"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Pensar, só se pensa sozinho! Aprender, só se aprende com os outros!

Há alguns dias estava dando um sermão numa das salas e dizia que eles que deveriam inserir os estudos na vida deles, que deveria fazer parte da vida e não um intervalo entre uma e outra atividade. E que o melhor modo de inserir os estudos na vida é fazer com ele faça parte da relação entre os amigos, é conversar sobre o que se está estudando, é usar o que está sendo estudado na conversa com os amigos, é pensar o conjunto de fatos da vida a partir das visões de mundo, das teorias que se aprende na faculdade. Dizia inclusive que pode-se tonar as fofocas sobre os colegas mais interessantes colocando por exemplo Maquiavel na história, qualquer pessoa e as suas relações no mundo se tornam mais interessantes quando olhadas pelos olhos de Maquiavel. Então entre uma balada e outra, eles deveriam utilizar os amigos para conversar mais ilustradas ainda que fosse fofoca.

As pessoas não aprendem apenas lendo livros ou estudando solitariamente. É preciso colocar as idéias em debate, é preciso colocar as idéias em discussão, é preciso para testar se elas são boas mesmo, e o seu domínio sobre elas. Pensar só se pensa sozinho, cada indivíduo isoladamente, e por isso, o pensar é livre, pode-se pensar qualquer coisa, qualquer besteira e desenvolver o pensamento. Agora é preciso lançar o pensamento no mundo para que ele seja debatido, questionado, testado, conversado, e que para daí possa resultar alguma conhecimento. É nesta elaboração coletiva do conhecimento que o aprendizado ocorre. Por isso até para aprendermos de verdade precisamos de amigos, precisamos dos outros. Na série de tv, House, vemos isso de forma radical, como os diagnósticos do dr. House são feitos? Cada um dos médicos auxiliares e ele vão lançando idéias sobre qual seria a doença, discutem, discordam, e aí vão fazer exames para testar a melhor hipótese que sobrou após a discussão. Caso o diagnóstico estivesse errado (e como é série de tv o primeiro diagnóstico nunca está certo) volta-se a discussão. Esta é uma situação generalizável se não se conversar, debater sobre o que se estuda, não se aprende.

Na UnB eu aprendi a estudar em biblioteca graças aos meus amigos. Estudar é algo metódico, significa definir qual o conteúdo será estudado, escolher qual material será utilizado, colocar a bunda na cadeira e começar a estudar. Evidentemente, o ambiente mais propício para estudar é numa biblioteca, numa boa biblioteca. Como sempre tive boa biblioteca em casa nunca tive o hábito de ir estudar em bibliotecas até o segundo grau. Aprendi a estudar na biblioteca da UnB graças à Raquel, ao Jeferson, à Giovana, à Renata. A Raquel, a Renata e a Giovana moravam em casas muito cheis, não eram propícias ao estudo, então iam para a biblioteca. A Renata e a Giovana moravam na casa dos tios da Giovana, ótimas pessoas, sempre cabia mais um na casa, mas para se concetrar nos estudos não dava. A Raquel morava na casa de irmã dela com sobrinhos pequenos, então também era melhor ir para a biblioteca. Depois a Raquel foi morar no C.O., onde o Jeferson morava. O C.O. é o Centro Olímpico da UnB, obviamenteo ninguém mora lá, mora no CEU que fica ao lado, mas todo mundo chama de C.O. O CEU não é o céu, é o Casa do Estudante Universitário, para o meu espírito seria impossível habitar lá, mas os apartamentos são duplex (não se enganem com essa informação), relativamente espaçosos, mas com gente demais ( o que dificulta estudar se os colegas de quarto estiverem lá) e com um defeito generalizado em Brasília com concreto exposto. Já disse isso antes no blog, não vejo beleza no concreto. Eu morava sozinho num local mínimo e, portanto, não tinha como trazer os livros que estavam em Barra do Garças, e como estava somente a seis meses em Brasília ainda não havia compreado livros suficiente para dizer que tinha uma biblioteca em casa, mas ainda sem ter espaço ela cresceu rápido. Então mesmo para mim a melhor coisa seria estudar na biblioteca, mas eu jamais teria ido se lá não estivessem a Raquel, a Renata, a Giovana, o Jeferson. E a Renata nem fazia relações internacionais, estudava odontologia. O curso de Introdução á Economia com professor Antônio Dantas começou desastroso, todo mundo foi mal, a minha pior nota na faculdade foi na primeira prova do Dantas, tirei 3, que no sistema de notas da UnB é MI, e no sistema ABC, seria D, mas na nota semestral fiquei com SS, que seria no sistema usado em São Paulo A. E isso graças aos meus amigos, graças às horas de estudo em grupo, com quem eu conversaria sobre conceito de demanda e oferta? Com quem eu poderia conversar sobre custo marginal decrescente? Ora, se não for com os seus amigos, ou mesmo apenas colegas de turma, só sobra o professor, porque o resto da humanidade não está interessada. E o professor lhe dará resposta para perguntas, não resolve o seu problema, porque as palavras do professor vc vai querer é decorar como resposta sem se preocupar em entender e questionar. Por isso aprende-se mais conversando com os amigos. E com isso biblioteca passou a fazer parte da minha vida de estudante, durante todo o período na UnB sempre estudava na biblioteca e sempre com tempo para conversas teóricas e para me atualizar nas fofocas. As longas conversas com a Ana Patrícia sobre o neoliberalismo e sobre os autores liberais foram fundamentais para o que eu penso hoje. Na minha dissertação de mestrado, nos agradecimentos, agradeci ao Fernando por sempre me atualizar sobre o que pensa a direita brasileira, sobre os erros da direita brasileira. Claro que coloquei assim para encher saco. Mas é verdade. Conheci o Fernando na graduação em relações internacionais na UnB, e conversar com ele sobre o Brasil e omundo sempre foi ótimo para desenvolver a tolerância com a divergência (não concordamos sobre quase nada) e para ver as frauqezas dos meus próprios argumentos. Para a Raquel, eu disse qu ela é minha consciência ética. Poucas pessoas são tão íntegras quanto à Raquel, então é óbvio que conversando com ela, ouvindo-a, eu estava aprendendo. Como a idéia já ficou clara não irei me estender mais, mas é evidente que no mestrado foi a mesma coisa. Aprendi pelas conversas que tive sobre o Brasil e o mundo. Então o que somos intelectualmente deve-se mundo ás conversas que estabelecemos, aos nossos interlocutores, se não os temos não percorreremos um caminho frutífero.

Já escrevi aqui no ano passado um libelo sobre uma das turmas que vi formar, que só tiveram a melhor formação, só foram a melhor turma, porque se dedicaram coletivamente, porque foram um bom grupo. Então se quer aprender, se quer crescer intelectualmente encha o saco dos seus colegas e amigos para que eles também queiram e participem deste processo.

PS 1: A biblioteca da UnB é a melhor biblioteca universitária que eu conheço pelo horário de funcionamento. Funciona praticamente 24 horas, das 08:00hs da manhã até às 06:00 hs da manhã do dia seguinte.

PS 2: Em São Paulo, voltei a ser comodista. Tenho que reaprender a usar bibliotecas públicas apesar da minha ser quase sempre mais do que suficiente.

2 comentários:

Graciela disse...

Eu também concordo com o que escreveu,a gente só aprende de fato com os outros. Por exemplo, eu e as minhas colegas mais chegadas da turma( Fernanda, Elma, Jéssica e Gabriele)sempre nos reunimos em casa,ou até mesmo na Unibero para estudar, tirar dúvidas...como é de se esperar as opiniões são tão divergentes que chegamos até a discutir feio!
Bom, mas o melhor de tudo é que quando terminamos saímos de lá com a sensação de ter aprendido mais e que estas reuniões são bastante proveitosas.

Graciela

Anônimo disse...

Concordo com que vc disse Corrival. Tenho hábito de fazer isso sobre quase tudo,todavia em respeito as R.I faço isso com poucas pessoas em semana que antecede as provas.
Em geral, Eu acredito quando vc conversa sobre idéias e pontos de vista, vc ganha não só conhecimento como também acaba conhecendo mais as pessoas e de quebra vc dá boas risada no caso em uma conversa vira uma discussão e a pessoa vai pesquisar argumentos para manter suas idéias para ver se está certo ou errado.

Thiago C.