Em uma atividade da faculdade tenho que discutir com os alunos alguns textos sobre competência que relativizam a importância do conhecimento. Não sei se os textos estão corretos. Mas tenho absoluta certeza que informação não serve para nada. Vivem fazendo campanha para uso da camisinha para prevenção da gravidez e das DST e serve para alguma coisa? Quantas pessoas tendo a informação não continuam padecendo do problema. E não é possível alegar nem pobreza nem baixo nível educacional, há universitários e universitárias na mesma situação. Informar não gera conseqüências, ação responsável. Por exemplo, sempre que o sujeito leva uma multa de trânsito, o que ele diz que deveria acabar com a indústria da multa, que deveria educar, mas ele não sabe que é proibido? Avisar isso de novo pra ele fará diferente? Em Brasília, houve um tempo em que se orgulhava que os carros paravam nas faixas de segurança, mas como começou? O governo Cristovam Buarque colocou um guarda nas faixas de pedestres e sempre mandava os carros pararem durante um bom tempo certo, estava educando, os carros paravam. Depois de um tempo, o guarda continuava lá, mas não fazia nada, os carros paravam automaticamente. Depois os guardas estavam lá e estavam multando, os carros obviamente paravam, havia uma gentileza generalizada entre pedestres e motoristas. Ótimo, Brasília parecia ma cidade civilizada e isto era mais necessário nas amplas pistas da cidade. Aí os guardas foram ficando menos presentes, mas ainda existiam e parar na faixa e multar era considerado um valor importante. Muda o governo, não tem mais guarda, não tem mais multa. Não tem mais faixa. Nas cidades satélites onde a situação nunca foi tão boa quanto no Plano Piloto ninguém obedece, no Plano Piloto muito eventualmente. E mesmo nos melhores momentos quem praticava no Plano Piloto não praticava nas cidades satélites, era o mesmo sujeito educado, mas que não temia a multa. Ou seja, a humanidade é surda, pode-se dizer a mesma coisa por várias vezes, explicar e reexplicar que em geral as pessoas irão se comportar como se soubessem tudo, com enfado, com tédio e repetiram sempre os mesmos erros. É impressionante como se repete os mesmos erros, a idéia de que se aprende com os erros e com a experiência é uma falácia. O comportamento normal das pessoas é de autômato, faz sempre a mesma coisa. No Brasil, isso se acentua porque todo mundo se acha muito esperto, acha que pode resolver tudo de última hora de qualquer jeito que vai dar certo. E claro, quando ao dá certo, ninguém assume a culpa, a culpa é sempre do outro que não explicou como deveria ser feito, que não disse o que era para fazer. E assim a mediocridade se sustenta e se mantém. Infelizmente, no Brasil o conceito de medíocre foi deturpado, medíocre é o médio, é o que está na média. O José Ingenieros escreveu “O homem medíocre”, um bom livro, é uma crítica ao homem médio. Outra crítica é “Escuta, Zé ninguém” de Wilhelm Reich. O problema do homem médio é não perceber as próprias limitações e satisfazer-se com os seus resultados sempre independentes dos quais sejam. Com isso, ele não prejudica apenas a si mesmo, mas a coletividade. O fato dos outros terem as mesmas limitações não significa que as limitações sejam naturais e que se deva conformar com elas. O homem médio é uma forma de pensamento, de comportamento, uma forma de ver forma. No Brasil sempre houve homens medíocres demais, e hoje essa é uma praga que aflige o mundo. O homem que governo a principal potência do mundo não passa de um homem medíocre.
"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."
Ignácio Ellacuría
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