O que o Rio de Janeiro ser escolhido como sede das Olimpíadas de 2016 não faz, a Globo engoliu o orgulho e o Lula. Aparentemente haverá um novo acordo entre o PT e a Globo como em 2002 depois do rompimento explícito em 2006.
Hoje o Sportv transmitiu ao vivo discursos e longas entrevistas do Lula sobre a escolha do Rio de Janeiro. Pior, a Dilma foi entrevistada no Arena Sportv pelo Cleber Machado e pode falar o quanto quis em cada pergunta, não foi interrompida, nem confrontada.
Entretanto, a ministra Dilma não se saiu bem. Era um excelente momento para a promoção do governo, e ela não foi eficaz. Óbvio que ela promoveu o governo, mas não o fez bem. Era um momento inadequado para superdimensionar as ações do governo, era preciso citar as ações concretas e realistas que estão sendo realizadas, e ela foi genérica demais, não mostrou conteúdo. talvez por medo de assumir uma postura excessivamente técnica, ela foi demais para o outro lado, especialmente para ela que conhece o que o governo está fazendo, acompanha tudo.
A ministra mostrou que não sabe adaptar o discurso ao público. Aproveitou a oportunidade para atacar o governo FHC. O dado mencionado era impressionante mesmo, investir apenas no Complexo do Alemão em saneamento básico o dobro do que foi investido em saneamento no país todo em 2002. Mas não cabia lembrar o governo FHC, o tipo de público tanto que assiste quanto os jornalistas não é atingido por isso, ao contrário, ainda mais que estava presente o Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE no governo FHC e irmão do Bussunda.
A chefe da Casa Civil mostrou desconhecimento em relação à política esportiva e pouco jogo de cintura para lidar com um assunto que não domina, deu uma resposta longa que apenas repetiu o que foi dito pelo jornalista. O financiamento governamental ao esporte cresceu muito e isto deveria ter sido dito. O que falta ao Brasil é estabelecer metas de desempenho. Sobre o papel social do esporte, a ministra também não demonstrou conhecimento das políticas em curso.
Agora a ministra foi bem ao responder o irmão do Bussunda sobre a questão ambiental no Rio de Janeiro, sobre as Olímpiadas do Rio serem as Olímpiadas da sustentabilidade. A ministra respondeu de forma firme que isso não era uma questão da cidade e deu informações sobre a matriz energética brasileira e falou sobre a questão ambiental no Brasil, sobre o uso de hidroelétricas. Entendo que ela perdeu uma oportunidade de responder num programa não-político as críticas das ONGs, que vêem no pré-sal um risco ambiental, poderia ter lembrado que nossa matriz energética não mudará.
Por fim teria alguns conselhos a dar para a ministra-chefe da Casa Civil e candidata a presidente da República, eliminar o “eu acho”, não é coisa de intelectual que acha que o correta é “eu penso” para mostrar ponderação, é porque no caso da ministra parece ser um vício de linguagem fortíssimo. Falou dezenas de eu acho, não começando a resposta, mas dentro da própria resposta. Verdade que usou mais enquanto falava de política esportiva que não entende do que quando falou de sustentabilidade ambiental que ela entende. Mas é irritante ao ouvido tantos eu acho.
Faria uma recomendação inversa a de seus marqueteiros, que ela não se esforce para parecer simpática numa entrevista, ela não é uma pessoa carismática e parece forçado. Se ela responder numa posição firme olhando para câmera, ela se dará melhor por transmitir confiança e por ser ela mesma. Em vídeos produzidos a história é outra, pode-se produzir simpatia, mas em entrevistas é melhor a autenticidade se a simpatia não estiver bem treinada.
E relacionado ao anterior, aparentemente a ministra está usando peruca. O cabelo dela parece artificial, todo mundo sabe da doença dela, não há problema em usar peruca. Mas ela deveria ignorar o conselho dos marqueteiros e usar uma peruca mais formal. Aparentemente escolheram uma peruca para dar mais jovial, com um penteado menos austero. Não combina com a cara dela e fica estranho.
Acho muito improvável o governo perder as eleições. O próprio Serra sabe disso, por isso não quer se assumir como candidato logo. Mas depois do desempenho da ministra hoje, se depender dela, a chance de perder cresce muito. O trunfo que ela tem é o presidente Lula.
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