"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Crise Internacional vista em 2007 pelo Estadão

Sexta-feira, 10 de agosto de 2007
Fantasma do fundo LTCM assombra Wall Street

Fantasma do fundo LTCM assombra Wall Street
Por Patrícia Campos Mello, CorrespondenteWashington (AE) - O Long Term Capital Management (LTCM) ficou conhecido como o fundo de hedge dos gênios: era tocado por dois prêmios Nobel de economia, Myron Scholes e Robert C Merton, um ex-vice presidente do Fed e um dos mais bem-sucedidos traders de títulos de Wall Street. Depois de 4 anos de retornos extraordinários de 40% ao ano, o LTCM entrou em colapso em meio à crise da Rússia e perdeu US$ 4,6 bilhões em menos de quatro meses. Quase levou para o buraco grande parte do mercado financeiro, antes de ser resgatado pelo Fed, em 1998.Nos últimos tempos, o fantasma do LTCM voltou a assombrar Wall Street. Dois fundos de hedge do Bear Stearns quebraram no mês passado. Na semana passada, o BNP Paribas, maior banco da França, congelou os resgates de três de seus fundos de hedge, recheados de papéis lastreados em hipotecas de alto risco. Fundos de hedge, empresas de hipoteca e bancos apostaram no boom imobiliário americano e rechearam suas carteiras de papéis lastreados em hipoteca e derivativos (instrumentos financeiros) pouco ortodoxos. Empresas de hipoteca "vendiam" seus financiamentos para bancos, que emitiam papéis lastreados nas hipotecas e ofereciam para fundos de hedge, que tomavam emprestado dos bancos para comprar esses mesmos papéis, os quais vendiam papéis que tinham como colateral os papéis de hipoteca. Com o risco de uma onda de calotes, os bancos fecharam as torneiras, desencadeando uma crise de liquidez (falta de crédito) que afeta todo o sistema. O mundo hoje está bem menos vulnerável a uma turbulência nos moldes da crise que afetou a Ásia em 1997 (e a Rússia em 1998 e o Brasil em 1999), diz Barry Eichengreen, professor de Economia da Universidade da Califórnia em Berkeley e um dos maiores especialistas em crises em países emergentes. Problemas de dívida cambial e déficit em conta corrente ficaram no passado. Mas os países estão expostos a uma crise de outra natureza - uma quebra no mercado de ativos. Depois de anos de liquidez que levaram moedas e ações de emergentes a valorizações históricas, a quebra de hedge funds por causa da crise das hipotecas pode levar a um grande tombo nos preços dos ativos de países como o Brasil. Abaixo, trechos da entrevista que Eichengreen concedeuà AE: 1 - O mundo hoje está menos vulnerável a uma crise da mesma magnitude que a crise da Ásia? É difícil saber. Por um lado, as políticas econômicas em muitos países da Ásia e América Latina tiveram uma melhora significativa desde 1997, o que reduz os riscos. Mas por outro lado, os mercados financeiros continuam a se desenvolver muito rapidamente e os órgãos regulatórios não acompanham, criando incertezas e riscos adicionais por causa de novos instrumentos. Eu ainda tenho esperanças de que uma crise como a de 1997-98 possa ser evitada. Mas teremos de esperar para ver quais minas ainda estão escondidas no mercado financeiro. 2 - O que mudou nos mercados emergentes desde a crise da Ásia?De forma geral, os países emergentes estão com orçamentos maissaudáveis, política monetária mais sólida (metas de inflação), maior volume de reservas internacionais e menos dívida de curto prazo. Essa combinação de fundamentos sólidos exclui a possibilidade de uma reprise exata da crise asiática, que foi possibilitada por um mix de grande endividamento externo de curto prazo e baixas reservas internacionais. Mas não exclui a possibilidade de outros tipos de crises, incluindo uma semelhante à desencadeada em 1998 pela quebra do fundo de hedge Long Term Capital Management. 3 - E o Brasil, quais são as principais diferenças entre o Brasil na época da crise da Ásia e agora?O Brasil está com uma situação fiscal mais sólida, política cambial flexível, administração monetária mais cuidadosa e menos dívida denominada em dólar. Mas esses avanços em políticas não foram acompanhados por melhoras institucionais, como controle de corrupção, governança corporativa, regulamentação e transparência financeira. Ainda há vulnerabilidades.4 - Estamos vendo uma série de fundos de hedge e empresas de hipoteca quebrando por causa da crise do mercado de subprime. O sr acha que a crise atual pode se espalhar? A grande preocupação é que a crise evolua nos moldes da quebra do Long Term Capital Management. Até agora, a aposta dos grandes investidores é que não, não há perigo dessa crise se amplificar tanto. Mas os grandes investidores não estão sempre certos. Quando os fundos de hedge com grandes apostas em papéis lastreados em hipotecas forem forçados a vender seus títulos do Tesouro, a crise poderia atingir aquele que é o mercado financeiro mais importante do mundo, o de títulos do Tesouro americano. Aí nós estaremos à mercê dos caprichos do Banco Popular da China, que terá de decidir se vai vender parte de seus ativos ou se vai agüentar a queda de preços dos títulos e aproveitar para comprar mais T-bonds. Nosso destino estará nas mãos do banco central chinês. 5 - Quão sério será o aperto de crédito em decorrência da crise dehipotecas? E como isso vai afetar os mercados emergentes, em especial o Brasil?Até agora, os mercados emergentes têm saído incólumes. Mas isso vai mudar. Em algum momento, o risco país dos emergentes vai subir, as taxas de juros vão se elevar e os ativos de emergentes vão se desvalorizar. Os países mais vulneráveis são aqueles com maior déficit em conta-corrente: Turquia, Islândia e Hungria estão no topo da minha lista. Por sorte , o Brasil não têm déficit em conta-corrente ou grandes necessidades de financiamento externo. Mas isso não significa que esteja imune às volatilidades que vêm por aí. 6 - Alguns economistas vêm dizendo que podemos estar diante de uma crise diferente da asiática, porque seria uma quebra no mercado de ativos. Como se daria essa crise?Estamos saindo de um longo período de liquidez abundante, em que os investidores estavam estacionando seu dinheiro em qualquer lugar que prometesse retornos. Na prática, qualquer lugar inclui mercado de títulos da América Latina, mercado acionário da América Latina, mercado imobiliário da América Latina. Se a retirada de investimentos de ativos mais arriscados pegar alguns investidores no contra-pé, haverá mais hedge funds e até bancos quebrando. Aí teremos um fuga generalizada de ativos arriscados, maior do que qualquer coisa que já vimos. Mercados arriscados vão despencar e isso inclui o Brasil. Se investidores brasileiros forem pegos no contra-pé, o País pode também ver alguns fundos de hedge e de investimentos quebrando, talvez até bancos. E é aí que viria um grande aperto no crédito e desaceleração econômica. Devemos esperar o melhor, mas nos preparar para o pior.

http://clientes.agestado.com.br/tribuna/20070810033.html

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