"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 20 de dezembro de 2009

China e a diplomacia dos estádios na África

São Paulo, domingo, 20 de dezembro de 2009


Sonho de fazer parte da Copa-10 passa pela China

Vizinhos sul-africanos contam com estádios chineses para hospedarem seleções
Arenas de Moçambique, Zimbábue e Botsuana fazem parte de pacote chinês de quase US$ 2 bi para a África e o Caribe
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Sedenta por matérias-primas e poder, a China alimenta sonhos de grandeza no esporte onde reina a miséria.
A um custo estimado de quase US$ 2 bilhões (cerca de R$ 3,5 bilhões), o gigante asiático fez, constrói ou planeja estádios em mais de 30 países na América Central e na África.
Quase todos são "presentes". Alguns são empréstimos com taxas camaradas. No maior investimento, em Angola, são US$ 600 milhões para arenas em forma de adiantamento para o fornecimento de petróleo.
A política chinesa, conhecida como "diplomacia dos estádios", virou a esperança de países pobres e esquecidos pelas grandes potências entrarem no mapa-múndi do futebol.
Angola apelou aos asiáticos para sediar, no próximo mês, a fase decisiva da Copa da África pela primeira vez. São quatro estádios que, juntos, têm capacidade para abrigar 120 mil pessoas- somente o de Luanda ostenta 50 mil lugares. Todos eles contam com ousados projetos e também muita tecnologia.
Nos casos dos países mais próximos à África do Sul, os estádios chineses são a esperança dessas nações para entrarem na rota da primeira Copa do Mundo realizada no mais pobre dos continentes.
Moçambique, Zimbábue e Botsuana correm contra o tempo para que o investimento de mais de US$ 100 milhões dos chineses nesses três países seja suficiente para atrair seleções que vão disputar o Mundial, que será realizado de 11 e junho a 11 de julho de 2010.
"As obras estão atrasadas, mas esperamos que o estádio fique pronto", declarou à Folha o secretário-geral da Federação Moçambicana de Futebol, Filipe Luca Johane, que sonha em levar Brasil ou Portugal, com quem divide o mesmo idioma, para treinar e realizar amistosos na arena de US$ 60 milhões e 40 mil lugares bancada pelo dinheiro chinês.
A arena, que só por um novo "milagre chinês" ficará pronta antes do Mundial, terá um padrão que não combina com uma nação que ocupa, de acordo com a ONU, apenas a 172ª colocação entre 182 países listados no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
O estádio de Moçambique terá modernos telões, câmeras de segurança e grama sintética.
Enquanto o mundo dá as costas para Zimbábue, em represália ao ditador Robert Mugabe e suas eleições fraudulentas, a China banca a reforma do estádio Nacional de Harare, no qual cabem 60 mil pessoas.
Apesar de as finanças do país estarem em ruína (a inflação foi de 231 milhões por cento em julho do ano passado), as autoridades de Zimbábue sonham alto. O Departamento de Turismo disse ter pedido ao presidente Lula para que o Brasil fique por lá. A federação local convidou a Inglaterra.
Em Botsuana, o governo afirma estar "otimista" sobre a chance de receber treinos de uma seleção do Mundial.
Pelo último balanço da obra, divulgado no mês passado, 58% dela estava pronta. Segundo as autoridades locais, a arena ficará pronta em abril, dois meses antes da Copa do Mundo.
Para os governantes do continente africano, a China olha e age para a região como os países ricos nunca fizeram.
"Se um país do G8 [o grupo das nações mais ricas do mundo] quisesse construir um estádio para nós, ainda estaríamos fazendo reuniões", declarou à imprensa africana Sahr Johnny, então embaixador de Serra Leoa em Pequim.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/fk2012200912.htm

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