"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Modernização X tradição

31/03/2009 - 16h01

Índia teme que economia forte aumente violência política

DANIEL GALLAS
enviado especial da BBC Brasil a Nova Délhi e Mumbai

Combater a ação de grupos extremistas internos e externos que ameacem sua estabilidade é o principal desafio na área de segurança para a Índia se consolidar como potência econômica em 2020.

Analistas ouvidos pela BBC Brasil ressaltam que grupos extremistas --de inspiração religiosa ou política-- rejeitam a imagem de uma Índia moderna e se ressentem da aproximação do país com o Ocidente, particularmente com os EUA.

Isso, afirmam especialistas, aumenta ainda mais o risco de atentados e de conflitos externos armados, o que poderia afugentar investidores estrangeiros e levar a custosos conflitos bélicos, prejudicando o crescimento econômico do país.

Para tentar fazer frente à ameaça, a Índia está aumentando seus gastos militares. O país negocia ainda um acordo de cooperação nuclear com os EUA, para aumentar seu poder de dissuasão militar.

Ao longo das duas últimas décadas a Índia passou a ser alvo frequente de ataques terroristas, perpetrados por grupos com motivações religiosas e políticas --alguns deles, segundo o governo indiano, com apoio de governos estrangeiros como o do vizinho Paquistão.

Além disso, internamente, grupos de insurgência de inspiração maoísta fortaleceram-se com o aumento da desigualdade social no campo.

"A Índia vive um paradoxo. De um lado o país parece estar brilhando com o crescimento econômico, mas na outra ponta há problemas de segurança que estão crescendo, tanto no front externo como na dinâmica interna do país", afirma o analista Uttam Sinha, do Institute for Defense Studies and Analyses (IDSA), órgão baseado em Nova Délhi ligado ao Ministério da Defesa indiano.

"A grande ironia do crescimento econômico indiano e do surgimento da Índia como potência emergente é que isso está também fortalecendo movimentos de violência política", diz ele.

Ameaça externa

Externamente, afirmam especialistas, a principal ameaça à Índia é o Paquistão, rival histórico desde o surgimento dos dois Estados, em 1947.

Ambos os países possuem armas nucleares e estão envolvidos há décadas numa tensa disputa pela região da Caxemira. Em 1999, Índia e Paquistão estiveram perto de declarar guerra, mas ao longo da última década as relações oficiais melhoraram e os países se aproximaram.

No entanto, grupos islâmicos e hindus vêm promovendo atentados frequentes na tentativa de colocar os dois países novamente em rota de choque.

Em novembro do ano passado, a tensão voltou a subir com os ataques terroristas em Mumbai, que mataram quase 200 pessoas, em diferentes pontos da cidade. A ação foi atribuída ao Lashkar-e-Taiba, grupo de militantes islâmicos que lutam contra a Índia na Caxemira.

A Índia acusa o governo do Paquistão de não combater --e até de abrigar-- grupos como o Lashkar-e-Taiba.

Mumbai foi escolhida pelos agressores por ser a capital financeira do país, como polo que atrai investimento externo. Entre os alvos escolhidos estavam hotéis e restaurantes frequentados por empresários do Ocidente.

O analista de segurança internacional Paul Kapur, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, afirma que os ataques em Mumbai voltaram a deixar claro como a relação da Índia com o Paquistão é um difícil dilema para o governo indiano:

"A Índia decidiu que o crescimento econômico é sua prioridade número um para as próximas décadas e tenta a todo custo evitar qualquer conflito com o Paquistão. Eles estão sendo nitidamente comedidos na resposta aos ataques de Mumbai, mesmo percebendo que houve claramente um elemento paquistanês nos atentados", diz Kapur.

No entanto, ele afirma que a Índia pode pagar caro por não responder com força aos ataques. Isso, segundo Kapur, poderia estimular o aumento de ações terroristas e provocar insatisfação entre os indianos em relação à linha cautelosa adotada pelo atual governo, que é controlado por uma coalizão liderada pelo Partido do Congresso Indiano.

O aumento da violência poderia fortalecer partidos nacionalistas como o Bharatiya Janata Party (BJP), que defende uma resposta mais contundente da Índia ao Paquistão. O BJP --maior partido de oposição do país-- é o principal rival do Partido do Congresso Indiano nas eleições gerais de abril e maio.

"Pode ser que os eleitores decidam que não estão mais dispostos a aturar apenas uma resposta comedida. Vamos ver como o público vai reagir, pode haver uma mensagem nas próximas eleições sobre o futuro da Índia", diz o analista.

Ameaça interna

O Paquistão e grupos terroristas supostamente baseados no exterior não são a única preocupação da Índia no que diz respeito à segurança. Em 2007, o premiê indiano, Manmohan Singh, alertou para o perigo que representam os insurgentes de extrema-esquerda no país.

Os naxalitas, como são conhecidos os radicais que pregam a reforma agrária e a revolução contra o governo, controlam um 'corredor vermelho' que se estende da fronteira da Índia com o Nepal até a região central do país.

O grupo é relativamente pequeno em comparação com a gigantesca população indiana - estima-se que existam cerca de 12 mil insurgentes armados. Mas os naxalitas já formaram um partido político e têm se tornado mais influentes junto aos governos locais.

"Os naxalitas têm forte influência nos Estados centrais da Índia, como Jharkhand e Chhattisgarh", explica Bharat Karnad, analista do Centre for Policy Research, de Nova Délhi.

"Esses são alguns dos locais mais ricos em recursos naturais do país. Se a Índia realmente prosperar no futuro, estes recursos terão de ser explorados em uma escala muito maior do que o que está acontecendo agora. Se isso acontecer, a Índia terá que pacificar os movimentos de lá", conclui.

Endereço da página:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/bbc/ult272u543473.shtml

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