"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quinta-feira, 10 de abril de 2008

In saecula saeculorum

Numa biografia de Proust lí a seguinte frase atribuída a ele, "a morte vem socorrer os destinos que têm dificuldades em cumprir-se". Em alguns momento a morte pode ter este caráter, ser um alívio existencial. Mas a morte recolhe a todos, com destino e sem destino, os que marcam a Terra e os que são marcados por ela. A morte é um momento solitário, só se morre sozinho, mas é também um momento social, porque é um momento de reencontro, é um momento de exercício da memória. Por isso, os funerais são essenciais, é um momento de organizar a história, de dividir a pessoa que se foi para seguir adiante. Conhecemos milhares de pessoas ao longo da vida, não há como mantermos contato com todas sempre, mas carregarmos todas durante toda a vida, algumas representam um fardo maior, outros um peso mais leve, mas estão conosco, porque fazem parte de nós.

Não há como falar da minha infância sem falar da Celina. Um doce de pessoa, uma pessoa muito simples, de coração bom, daqueles brasileiros que ainda guardam a pureza da vida, incapazes de ver o mal no mundo. A Celina morreu, mas cada vez que lembrar de mim mesmo, me lembrarei dela, é uma parte do que sou. Não há como olhar para o passado e não ver a Celina caminhando pelo quintal, na cozinha da fazenda, indo me visitar quando eu ia para Barra. A conversa mansa, a voz pastosa, a tranqüilidade em pessoa. Engraçado, gostaria de lembrar uma estória da Celina, mas não me lembro, de um momento em particular. Mas fora os momentos em que eu ficava  chateando-a  inventando estórias sobre os filhos dela e ela apenas ria. Não foi uma pessoa de estórias e momentos, foi uma vida. E sempre que eu parar para lembrar da infância, da fazenda, a Celina estará lá, com um sorriso suave, com seus passos lentos, caminhando da cozinha para a varanda, caminhando pelo quintal, no fogão à lenha, sempre trabalhando (no ritmo dela) e sempre disposta a ouvir as minhas besteiras. Agora vou acumular estórias das besteiras que seus filhos aprontam para te contar depois, espero que ainda tenhamos muito tempo pra isso.

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