"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 20 de maio de 2007

André Gunder Frank

No post abaixo eu mencionei André Gunder Frank. Frank é alemão, naturalizado americano, doutor em economia pela Universidade de Chicago. Após ter concluído o doutorado veio para América Latina, fui um dos primeiros professores da Universidade de Brasília e foi para o Chile após o golpe militar. De fato, a vida de André Gunder Frank foi basicamente assim mudando de um país para outro de acordo com as circunstâncias políticas. Seu primeiro artigo importante afirmou a ausência de feudalismo na agricultura brasileira e latino-americana, afirma que sempre foi capitalista negando a tese feudal afirmada pelos partidos comunistas no Brasil e mesmo por setores tradicionais. Apesar de Frank ter pautado o debate na América Latina e no Mundo é preciso reconhecer que Caio prado Júnior já havia dito isso. Frank radicalizou a tese sobre a relação entre satélites e metrópoles, mostrando a sua continuidade e concluindo que a periferia só avança quando a metrópole está em crise. O autor também a anuncia a teoria da dependência com a idéia de desenvolvimento do subdesenvolvimento. O golpe do Chile faz com que Frank tenha que se exilar e permite alguns belos textos sobre a América Latina, mas também encerrará a etapa latino-americanista de Frank. Após o golpe do Chile vendo os seus ex-professores da Universidade de Chicago, George Harberler e Milton Friedman, sendo conselheiros econômicos de Pinochet e elogiando as políticas dos golpistas, Frank escreve uma Carta aberta George Harberler e Milton Friedman, onde ele procura explicar como a América Latina difere do que os manuais de economia de Chicago dizem e como as visões deles a respeito do golpe estavam equivocadas. Passada a fase latino-americanista, Frank participa do desenvolvimento das teorias do sistema mundial. Nesta fase, o ponto culminante da obra foi um artigo sobre 5.000 anos de história, onde afirma que a história mundial forma uma unidade de 5000 anos, onde apenas varia o locus principal da acumulação de capital. A partir desta teoria procura explicar o deslocamento da acumulação capitalista para o oriente no livro Reorient. Escreveu também uma autobiografia intitulada subdesenvolvimento do desenvolvimento, onde narra a sua via acadêmica e política e ao mesmo faz uma crítica da teoria do desenvolvimento. André Gunder Frank fez parte do grupo de economistas que compartilharam no Chile do mesmo momento de efervescência intelectual no interior da Cepal e arredores. Entre outros, Theotonio dos Santos, Vania Bambirra, Ruy Mauro Marini, José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Maria da Conceição Tavares, entre outros. Frank, Theotonio e FHC disputam a paternidade da Teoria da Dependência. Um autor comparou a trajetória de Frank e FHC e na avaliação final dizia o seguinte, prefiro ser um Frank solitário do que pagar o preço necessário pra ter a corte de FHC. É verdade as duas coisas. Frank sempre foi um intelectual solitário, radicaliza as suas posições a tal ponto que as críticas vinham de todos os lados, mas morreu íntegro em todos os sentidos, em especial intelectualmente. De FHC, claro, nunca ninguém poderá dizer o mesmo.

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