"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A guerra fria das moedas

São Paulo, quarta-feira, 11 de novembro de 2009


VINICIUS TORRES FREIRE
A guerra fria das moedas


Em ação de guerrilha, como o Brasil, Taiwan adota medidas para barrar dólares; China e EUA travam guerra fria cambial


DEPOIS DO Brasil, Taiwan entrou de modo mais explícito na guerra de guerrilhas do câmbio. Segundo os jornais locais com a data de hoje, o governo proibiu investidores estrangeiros de aplicar em depósitos a prazo por mais de três meses. Isto é, na prática, barrou o CDB deles para o capital estrangeiro.
Todos os países da região têm entrado com mais frequência no mercado de moedas, segundo entendidos, a fim de controlar a valorização de suas moedas. Mas medida explícita, mesmo, só a de Taiwan, um país hiperdependente de exportações. Mas nem a guerra de guerrilha vai parar por aí nem as disputas do câmbio se limitam a escaramuças.
Quando ainda se imaginava que a crise de 2008 poderia parecer com a da década que se seguiu a 1929, muito se dizia que um dos grandes riscos era a história da guerra comercial se repetir. Isto é, governos de países em recessão aumentariam impostos ou outras restrições sobre produtos importados a fim de tentar proteger seus parques produtivos de danos maiores.
Dadas a existência da Organização Mundial do Comércio, ainda que precária, e a interdependência das economias nacionais, não houve uma onda de restrições novas, diretas e extensas às importações. Decerto, houve e ainda está havendo uma guerra de guerrilha de limitações ao comércio, mas o assunto não é central, digamos.
Mais importante é que nem nos anos 1930 nem agora as manobras comerciais limitaram-se a impostos sobre importação ou restrições administrativas a produtos estrangeiros. Como tem se visto, a grande disputa comercial se dá por meio da "guerra fria" do câmbio e de guerrilhas contra influxos de capital tidos como talvez perigosos. Por um lado, procura-se manter mercado de exportações com câmbio e, pois, preços baixos; por outro, procura-se evitar exageros e mesmo bolhas nos mercados financeiros.
A guerra fria das moedas é conduzida pelas grandes potências, EUA e China, principalmente. Não há movimentos bruscos. Procura-se manter o status quo. Cada a um a seu modo, manipulam suas moedas a seu favor. Os EUA, no presente, por meio do despejo diluviano de dólares na praça e da taxa de juros zero, o que na prática desvaloriza a moeda americana. A China, por sua vez, continua a manipular diretamente o yuan, mantendo-o, por enquanto, atrelado ao dólar cadente. Trata-se uma guerra comercial muito mal disfarçada contra o resto do planeta. E de um longo conflito de fricção entre chineses e americanos.
Faz quase uma década que os americanos vão periodicamente a Pequim reclamar o yuan desvalorizado demais, ao mesmo tempo em que repetem a arenga do dólar forte. Os chineses repetem como sempre que "continuam a aprimorar seu modelo de câmbio". Isto é, não dão à mínima.
Barack Obama vai à China na semana que vem. Disse que vai reclamar do yuan, bidu. Os chineses, de antemão, já disseram que "vão aprimorar seus modelo de câmbio". Os dois mantêm a conversa fiada de uma década, que equilibra os interesses comerciais e financeiros das duas partes e cria os desequilíbrios que ajudaram a nos levar ao desastre de 2008.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/dinheiro/fi1111200908.htm

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