"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O texto já é velho, mas Lúcia Hipólito defendendo o Lula merece reprodução e as questões sobre a política brasileira estão corretas

Enviado por Lucia Hippolito - 24.10.2009| 18h00m

A entrevista de Lula – forma e conteúdo

Algumas afirmações do presidente Lula na entrevista concedida ao jornal Folha de S.Paulo tiveram grande repercussão – e nem sempre pelas razões corretas.

Num dado momento da entrevista, o presidente declarou que se Cristo voltasse à Terra, teria que se aliar com Judas para poder governar o Brasil, porque ninguém governa sem uma grande coalizão.

A afirmação causou um enorme reboliço. O secretário da CNBB saiu em defesa de Cristo – como se Cristo precisasse. A oposição, por sua vez, acusou o presidente de falta de respeito, entre outras coisas.

Mas as reações, um tanto exageradas e equivocadas, limitaram-se a criticar a forma como o presidente expôs seu pensamento.

Este é o estilo do presidente Lula. Ele às vezes fala um palavrão, emprega palavras chulas, metáforas futebolísticas. Ele é assim mesmo.

É preciso ir além da forma e analisar o conteúdo das palavras do presidente. Analisar sua afirmação de que, sem uma grande coalizão não se governa o país.

E Lula está coberto de razão.

O sistema político brasileiro está construído de uma maneira tal que, se não houver uma grande coalizão, o governo fica paralisado. Não governa.

O ex-presidente Fernando Henrique foi eleito numa aliança entre PSDB e o PFL. Mas teve que incorporar o PMDB e o PTB para compor maioria para governar.

Já o presidente Lula foi eleito no primeiro mandato pelo PT e o PL. Teve que agregar mais 12 pequenos partidos à aliança inicial para compor sua base de apoio.

E por que isto acontece? Porque os presidentes sempre acabam precisando emendar a Constituição. Para tanto, precisam de uma base de, no mínimo, 308 deputados.

Mas é preciso sempre contar com uma folga. Primeiro, porque não existe mecanismo de fidelidade partidária que obrigue todos os deputados e senadores a votarem segundo orientação de seus partidos.

Segundo, não existe mecanismo que obrigue todos os deputados e senadores a estarem presentes no dia de uma votação.

E naquelas votações que exigem voto secreto, então, dá uma vontade de trair, como dizia o dr. Tancredo Neves.

Assim, a aliança que é suficiente para eleger um presidente da República não é suficiente para lhe garantir a governabilidade.

Depois que toma posse, o presidente precisa aumentar o número de sócios na aliança. E aí, para poder aprovar o que quer, alia-se a cobra, jacaré e elefante.

Podemos discutir e criticar a qualidade das alianças feitas pelo presidente Lula. Realmente, o padrão ético não é lá muito rigoroso.

Lula não precisava se aliar a Sarney, Renan e Jader.

Mas não podemos nos esquecer de que, no governo Fernando Henrique, Renan Calheiros foi ministro da Justiça!

Por isso, o raciocínio do presidente Lula, exposto na entrevista, está correto.

Enquanto o sistema político brasileiro estiver construído desta maneira não há condições de governar sem uma grande coalizão.

Daí o papel estratégico do PMDB em todos os governos. Em qualquer governo.

Ninguém governa o Brasil sem o PMDB.

Com o PMDB já é um pouco difícil, porque aquilo, mais do que um partido, é uma casa de doidos, onde cada um faz o que quer.

Podemos ficar discutindo horas se Judas traiu ou não, se o presidente usou analogias adequadas ou não.

Mas o conteúdo da fala do presidente é que é relevante.

O resto é apenas o estilo do presidente Lula.

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/luciahippolito/posts/2009/10/24/a-entrevista-de-lula-forma-conteudo-235027.asp

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