"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 28 de dezembro de 2008

Estudar se transforma em sucesso apenas com esforço e sacrifício

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI19881-15228-1,00-O+TRIUNFO+DO+TALENTO.html
19/12/2008 16:42
O triunfo do talento
Gilberto Giuzo protagonizou um milagre. Trabalhava na roça, interrompeu os estudos aos 14 anos, fez supletivo – e chegou ao ITA, a melhor escola de Engenharia do país. O que sua história ensina sobre o modo como o Brasil trata seus superdotados
Ivan Martins e Ana Aranha

RICARDO CORRÊA
SOBREVIVENTE
Gilberto no Memorial Aeroespacial Brasileiro, em São José dos Campos. Ele superou a precariedade do ensino público

Nova Bandeirantes é um município de 13 mil habitantes no extremo norte de Mato Grosso. Fica longe, quase no ponto onde o Estado faz divisa com Pará e Amazonas. Foi ali, na zona rural (região de onça, jibóia e gado nelore), que Gilberto Giuzo passou a maior parte de sua vida. O menino magrelo de olhos esverdeados, filho de migrantes paranaenses, demonstrou desde cedo um talento incomum: aos 4 anos já fazia contas de cabeça, para surpresa dos pais, sitiantes sem instrução. A vocação matemática não impediu que levasse a vida da roça. Cresceu em lombo de cavalo, tratava do gado, erguia cercas na propriedade da família. As escolas que freqüentou eram precárias mesmo para os padrões brasileiros. Desde a infância dividia seu tempo entre as aulas e o trabalho.

Neste ano, aos 24, Gilberto terminou o 2o ano do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, de São José dos Campos. Lá se forma a elite da engenharia brasileira. Também neste ano, conseguiu uma das 38 bolsas da Fundação Estudar, disputada por 6 mil candidatos. O prêmio tenta identificar os jovens mais promissores do país. Gilberto é um deles. Passou pelos obstáculos sucessivos do mau ensino público, da privação cultural, do trabalho infantil, do abandono escolar e do isolamento geográfico. Fez de si mesmo um milagre estatístico. Em um país que joga fora a maior parte de seu potencial humano, resistiu. Ele representa um triunfo do talento, um triunfo da vontade, um caso em um milhão. Sua história ajuda a retratar – pelo reverso – a tragédia do desperdício humano brasileiro. Quantos Gilbertos haverá por aí, perdidos, vivendo abaixo de seu potencial?

Em Nova Bandeirantes está começando a estação das chuvas. Manoelina dos Santos Costa, mãe de Gilberto, conta, divertida, que uma manada de porcos-do-mato invadiu o sítio onde a família cria gado de corte. Fala bem, dona Manoelina. Ela conta que o menino, segundo de seus três filhos, único homem, foi diferente desde cedo. “A irmã era hiperativa, deu muito trabalho, mas ele era reservadinho”, diz. “Acho que sempre foi meio adulto.” O pai descobriu que Gilberto era capaz de fazer contas de cabeça e passou a exibi-lo aos amigos. Logo virou o centro das atenções. “Ele nem sabia segurar o lápis”, diz a mãe. Ela deixa claro que isso era coisa do menino. Nenhum dos pais estudou além da 4a série.

Gilberto foi para a escola rural aos 6 anos. Havia ali uma única classe, com alunos de todas as idades. As várias séries ficavam juntas na mesma sala, divididas em grupos de carteiras. A professora se alternava entre eles. Essa é uma forma antiga de ensinar, usada modernamente apenas quando faltam professores. Há no Brasil 53.609 escolas multisseriadas, com 1,2 milhão de alunos. Mais de 49 mil delas estão na área rural. “Na escola sempre me falavam que ele era muito inteligente, que tinha de estudar”, diz a mãe.



RICARDO CORRÊA
VOLUNTÁRIO
Gilberto, à esquerda, com os colegas que trabalham no cursinho dos alunos do ITA para jovens carentes

Estudar não é a regra na zona rural de Mato Grosso, pelo contrário. O porcentual de abandono na 4a série em 2005 foi de 10,5%. Para fazer a 5a série, as crianças da roça freqüentemente têm de se deslocar para a cidade. Ou desistem. Gilberto percorria uma distância de ida e volta de 12 quilômetros de bicicleta para estudar. Seu pai havia morrido em 1991 – por complicações da malária, endêmica na região –, e a vida não estava nada fácil. “As pessoas na região achavam que estudar era um jeito de fazer corpo mole e evitar o trabalho”, diz o rapaz. Em sua casa não era muito diferente. A mãe casou-se novamente, e ele parou de estudar no meio da 8a série, aos 14 anos. Voltou um ano depois, terminou o ensino fundamental, parou de novo. Nesses períodos sem aulas, trabalhava no campo o dia todo. “Estudar era chato, mas o trabalho era muito pior”, diz Gilberto, lembrando seus sentimentos da época. “Percebi que as pessoas faziam a mesma coisa havia 30 anos.”

Em 2002, iniciou o ensino médio. Para estudar à noite, andava 50 quilômetros de ônibus. Levantava às 6h30, para trabalhar no sítio, voltava para casa depois da meia-noite. Vivia cansado. A pressão doméstica para que parasse de estudar retornou, acentuada. Gilberto resolveu apressar o processo de sua educação: optou por prestar os exames supletivos. Com a ajuda do padrasto, comprou cinco livros que resumiam as matérias do colégio e passou a estudar por conta própria. Em casa, ele lia à luz de velas, porque o sítio não recebia luz elétrica. Fez as provas e passou. Sua pior nota foi 6,5, em Português. “Era muito fácil”, diz Gilberto, sem nenhuma vaidade aparente. Os exames de supletivo costumam ser fáceis, mas Gilberto não tinha exatamente uma sólida formação escolar.

Na semana passada, ele explicava sua insistência em estudar nos termos de uma fábula animal. “Fiz como o burro bordoso”, diz ele. Isso significa um bicho teimoso, que volta ao lugar aonde deseja ir, por mais que o espantem. “Eu insisti com a família”, diz ele, com um sorriso. O rapaz de 24 anos continua magro, bem magro, mas agora tem 1,76 metro de altura e cabelos pretos, espetados. É evidente que gosta de conversar, embora mantenha certa reserva. Fala com desenvoltura e modéstia sobre suas realizações, que não são poucas.

Depois do supletivo, conseguiu fazer 55 de 63 pontos possíveis no Enem, pontuação muito acima da média de 34 pontos das escolas públicas de Mato Grosso. Com essa nota, obteve uma bolsa do ProUni para estudar Engenharia na PUC de Campinas, em São Paulo. Não ingressou na faculdade porque sua família tinha títulos de terras e o ProUni é reservado para estudantes carentes. Gilberto lembra que quase desmoronou. Estava lá, praticamente na universidade, viu os alunos começar as aulas e foi excluído, na última hora. “Achei que as coisas nunca dariam certo para mim”, diz ele. Pensou em voltar para Mato Grosso, mas, dessa vez, a família se opôs. A mãe disse a ele por telefone que ficasse. A tia Idalina Santos Soares, em cuja casa ele estava, repetiu a mesma mensagem.

Gilberto ficou e resolveu se preparar “direito” para o vestibular, fazendo cursinho. Queria o ITA, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, porque era uma escola de Engenharia onde “havia salário e alojamento”. Mas a prova para preencher as 120 vagas anuais é simplesmente a mais difícil do Brasil. Há bons estudantes do país inteiro que tentam passar por ela três ou quatro vezes, sem sucesso. Gilberto percebeu que precisava de um emprego para pagar o cursinho e manter-se na cidade. Apareceu uma vaga de pedreiro, ele agarrou. Mas já no dia seguinte conseguiu coisa melhor, no laboratório de uma ótica no centro de Campinas. Trabalhava de dia para pagar o cursinho, noturno. Morava com a família da tia e ajudava nas despesas. Esse arranjo durou pouco, porém.

No primeiro simulado do cursinho, Gilberto tirou a melhor nota entre os 220 alunos. O dono do preparatório, ele mesmo egresso do ITA, espantou-se. Veio procurá-lo com a oferta de uma bolsa integral, na turma preparatória para o ITA, mas exigiu dedicação integral. “Para um menino do campo, que fez supletivo no interior, o simulado dele foi estupendo”, diz Eliel Barbosa da Silva, dono do cursinho Elite. “Já conheci gente inteligente como ele, mas ninguém partiu de onde ele partiu.” Foi nesse momento que a tia Idalina (servente em uma escola pública, casada com um frentista, mãe de três filhos) fez sua parte no destino do sobrinho: disse a ele que estudasse sem preocupação de trabalhar. Gilberto nunca tivera essa chance e se atirou a ela de cabeça. “Ele estudava das 7 da manhã às 11 da noite”, diz Idalina.

GUIA
RICARDO CORRÊA
Como identificar o talento?

A partir de janeiro, as escolas estaduais de São Paulo vão receber o livro Um Olhar para as Altas Habilidades. A idéia é ensinar os professores a identificar alunos superdotados. A autora, Christina Cupertino, uma das maiores autoridades brasileiras no assunto, enumera as principais características desses alunos, dá dicas sobre o comportamento deles e conta como outros professores já fizeram a identificação. A experiência tem como base a formação de supervisores e coordenadores que acontece em São Paulo há um ano e já ajudou a achar 397 superdotados.

Como tinha dificuldades em escrever, fez o maior número de redações que alguém já havia feito durante um ano no cursinho. Nas outras matérias não era muito diferente. Em poucos meses, foi apresentado a uma multidão de conteúdos que nunca vira. No início, sofreu. Mas, no fim do ano, já fazia perguntas que obrigavam os professores a parar e pensar. Gilberto aprende rápido e trabalha duro. Resultado: entrou em primeiro lugar na Engenharia da USP em São Carlos, foi primeiro lugar da Engenharia Elétrica da Unicamp, foi aprovado no Instituto Militar de Engenharia e, claro, no ITA. “Meu filho teve muita garra”, diz a mãe, Manoelina. “Eu era contra estudar, queria ele por aqui. Hoje, me arrependo.”

Se as estimativas estão corretas, há no Brasil pelo menos 1,6 milhão de crianças e adolescentes como Gilberto, com grande facilidade de aprendizado. É o que se chama normalmente de superdotados. O número corresponde a 3% da população escolar do país, de 53 milhões de estudantes entre a pré-escola e o ensino médio. Identificados, porém, há apenas 2.902 alunos desse tipo. Não é preciso ser superdotado para fazer a conta do desperdício de talentos: para cada Gilberto Giuzo que aparece, há 550 que o sistema educacional brasileiro não soube identificar. Na tentativa de melhorar essa estatística, o Ministério da Educação criou, em 2006, uma rede nacional de atendimento, os Núcleos de Atividades de Altas Habilidades. Há um por Estado, sempre nas capitais. Sua finalidade é identificar e ajudar os jovens com maior potencial de aprender. Parece, porém, que a coisa não está funcionando muito bem. Fora o núcleo de Brasília, que existe desde 1976 e serviu de inspiração para o programa federal, o trabalho ainda é embrionário. A identificação dos superdotados é lenta, a estrutura que se oferece a eles é frágil. “O cenário é desanimador”, diz a professora Eunice Soriano de Alencar, da Universidade de Brasília, especialista com 20 anos de experiência no estudo de superdotados. “Investimos nada nessa área. A educação pública é muito ruim. A estrutura é perversa. As crianças pobres que conseguem sobressair são verdadeiros milagres.”
No primeiro simulado do cursinho, Gilberto foi o primeiro entre 220 alunos. O dono veio falar com ele

Como em outras áreas da educação, o Brasil está ficando para trás. Há bons programas para atendimento aos alunos superdotados em diversos países. Inglaterra, Israel, Taiwan e Chile são algumas das referências mundiais. A China, embora atrasada, está investindo pesado em identificação e estímulo aos supertalentos. No Chile, onde se faz o melhor trabalho da América Latina, os professores da rede pública são treinados e recebem um guia com as características da superdotação. Na 5a série, quando têm entre 10 e 11 anos, os alunos identificados passam a freqüentar cursos e oficinas. “Um aluno talentoso que nasça na região de Temuco, por exemplo, será identificado e atendido”, diz a psicopedagoga Sonia Bralic, fundadora do programa. “Mas há milhares que moram em regiões onde não há cobertura dos programas.”

Em Mato Grosso, o Núcleo de Altas Habilidades funciona desde 2007, em Cuiabá. Até agora treinou professores de três escolas para identificação de superdotados. Todas na capital. Se houver outro aluno talentoso em Nova Bandeirantes, de onde veio Gilberto, a 1.020 quilômetros de Cuiabá, ele não será percebido. “Ainda não há perspectiva de levar o serviço para aquela região”, diz Márcia Aparecida Molinari, coordenadora do Núcleo de Altas Habilidades do Estado. As conseqüências da não-identificação são terríveis, afirmam os especialistas. A criança muito inteligente se frustra de forma profunda com a anemia intelectual do ensino normal, inclusive o da escola privada. Daí para o desinteresse, a depressão e o abandono é um passo. Que ocorre freqüentemente. “Este moço, Gilberto, é um caso muito raro”, diz a psicóloga Ana Fortes Lustosa, da Universidade do Piauí. “O apoio da família e da escola é essencial para que as crianças se desenvolvam. Ele teve enorme automotivação. Viu sozinho uma saída.”

Anderson Schneider
RESGATADO
Evaldo, o estudante de Brasília, com suas moedas. O núcleo de apoio a superdotados (ao lado) fez com que ele se interessasse novamente em aprender

Em um bairro da periferia de Brasília, Evaldo Pereira de Rezende não via mais motivos para ir à escola. Aos 11 anos, preferia ficar em casa, estudando as moedas de sua coleção. Ele tem mais de mil. Os pais não entendiam por que o filho faltava tanto. “Pensei que ele tinha brigado com algum menino”, diz a mãe, Ana Pereira de Rezende. Foi tanta falta que ele repetiu a 4a série. Preocupada, a orientadora pedagógica da escola passou a prestar atenção no aluno. Na 6a série, com a ajuda dos especialistas do Núcleo de Altas Habilidades de Brasília, ele foi identificado como superdotado. Depois do Núcleo, sua vida mudou. Ele deixou de faltar à escola e suas atividades fora de casa aumentaram. Escreve artigos e dá palestras sobre a história das moedas. Agora, aos 17 anos, quer fazer três faculdades: Sociologia, Ciência Política e História. “Vou ser pesquisador ou professor universitário”, diz.

Outro caso, bem menos feliz, é o de João Sperandio Neto. Aos 22 anos, ele foi indiciado em novembro pela Justiça de São Paulo por aplicar golpes pela internet em valor superior a R$ 2,2 milhões. O delegado que acompanhou o caso, Luiz Storni, diz que ficou surpreso ao saber a idade do rapaz. “Ele sabia muito para uma pessoa tão jovem.” Sperandio é de família simples e, segundo o delegado, parece autodidata. Tudo sugere que era o especialista técnico de uma quadrilha com outros integrantes. Ao programa Fantástico, da TV Globo, o rapaz disse que começou a praticar crimes virtuais aos 15 anos, por diversão. Afirmou já ter trabalhado para os criminosos, mas sob ameaça. Pode ser. Mas os especialistas vislumbram cenários em que a colaboração entre a inteligência e o crime ocorra de forma voluntária. “Esses meninos precisam exercer seu potencial, sob o risco de ser atraídos pelo crime”, afirma Olzeni Ribeiro, coordenadora do Núcleo para Superdotação do Distrito Federal. “Se um menino desses é cooptado por uma gangue, dificilmente será resgatado. É o contexto em que ele mais se sente desafiado, em que sua inteligência é mais valorizada.”
Gilberto não sabe explicar de onde veio sua ambição. “Talvez da televisão”, diz ele. “Era um mundo novo”

Gilberto escapa do perfil típico do superdotado. Os psicólogos modernos dizem que há vários tipos de habilidades mentais e elas raramente andam juntas. O raciocínio matemático freqüentemente não se dá com a facilidade verbal. Outras vezes não coincide com as habilidades sociais conhecidas como inteligência emocional. Gilberto parece ter várias delas, em grau elevado. Ele se expressa bem. Ele interage muito bem com as pessoas, mesmo quando vêm de situações sociais diferentes da sua. Ele inspira confiança. Ele demonstra inteligência prática na forma de organizar e conduzir sua vida. Mesmo sua persistência, que parece uma virtude de caráter, pode ser outra manifestação de seu talento intelectual. Os especialistas chamam a obstinação de “envolvimento com a tarefa”, uma característica comum entre os muito inteligentes. Renata Maia Pinto, que até maio era responsável no Ministério da Educação pelos projetos de superdotados, percebe essa característica em Gilberto. “Ele teve muita perseverança. Isso é típico”, diz ela.

Eliel Silva, do cursinho Elite, aponta na trajetória de Gilberto outra provável manifestação de uma inteligência incomum: a capacidade de imaginar algo que não tinha nenhuma relação com a vida que ele conhecia. “Pense num garoto conduzindo um carro de boi no interior de Mato Grosso e se imaginando aluno do ITA, algo que nem poderia saber como era”, diz. “É extraordinário.” As experiências dos educadores com crianças muito pobres é bem diferente. Elas em geral não têm grandes horizontes. Têm dificuldade em se imaginar fazendo coisas importantes como adultos. Não se vêem como advogados, médicos, engenheiros, artistas. “Quando a criança é pobre, seu projeto de vida não é individual”, afirma Ana Lustosa, do Piauí. “Ela chega em casa e já tem de ajudar, limpar, fazer o jantar ou até sair para trabalhar. Ela não tem estímulo para pensar em si, mas no projeto coletivo, da família.” Parece a situação doméstica de Gilberto.



Múltiplas habilidades
A vida de Gilberto mostra que ele reúne diferentes formas de inteligência, da matemática à emocional
RICARDO CORRÊA

Automotivação
Gilberto nunca desistiu de aprender, apesar da oposição da família e das circunstâncias adversas. Ao fim do dia de trabalho, estudava à luz de velas na escrivaninha que ele construiu. Os desdobramentos desse tipo de inteligência:
- Persistência, concentração e compromisso com as tarefas
- Motivação interna, não depende de estímulos de outras pessoas
- Iniciativa, autoconfiança e envolvimento com seus interesses

Talento matemático
Os amigos da família chamavam Gilberto de “matemático”, porque o menino resolvia contas de cabeça aos 4 anos. As características dessa forma clássica de inteligência:
- Capacidade para associar símbolos
- Organização interna do raciocínio
- Facilidade para identificar causas para os fenômenos observados

Talento verbal
Gilberto se expressa de forma clara e segura. Aos 8 anos, conversava com os professores da irmã, sete anos mais
velha. Como o talento se expressa:
- Domínio da comunicação e da língua
- Precisão e concisão no modo de se expressar verbalmente

Inteligência emocional
Sua mãe diz que Gilberto sempre “pareceu adulto”, pela maneira tranqüila com que tratava os mais
velhos. Hoje, circula sem problemas entre colegas com origem social e formação cultural totalmente
diferentes das suas. As características dessa inteligência:
- Senso avançado de tato, confiabilidade e empatia
- Capacidade para persuasão e influência, boa sintonia com o grupo
- Maturidade e autocontrole

Fonte: Desenvolver Capacidades e Talentos, de Zenita Guenter

Há também a questão do trabalho infantil, que foi sempre uma sombra em sua vida. É algo comum no Brasil. No ano passado, havia 4,8 milhões de crianças e adolescentes dando expediente no país, um em cada dez brasileiros entre 5 e 17 anos. Além dos riscos físicos, o trabalho prejudica a concentração na escola e o desenvolvimento intelectual. Renato Mendes, coordenador no Brasil do Programa de Combate ao Trabalho Infantil da OIT, a Organização Internacional do Trabalho, diz que no campo o contexto cultural é diferente, talvez mais grave.

“Em geral, os pais querem que os filhos estudem, mas o modelo de educação no campo não faz sentido para eles”, afirma Mendes. Ele sustenta que as escolas rurais deveriam tratar de atividades ligadas ao trato da terra e da criação, para cumprir uma função prática. Mas o modelo educacional é urbano e percebido como inútil. “O pai acha que o menino vai andar 6 quilômetros para não aprender o que precisa. Não vê perspectiva na educação”, diz Mendes. Na casa de Gilberto, parece ter sido assim. Os pais precisavam de ajuda no sítio e achavam, com base na própria experiência, que seria melhor para o menino se dedicar desde cedo ao trabalho. Quando começou a escola à noite, a mãe temia que ele, magrinho, não fosse agüentar o esforço do trabalho físico e do pouco sono. Hoje, tendo visto o sucesso do filho, tremendamente orgulhosa dele, Manoelina se constrange em lembrar as discussões familiares causadas pela insistência do filho em estudar. “Prefiro não falar sobre isso”, diz ela.

Gilberto não sabe explicar de onde veio seu sonho e sua determinação. Ele quis ser engenheiro sem saber o que era um engenheiro. Em um lugar onde não havia engenheiros. Em uma família na qual nunca houve um engenheiro. “Talvez tenha sido a televisão”, diz. Quando a TV chegou a sua casa, ele teria uns 13 anos. Lembra de um impacto tremendo. Aquela avalanche de novidades. Um mundo inteiro que não existia antes. O Jornal Nacional. Pode ter sido isso. Ou talvez o sonho tenha vindo do exemplo de Rosângela, meia-irmã, filha do primeiro casamento do pai. Ela se formou em Direito no Paraná, enfrentando enorme adversidade. Era parte da lenda da família. Distante, mas, de alguma forma, presente. “Eu realmente não sei”, diz Gilberto.

Hoje em dia, ele tem planos claros: quer formar-se engenheiro e trabalhar algum tempo no mercado financeiro. Com isso, pretende juntar dinheiro e experiência para empreender. Deseja tornar-se empresário e está construindo ferramental para isso. Neste mês, enquanto a maioria dos universitários goza férias, ele inicia estágio em uma das fábricas da AmBev, em Campinas. “Acredito muito em trabalho”, diz Gilberto. Nem poderia ser de outro jeito. Os jovens de famílias abastadas nascem cercados de privilégios que nem sequer percebem. Para Gilberto, cada um deles é uma conquista: o acesso ao conhecimento, os contatos humanos, as viagens. Freqüentemente, há choques. Tendo crescido no interior, em uma família religiosa, ele se espanta ao ouvir colegas de escola que se declaram ateus. “Ainda fico chocado”, diz. “Não sou muito religioso, mas acredito em Deus.” É espantoso, na verdade, que o convívio de Gilberto com os colegas de escola e da Fundação Estudar seja tão natural, considerando as enormes diferenças de origem. Todo mundo ao redor de Gilberto fala inglês e quase todos vêm de famílias de classe média. Têm experiências culturais muito mais cosmopolitas que as dele. Ele percebe a diferença, claro, mas parece lidar com ela sem complexos.

“Gilberto é da geração Y, que está recebendo dos pais uma agenda pronta e não mostra muita iniciativa. Mas ele é totalmente diferente”, diz a psicóloga Bruna Dias, da Companhia de Talentos, consultoria de RH especializada em orientação de carreira. Bruna já fez uma discussão individual com o jovem de Mato Grosso e participa com ele de sessões de grupo sobre trabalho e futuro profissional, como parte das atividades da Fundação Estudar. Ela não tem dúvida de que Gilberto é comprometido, obstinado, faminto por aprender e conquistar. “Ele vai longe”, afirma. Quer dizer: mais longe.

Morreu Samuel Huntington

Samuel Huntington morreu e merece um post falando dele depois que voltar de férias. Huntington está na história das idéias conservadores definitivamente.

27/12/2008 - 17h45
Morre Samuel Huntington, autor de "O Choque de Civilizações"

da France Presse, em Nova York

O cientista político Samuel Huntington, autor do famoso ensaio "O Choque de Civilizações", morreu aos 81 anos em Martha's Vineyard, no Estado americano de Massachusetts, informou neste sábado a Universidade Harvard.
07.ago.2002/Claudia Daut/Reuters
Cientista político Samuel P. Huntington escreveu livro
Cientista político Samuel P. Huntington escreveu livro "O Choque de Civilizações"

Huntington morreu na última quarta-feira (24). O cientista político deixou de lecionar em Harvard em 2008, após 58 anos de "serviços bons e leais", segundo a unviersidade americana.

Ele foi autor, co-autor e editor de 17 obras e 90 artigos científicos sobre a política americana, a democratização, a política militar, a estratégia, e até mesmo política de desenvolvimento, informou o comunicado.

Nascido Samuel Phillips Huntington em 18 de abril de 1927 em Nova York, ele conseguiu se formar na Universidade de Yale aos 18 anos e começou a lecionar em Harvard aos 23.

"O Choque de Civilizações", publicado em 1996, foi traduzido a 39 idiomas. O livro também foi considerado como uma visão prévia do conflito com grupos muçulmanos que culminou nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Haverá um limite para a crise? A crise está se agravando em proporções alarmantes!

22/12/2008 - 02h38

Exportações japonesas caem a nível recorde em novembro

da Efe, em Tóquio

As exportações voltaram a cair em novembro no Japão, a segunda maior economia do mundo. A queda sem precedentes nos negócios do país foi de 26,7%, para 5,327 trilhões de ienes (US$ 59,392 bilhões).

O valor cria um novo déficit na balança comercial japonesa e é a segunda queda mensal consecutiva deste indicador desde 1980.

Em novembro, o Japão registrou um déficit em sua balança comercial de 223,4 bilhões de ienes (US$ 2,488 bilhões), devido sobretudo a uma abrupta queda de suas exportações, até agora principal motor da economia japonesa, pela revalorização do iene e a crise econômica global.

As vendas ao Oriente Médio, Rússia e países da Europa do Leste desaceleraram, mas a queda mais significativa foi a das exportações aos EUA, que caíram 33,8%.

Com a Europa, o Japão reduziu seu superávit comercial em 49,8%, enquanto com a Ásia a queda foi a mais acusada, do dia 78,2%.

As exportações aos países da União Européia perderam 30,8% em relação ao ano anterior, a segunda queda mais forte da história.

A balança comercial japonesa já entrou em números vermelhos em janeiro, agosto e outubro durante este 2008 de crise econômica, mas o habitual nos últimos anos foi que registrasse fortes superávit.

Endereço da página:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u482195.shtml

domingo, 21 de dezembro de 2008

"Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia." Nietzsche

Feliz Natal e Próspero Ano Novo!

O post anterior sobre a esperança fica como mensagem para o Natal e o Ano Novo. Espero que todos os visitantes do blog consigam cultivar a esperança e vivenciá-la. Este fica como sermão.

Não basta professar valores, é preciso vivenciá-los ainda mais no mundo cada dia mais inóspito. Vivenciar é se dispor a fazer os sacríficios necessários para adequar o discurso à prática, modificar-se, eliminar tudo aquilo que impede de viver de forma coerente. Todos os anos fazemos votos de ano novo, fazemos promessas, que logo caem no vazio e são esquecidas, porque de fato o que se faz necessário é a conversão de vida. Em geral as pessoas querem eliminar um problema, conseguir um objetivo sem mudar de estilo vida. Não existe isso. Cada objetivo, cada meta exige uma conversão de vida. Cada propósito exige um sacríficio. Quando se escolhe ter tudo,  na verdade está escolhendo o fracasso. É preciso definir prioridades e ser capaz de viver considerando estas prioridades. Se cada vez que os "amigos", os "colegas" chamam para um desvio de rota, e a pessoa assente, é porque não tem compromisso consigo mesma. Vivemos numa sociedade profundamente contraditória. Ao mesmo tempo que as pessoas são profundamente individualistas, não se preocupam com o futuro dos outros, não são solidárias, preocupam-se de forma doentia com as opiniões e avaliaçãos dos outros, querem a aprovação permanente, não resistem à crítica, não conseguem viver sozinhas e o resultado é comportamento de manada que hoje não atinge mais apenas os jovens. Em todas as faixas etárias se encontram cada vez mais pessoas se comportando como animais, ignorando os fracos e buscando a permanente aceitação e participação no grupo. Não há sociedade que resista, e não há projeto de vida que se sustente.

Tornar-se indivíduo na sociedade contemporânea é remar contra a maré, é pensar criticamente, não agir por impulso e pela pressão do bando. É seguir o próprio caminho a despeito das adversidades. Óbvio que isso não significa ser cabeça-dura ou persistir no erro, significa que se deve assumir a responsabilidade por cada decisão tomada. As decisões que você toma fazem a sua vida, se você deixar que outros tomem decisões por você, e não assumir a responsabilidade estará deixando que outros vivam a sua vida.

E deve-se assumir a responsabilidade nas coisas mais simples às mais complexas. Na situação que vivo frequantemente na relação professor-aluno, seria muito mais fácil me eximir de responsabilidade e sair dando dez para todo mundo, seria o mais fácil, seria seguir a corrente, me daria menos trabalho e problemas. Mas seria errado, porque eu estaria me eximindo da responsabilidade para com o futuro dos alunos. Esta é uma outra contradição da sociedade brasileira contemporânea, o discurso que estudar é importante se tornou hegemômico, então todo mundo quer estudar, mas ninguém quer estudar. Todos querem entrar na faculdade e sair com um diploma, mas a maioria não está disposta estudar realmente, a se sacrificar hoje pelas conquistas futuras. Resultado? Fracasso. O curso deixa de ter qualquer sentido. Hoje a diferença mais significava no ensino superior não é entre os alunos de notas altas e os alunos de notas baixas é entre os alunos responsáveis pelas decisões que tomam e os alunos que não assumem a responsabilidade pelo seu próprio destino. O problema da queda no nível do ensino superior está nos irresponsáveis, naqueles que estão sempre em busca de facilidades para serem aprovados, querendo um ponto, um trabalhinho, menos textos, provas mais fáceis, e sempre têm uma desculpa pelo resultado, que nunca se deve a uma ação ou inação dele, mas sempre dos outros, da vida, trabalha muito, tem muitos problemas etc. Quando estes alunos são a maioria numa sala é o pior dos mundos, quem quer estudar sairá sempre prejudicado, porque a pressão para baixar o nível tende a ser insuportável. Outro tipo de aluno que não consegue se encontrar no ensino superior é aquele que acredita que estudar deve ser prazeroso, que a aula deve ser prazerosa, com certeza não vai dar certo. O úncio prazer em estudar é aprender coisas que você não sabe, mas não há métodos de estudos prazerosos para aqueles que não sentem o prazer de descobrir novos conceitos, novas idéias, novos autores.

Um tipo de aluno fácil de lidar é o que não está nem aí para o resultado, ser aprovado, reprovado é indiferente, podem até culpar o professor, odiar o professor por sempre serem reprovados, mas ficam na deles, comportam-se como se assumissem a responsabilidade. É o mais difícil de ser compreendido, porque é inexplicável as razões pelas quais se matricula numa faculdade. Em geral parecem não identificar qualquer sentido na vida, e se a vida não tem sentido, se a vida é apenas um conjunto de momentos, estudar realmente não tem o menor valor.

Óbvio que os professores também têm defeitos. E a irresponsabilidade é pior defeito. Aceitar passivivamente a realidade. Dizer que nenhum aluno quer estudar e a partir daí não fazer nenhum esforço para fazer com que o aluno estude. O professor é irresponsável quando simplesmente aceita o aluno como ele é e não faz nada para tentar que ele se transforme. A pior combinação possível para uma instituição educacional são estudantes e professores passivos, irresponsáveis, cada um esperando que o outro tome a inciativa.

No microcosmo do ensino superior temos a expriência da vida contemporânea, onde predomina a alienação, a irresponsabilidade, a passividade, e a predominância dos instintos coletivos sobre a racionalidade. Na educação em geral, o domínio do grupo chegou a tal ponto que hoje há estudantes que deixam de estudar por medo da avaliação do grupo, por medo de não ser aceito pelo grupo. E na pasmaceira geral, a sociedade sofre um processo de involução. Hoje a coisa mais comum do mundo é as pessoas se surpreenderem com a inteligência e a sagacidade dos bebês e das crianças pequenas, mas na medida em que vão crescendo ao invés da inteligência, do conhecimento e do pensamento estar sendo desenvolvido, está sendo podado pelas famílias, pela sociedade, pela escola, que se mostram incapaz de inculcar desde o início nas crianças a disciplina, o método necessários ao desenvolvimento do pensamento. E depois quando crescem, poucos se dispõe à disciplina e ao método necessários ao desenvolvimento das ciências. É isso que explica que num país onde se precisa de químicos, engenheiros, físicos, etc. onde se precisa desenvovler as ciências exatas para se dar um salto científico e tecnológico tenhamos cada vez mais administradores, bacharéis em direito incapazes de serem aprovados na OAB ou em concursos para juiz. Cada pessoa e a sociedade pode escolher, e crescentemente se escolhe permanecer na ignorância. Ninguém quer pesquisar, se esforçar, quer respostas prontas. E nem respostas prontas no livro é suficiente, querem todas as respostas sem abrir um livro, sem ler qualquer manual de instruções, etc.

No Ano Novo ao invés de mandingas, promessas, supertições, o que cada um deve se perguntar é qual o sacríficio está disposto fazer pelo seu futuro, é perguntar o que de fato é importante na sua vida. E procurar a partir daí a viver de acordo com as respostas que conseguiu. Traçar o caminho para quando se perder, saber que está perdido, e saber para onde é preciso voltar. Quem não sabe aonde quer chegar não sabe quando se perdeu!

Esperança enquanto resistência

Transcrevo abaixo dois trechos do livro Teologia da Esperança do teólogo protestante alemão Jürgen Moltmann. O subtítulo de onde os dois trechos foram retirados intitula-se "A esperança frustra a felicidade do ser humano no presente?" No primeiro trecho está exposta a posição dos críticos, no segundo trecho, o autor apresenta a visão da esperança cristã.

A especificidade de Moltmann e que será incorporada à outras correntes teológicas é que a esperança deve ser sentida e vivida na história, realiza-se na história. A chave fundamental para toda ação política de longo prazo é ser capaz de alimentar e realimentar a esperança, a capacidade de lutar por algo que não se tem apesar de todas as desventuras que se vive. Todas as utopias se alimentaram disso e se esvaem na medida em que são incapazes de renovar a esperança. A crise do nosso tempo é a crise da esperança. Com todos os valores em xeque já não se realiza a renovação da esperança, e os indivíduos crescentemente substituem a esperança pelo consumo. Só se dispõe a sacrificar o presente, inclusive o consumo, quem tem esperanças no futuro. na sua ausência procura-se experimentar o prazer do momentâneo antes que seja tomado pelo vazio da existência. Qualquer coisa é usada para encobrir o vazio da existência sem esperança e sem futuro. A esperança neste sentido é uma forma de resistência, de enfrentar o mundo que cada vez mais se mercantilização e esvazia o significado da existência. Crescentemente viver é apenas consumir. Recuperar a esperança é pôr um freio neste processo. É retomar a construção do futuro e do domínio da história pelo homem. É uma pena que todos os grandes projetos sociais e mesmo o cristianismo estejam sendo esvaziados e a esperança esteja definhando. Como disse Marx no Manifesto Comunista tudo que é sagrado será profanado, tudo que é sólido se desmancha no ar. Há uma crescente mercantilização das religiões que as tornam vazias de significado do cristianismo, passado pelo budismo e hinduísmo, até o islamismo. Religião se associa cada vez mais a um padrão de consumo do que a uma forma de vida e existência. E quanto mais a religião é despida de seu papel de baluarte da esperança mais espaço para o fanatismo. O fanático opõe-se à esperança. O fanático é o desesperado. Mas por mais que o mundo não dê sinais de renascimento da esperança é preciso ter esperança, e ter esperança é acreditar na vida sempre, ainda quando estamos diante da morte.

Os críticos:

"A mais séria objeção contra uma teologoia da esperança não provém da presunção nem do desespero - pois essas duas atitudes da existência humana pressupõem a esperança -, mas opõe-se à esperança a partir da religião da humuilde aceitação do presente: não é somente no presente que o ser humano é alguém, uma realidade, um contemporâneo de si mesmo, alguém em harmonia com o mundo, uma pessoa determinada? A lembrança o agrilhoa ao que passou, ao que não existe mais; a esperança o atira ao futuro, ao que ainda não existe. O passado o faz lembrar-se de ter vivido, mas não o leva a viver; o faz lembrar-se de ter amado, mas não o leva a amar; o faz lembrar-se dos pensamentos dosoutros, mas não o leva a pensar. Fato semelhante parece dar-se em relação à esperança: ele espera viver, mas não vive; espera um dia tornar-se feliz, e esta espera faz com que o indivíduo passe ao largo da felicidade do presente. Ao se lembrar e ao esperar, ele jamais estará inteiramente dentro de si mesmo ou em seu presente; corre sempre atrás dele ou se antecipa a ele. As lembranças e as esperanças parecem frustá-lo quanto à felicidade de existir indivisamente no presente. Elas o privam de seu presente, arrancam-no e o lançam para tempos que não existem mais ou ainda não existem. Elas o entregam ao não-existente e o abandonam ao nada. Pois tais ocorrências o arrastam para a correnteza da transitoriedade, para o redemoinho do nada."

A esperança cristã :

"O amor não tira ninguém da dor do tempo, antes toma sobre si a dor daquilo que é temporal. A esperança prontifica-se a carregar a "cruz do presente". Ela pode suportar a morte e esperar o inesperado. Ela pode dizer sim ao movimento e desejar a história, pois o seu Deus não é aquele que "nunca foi nem será jamais, por existir agora como um todo", mas o Deus "que vivifica os mortos e chama o que não é para que seja". O círculo de ferro do dogma da desesperança, ex nihilo nihil fit, é rompido quando se reconhece como Deus alguém que resusscita os mortos. Quando começamos a viver na fé e na esperança das possibilidades e promessas desse Deus, abre-se diante de nós toda a plenitude da vida enquanto vida histórica, a qual assim pode ser amada. Somente no horizonte desse Deus se torna possível um amor que é mais do que filía, amor ao existente e ao igual, mas agapé, amor para com o não-existente, amor para com o desigual. com o indigno, sem valor, perdido, transitório e morto; um amor que é capaz de tomar sobre si o que há de aniquilador na dor e na alienação de si mesmo, porque tira sua força da esperança na creatio ex nihilo. Ele não afasta o olhar do não-existente para dizer "não é nada", mas ele mesmo se torna a força mágica que tudo traz à existência. Pela esperança, o amor mede as possibilidades que lhe foram abertas na história. Pelo amor, a esperança tudo encaminha para as promessas de Deus.

"Será que tal esperança frustra o ser humano da felicidade do presente? Como poderia fazê-lo, se é, ela mesma, a felicidade do presente! Ela chama de bem-aventurados os pobres, aceita bondosamente os fatigados e sobrecarregados, os rebaixados e atormentados, os famintos e moribundos, porque conhece que para esses existe a parúsia do reino. A espera torna a vida agradável, pois, esperando, o ser humano pode aceitar todo o seu presente e encontrar prazer não só na alegria, mas também no sofrimento, e bem-estar não só na felicidade, mas também na dor. Dessa forma, a esperança atravessa felicidade e dor, porque é capaz de ver um  futuro também para o que passa, o que morre e o que está morto, futuro que está nas promessas de Deus. Por isso, se poderá dizer que viver sem esperança é como não viver mais. Inferno é desesperança e não é em vão que na entrada do inferno de Dante está escrita a sentença: "Abandonem toda esperança os que entram aqui".

"Um "sim" ao presente, que não pode e não quer ver a mortalidade, é ilusão e escapatória, não superada nem mesmo pela afirmação da eternidade do instante que passa. Mas a esperança colocada no creator ex nihilo se torna felicidade no presente, quando pelo amor se mostra fiel a tudo, nada deixando ao nada, mas mostrando a tudo a abertura em direção ao possível, onde poderá viver e viverá. Essa felicidade é mutilada pela presunção e pelodesespero e totalmente arruinada pelo sonho do presente eterno."

sábado, 20 de dezembro de 2008

Fique em casa São Paulo!

Esta época de festa mostra o quanto está sobrando gente em São Paulo. Sair para fazer compras de Natal está insuportável. Acho que é hora de lançar a campanha "Fique em casa São Paulo", é hora de instituir o rodízio de pessoas para as compras de Natal.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Juros baixos são a solução?

O FED reduziu a taxa de juros para 0,25% ao ano. Os incautos imaginam que isso servirá para estimular a economia. Entretanto, o Japão durante a crise dos anos 90 teve taxa de juros reais negativas e isso foi incapaz de solucionar crise. Todas as políticas de estpimulo à economia fracassaram. Há um risco disso ocorrer nos EUA. A preferência pela liquidez pode aumentar ainda mais, os recursos não serem canalizados para os bancos e para empréstimos e com isso a estaganação ser realimentada.

É hora de gastar. A melhor alternativa para realimentar a economia é elevar o gasto público. Mas também cabe lembrar que isso não funcionou no Japão, o déficit público disparou, a dívida pública se tornou uma das maiores do mundo como proporção do PIB e o país continuou estagnado.

Ou seja, o pior das crises é que não há receitas prontas para sair delas.

domingo, 14 de dezembro de 2008

A imprensa de oposição e a crise

Abaixo segue exemplo de análise completamente equivocada feita pela imprensa de oposição. É um texto publicado por Lúcia Hipólito no seu blog. Não tem o menor cabimento, por exemplo, afirmar que a crise chegou numa intensidade insuspeitada no Brasil, exatamente porque se for considerar o que a imprensa diz diariamente o Brasil já estaria falido e quebrado. A criatura quer apenas dar uma dimensão maior e pôr em xeque o governo e a política econômica. A má vontade é tanta que enquanto no mundo inteiro o governo está elevando os seus gastos para conter a crise, Lúcia Hipólito quer que o governo contenha os gastos. Aí fica a questão se é ignorância ou se é o espírito oposicionista se sobrepondo à verdade.

Hoje a pergunta é quem acaba com o Brasil primeiro, a imprensa ou a crise.

crise chega ao Brasil

Lula precisará ser malabarista

A crise internacional chegou rapidamente ao Brasil, e numa intensidade insuspeitada.

Empresários ficam mais cautelosos, bancos escurtam o crédito, consumidores se perguntam se devem mesmo sair por aí comprando tudo.

Enquanto isso, o presidente Lula, que até agora vinha dando shows de um otimismo ligeiramente inconseqüente, parece que caiu na real.

Reuniu-se com empresários para tratar de medidas para conter a crise e ajudar o país a passar pela turbulência com um mínimo de danos.

No encontro, o presidente declarou que vai fazer “o que for possível” para manter os investimentos. E mais: disse que o que poderá fazer, eventualmente, será reduzir o custeio.

O perigo está no “eventualmente”.

Isto significa que o presidente ainda não está convencido de que o inchaço da máquina pública é um obstáculo para manter as contas em dia.

A arrecadação pode cair, o que é natural, quando há retração da atividade econômica, resultando em menos recursos à disposição do governo.

Para não prejudicar os programas sociais, o governo só poderia cortar gastos enxugando a máquina.

Mas um dos principais problemas é que o presidente se eliquilibra politicamente numa base aliada muito extensa, com interesses muito diferenciados.

E uma goela muito grande.

Cada MP para ser aprovada, cada projeto, cada proposta de emenda constitucional acaba custando caríssimo aos cofres públicos, em emendas parlamentares, em empreguismo desenfreado, em obras do PAC nos estados de suas excelências.

Como ainda tem dois anos de mandato, o presidente Lula está na torcida para a crise acabar antes do final de seu governo.

Pois terá que manter alimentada a base aliada, manter a gordura da máquina pública e, ao mesmo tempo, lutar contra a inflação e a desaceleração da economia.

Realmente, o presidente precisará de toda a sua habilidade para manter este equilíbrio complicado.

Nesta hora, 70% de popularidade ajudam muito.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/luciahippolito/post.asp?t=lula-precisara-ser-malabarista&cod_Post=146577&a=431

A crise é grave, mas a imprensa amplifica a crise no Brasil

É evidente que a crise é grave, é óbvio que a crise irá atingir o Brasil. Mas até o momento os efeitos da crise no Brasil se manifestam através do pânico e do medo difundido pela imprensa. A imprensa que faz oposição ferrenha ao governo Lula procura amplificar a crise o que afeta o esado de confiança na economia brasileira. Até agora os números negam a crise no Brasil. Os dois indicadores de crise o câmbio e a bovespa não passam de epifenômenos. Estes indicadopres não expressam os fundamentos ou a situação da economia, estes indicadores precisam ser explicados e são explicados pela especulação que busca o lucro de curto prazo, pelas notícias enviesadas da impresa. O Brasil cresceu mais de 6% no trimestre passado, provavelmente a taxa de crescimento cairá neste semestre, mas isto ainda é muito mais uma questão conjuntural do que um indicador da trajetória da economia.

A trajetória da economia no ano que vem será definida pelas políticas governamentais. Nos EUA, o governo ainda não foi capaz de definir uma política de Estado para o combate à crise, o caso da ind´pustria automobilítica demonstra isso. E esta política stop and go vai acabar por aprofundar a crise nos EUA e no mundo. Por incrível que pareça neste momento o governo brasileiro tem ma margem de manobra maior para atuar e defender o país da crise. Mas está o momento o governo está passivo. Não basta garantir socorro aos bancos, é preciso fazer que os bancos privados mudem de comportamento. Neste sentido é alvissareira a posição do governo de forçar o Banco do Brasil e a CEF a continuarem emprestando e praticando juros mais baixos. Todavia é preciso fazer mais, a ajuda aos bancos deve ter contrapartida na liberação do crédito às empresas e consumidores já que de todo modo o prejuízo está sendo socializado. Então que se socialize o eventual prejuízo de uma política que visa o crescimento e não de uma política contracionista onde pagamos a conta de uma política que já sabíamos antecipadamente que pioraria nossa situação.

Além disso, é urgente introduzir controles de capital. Não é possível aceitar saída de cpaitais de natureza especulativa. O governo fez a besteira de aceitar a valorização do real nos últimos anos, não fez nada para defender o país, se tivéssemos mantido o câmbio desvalorizado hoje a pressão sobreo seria menor. Não fez isso? Agora é preciso conter a saída de capitais, controlar a demanda por dólar e fazer uma desvalorização controlada do real ao longo do tempo.

Idealmente, o governo deveria reduzir os juros. Mas nem seria preciso reduzir drasticamente. Se os juros relativamente altos estiverem atraindo dólares para o Brasil os juros altos se justificam, do contrário, os juros podem cair significamente.

E com queda ou não dos juros, é preciso elevar o gasto público. O governo deveria definir imediatamente um grande programa de obras públicas para as principais capitais do país para sustentar o nível de emprego. Neste sentido,  se o governo iniciar um amplo programa de habitação popular como foi noticiado pela imprensa estará no caminho certo. Estender o seguro desemprego também é positivo.

Caso as exportações declinem é importante abrir o mercado interno para estes produtos. Então o governo deve analisar quais produtos terão suas exportações prejudicadas para iniciar um programa de estímulo ao consumo interno destes produtos como compensação. É fundamental manter o nível da demanda agregada.

Dilma e Serra

Voltarei a um assunto já tratado aqui. Seja o Serra, seja a Dilma estaremos bem servidos de presidente em 2011, especialmente se a crise mundial se agravar e estender por longos anos. Os dois tem uma visão a favor da ação econômica do Estado, e conhecem suficientemente história para entender os diferentes arranjos institucionais que podem viabilizar o desenvolvimento mesmo em meio à crise.

A pior alternativa seria Aécio Neves. A pesar da imprensa tratar Serra e Aécio apenas como uma disputa pessoal, de egos. Na verdade há uma disputa mais profunda que a imprensa não gosta que é sobre visões de mundo, de políticas. E a diferença está aí, Serra tem um projeto quer se goste dele ou não. Aécio é um aventureiro, um carreirista, que nunca sentou para pensar o Brasil.

Expectativas, incerteza e política econômica

Expectativas, incerteza e política econômica

Escrito por Corival Alves do Carmo

01-Dez-2008

O objetivo deste artigo é mostrar como as expectativas e a incerteza afetam a política econômica e são afetadas por ela. Partindo do tratamento dado por John Maynard Keynes, Milton Friedman e os Novos Clássicos à questão das expectativas, procura-se mostrar como no atual contexto de grande fluxo de informação e volatilidade nos mercados financeiros a política econômica mostra-se ineficaz na reversão de expectativas o que faz com que aparentemente os programas de ajuda aos bancos e ao sistema financeiro sejam sempre insuficientes e a crise continue.

Quando Keynes analisa o cenário econômico após 1929, ele identifica que a crise decorre a insuficiência de demanda efetiva. E a demanda efetiva se contrai em função da queda no nível dos investimentos. O nível dos investimentos declina porque a expectativa sobre a taxa de lucro, sobre o retorno dos investimentos declinam. O empresário olha para as bolsas as ações estão se desvalorizando, verifica os estoques e os estoques estão se acumulando, os preços estão em declínio, as dívidas mantém o seu valor de face e, portanto num cenário de deflação estão tendo um crescimento real além dos juros que terão que ser pagos. O comportamento racional do empresário é retrair os investimentos. A questão é que a retração dos investimentos, que é o comportamento “correto” e racional do ponto de vista do empresário individual, do ponto de vista agregado produz uma nova retração na demanda agregada, gera desemprego, aumenta os estoques acumulados, reforça a tendência deflacionista, ou seja, realimenta a crise.

Continua:

http://revistaautor.com/index.php?option=com_content&task=view&id=321&Itemid=54

Os riscos da crise

Nouriel Roubini no Financial Times afirma que o Banco Central, durante a crise, já deixou de ser emprestador em última instância para ser emprestador em primeira instância dada a contração do crédito por parte dos bancos.

O governo se tornou o único agente a fornecer recursos ao sistema econômico. O pior é que o fato do governo fornecer recursos a um banco ou outro não faz com que os bancos ajudados liberem o crédito para o público, pessoas físicas e empresas. Ou seja, salvar bancos até o momento não aliviou a crise, a reação do sistema bancária à ajuda do governo tem sido no sentido de agravar a crise e gerar novas demanadas de recursos públicos. Evidentemente este processo é insustentável. Na medida em que os governos socializaram o prejuízo de todo mundo é preciso forçar os bancos ajudados que liberem o crédito. O propósito da ajuda é restaurar a confiança no sistema e permitir a retomada do sistema de crédito, se os bancos continuam expressando uma sensação de pânico e contrai o crédito o dinheiro do governo é jogado fora. É preciso mais Estado para salvar os bancos das finanças neoliberais.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Picuinhas entre intelectuais

É impressionante  a quantidade de picuinhas existentes entre intelectuais. No Brasil, então, é impossível, contar todas. Mas não é exclusividade do Brasil nem do segundo time de intelectuais. Neste momento nos seus blogs dois dos mais importantes economistas do mundo estão se alfinetando, Paul Krugman e Gregory Mankiw. Mankiw, que foi conselheiro econômico de Bush, não está gostando dos ataques feitos por Krugman às equipes econômicas de Bush inseridos no meio dos comentários sobre a atual equipe.

Abaixo segue os links da polêmica na ordem que foram postados, primeiro o comentário de Krugman, em seguida a resposta de Mankiw, e depois a resposta de Krugman.

http://krugman.blogs.nytimes.com/2008/11/22/the-grownups-are-coming/

http://gregmankiw.blogspot.com/2008/11/redefining-grownup-and-hack.html

http://krugman.blogs.nytimes.com/2008/11/27/touchy-touchy/

Mankiw para responder utiliza um  ranking dos economistas americanos para mostrar a diferença de posição entre a nova equipe e a de Bush. Algo tipicamente americano. Mas é sempre bom lembrar que quem tem menos prestígio a perder é sempre capaz de ousar e arriscar mais.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Obama e Lula

Já imaginava que o Obama seria tão cauteloso quanto o Lula na montagem do governo. Felizmente não temos no governo Obama alguém tão tosco quanto o Palocci. Em todo caso, há um risco real do governo Obama ser tão cauteloso que a cautela se transforme em acomodação em medo. A única diferença é a crise estará lá cutucando o Obama para não deixá-lo se acomodar e no caso do Lula nada impediu que a cautela virasse acomodação e agora que a crise chegou o governo está perdido, não consegue fugir das regrinhas que ele mesmo criou para deixar tudo como sempre esteve.

Citigroup em crise

Citi revived but its ills are not cured

By Peter Thal Larsen and Adrian Cox

Published: November 24 2008 19:36 | Last updated: November 24 2008 19:36

Ever since the Swiss state bailed out UBS last month, executives of the banking group have touted the plan as a blueprint for other governments seeking to rescue their troubled banks.

At first glance, the US government has taken a similar approach in recapitalising Citigroup. However, there are some important differences between the two plans that raise the question – does the government’s move mark a definitive end to the US bank’s problems?

The Citigroup bail-out represents an attempt to deal with the two aspects of the bank’s problems: a huge portfolio of potentially toxic assets – loans that have, or could, go bad – on its balance sheet, and a perceived lack of capital to absorb future losses from the economic downturn.

In broad terms, this resembles the UBS plan, where the Swiss government effectively removed toxic assets worth $60bn from the bank’s balance sheet. UBS’s losses on the assets were capped at $6bn. In return, UBS issued the Swiss government with $6bn of notes that are convertible into ordinary shares.

The Citigroup plan also underscores the evolution of the US authorities’ thinking on bailing out banks. Under the original Troubled Asset Relief Programme, launched in September, the US government set out to spend $700bn buying troubled assets from its banks. This morphed into a plan to use the funds to recapitalise banks by buying preferred stock.

“The initial proposal to buy bad assets wasn’t workable because you just couldn’t value them,” says Geoffrey Wood, a finance professor at City University’s Cass Business School. “You had to get capital into the banks.”

The Citigroup bail-out effectively combines both approaches: the government is largely capping the bank’s future losses on $306bn of assets, while boosting its capital by buying $27bn of preferred stock. Executives on Monday suggested that such an approach could also be applied to other US banks.

But, importantly, Citigroup’s exposure has not been fully capped: it will absorb the first $29bn of pre-tax losses on the assets, and a further 10 per cent of any losses above that figure. The assets are currently priced at their level at the end of October, although those assets that are valued on a mark-to-market basis will be revalued before the US government deal is completed.

Gary Crittenden, Citigroup’s chief financial officer, on Monday stressed it was “a very remote possibility” that the losses on the assets would rise above $29bn. The main attraction of the US government’s guarantee, he said, was to allow Citigroup to reduce the risk weighting it must attach to the assets to 20 per cent, freeing up capital.

The other question is how the US government’s recapitalisation of Citigroup will affect the business in the future. Mr Crittenden argued that the $27bn injection would boost the two most important measures of balance sheet strength: its Tier One capital ratio, and the ratio of its total common equity to risk-weighted assets.

However, rival bankers point out that the US government’s preferred shares cannot absorb any of Citigroup’s future losses until the common equity has been wiped out. They also point out that dividend payments on the US government’s preferred shares in Citigroup – which now total $52bn – will absorb a substantial amount of the bank’s future profits.

All this suggests that Citigroup will, at some point, have to rebuild its common equity base. As one banker put it on Monday: “This deal has clearly given Citigroup the oxygen to breathe and to look at their options, but it hasn’t necessarily put Citi back on a going concern basis.”

Copyright The Financial Times Limited 2008

http://www.ft.com/cms/s/0/b505415e-ba57-11dd-92c9-0000779fd18c.html

O marido é mais famoso

http://www.latimes.com/news/nationworld/nation/la-na-romer25-2008nov25,0,2761865.story

From the Los Angeles Times

UC Berkeley economist named to Obama team

Christina Romer is chosen by President-elect Barack Obama to head his Council of Economic Advisors. She is an expert on the Great Depression and monetary policy.

By Richard C. Paddock
November 25, 2008
UC Berkeley economics professor Christina D. Romer, named Monday by President-elect Barack Obama to head his Council of Economic Advisors, is an expert on the Great Depression and monetary policy who is respected for her keen analytical skills, friends and colleagues say.
Associates praised Romer, 49, as a knowledgeable and tough-minded expert who can be expected to work well with other members of Obama's team as his administration attempts to overcome the country's economic crisis.
"She's a great choice," said Harvard University economics professor Gregory Mankiw, who chaired the economic council from 2003 to 2005 and is a longtime friend of Romer's. "She's a very good economist, a great public speaker, and . . . brings to the table an understanding of history that most economists don't have."
Nobel Prize-winning UC Berkeley economics professor Daniel McFadden, who taught Romer at the Massachusetts Institute of Technology in the early 1980s, also applauded her selection.
He said her historical perspective would be of great help as the Obama administration tries to halt the nation's economic slide.
"She understands in great detail what went wrong in the 1930s and what government policies were ineffective," McFadden said.
"I would describe her as a modern macro-economist who understands the power and the limits of the government to affect the economy," he said. "She has a sophisticated and nuanced view of what economic policy would do."
Romer's husband, David, also is an economics professor at UC Berkeley, and the two have long worked closely together, often co-authoring research papers. David Romer, like his wife, is a specialist in monetary policy. They have taught at the university for 20 years.
"They are a very close-knit team and work together on their research," McFadden said. "President Obama is getting two for the price of one."
The Romers have both been consultants to Obama's economic team. Other UC Berkeley scholars on the president-elect's transition team include Laura D'Andrea Tyson, former dean of the Haas School of Business who served as chairwoman of the Council of Economic Advisors under Clinton, and public policy professor Robert B. Reich, former Clinton Labor secretary.
Friends and colleagues said they expected Christina Romer to work cooperatively with former Treasury Secretary Lawrence Summers, who will take another key economic post in the new administration, becoming head of Obama's National Economic Council.
"I would guess that they will be natural allies on most issues," said Mankiw, who attended MIT with the Romers and was best man at their wedding. "On most policy issues they will see eye to eye."
In previous administrations, the two White House councils have worked independently of one another, with the Council of Economic Advisors providing analytical perspective and the National Economic Council taking a more political approach. It is unclear whether that division will remain under Obama.
Summers and the Romers have an unusual history with Harvard.
After serving in the Clinton administration, Summers became president of Harvard, but he resigned from his post in 2006 after provoking controversy by suggesting that women might have less aptitude than men for science and mathematics.
In May, Harvard was poised to lure the Romers away from UC Berkeley and hire them both as tenured professors, the Harvard Crimson, the university's student newspaper, reported.
But Christina Romer's appointment was vetoed by Summers' successor, Drew Faust, Harvard's first female president. David Romer then turned down his appointment and the couple remained at Berkeley.
A Harvard spokesman declined Monday to comment on the university's decision not to hire Christina Romer, saying the university does not discuss tenure cases.
James Wilcox, a professor at UC Berkeley's Haas school who has known Romer and her husband for decades, said Obama made a good choice.
"She has a stellar academic reputation," Wilcox said. "She is well-regarded for her work in economic history and monetary policy. She's really smart. She's really serious about ideas and what will work."
Wilcox predicted that Romer's background as a professor would be an asset as she works with noneconomists within the administration.
"One thing that really serves an economist well is to be a good teacher, and she is a really good teacher," he said. "She is really gifted at cutting right to the heart of the matter, and to be able to explain what is important and what is not important."
Romer's academic colleagues said they expected Romer's personal skills would help her in dealing with other White House policy makers.
"She can be tough, but she is not aggressively tough," McFadden said. "She is a nice tough person."
Paddock is a Times staff writer.
richard.paddock@latimes.com

Obama, apenas mais do mesmo? Mudar para ficar tudo como estava?

Plus Ça Change We Can Believe In

By Richard Cohen
Tuesday, November 25, 2008; A15

The unsurprising moderation of Barack Obama has caught many people by surprise. At this point, he seems intent on restoring a version of the old Clinton presidency -- Hillary Clinton running foreign policy, Robert Rubin's ensemble running the economy, Bill Richardson at Commerce and nary a certified cut 'n' runner on Iraq anywhere in sight. The erstwhile "change" candidate seems intent on vindicating that old French expression: The more things change, the more they remain the same. Oui.

What is surprising is that any of this should come as a surprise. All during the primary campaign, the main difference between Obama and Hillary Clinton was supposedly Iraq. This was the issue that propelled him to victory in Iowa, and this was the issue that stoked his supporters to paroxysms of enthusiasm. One candidate was for peace and the other was for the war -- and that was all there was to it.

Not quite. There was always a synaptic gap between Obama's ethereal image and his more grounded reality, and the sneaking suspicion that he and Clinton were not all that far apart on anything -- Iraq included. He conceded as much before the presidential race began. "I think very highly of Hillary," he told New Yorker editor David Remnick in 2006. "The more I get to know her, the more I admire her." In that same interview, Obama even narrowed the gap on Iraq: "I was running for the U.S. Senate, she had to take a vote, and casting votes is always a difficult test." In other words, who knows?

This is not to suggest that Obama thought the war in Iraq was really a good thing. It does suggest, though, that he recognized that the issue was never an easy one, and had he not represented a dovish Chicago district in the Illinois Senate, he might well have expressed a more nuanced opposition. After all, not a single one of Obama's U.S. Senate rivals for the Democratic presidential nomination voted against authorizing the war. Two of them are now about to play prominent roles in shaping and executing Obama's foreign policy -- Joe Biden, the vice president-elect, and Clinton, the presumptive secretary of state. As for the economy, a third Clinton administration would probably have looked like an Obama first: Lawrence Summers doing macro, Timothy Geithner doing micro and both of them making late-night calls to Bob Rubin in New York.

What, then, can explain the length and bitterness of the Democratic primary campaign? For the answer, we must look not to some talking head, but to Sigmund Freud and his phrase "the narcissism of small differences." By this, he meant the antipathy we feel toward people who resemble us. To an outsider, this explains the age-old Protestant-Catholic enmity or the proclivity of Shiites and Sunnis to slaughter one another. It also explains why Clinton and Obama supporters were at each other's throats. With the exception of the candidates themselves, they had so few differences. This is why so many Obama supporters despised Hillary Clinton -- and were despised in return.

Remember that? Remember when Clinton had no integrity, no character, when she lied about almost everything and could be trusted about almost nothing? Remember when she was excoriated for diabolically exonerating Obama of the charge that he was, secretly and very ominously, a Muslim by belling her cat of a remark with the portentous phrase "as far as I know"? And remember when her husband had supposedly revealed himself to be a racist? That was a calumny, a libel and a ferocious mugging of memory itself. But it was believed.

As is sometimes the case with passionate love, one can look back after a campaign and wonder: What was that all about? Usually, the passion of the campaign is shared by the candidates themselves and, for sure, their staffs. They live in a bubble infected by rumor and suspicion, a latter-day Borgian court of intrigue. But with Obama, he seemed always to distance himself from the heat of the campaign and to look down at it, as he did with that immense crowd in Berlin, as being of short-term use.

A presidential campaign is really a government looking for a parking space. Obama's campaign showed us a candidate of maximum cool. He has always remained ironically detached, and that has served him -- and now us -- very well indeed. It's now clear that he will not govern from the left and not really from the center but, as his campaign suggested, from above it all.

cohenr@washpost.com

http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2008/11/24/AR2008112402118.html?hpid=opinionsbox1

A crise mundial por Samir Amin

¿Debacle financiera, crisis sistémica ?
Respuestas ilusorias y respuestas necesarias.
Por Samir Amin
Informe introductivo - Foro Mundial de las Alternativas - Caracas, Octubre 2008

La crisis financiera era inevitable

La brutal explosión de la actual crisis económica no nos pilló desprevenidos. Además, yo la había evocado hace unos meses, cuando los economistas convencionales se esmeraban en minimizar sus consecuencias, particularmente en Europa. Para entender su génesis, conviene abandonar la actual definición del capitalismo, que hoy día se suele definir como "neoliberal globalizado". Esta calificación es engañosa y oculta lo esencial. El sistema capitalista actual está dominado por un puñado de oligopolios que controlan la toma de decisiones fundamentales en la economía mundial. Unos oligopolios que no sólo son financieros, constituidos por bancos o compañías de seguros, sino que son grupos que actúan en la producción industrial, en los servicios, en los transportes, etc. Su característica principal es su financiarización. Con eso conviene comprender que el centro de gravedad de la decisión económica ha sido transferido de la producción de plusvalía en los sectores productivos hacia la redistribución de beneficios ocasionados por los productos derivados de las inversiones financieras. Es una estrategia perseguida deliberadamente no por los bancos, sino por los grupos "financiarizados". Más aún, estos oligopolios no producen beneficios, sencillamente se apoderan de una renta de monopolio mediante inversiones financieras.
Este sistema es sumamente provechoso para los segmentos dominantes del capital. Luego no estamos en presencia de una economía de mercado, como se suele decir, sino de un capitalismo de oligopolios financiarizados. Sin embargo, la huida hacia delante en las inversiones financieras no podía durar eternamente cuando la base productiva sólo crecía con una tasa débil. Eso no resultaba sostenible. De ahí la llamada "burbuja financiera", que traduce la lógica del sistema de inversiones financieras. El volumen de las transacciones financieras es del orden de dos mil trillones de dólares cuando la base productiva, el PIB mundial sólo es de unos 44 trillones de dólares. Un gigantesco múltiplo. Hace treinta años, el volumen relativo de las transacciones financieras no tenía ese tamaño. Esas transacciones se destinaban entonces principalmente a la cobertura de las operaciones directamente exigidas por la producción y por el comercio nacional e internacional. La dimensión financiera de ese sistema de los oligopolios finaciarizados era – ya lo dije – el talón de Aquiles del conjunto capitalista. La crisis debía pues estallar por una debacle financiera.
Detrás de la crisis financiera, la crisis sistémica del avejentado capitalismo

Pero no basta con llamar la atención sobre la debacle financiera. Detrás de ella se esboza una crisis de la economía real, ya que la actual deriva financiera misma va a asfixiar el desarrollo de la base productiva. Las soluciones aportadas a la crisis financiera sólo pueden desembocar en una crisis de la economía real, esto es, una estagnación relativa de la producción y lo que ésta va a acarrear: regresión de los ingresos de los trabajadores, aumento del paro laboral, alza de la precariedad y empeoramiento de la pobreza en los países del Sur. En adelante debemos hablar de depresión y ya no de recesión.
Y detrás de esta crisis se perfila a su vez la verdadera crisis estructural sistémica del capitalismo. La continuación del modelo de desarrollo de la economía real, tal y como lo venimos conociendo, así como el del consumo que le va emparejado, se ha vuelto, por primera vez en la historia, una verdadera amenaza para el porvenir de la humanidad y del planeta.
La dimensión mayor de esta crisis sistémica concierne el acceso a los recursos naturales del planeta, que se han vuelto muchísimo más escasos que hace medio siglo. El conflicto Norte/Sur constituye, por lo tanto, el eje central de las luchas y conflictos por venir.
El sistema de producción y de consumo/despilfarro existente hace imposible el acceso a los recursos naturales del globo para la mayoría de los habitantes del planeta, para los pueblos de los países del Sur. Antaño, un país emergente podía retener su parte de esos recursos sin amenazar los privilegios de los países ricos. Pero hoy día ya no es el caso. La población de los países opulentos – el 15% de la población del planeta – acapara para su propio consumo y despilfarro el 85 % de los recursos del globo y no puede consentir que unos recién llegados accedan a estos recursos, ya que provocarían graves penurias que pondrían en peligro los niveles de vida de los ricos.
Si Estados unidos se han fijado como objetivo el control militar del planeta es porque saben que sin ese control no pueden asegurarse el acceso exclusivo de tales recursos. Como bien se sabe, China, la India y el Sur en su conjunto también necesitan esos recursos para su desarrollo. Para Estados Unidos se trata imperativamente de limitar ese acceso y, en última instancia, sólo existe un medio: la guerra.
Por otra parte, para ahorrar las fuentes de energía de origen fósil, Estados Unidos, Europa y otras naciones desarrollan proyectos de producción de agrocombustibles a gran escala, en detrimento de la producción de víveres, todavía afectados por el alza de los precios.
Las respuestas ilusorias de los poderes vigentes

Los poderes vigentes, al servicio de los oligopolios financieros, no tienen otro proyecto sino el de volver a poner en pie este mismo sistema. ¿Qué son esas intervenciones estatales sino las que les exige la misma oligarquía? Sin embargo, no es imposible el éxito de esta puesta en pie si las infusiones de dinero resultan suficientes y si las reacciones de las víctimas – las clases populares y las naciones del Sur – no dejan de ser limitadas. Pero en este caso el sistema sólo retrocede para mejor saltar y una nueva debacle financiera, aún más importante, será ineludible, ya que las "adaptaciones" previstas para la gestión de los mercados financieros y monetarios resultan ampliamente insuficiente, pues no ponen en tela de juicio el poder de los oligopolios.
Por otra parte, resultan divertidísimas estas respuestas a la crisis financiera mediante la inyección de fondos públicos astronómicos para restablecer la seguridad de los mercados financieros: privatizados ya los beneficios, en cuanto resultan amenazadas las inversiones financieras se socializan las pérdidas. ¡Cara: gano yo; cruz: pierdes tú!
Las condiciones de una respuesta positiva a los desafíos

No basta con decir que las intervenciones de los Estados pueden modificar las reglas del juego, atenuar las derivas. También es necesario definir sus lógicas y sus impactos sociales. Desde luego, en teoría, se podría volver a fórmulas de asociación de los sectores públicos y privados, fórmulas de economía mixta como ocurrió durante los "treinta años gloriosos" (los años 1945/1975) en Europa y durante la era de Bandung, en Asia y en África, cuando el capitalismo de Estado dominaba ampliamente, acompañado por políticas sociales fuertes. Pero este tipo de intervención del Estado no está a la orden del día. Y ¿ están las fuerzas sociales progresistas en medida de imponer una transformación de esta amplitud ? Todavía no, opino yo.
La verdadera alternativa pasa por el derrocamiento del poder exclusivo de los oligopolios, el cual es inconcebible sin, finalmente, su progresiva nacionalización democrática. ¿ Fin del capitalismo ? No lo creo. Creo en cambio que son posibles unas nuevas configuraciones de las relaciones de fuerzas sociales que obliguen al capital a ajustarse a las reivindicaciones de las clases populares y los pueblos. A condición de que las luchas sociales todavía fragmentadas y a la defensiva, en su conjunto, consigan cristalizar en una alternativa política coherente. Con esta perspectiva, resulta posible el comienzo de una larga transición del capitalismo al socialismo. Los avances en esa dirección, claro está, siempre serán desiguales de un país a otro y de una fase de su despliegue a otra.
Las dimensiones de la alternativa deseable y posible son múltiples y conciernen todos los aspectos de la vida económica, social, política. Evocaré a continuación las grandes líneas de esta respuesta necesaria.
1) - La reinvención por parte de los trabajadores de organizaciones apropiadas que hagan posible la construcción de su unidad con el fin de trascender su dispersión asociada a las formas de explotación vigente (paro laboral, precariedad, informalidad).
2) - La perspectiva es la de un despertar de la teoría y de la práctica de la democracia asociada al progreso social y al respeto de la soberanía de los pueblos y no disociada de éstos.
3) - Liberarse del virus liberal fundado en el mito del individuo, que ya pasó a ser tema histórico. Los rechazos frecuentes de los modos de vida asociados al capitalismo (múltiples enajenaciones, consumismo y destrucción del planeta) señalan la posibilidad de esta emancipación.
4) - Liberarse del atlantismo y del militarismo que le está asociado, ambos destinados a hacer aceptar la perspectiva de un planeta organizado sobre la base del apartheid a escala mundial.
En los países del Norte el desafío implica que la opinión general no se deje encerrar en un consenso de defensa de sus privilegios con respeto a los pueblos del Sur. El internacionalismo necesario pasa por el antimperialismo, no por el humanitarismo.
En los países del Sur, la estrategia de los oligopolios mundiales lleva consigo el hacer recaer el peso de la crisis sobre sus pueblos (desvalorización de sus reservas de cambio, baja de los precios de las materias primas exportadas y alza de los precios de los productos importados). La crisis ofrece la ocasión del renacimiento de un desarrollo nacional, popular y democrático autocentrado, que someta las relaciones con el Norte a sus exigencias, esto es, la desconexión. Lo cual implica:
a) El control nacional de los mercados monetarios y financieros
b) El control de las tecnologías modernas en adelante posible,
c) La recuperación del uso de los recursos naturales,
d) La derrota de la gestión globalizada, dominada por los oligopolios (la OMC) y la del control militar del planeta por Estados Unidos y sus aliados,
e) Liberarse de las ilusiones de un capitalismo nacional autónomo en el sistema y de los mitos del pasado.
f) La cuestión agraria, en efecto, está en el centro de las opciones por venir en los países del Tercer Mundo. Un desarrollo digno de llamarse así exige una estrategia política agrícola basada sobre la garantía del acceso a la tierra para todos los campesinos (la mitad de la humanidad). En contrapartida, las fórmulas preconizadas por los poderes dominantes - acelerar la privatización de la tierra agrícola y transformar la tierra agrícola en mercancía – llevan consigo el éxodo rural masivo que bien venimos conociendo. Como el desarrollo industrial de los países afectados no puede absorber dicha superabundante mano de obra, ésta se concentra en las barriadas miserables de los extrarradios ciudadanos o se deja tentar por las trágicas aventuras de una huida en balsa por el Atlántico. Existe una relación directa entre la supresión de la garantía del acceso a la tierra y el aumento de las presiones migratorias.
g) La integración regional, al favorecer el surgimiento de nuevos polos de desarrollo, ¿puede constituir una forma de resistencia y de alternativa? La regionalización es necesaria, tal vez no para gigantes como China y la India o incluso para Brasil, pero seguramente sí para otras muchas regiones, en el sudeste asiático, en África o en América Latina. Este continente está un poco por delante en ese terreno. Venezuela, oportunamente, ha tomado la iniciativa de crear el Alba (Alternativa bolivariana para América Latina y el Caribe) y el Banco del Sur (Bancosur), incluso antes de la crisis. Pero el Alba – un proyecto de integración económica y política – todavía no ha recibido la adhesión de Brasil ni la de Argentina. En cambio, el Bancosur, que supuestamente debe promover otra forma de desarrollo, asocia igualmente a estos dos países pese a que, hasta hoy, sigan teniendo una concepción convencional del papel que ha de desempeñar un banco.
Los avances en esas direcciones tanto en el Norte como en el Sur, que son la base del internacionalismo de los trabajadores y de los pueblos, constituyen las únicas garantías de reconstrucción de un mundo mejor, multipolar y democrático, única alternativa a la barbarie del envejecido capitalismo.
Más que nunca, la lucha por el socialismo del siglo XXI está a la orden del día.
Traducido por Manuel Colinas para Investig'Action - www.michelcollon.info
(revisado por el equipo editorial de Rebelión)

Más escolhas?

Foi anunciado o nome de Timothy Geithner como secretário do Tesouro dos EUA. Por alguns comentários nos jornais americanos na prática quem irá mandar será Lawrence Summers, que foi nomeado para o Conselho Econômico do presidente. Isto ocorreria para Summers não ter que se dedicar ao dia-a-dia burocrático da secretaria do Tesouro. Outra questão é que os dois são ligados ao ex-secretário do tesouro, Rubin, que hoje está no Citigroup, que está em crise. Todos trabalharam no governo Clinton. O que fez os republicanos questionarem a questão da mudança no governo Obama.

Obama está assumindo o país na crise, se nomear alguém que não conhece a máquina governamental encontrará grandes dificuldades de implementar políticas de resposta à crise imediatamente. É verdade que os nomeados são responsáveis pela atual crise, sustentaram e estimularam a desregulamentação financeira. Entretanto, eles possuem um caráter mais técnico do que teórico ou ideológico. Ou seja, tendem a ser mais pragmáticos na resposta à crise. Geithner ainda mais já que nem economista é, tem apenas a experiência como funcionário do FED de Nova York.

Enfim, a escolha da equipe econômica do governo Obama não diz nada sobre como será na prática a política econômica do governo Obama. Evidentemente não será uma revolução, mas não quer dizer que o Obama irá imitar o Lula e continuar fazendo o mesmo que as duas presidências anteriores, Clinton e Bush.

Entretanto, nomeando Hillary Clinton e levando vários nomes do governo Clinton para o governo, Obama corre o risco de ficar isolado no seu próprio governo.

Lula na "The Economist"

The Americas
Building on the B in BRIC

Nov 19th 2008

Luiz Inácio Lula da Silva, president of Brazil, sees a growing global role for big emerging economies

Upon first taking office in 2003, I pledged to end hunger in my country. Under the “Zero Hunger” banner, I put poverty-eradication and the alleviation of inequality at the forefront of government action. I was convinced that without dealing squarely with these two evils, it would be impossible to overcome centuries of economic backwardness and political unrest.

After nearly six years, much progress has been made. The number of very poor in Brazil has been slashed in half. The middle class is now in a majority, 52% of the population.

There is no cause for complacency. Many Brazilians are still unable to support themselves with dignity. Yet Brazilian society's response to eliminating social and economic deprivation is an indication of the profound changes the country is undergoing. Brazil has never been in a better position to meet the challenges ahead and is fully aware of its growing global responsibilities.

A global agenda

Brazil’s ethanol and biodiesel programmes are a benchmark for alternative and renewable fuel sources. Partnerships are being established with developing countries seeking to follow Brazil’s achievements—a 675m-tonne reduction of greenhouse-gas emissions, a million new jobs and a drastic reduction in dependence on imported fossil fuels coming from a dangerously small number of producer countries. All of this has been accomplished without compromising food security, which, on the contrary, has benefited from rising agricultural output.

Food scarcity threatens to undermine our achievements in reducing world poverty. Brazil is expanding agricultural production, reinforcing the country’s position as the world’s second-largest food exporter. At the same time, the pace of deforestation in the Amazon has been reduced by half, an indication that Brazil’s modern agro-industry poses no threat to the rainforest. We are setting up offices in developing countries interested in benefiting from Brazilian know-how in this field.

The replication in Latin America and Africa of many Brazilian social initiatives, including the Zero Hunger and HIV-AIDS programmes, is proof that the Millennium Development Goals are attainable at a relatively low cost. The antiretroviral manufacturing plant Brazil is set to open in Mozambique in 2009, for example, will help Africa to fight the HIV-AIDS epidemic.

In tackling climate change, collective action is the only way forward. The question-mark around the relevance of the G8 and the unreformed Security Council—not to mention the Bretton Woods institutions—highlights that it is no longer possible to exclude major emerging economies from the debate on issues of paramount importance to the global agenda. Greater democracy in international decision-making is essential if truly effective answers to global challenges are to be found. The magnitude of the current financial crisis, for instance, requires a vigorous response from the multilateral institutions.

Brazil remains committed to the successful conclusion of the Doha round. We wish to eliminate all barriers to international trade that strangle the productive potential of countless countries in Asia, Africa and Latin America. I have been in direct contact with leaders from some of the main players—the United States, India, China, Indonesia, Britain—and believe we still have a real chance to achieve a breakthrough on the relatively minor outstanding issues.

The industrialised world should take the lead in reducing greenhouse-gas emissions and provide support for developing nations to follow, but without having to compromise on domestic growth. Similarly, intellectual-property protection cannot take precedence over the ethical imperative of ensuring that poor populations have access to life-saving drugs.

Implementing this agenda requires a new, more transparent and rule-based international system. To this end, Brazil has joined India and South Africa in establishing IBSA, an association of the three major democracies of the global South focusing on co-operation and development issues. Within the framework of the BRIC countries (Brazil, Russia, India and China) and of the expanded G8, Brazil seeks to help identify the role of these emerging players in the unfolding multipolar order.

We have also joined our neighbours in setting up the Union of South American Nations (UNASUL), which aims to enhance regional integration and to ensure a stronger international presence for our block. UNASUL is setting up an energy plan, a defence council and a development bank.

Through such initiatives we will enhance dialogue and improve the mechanisms required to reinvigorate multilateralism. Most of all, we will strengthen our capacity to join hands in building a more peaceful, just and prosperous future for all.

http://www.economist.com/theworldin/displayStory.cfm?story_id=12494572&d=2009

Obama é o indivíduo universal, será Lula o nosso?

Donde arrecia el peligro

EUGENIO TRÍAS

Domingo, 23-11-08

1. La naturaleza escribe en caracteres matemáticos (Galileo). El mundo humano en jeroglíficos que parecen indescifrables. Alguien, de pronto, consigue dar con la clave de la piedra de Rosetta del Zeitgeist (espíritu del tiempo). Eso sucede rara vez, pero sucede. A ese personaje le llamaba Hegel individuo universal.

La historia no se mueve únicamente por ciegas fuerzas colectivas, como algunos pretenden. También las personas son actores responsables, capaces de modificar el relato histórico. Pocos filósofos ha habido con mayor atención y sensibilidad para todo lo singular como este filósofo alemán tan difamado y mal comprendido en ambientes neoliberales.

Hegel se refiere a Julio César, capaz de tener intuición de la forma imperial adecuada a las grandes conquistas romanas (militares y jurídicas). Pensaba sobre todo en su contemporáneo Napoleón, que tuvo la intuición de que los logros de la revolución francesa debían imponerse en toda Europa.

Hegel no tuvo ocasión ni circunstancia de reflexionar sobre el doble siniestro de su individuo universal. Si éste es, para decirlo en forma platónica, el verdadero pretendiente a la materialización de la Idea, el otro constituye su sombra deformada. Así, en los desdichados años treinta del pasado siglo, Stalin y Hitler. En lugar de intuir las coordenadas del nuevo mundo que se abre camino después del gran derrumbe económico-social de 1929, lo interpretan de forma particular (e imponen de modo atroz esa parcialidad afirmada): la raza aria, la clase proletaria.

El verdadero individuo universal capaz de comprender esa convulsión y crisis y de darle la medicina adecuada fue Roosevelt. Él fue el descifrador del idioma jeroglífico de su mundo y de su época. Esa intuición admitió refundaciones, como la de John F. Kennedy. Mostró la vitalidad de un estado-nación con voluntad imperial. Pero con fuerzas centrípetas en su seno que le podían sumir en un aislamiento auto-destructivo.

La experiencia del «cuerpo despedazado» (Jacques Lacan) la vivió Norteamérica el día del derribo de las torres gemelas. Coincidió con un país dividido y un presidente de escasas luces. En lugar de mantener la cabeza fría se lanzó a ciegas a guerras de venganza y destrucción. Las desigualdades sociales se agudizaron. Las clases medias se volvieron frágiles. El paradigma neoliberal se extremó hasta el paroxismo.

El dogma de un mercado que se regula por sí mismo, la fábula de Mandeville, la teoría de la mano invisible, esas ironías anglosajonas que pretendían adelgazar el estado para los negocios y engrosarlo en los despliegues militares, alcanzó en estos últimos ocho años su forma extremada. En su voluntad y porfía por actuar sin ningún control Norteamérica experimentó declive en su hegemonía imperial.

La historia es más irónica que las teorías neoliberales. La historia se rige, según Hegel, discípulo aventajado de Adam Smith, por la astucia de la razón: hace del vicio privado -la ambición- el anzuelo para la materialización de la Idea que informe al espíritu del tiempo.

2. Barack H. Obama ha sabido descifrar el código genético de nuestro tiempo, su piedra de Rosetta. Nadie hasta él había conseguido hacerlo con una maestría tan deslumbrante. Cuanto más se conocen los detalles del equipo que supo «leer por dentro» (intus-legere) las posibilidades que el gran hallazgo tecnológico de la era global encerraba, la Red, mayor asombro produce su extraordinaria victoria. De un plumazo consiguió que le apoyase un colectivo invencible: visitantes de Internet capaces de movilización voluntaria prestos a recaudar pequeños fondos en cantidades inverosímiles.

Toda una época política quedó pulverizada. Quizás no se vuelva a hablar en bastante tiempo de lobbies. Todos los protagonistas del proceso quedaron retratados como fotografías con pátina de antigüedad, desde Hillary Clinton hasta Mac Cain y Sarah Pallin. Sumó además una capacidad de predicación política de fluidez onírica: infinito discurso siempre bien modulado, de talante apolíneo. No se oía nada semejante en ningún rincón de nuestro mundo.

Conociendo el patriotismo profundo de todos sus compatriotas removió las viejas aguas, y hasta arrancó la voz más lírica a su contrincante en su espléndida y nobilísima felicitación al vencedor. El propio George Bush parece también tocado por este nuevo modo de obviar todas las dificultades.

El genio hace fácil lo difícil. También en política. Consigue que parezca espontáneo y natural lo que se supone fruto de esfuerzos titánicos. Decía Kant que la naturaleza es bella cuando parece obra de arte, y que el arte es bello cuando parece naturaleza. El genio en arte y el individuo universal en política son capaces de volver fácil y natural lo que parece imposible. De ahí el carácter onírico -de hermano de otro planeta- que a veces se asocia a Obama.

Lo que parece irreal se vuelve de pronto evidencia: ¡Que los jóvenes vayan a las urnas, que los afroamericanos aparquen sus legítimos resentimientos y hagan colas para votar (y le voten en proporciones búlgaras), que los latinos y demás minorías étnicas se vuelquen sobre el personaje! Y que los blancos, en pirámide invertida por edades, le den también su apoyo.

La costra de escepticismo político que a todos nos ha invadido desde la caída del muro de Berlín, agudizada por los desmanes bélicos de la única potencia vencedora de la guerra fría, parece caerse a pedazos. La política, cual Ave Fénix, renace de sus cenizas. No vivirá Baudrillard para darse cuenta de que la reducción de todo a simulacro ha terminado. O para constatar la falacia de toda precipitada ontología de lo virtual. Ya no podrán seguirse entonando esos trenos a los que el pensamiento europeo nos tiene acostumbrados, donde la filosofía oficia siempre tétricas ceremonias de enterramiento: muerte del Arte, muerte de Dios, muerte del Hombre, descalabro de todo criterio ético, fin de la pasión política.

Se siente la necesidad y exigencia de lo Ideal. Al final Schiller el idealista estaba en lo cierto. O el Kant de los Ideales de la Razón práctica. El viejo sueño de una Edad del Espíritu que sirve de idea regulativa resplandece en el horizonte.

3. Llegarán días para pasar del sueño a la realidad. Pero hemos estado tan golpeados por oleadas de escepticismo, realismo de vuelo gallináceo y deprimente nihilismo, que la aparición de este personaje en el escenario político parece revalidar el Principio Esperanza. Es una muestra de la vitalidad de Estados Unidos, capaz de lo peor y de lo mejor. Hoy por hoy es el país que mejor sabe leer el idioma jeroglífico del Zeitgeist.

Fue el país más capaz de dar con la traducción equivocada. George Bush fue, en este sentido, el doble siniestro anticipado del nuevo presidente: siempre antepuso lo particular sobre lo universal; los delirios de su pequeño equipo ultramontano sobre las verdaderas necesidades y exigencias del papel de Estados Unidos dentro del nuevo mundo global. George Bush ha dado pie a que se pensara en el declive del Imperio. Barack H. Obama, en cambio, sabe que Estados Unidos requiere una adaptación al nuevo mundo global. Éste no admite hegemonías que no sean compartidas.

Puede decirse, con Hölderlin, que justamente «donde hay peligro / crece lo salvador». El peligro ha arreciado. El abismo sube, se alza, se desborda. La quiebra financiera ha sido un verdadero terremoto.

Barack H. Obama, ese medicine man, como lo llama Moisés NaÏm en un artículo en el que habla de la necesidad que el mundo tiene, de vez en cuando, de un auténtico chamán, dispone de tiempo y apoyos para poder descifrar la piedra de Rosetta del mundo de hoy, y escribir en prosa lo que predicó en campaña con auténtico vuelo mágico chamánico, y en bella y apolínea versificación.

http://www.abc.es/20081123/opinion-tercera/donde-arrecia-peligro-20081123.html