse ângulo, apesar de possível resistência à promoção da energia nuclear, a percepção da política de Obama será de virada favorável. A terceira visão, mais comum entre militares e alguns diplomatas, é a de questões de segurança. Nesses grupos poderá haver desconfiança pela ênfase de Obama na mudança climática e julgamento negativo de sua política externa por causa da paranóia sobre a soberania na Amazônia. Independentemente de visões particulares, estamos hoje muito mais bem preparados do que em outras eleições americanas para debater nosso interesse nacional e como ele se relaciona com o interesse nacional americano e com o interesse geral da humanidade.
*Eduardo Viola é professor-titular de Relações Internacionais da Universidade de Brasília
*Patrícia Carlos de Andrade é presidente do Conselho Diretivo do Instituto Millenium

Com anos de atraso, editorial do Estadão diz o óbvio de forma suave, mas a ameaça que as agências de risco representa é grande, especialmente para os países, são piores que o diado, ops que Daniel Dantas!

Quinta-Feira, 10 de Julho de 2008 | 

O risco das agências

O sinal de alerta poderia ter soado, antes da crise financeira iniciada no mercado de hipotecas, se as grandes agências de classificação de risco tivessem cumprido seu papel e evitado conflitos de interesse, concluiu depois de dez meses de investigação a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos. Títulos de baixa qualidade, os famigerados subprime, ganharam a classificação máxima, AAA, e foram apresentados como atrativos e seguros a investidores desprevenidos. Segundo uma analista citada na investigação, a metodologia usada por sua agência não identificava nem metade do risco de um determinado papel. Esse título, de acordo com a profissional, "poderia ter sido estruturado por uma vaca" e ainda assim teria recebido a classificação. Esse comentário aparece num dos e-mails coletados pelo pessoal da SEC e mencionados no relatório.
A investigação foi centrada nas três maiores agências - a Standard & Poor?s, a Moody?s Investors Service e a Fitch Ratings - e deve servir de base a um novo conjunto de regras preparado pela comissão. As novas normas, segundo se informou, deverão prevenir conflitos de interesse, proibindo funcionários de agências de fornecer consultoria sobre a estruturação de ativos financeiros e, ao mesmo tempo, trabalhar na classificação dos papéis.
As agências avaliam não só a qualidade dos títulos e a credibilidade de empresas, mas também a confiabilidade financeira de países. Duas das maiores, a Standard & Poor?s e a Fitch, elevaram o Brasil ao grau de investimento, em abril e em maio deste ano. Duas menos conhecidas, a japonesa R&I e a canadense DBRS, também concederam a promoção.
O governo brasileiro passou anos à espera dessa classificação, reclamando sempre de uma severidade não demonstrada em relação a países com menor segurança política, menor estabilidade monetária e maior vulnerabilidade nas contas externas. Mas a reclassificação foi recebida com demonstrações de entusiasmo pelas autoridades, embora o mercado financeiro se tenha antecipado no reconhecimento dos progressos alcançados pelo País.
As conclusões da SEC foram divulgadas em Nova York na terça-feira. No mesmo dia, em Bruxelas, ministros de Finanças da União Européia defendiam maior controle das agências de classificação e maior concorrência no setor. Os ministros concordaram em apresentar em outubro um novo esquema de regulação das agências. A Comissão Européia deverá tomar essa iniciativa, afirmaram, porque nenhuma solução vigorosa foi produzida a partir das discussões entre supervisores ou entre representantes do setor financeiro.
Além do conflito de interesses, o relatório da SEC aponta outras falhas nos procedimentos das agências. Os negócios no setor imobiliário americano expandiram-se velozmente a partir de 2002. As agências, no entanto, não contrataram pessoal suficiente para dar conta do aumento de trabalho. Sobrecarregadas, passaram a operar com menos cuidado na avaliação dos papéis e, além disso, deixaram de acompanhar com a atenção necessária o desempenho dos títulos classificados. Em agosto do ano passado, quando a turbulência já dominava o mercado de hipotecas, o presidente do Comitê Bancário do Senado americano, Christopher Dodd, cobrou do governo maior atenção ao trabalho das agências de classificação. "Obviamente", afirmou o senador, "há um problema intrínseco, se as agências são pagas pelas mesmas pessoas que elas devem classificar."
A investigação da SEC foi concentrada num período relativamente curto, marcado pela bolha imobiliária americana. Mas o desempenho das agências vem sendo criticado há muito mais tempo. Falharam em 1994, enquanto a economia mexicana avançava no rumo de uma grande crise. Falharam de novo na crise de 1997, na Ásia. Depois disso, passaram a ostentar uma grande severidade em relação a alguns emergentes, como o Brasil, mas não conseguiram evitar novos e grandes erros, como ficou provado na crise dos títulos subprime. Agências de avaliação de risco podem ser úteis, mas sua influência tem sido amplamente desproporcional à qualidade de sua avaliação e à sua competência para prevenir desastres.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080710/not_imp203492,0.php

República Tcheca não honra a sua história! bem que Engels considerava os tchecos povos sem história, portanto sem direito a um Estado!

Condoleezza Rice: “Gracias al radar podremos defendernos de Irán”

En su fugaz paso por Praga, Condoleezza Rice, la secretaria de Estado de EE.UU., firmó el acuerdo sobre el emplazamiento de un radar antimisiles en territorio checo, que es rechazado por la mayoría de la población, por la oposición y por los rusos.

Todo fueron sonrisas, festejos, aplausos y brindis en la ceremonia de firma del acuerdo del radar entre los jefes de la diplomacia estadounidense y checa, Condoleezza Rice y Karel Schwarzenberg, realizada la tarde del martes, en Praga.

La secretaria de Estado estadounidense sostuvo que este acuerdo era un hito que respondía a las necesidades propias y de sus aliados para la defensa ante un enemigo común.

“Este es un acuerdo que nuestros aliados de la OTAN apoyan, como trascendió en la pasada cumbre de Bucarest, porque la defensa antimisiles hoy en día apunta contra aquéllos que nos amenazan a nosotros. Le hemos explicado a las autoridades rusas que todos enfrentamos amenazas de estados como Irán, que continúa trabajando en misiles de largo alcance y nosotros debemos estar en una posición para responder”.

Condoleezza Rice agregó que con la ayuda de sus aliados checos, esa capacidad de respuesta ante las amenazas de estados hostiles era hoy en día más firme, y le agradeció a su homólogo checo por haber llevado las negociaciones a buen puerto.

Pero la verdad es que el futuro del proyecto es todavía incierto. El emplazamiento del radar estadounidense en territorio checo no es aceptado por la población, según los últimos sondeos de opinión pública, que muestran cerca de un 70 por ciento de rechazo. En el mismo momento en que Rice firmaba el acuerdo con los checos, miles de ciudadanos protestaban en las calles contra el mismo.

Tampoco está clara la aprobación parlamentaria, porque la oposición ha cerrado filas en torno al no. El Gobierno necesita más de la mitad de votos para sacar adelante el proyecto y las cifras todavía no calzan.

Quien sí está a favor del radar es el ex presidente Václav Havel, un aliado histórico de Washington.

“El Parlamento tiene dos opciones: aprobar o no el radar. En caso de rechazarlo, constituiría una amenaza significativa para la seguridad de las futuras generaciones. En caso de dar luz verde al radar, significaría un paso positivo que tendría que ser respetado por los próximos gobiernos”, indicó Havel.

Rusia, en tanto, reaccionó diciendo que tomaría medidas militares si el compromiso checo-estadounidense seguía adelante, según un comunicado del Ministerio de Relaciones Exteriores de ese país. “Si cerca de nuestras fronteras se construye un escudo antimisiles estadounidense, nuestra reacción no será diplomática sino militar”, fue parte del comunicado ruso.

EUA e Zimbábue? Excelente comparação!

El Guantánamo permanente de Zimbabwe

by Priti Patel

JOHANNESBURGO – La semana pasada, la Corte Suprema de Estados Unidos dictaminó que los detenidos en Bahía de Guantánamo tienen derecho a un habeas corpus -el derecho a recusar la base fáctica y legal de su detención en una corte de justicia-. La decisión me regocijó, después de cuatro años de haber trabajado para asegurar el régimen de derecho en la política de detención e interrogatorio de Estados Unidos, incluida la supervisión de los juicios de comisiones militares en Bahía de Guantánamo. Pero mi felicidad se ve opacada donde estoy, cerca de la frontera con Zimbabwe -un país donde el mandato judicial de habeas corpus y el régimen de derecho se han vuelto obsoletos.

El habeas corpus, término que en latín corresponde a "que tengas tu cuerpo", es un antiguo principio del derecho común inglés incorporado a la Constitución de Estados Unidos para asegurar la libertad frente a una detención ilegal por parte del Estado. Fue y sigue siendo un control fundamental frente a la encarcelación de individuos sin omisión por parte de las cortes independientes. En Zimbabwe, este derecho -como tantos otros equilibrios de poderes- ha sido socavado por un Estado represivo.

Apenas horas antes del dictamen de la Corte Suprema de Estados Unidos, Tendai Biti, secretario general del opositor Movimiento para el Cambio Democrático (MCD), fue arrestado tras su regreso a Zimbabwe. A pesar de los intentos inmediatos por parte de sus abogados para ubicarlo, durante días se siguió desconociendo su paradero. La policía descartó una orden judicial inicial que exigía que se llevara a Biti ante la corte.

Una vez que Biti fue llevado finalmente ante la corte días después, el gobierno anunció que sería acusado de traición -lo que conlleva la pena de muerte- por anunciar extraoficialmente los resultados de las elecciones del 29 de marzo de 2008. Antes de su detención, Biti había respondido a esas acusaciones declarando que su único delito había sido pelear por la democracia en Zimbabwe. Es poco probable que pueda recusar la causa de su detención en una corte independiente.

Desde 1999, el MCD ha funcionado como una alternativa democrática para el régimen del presidente Robert Mugabe. En las elecciones más recientes, los zimbabwenses hicieron saber su elección, a pesar de los serios obstáculos y la represión generalizada, con el candidato presidencial del MCD, Morgan Tsvangirai, que obtuvo más votos que Mubage. Pero, según los recuentos de votos dados a conocer por el gobierno después de una sospechosa demora de un mes, el margen de victoria del MCD -48% a 43%- no alcanzó el 50% necesario para evitar una segunda vuelta.

Biti no es el único miembro del MCD en ser "desaparecido" por un tiempo por el gobierno de Mugabe. En los dos últimos años, la policía y paramilitares respaldados por el gobierno encarcelaron, golpearon y hasta asesinaron regularmente a funcionarios del MCD y miembros sospechados de pertenecer al MCD. El año pasado, Biti fue detenido y golpeado junto con Tsvangirai y decenas de otros funcionarios del MCD. Las fotos del cuerpo golpeado de Tsvangirai generaron una protesta internacional.

La violencia patrocinada por el Estado contra el MCD y sus seguidores ha escalado a medida que se acerca la segunda vuelta electoral el 27 de junio. Hace apenas semanas, Biti describió el descubrimiento del cuerpo mutilado de Tonderai Ndira, un joven líder del MCD. Ndira había sido llevado de su casa por la policía. Estuvo desaparecido durante siete días; cuando encontraron su cuerpo, sólo pudieron reconocerlo por un brazalete que siempre llevaba puesto.

Aquí en nuestras oficinas en Johannesburgo, tenemos dos abogados zimbabwenses que huyeron de su país después de recibir amenazas de muerte por su trabajo en la defensa de los derechos humanos. Al menos cinco de sus clientes han sido asesinados en las últimas semanas. Más recientemente, la policía zimbabwense suspendió el trabajo de numerosas organizaciones de derechos humanos que estaban documentando la reciente violencia.

Cuesta imaginar que se pueda llevar a cabo una elección libre y justa con el telón de fondo de una violencia tan intensa y sistémica. De hecho, hasta el presidente de Sudáfrica, Thabo Mbeki, quien a pesar de una protesta clamorosa de muchos de sus ciudadanos respaldó a Mubage, se sintió obligado a caratularla como una "causa de seria preocupación".

En opinión de la mayoría en Boumediene vs. Bush , el juez Anthony Kennedy escribió que "la libertad y la seguridad se pueden reconciliar; y en nuestro sistema están reconciliadas dentro del marco de la ley". Pero ya no queda ningún régimen de derecho en Zimbabwe -ni habeas corpus ni control de las acciones arbitrarias del Estado-. Es hora de que intervenga la comunidad internacional, de que haga un llamado a poner fin a la detención y desaparición de funcionarios y seguidores del MCD y de que presione para una transición democrática en Zimbabwe. Sólo entonces los principios que subyacen a la decisión de la Corte Suprema estarán al alcance de los ciudadanos comunes de Zimbabwe.

Priti Patel es abogado en el Centro de Litigios de Sudáfrica en Johannesburgo.

http://www.project-syndicate.org/commentary/patel1/Spanish

Gilmar Mendes não vale nada!

Bem que o intermediário do Daniel Dantas que tentou subornar o delegado da Polícia Federal disse que a preocupação era com os juízes de primeira instância, porque no STJ e no STF resolveria tudo. Gilmar Mendes nem fez esforço para desmenti-lo. Numa canetada resolveu tudo. O ministro Marco Aurélio Melo também tem o hábito de fazer o mesmo, mas Marco Aurélio, fora esta tese em particular, tem bosa idéias sobre a justiça no Brasil. Gilmar Mendes não tem qualquer contribuição, desde que ocupou o cargo de advogado-geral da União seu papel tem sido deixar bandido livre e encobrir a corrupção. Este é o problema dos cargos de juiz do STF e do STJ serem vitalícios. Se ele não morrer logo teremos que suportá-lo por décadas. Outra alternativa é alguém oferecer mais dinheiro para ele fazer lobby fora do STF, como tem faro para o dinheiro, logo Gilmar Mendes poderá encontrar uma alternativa, tomara que seja rentável o suficiente para compensar deixar o STF. Fora, ele continuará sendo o que é e tentará corromper os juízes do STF e os funcionários públicos, mas ao menos teremos a chance de ter alguém melhor no STF no lugar dele.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Mais livros e a pobreza das relações internacionais!

Acabei de ler de Elizabeth Roudinesco, "Filósofos na tormenta: Canguilhem, Sartre, Foucault, Althusser, Deleuze e Derrida" e o "O liberalismo igualitário: sociedade democrática e justiça internacional" de Álvaro de Vita. Depois de ler estes livros e sempre que leio livros similares fico chocado com a pobreza teórica das relações internacionais, do profundo vazio metodológico e da supericialidade das discussões. Os dois autores mais compelxos são o Kenneth Waltz e Robert Jervis. Os dois de fato entendem da questão metodológica e conseguem pôr a discussão. Entretanto, ainda sim, especialmente no caso de Waltz, a questão é simples, gira em torno da definição de sistema. E apesar de simples, ninguém respondeu no mesmo nível de abstração. Ou seja, os críticos do neorealismo estrutural são incapazes de lidar com a questão sistêmico no alto nível posto por Waltz, as críticas são sempre descritivas. Rebaixam a discussão por serem incapazes de acompanhá-la. As relações internacionais são sempre a mesma lenga-lenga, mas se acham descobrindo a pólvora como a discussão sobre o construtivismo, que não passa de uma vulgarização de certas posições habermasianas. Vulgarização, porque toda a densidade teórica se perde. As relações internacionais estão longe das demais disciplinas porque apesar de não serem capaz de definir um objeto específico encontra dificuldades em dialogar com as outras áreas do conhecimento sem desaparecer. Aí fica prisioneira do superficial, incapaz de ir aos fundamentos das teorias.

sábado, 5 de julho de 2008

Olha a Telefônica prestando consultoria!

05/07/2008 - 21h05

Cabos da Oi se rompem e deixam Maranhão e Pará sem internet

da Folha Online

Atualizado às 21h27

O rompimento de dois cabos de fibra óptica da Oi deixou parte dos Estados do Maranhão e do Pará sem conexão por internet ou telefone celular neste sábado. A empresa afirma que os dois acidentes foram causados por "obras de terceiros" na região, que romperam os cabos em lugares diferentes.

A empresa afirma que os serviços começaram a ser normalizados durante a tarde e foram plenamente restabelecidos por volta das 20h30.

Segundo a Oi, uma uma retroescavadeira rompeu um sistema de cabos a 300 km de São Luís, entre Alto Alegre e Santa Inês, no Maranhão. Equipes de reparo foram enviadas ao local e, por volta das 18h de hoje, os serviços estavam praticamente normalizados.

Na divisa entre os dois Estados, a 400 km de Belém, no Pará, um outro cabo de fibra óptica da empresa também foi rompido. Neste caso, segundo a empresa, o reparo demorou mais tempo, mas o serviço também foi normalizado.

Nesta semana, São Paulo enfrentou problemas de acesso à internet, com indisponibilidade ou falta de qualidade da conexão. Uma falha em equipados da Telefônica em Sorocaba prejudicou o acesso à internet em todo o Estado. Segundo a empresa, o problema foi solucionado, mas ainda neste sábado (5) internautas dizem que enfrentam problemas de conexão à internet pela rede da Telefônica.

Serviços

Neste sábado, a organização de defesa do consumidor Pro Teste pediu que o Congresso crie uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para analisar a qualidade do serviço prestado por provedores de acesso à internet. Para a instituição, a pane foi "só a gota d'água".

O objetivo da CPI seria "identificar os motivos pelos quais o serviço é tão ruim, embora esse mercado seja, aparentemente, concorrido e lucrativo", segundo o órgão afirma, em nota.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u419600.shtml

Tem certa razão!

Folha de São Paulo

São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008
"Ingrid é uma oportunista", afirma escritor

MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A PARATY
"É escandaloso o espaço que estão dando para a libertação de Ingrid Betancourt". A opinião é do polêmico escritor colombiano Fernando Vallejo, 66, um dos convidados da 6ª Festa Literária Internacional de Paraty, que acontece na cidade fluminense até o próximo domingo. Para o autor, a ex-refém "é uma manipuladora, velhaca, horrível, oportunista".
Na opinião de Vallejo, a ex-candidata à Presidência não é uma vítima das Farc, mas uma política ambiciosa que provocou a ação da guerrilha como forma de promoção política.
Segundo ele, "ela e sua assessora e companheira de aventuras Clara Rojas [libertada em janeiro deste ano] são os únicos políticos que agiram para serem seqüestrados". "Na época da captura, ela tinha ido com a assessora intencionalmente para um local em que havia esse risco", afirmou Vallejo. Ingrid foi seqüestrada com Rojas em fevereiro de 2002, quando viajavam em campanha para San Vicente del Caguán, em uma região no sul da Colômbia tida então como bastião das Farc.
Reféns esquecidos
O autor se mostra indignado com a comoção que a política colombiana desperta. "Milhares já foram seqüestrados ao longo dos anos, agora várias centenas estão sofrendo em poder da Farc, mas só se fala dela." As Farc mantêm centenas de reféns não-político pelos quais pede resgate em dinheiro.
Para Vallejo não será surpresa se Betancourt concorrer novamente à Presidência, em 2010 -ela já abriu a possibilidade anteontem. Caso isso aconteça, o escritor acha que a ex-refém tem chances de ganhar as eleições. "O povo colombiano é tão ignorante que pode até elegê-la. Mas ela é francesa, tem dupla cidadania. Por que escolheu fazer política e concorrer a presidente da Colômbia? Por que ela não concorre na França, com [Nicolas] Sarkozy?", questiona.
O escritor e cineasta é conhecido pelo romance "A Virgem dos Sicários" (Companhia das Letras) e vive hoje no México. Em sua obra, inclusive no recém-lançado "Despenhadeiro", usa sua cidade natal, Medellín, a mesma do presidente Álvaro Uribe, como fonte para uma prosa realista e autobiográfica. Costuma fazer um retrato ácido da sociedade colombiana e de Medellín, fortemente impregnadas de religiosidade e afetadas pelo narcotráfico, pelo crime e pela corrupção.
Para o autor, as Farc estão derrotadas. "A Colômbia não gosta da organização, são um bando de assassinos, seqüestradores e narcotraficantes", afirmou -antes dissera em coletiva que o grupo, "depois da Igreja Católica e de Uribe, é a maior praga da Colômbia".
Grande crítico do atual presidente, Vallejo acha que se ele se reeleger depois de conseguir uma mudança constitucional, nada vai mudar. "Toda a classe política na América Latina só pensa em seus próprios interesses, quando não está claramente envolvida com o crime e com a corrupção."

O cachorro de Rousseau

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Acabei de ler um livro chamado "O cachorro de Rousseau". Vi o livro anunciado no site da livraria Cultura e acabou que foi irresistível comprar. O livro trata das relações entre Jean-Jacques Rousseau e David Hume. Ou melhor da rápida relação entre os dois. Rousseau, luminar da intelectualidade francesa. Hume, da cultura inglesa, ou melhor, que seria luminar da intelectualidade britânica. Porque na realidade em sua época era bastante questionado e especialmente sofria com o preconceito por ser escocês. Rousseau era célebre, mas não era bem-vindo em nenhum lugar, periodicamente precisa se mudar às pressas devido as perseguições políticas. Ao mesmo tempo Rousseau tinha um temperamento difícil, muito emotivo, sensível, era fácilo magoá-lo. Por outro lado, Hume era considerado uma pessoa afáve, um bom amigo, cordato. Esse temperamento fez com que no período que viveu na França estebelecesse muitos laços com a intelectualidade francesa, fizesse muitos amigos. No fim, Hume era mais respeitado em Paris do que em Londres. Mas Hume estava em Paris como secretário do embaixador britânico na França, então quando houve a troca do embaixador Hume deve que retornar para Londres. E na baggem levou Jean-Jacques Rousseau. Hume não conhecia Rousseau. Na verdade se ofereceu para ajudar Rousseau que estava mais uma vez fugindo por causa dos amigos comuns que mantinham. Inicialmente Hume fciou deslumbrado com Rousseau, depois a convivência diária com as idiossincrasias de Rousseau que dificultam tanto ajudá-lo financeiramente quanto encontrar uma casa para ele foram irritando Hume. No fim o que mais problemas causou foi a mania de perseguição de Rousseau, que passou a identificar em Hume um aliado dos seus inimigos. O principal inimigo de Rousseau era Voltaire, em todos os problemas e percalços via o dedo de Voltaire. Vendo conspirações em toda parte, Rousseau rompe com  Hume. E Hume entra em pânico com medo do que Rousseau pode escrever sobre ele. Ele temia a autobiografia que Rousseau estava escrevendo, a eloqüência de Rousseau pareceria mais persuasiva do que sua análise fria. E por isso, Hume tentará atacar antes publicando um livro sobre os conflitos entre eles. No fim Hume que terá o comportamento irascível, porque Rousseau nada disse sobre ele na sua autobiografia já que ela ficou incabada.

O livro tem um viés pró-Rousseau no conflito. Do ângulo de Hume, o livro poderia chamar-se "O cachorro do Rousseau". Agora o que tem a ver o título com o livro? Rousseau gostava de cachorros, no momento da relação com Hume, ele tinha o Sultan. Mas o título se explica pela concepção de amizade defendida por Rousseau e que era uma dificuldade nos seus relacionamentos e nas ações para ajudá-lo. Para Rousseau, a amizade só pode ser uma relação entre iguais que não pode envolver qualquer relação de dependência entre as partes. Ou seja, ele não poderia aceitar jamais depender fincanceiramente de seus amigos, ainda que eventualmente isso tenha ocorrido. Uma das causas da briga com Hume estava relacionado a uma mentira que foi contada para Rousseau para que ele aceitasse que um coche levasse a sua mudança de Londres para o interior onde ele iria morar. Hume disse para Rousseau que não haveria custos porque o coche estava retornando, então iria fazer o favor levá-lo. Mas de fato foi alugado. Sobre isso quando eles já estavam brigando Rousseau escreveu em uma carta para Hume "As mentiras a que chamamos mentirinhas  são verdadeiras mentiras, porque agir de modo enganoso por interesse próprio ou alheio não é menos injusto do que agir de modo enganoso contra os interesses alheios." Rousseau fazia uma defesa veemente da verdade sempre, e segundo o autor se considerava um apóstolo da verdade. A verdade sempre deve ser proclamada. Para a personalidade de Rousseau a amizade também não poderia ser expresa apenas em atos, mas deveria ser expressa através dos sentimentos, da emoção. Aí foi outro problema com Hume que era considerado por todos um sujeito frio, distante, e portanto incapaz de comprrender a linguagem de Rousseau e se expressar nela. Para outra amiga Rousseau escreveu "O que eu digo raramente tem o sentido habitual, pois é sempre meu coração em comunhão com você, e algum dia talvez você entenda que seu idioma não é o mesmo de outros corações." Isto é um problema sério para os intelectuais dar significado próprio às suas palavras e ações tornando mais difícil a compreensão. Os ritos, as convenções sociais visam facilitar as relações entre pessoas, fazer com que compreendem uma às outras, a criação de uma linguagem própria trava os relacionamentos. Já citei aqui no blog o caso de Lukacs, onde todos que lêem as cartas dele e da mulher que me esqueci o nome percebe que os dois estão fazendo um declaração de amor, mas cada um não lê o outro deste modo por dar significado distintos ao amor. Seja como for, Rousseau idealiza a amizade, espera uma relação de tal profundidade que não consegue encotrá-la jamais. Ao contrário, a idealização perturba as amizades reais por torná-las falsas!

Outras considerações:

1. O livro é um bom retrato das relações entre os grandes intelectuais da época. E meu deus! como gostavam de uma fofoca, de pequenas intrigas. Nada diferente do mundo acadêmico de hoje.

2. As cartas. O livro pode ser escrito em função das cartas trocadas pelos diferentes personagens da época. No futuro os historiadores terão dificuldades de construir um livro semelhante. Vivemos no mundo do efêmero, das relações via e-mail que se apagam. A era do excesso de informações sonegará informações ao historiadores do futuro e isso é lamentável.

3. O tamanho do mundo. Superestimamos as mudanças no mundo. O mundo intelectual do século XVIII era profundamente integrado ainda que pelo correio as idéias, as notícias circulavam rapidamente.

4. Decadência. É nítida a decadência do mundo. Jean-Jacques Rousseau era uma celebridade no século XVIII, os jornais buscavam fofocas sobre a vida dele. Noticiar Rousseau vendia jornal. Hoje as pessoas só querem notícias sobre ex-BBBs. De fato, os intelectuais são desconhecidos. Hoje, para ficar com autores brasileiros, ninguém sabe quem é Celso Furtado, Belluzzo, Maria da Conceição Tavares. Nem meus alunos que deveriam saber.

5. Coerência. Tenho dois alunos que são incutidos com coerência. Buscam coerência. Ficariam surpresos com a incoerência dos dois.

5.1. Primeiro Hume. Hume é o pai do ceticismo. Formulador da célebra questão metodo lógica do problema da indução. Ou seja, a partir da observação não é possível tirar qualquer conclusão. Por exemplo, a frase "o sol nascerá amanhã" é uma frase metodologicamente insustentável, por quê? Porque o indivíduo afirma isso simpesmente pelo fato do sol ter nascido, hoje, ter nascido ontem, e anteontem e assim há vários séculos e milênios. Mas desta observação não sai a conclusão que o sol nascerá amanhã, porque não há relação de causalidade entre o sol nascer hoje e nascer amanhã. Portanto é inconsistente afirmar que o sol nascerá amanhã. E isso significa que todo o conhecimento humano é incerto, não é possível ter certeza sobre nada, porque os fundamentos do conhecimento são frágeis. Ora tudo isso é verdade, mas o que fazer se não se pode afirmar que o sol nascerá amanhã? Isso paraliza completamente o indivíduo. Se todo o conhecimento humano for permanentemente questionado o estrago no mundo é muito maior do que o provocado pela incompetência da Telefônica. E o próprio Hume sabe disso. O resultado é uma cisão entre as suas sobres filosóficas sobre o conhecimento humano e as obras sobre economia, história que precisa aceitar alguma relação de causalidade e a validade do conhecimento. Também do ponto de vista existencial Hume reconhece que o homem não pode viver em dúvida permamente mesmo que esta seja a realidade. Outra contradição de Hume está no seu comportamento, boa parte do ódio que ela passou ter de Rousseau foi por Rousseau apontar as contradições da personalidade de Hume.

5.2. "Por que o amigo da humanidade não pode ser amigo dos homens?" Esta frase foi dita por um dos amigos de Rousseau que imediatamente se tornou seu desafeto. Rousseau, o homem, que inspirou revoluções e movimentos políticos basicamente urbano, era averso às grandes cidades, ou mesmo às cidades, não gostava de aglomerações, preferia viver no campo, isolado. E isolado não era força de expressão sequer tinha interesse em se relacionar co meia dúzia de pessoas de modo permanente. Uma vantagem que ele dizia de ter ido morar na Inglaterra é que os seus vizinhos não falavam francês, ele não falava inglês então não precisava se comunicar. Enfim, o homem da democracia direta, dos conselhos, queria viver só. Isso se reflete, por exemplo, nas perseguições políticas que sofreu, foi mais pelo que publicou do que pela ação. Não foi um conspirador, não foi um revolucionário apesar de apoiar os grupos que defendiam a democratização de Genebra contra a gerontocracia calvinista. A frase é ótima, entretanto, extamente por ser amigo da humanidade que Rousseau não pode ser amigo dos homens, se a humanidade foi pervertida pela sociedade e o progresso, os homens também o foram e não são amigáveis. Entretanto, Rousseau não era o novo homem da sua própria utopia, e ele sabia disso, mas daí não concluía que este homem era impossível. Mas que para este homem surgir deveria ser criado fora da sociedade, isolado da sociedade, é pedagogia de Rousseau. No entanto, Rousseau chegou às suas conclusões mergulhando no mundo, e provavelmente no que havia de pior no mundo.

Deputados do Mercosul, o Marcelo é contra, quer dizer que a idéia é boa?

05/07/2008 - 10h44

Brasileiros escolherão "deputados do Mercosul" em 2010; especialista prevê desinteresse de políticos

Cláudia Andrade
Em Brasília

Poucos brasileiros sabem, mas em 2010, além dos votos para Presidente da República, governador de Estado, deputados federal e estadual e senador, os eleitores também deverão votar nos candidatos ao Parlamento do Mercosul.
O Brasil será o último país do bloco a realizar eleições diretas para o Parlasul. O primeiro foi o Paraguai, que definiu seus representantes em abril deste ano, também junto com as eleições presidenciais. Em 2009, Argentina e Uruguai devem fazer suas eleições.
Para 2014 está previsto o "Dia do Mercosul Cidadão", no qual haverá eleições simultâneas em todos os países do bloco. Com isso, os representantes brasileiros serão os únicos a cumprirem mandato de quatro anos, enquanto os colegas argentinos e uruguaios exercerão a função durante cinco anos e os paraguaios, ao longo de seis anos.
Os candidatos eleitos dedicam-se integralmente ao Parlasul, ao contrário do que ocorre hoje, quando precisam exercer suas funções legislativas no Brasil e conciliá-las com as reuniões do bloco. A dedicação exclusiva, contudo, não deve ser suficiente para atrair os políticos brasileiros, na opinião do professor do departamento de ciências políticas da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Marcelo Fernandes.
"Eu estou um pouco pessimista, porque quando os deputados descobrirem qual o papel do Parlamento do Mercosul, vão se desinteressar", aposta. Para ele, o cargo não tem atrativo por não ter poder de decisão. "O papel será de fiscalização do órgão decisório. Então, mesmo que o parlamentar diga não para um projeto ou acordo, por exemplo, a decisão final será do conselho", diz, referindo-se ao Conselho do Mercado Comum, integrado pelos ministros de Relações Exteriores e de Economia de cada Estado membro e que tem poder decisório no bloco.

Novo presidente do Parlamento defende Venezuela no bloco

O deputado Dr Rosinha (PT-PR), que assumiu a presidência do Parlamento do Mercosul na última semana, defende a adesão plena da Venezuela ao bloco econômico. Para o parlamentar, esta é uma questão que precisa ser resolvida "com urgência".

O professor também demonstra preocupação com os candidatos que podem se interessar pelo cargo. "O deputado regional, do Mercosul, vai ser o patinho feio das eleições. E tenho medo de quem vai querer se candidatar, porque a função poderá dar imunidade em sete países (membros mais associados) e isso pode gerar a criminalidade transcontinental", destaca.
Para ele, o papel dos integrantes do Parlasul será semelhante ao dos acadêmicos. "Vai discutir, mas não vai decidir. Se pelo menos a academia lançasse alguns candidatos, seria menos mal, mas isso não vai ocorrer."
A liderança da Representação Brasileira no Parlasul (comissão mista integrada por deputados e senadores), prevista para deixar de existir no final de 2010, pode ser um indicativo da previsão do professor da Unesp. Isso porque, houve pouco interesse dos parlamentares para ocupar a vaga depois que o senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) renunciou. Sem concorrentes, Aloísio Mercadante (PT-SP) foi eleito para a função, no final de abril deste ano.
"Eu renunciei por causa do descaso de alguns setores do governo. Por exemplo, várias vezes convidei ministros para comparecerem à representação para discutir políticas a serem implementadas e não deram qualquer resposta. Meu propósito foi dar uma balançada, um sacolejo na nossa representação, que está modorrenta", justifica o senador Mesquita.

Em sua avaliação, o Parlamento do Mercosul "ainda não encontrou o foco". "A gente pouco se reúne, não há quórum, e ficamos fazendo moções de repúdio e de aplauso a questões, mas precisamos discutir o que é importante, como a questão de Itaipu, questões de preocupação das populações dos países", defende.
O senador Mercadante diz que o Parlasul "ainda está sendo construído" e "é importante no processo de integração". Ele cita alguns temas que os parlamentares podem debater, como os de energia, crise dos alimentos, a redução das assimetrias entre as economias dos países membros, capitais especulativos nas commodities agrícolas, entre outros.
Para ele, o Parlamento pode ajudar a diplomacia brasileira nas negociações internacionais. "A comissão estará em contato com o Parlamento de outros países porque muitas vezes, a resistência a tratados está nos parlamentos", afirma.
No entanto, ao ser questionado sobre um eventual interesse em uma candidatura a um assento no Parlasul, nas eleições de 2010, Mercadante desconversa. "Por enquanto eu sou senador eleito por São Paulo, sou da Comissão de Assuntos Econômicos, da Comissão de Constituição e Justiça. O futuro eu vou decidir mais pra frente".

http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2008/07/05/ult1859u255.jhtm?action=print

terça-feira, 1 de julho de 2008

O mundo muda para continuar sendo o mesmo!

Governo reforça combate ao tráfico de seres humanos

Josina de Carvalho

Os esforços do Governo para evitar o tráfico de seres humanos melhoraram substancialmente. Esta é a visão do Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, expressa no seu relatório anual sobre a situação do tráfico em Angola.
Como resultado dos esforços do Governo para evitar o tráfico de crianças, de acordo com o relatório, foram criados pelo Serviço de Migração e Estrangeiros (SME) postos de controlo nos aeroportos internacionais e nos postos fronteiriços, incluindo a zona de Santa Clara, limitada com a Namíbia, uma das principais áreas de passagem das vítimas e dos traficantes.
O Instituto Nacional da Criança (INAC) criou também equipas móveis que actuam nas estradas utilizadas por traficantes, para controlar as viaturas que transportam crianças e verificar o Bilhete de Identidade e a declaração dos pais de autorização da viagem.
Além destas acções, o relatório disponibilizado ontem, durante o seminário sobre tráfico de seres humanos promovido pelo Ministério do Interior, dá conta que o Governo, em Julho de 2007, acolheu a Terceira Associação Africana de procuradores Gerais da República, cujo objectivo foi discutir o combate a esta prática e à violência doméstica. O Departamento de Estado refere-se ainda à campanha nacional de sensibilização para o combate a todas as formas de violência contra a criança, incluindo o tráfico de crianças.
Na parte das recomendações, o documento do Departamento de Estado sugere ao Governo a ratificação do Protocolo das Nações Unidas contra o Tráfico, o lançamento de uma campanha de sensibilização a nível provincial e comunitário, o reforço da capacidade de intervenção dos agentes da lei e de outros quadros de apoio às vítimas e a adopção de medidas para o combate à prostituição infantil.
Apesar de a legislação angolana não tipificar o tráfico de seres humanos, de acordo ainda com o relatório, 15 casos do género foram registados em 2007, cujas vítimas eram crianças. Estas, ao serem levadas para a República Democrática do Congo, foram descobertas por funcionários do Serviço de Migração e Estrangeiros e do INAC na província do Zaire, junto à fronteira. A Polícia prendeu dois suspeitos, mas não identificou os traficantes envolvidos nos outros casos, diz o relatório.
O documento denuncia que mulheres e crianças de Angola são vítimas do tráfico para fins de trabalho forçado e exploração sexual em países como a África do Sul, República Democrática do Congo, Namíbia, Zâmbia e Portugal.

Os destinos e as rotas

Na abertura do seminário, o vice-ministro do Interior, José Bamboquina Zau, sublinhou que o tráfico de pessoas cresce em todo o mundo, tanto nos países mais pobres, onde as vítimas geralmente são “recrutadas”, quanto nos mais ricos, que são os principais “mercados consumidores” desses serviços.
Referindo-se a um estudo realizado pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNDC), José Zau recordou que os dez países com maior número de vítimas do tráfico são a Rússia, Ucrânia, Tailândia, Nigéria, Moldávia, Roménia, Albânia, China, Bielorússia e Mianmar. Por sua vez, os países de destino mais frequente das vítimas são a Alemanha, Estados Unidos da América, Itália, Holanda, Japão, Grécia, Índia, Tailândia, Bélgica e Turquia.
Além de identificar as principais rotas de passagem do tráfico, o vice-ministro demonstrou que o tráfico de seres humanos é um negócio lucrativo, que movimenta anualmente entre sete e nove biliões de dólares, estando apenas em desvantagem em comparação com o tráfico de drogas e o contrabando de armas. Estima-se, segundo o vice-ministro, que por cada ser humano transportado ilegalmente de um país para outro, o lucro das redes criminosas chegue a 30 mil dólares.
O tráfico de seres humanos é definido pelo Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas, Especialmente Mulheres e Crianças, anexo à Convenção de Palermo (Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional), como acto de “recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou ao uso da força ou a outras formas de coerção, para fins de exploração”.
O seminário sobre o tráfico de seres humanos é promovido pelo Ministério do Interior e conta com o apoio da Organização Internacional para as Migrações (OIM). O objectivo dos promotores é potenciar os quadros do Ministério com conhecimentos teóricos e práticos para o reforço do combate às redes de traficantes.