"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Com anos de atraso, editorial do Estadão diz o óbvio de forma suave, mas a ameaça que as agências de risco representa é grande, especialmente para os países, são piores que o diado, ops que Daniel Dantas!

Quinta-Feira, 10 de Julho de 2008 | 

O risco das agências

O sinal de alerta poderia ter soado, antes da crise financeira iniciada no mercado de hipotecas, se as grandes agências de classificação de risco tivessem cumprido seu papel e evitado conflitos de interesse, concluiu depois de dez meses de investigação a Securities and Exchange Commission (SEC), a comissão de valores mobiliários dos Estados Unidos. Títulos de baixa qualidade, os famigerados subprime, ganharam a classificação máxima, AAA, e foram apresentados como atrativos e seguros a investidores desprevenidos. Segundo uma analista citada na investigação, a metodologia usada por sua agência não identificava nem metade do risco de um determinado papel. Esse título, de acordo com a profissional, "poderia ter sido estruturado por uma vaca" e ainda assim teria recebido a classificação. Esse comentário aparece num dos e-mails coletados pelo pessoal da SEC e mencionados no relatório.
A investigação foi centrada nas três maiores agências - a Standard & Poor?s, a Moody?s Investors Service e a Fitch Ratings - e deve servir de base a um novo conjunto de regras preparado pela comissão. As novas normas, segundo se informou, deverão prevenir conflitos de interesse, proibindo funcionários de agências de fornecer consultoria sobre a estruturação de ativos financeiros e, ao mesmo tempo, trabalhar na classificação dos papéis.
As agências avaliam não só a qualidade dos títulos e a credibilidade de empresas, mas também a confiabilidade financeira de países. Duas das maiores, a Standard & Poor?s e a Fitch, elevaram o Brasil ao grau de investimento, em abril e em maio deste ano. Duas menos conhecidas, a japonesa R&I e a canadense DBRS, também concederam a promoção.
O governo brasileiro passou anos à espera dessa classificação, reclamando sempre de uma severidade não demonstrada em relação a países com menor segurança política, menor estabilidade monetária e maior vulnerabilidade nas contas externas. Mas a reclassificação foi recebida com demonstrações de entusiasmo pelas autoridades, embora o mercado financeiro se tenha antecipado no reconhecimento dos progressos alcançados pelo País.
As conclusões da SEC foram divulgadas em Nova York na terça-feira. No mesmo dia, em Bruxelas, ministros de Finanças da União Européia defendiam maior controle das agências de classificação e maior concorrência no setor. Os ministros concordaram em apresentar em outubro um novo esquema de regulação das agências. A Comissão Européia deverá tomar essa iniciativa, afirmaram, porque nenhuma solução vigorosa foi produzida a partir das discussões entre supervisores ou entre representantes do setor financeiro.
Além do conflito de interesses, o relatório da SEC aponta outras falhas nos procedimentos das agências. Os negócios no setor imobiliário americano expandiram-se velozmente a partir de 2002. As agências, no entanto, não contrataram pessoal suficiente para dar conta do aumento de trabalho. Sobrecarregadas, passaram a operar com menos cuidado na avaliação dos papéis e, além disso, deixaram de acompanhar com a atenção necessária o desempenho dos títulos classificados. Em agosto do ano passado, quando a turbulência já dominava o mercado de hipotecas, o presidente do Comitê Bancário do Senado americano, Christopher Dodd, cobrou do governo maior atenção ao trabalho das agências de classificação. "Obviamente", afirmou o senador, "há um problema intrínseco, se as agências são pagas pelas mesmas pessoas que elas devem classificar."
A investigação da SEC foi concentrada num período relativamente curto, marcado pela bolha imobiliária americana. Mas o desempenho das agências vem sendo criticado há muito mais tempo. Falharam em 1994, enquanto a economia mexicana avançava no rumo de uma grande crise. Falharam de novo na crise de 1997, na Ásia. Depois disso, passaram a ostentar uma grande severidade em relação a alguns emergentes, como o Brasil, mas não conseguiram evitar novos e grandes erros, como ficou provado na crise dos títulos subprime. Agências de avaliação de risco podem ser úteis, mas sua influência tem sido amplamente desproporcional à qualidade de sua avaliação e à sua competência para prevenir desastres.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080710/not_imp203492,0.php

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