"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

“À mesa de Betânia: a fé, a tumba e a amizade”

Acabei de ler esta madrugada um livro de Marko Ivan Rupnik intitulado “À mesa de Betânia: a fé, a tumba e a amizade”. Marko Ivan Rupnik é um padre jesuíta que se dedica ao estudo da espiritualidade cristã oriental e à pintura de ícones. O livro é um reflexão sobre a relação entre Marta, Maria, Lázaro e Jesus a partir das situações que aparecem nos Evangelhos.

Vou transcrever três passagens, as duas últimas achei bastante curiosas.

“Com efeito, sabedoria é saber contar os amigos quando se chora, e não quando se ri. É fácil ter amigos no divertimento. Mas a verdade da amizade revela-se nas lágrimas, na prova. As lágrimas, como indica nossa espiritualidade, são uma realidade complexa. Podem ser lágrimas de egoísmo ofendido, de orgulho ferido, de desespero, de tristeza, ou também lágrimas de impotência diante de uma tragédia. Mas podem também ser lágrimas de compaixão, de um amor que assume a dor e a tragédia do outro, e que sofre com quem sofre. Podem ser, ainda, lágrimas do penitente, que se transforma em lágrimas do perdão, da gratidão por ser perdoado. E podem ser lágrimas do pai que abraça de novo o filho que estava morto, mas que voltou à vida.”

“Um pensamento passional conspira, por isso não pode favorecer a vida, a não ser aparentemente, como, do mesmo modo superficial, um pensamento passional parece reunir as pessoas. Caifás colhe o consenso do sinédrio, aparentemente reunido, mas não se trata, de fato de uma reunião verdadeira, visto que não garante a vida. Ao pensamento passional, aderem os passionais. A lógica que impulsiona um passional a amontoar-se aos objetos a fim de preencher o abismo sobre o qual se encontra é a mesma que espera que a multidão garanta e salve a vida. Mas, como sabemos, “multidão/legião” é o nome dado ao demônio. Em Mc5,9, o endemoninhado apresenta-se com o nome de Legião, dizendo “porque somos muitos”. A legião é um dispersar-se na multidão das afirmações da multiplicidade despersonalizada, onde se decompõe, ainda, a consciência do eu, ou seja, o princípio da unidade pessoal. A multidão fragmenta a vida, divide-a, e isso constitui a obra do diabo. A multidão, portanto, não pode agir em favor da vida; pode-o somente a comunhão, a unidade. Somente em uma comunhão livre está garantida a vida de cada um.”  Será que mais alguém vê pontos de contato desta afirmação com idéias de Adorno e Horkheimer?

“O amor materno e paterno é predominantemente unilateral e não pode exigir retribuição. Os pais devem amar os filhos, e o mandamento de Deus não diz que os filhos devem amar os pais, mas honrá-los. Quando os pais exigem o amor dos filhos, açulam dinâmicas estranhas que garantem aos filhos anos de sofrimento psíquico e espiritual. O amor conjugal, o amor entre homem e mulher, é um amor que, quanto mais exclusivo, mais é absoluto e mais sadio, mas é um amor que, justamente em sua lei intrínseca de exclusividade, protege a reciprocidade. Precisamente porque vive o amor conjugal, um pai não exige o amor dos filhos, a fim de que, assim, os filhos possam crescer num relacionamento livre, não condicionante. Por assim dizer, tanto o amor dos pais quanto o dos cônjuges, de algum modo, crescem rumo à amizade, crescem em direção a um amor baseado abertamente sobre o fato de serem redimidos.”

Nenhum comentário: