São Paulo, segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Fundo árabe compra fatia no Santander Brasil
Aabar Investments, de Abu Dhabi, comprou US$ 328 mi em papéis na maior oferta de ações do ano
DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O fundo de investimentos Aabar Investments, com sede em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, comprou US$ 328 milhões em ações vendidas na semana passada na oferta global de ações do Santander Brasil, a maior operação do tipo feita neste ano no mundo e que levantou R$ 14,1 bilhões (US$ 8,1 bilhões).
O Aabar Investments pertence majoritariamente ao fundo estatal International Petroleum Investment, que é controlado pelo governo de Abu Dhabi, e deverá ficar com cerca de 0,65% do capital da unidade brasileira do banco espanhol. A participação foi comprada por meio de ADRs (recibos de ações brasileiras negociadas nos EUA) emitidos pelo Santander.
A oferta de ações do Santander aconteceu simultaneamente no Brasil e nos Estados Unidos. Segundo a Bolsa de Nova York, os investidores americanos ficaram com 60% das ações ofertadas, enquanto aos brasileiros restaram apenas 40% dos papéis para negociar na BM&F Bovespa.
Os investidores institucionais, a maioria fundos de pensão e de investimentos nacionais e estrangeiros, levaram 85% dos papéis ofertados, enquanto os investidores pessoa física ficaram com apenas 15%.
A dispersão dos papéis ocorreu dessa forma porque os coordenadores da operação -os bancos Crédit Suisse, Bank of America Merrill Lynch e o próprio Santander- acabaram priorizando os papéis nos mercados em que houve maior demanda. A oferta de ações do Santander foi a primeira grande operação desde a reabertura do mercado de ações brasileiro, em 2004, que permitiu aos investidores estrangeiros participarem sem ter de trazer novos recursos para o Brasil.
Diversificação
A iniciativa do fundo de Abu Dhabi se insere em um processo de diversificação de investimentos dos fundos controlados pelos governos de grandes produtores de petróleo, que vêm dando mostras de recuperação após a crise econômica internacional.
Os países detentores desses fundos têm muito dinheiro em caixa, proveniente de anos de alta no preço do petróleo, e buscam alternativas de investimento para suas economias, que são excessivamente dependentes da venda de combustíveis fósseis.
Nos últimos meses, o Aabar comprou 9,1% da montadora alemã Daimler, fabricante dos carros da Mercedes-Benz, e 32% da empresa de turismo espacial Virgin Galactic.
O fundo também adquiriu a divisão suíça de private banking (gestão de fortunas) da AIG (American International Group), seguradora que teve aporte de mais de US$ 90 bilhões do governo dos EUA para não quebrar em 2008. Sob controle do fundo árabe, a unidade recebeu o nome de Falcon Private Bank.
No sábado, outro fundo estatal da região do golfo pérsico, o Qatar Holding, controlado pelo governo do Qatar, elevou sua participação a US$ 559 milhões e tornou-se o maior acionista da Songbirds Estate, companhia imobiliária proprietária de grande parte do distrito financeiro londrino de Canary Wharf.
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