"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Entrevista do “Embaixador” de Honduras na ONU

São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009
entrevista
Brasil não é polícia regional, diz hondurenho

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O embaixador hondurenho Delmer Urbizo defende a eleição de novembro como saída para a crise política em seu país. E revolta-se com a falta de apoio dos vizinhos -nenhum deles reconhece o governo Roberto Micheletti, que ele representa na ONU em Genebra.
No dia 14, Urbizo foi retirado do Conselho de Direitos Humanos da ONU, após embaixadores latinos, liderados pelo Brasil, pedirem a anulação da sua credencial. Mas, apesar da voz desanimada com que atendeu em sua casa ao telefonema da Folha ontem, Urbizo diz manter o moral alto.
E frisou que suas credenciais seguem válidas -a Folha apurou que a ONU ainda tramita o pedido de anulação.

FOLHA - Como fica sua situação aqui na ONU?
URBIZO
- Foi um atropelo inqualificável. Estou protestando ao presidente do Conselho de Direitos Humanos. Porque sigo sendo embaixador, e, mesmo assim, me impedem de assistir às sessões.

FOLHA - Como o sr. vê o papel do Brasil nesse episódio?
URBIZO
- Estranhei. Sempre respeitamos o presidente Lula. Mudaram as coisas. A política bilateral vai mal.

FOLHA - A questão do Brasil é com o governo Micheletti.
URBIZO
- A questão é que o Brasil está assumindo... [O presidente dos EUA, Barack] Obama já disse isso, que está encarregando o Brasil de fazer o que os EUA faziam antes e cuidar dos interesses latino-americanos. Mas os países latino-americanos não vão procurar o Brasil para cuidar dos interesses deles.

FOLHA - O Brasil virou uma polícia regional, é isso?
URBIZO
- Eram assim os EUA. Mas eles não querem mais saber da região, logo...

FOLHA - Muitos veem no Brasil o contrapeso ao venezuelano Hugo Chávez.
URBIZO
- Que contrapeso? Se Chávez realmente fosse um problema para os EUA, os EUA o apagariam do mapa. Eles não continuam comprando petróleo dele? Todos têm negócio com Chávez.

FOLHA - Por que ninguém reconheceu seu governo?
URBIZO
- Quantas ditaduras há no mundo e não fizeram nada? A nossa não é uma ditadura. Querem usar um país pequeno e vulnerável para fazer justiça internacional. Esse governo é transitório. Haverá eleição em 29 de novembro, eleições aprovadas no ano passado. Não há ruptura constitucional.

FOLHA - A volta de Zelaya pode atravancar o processo?
URBIZO
- É provável que isso traga alguma perturbação, mas as eleições vão acontecer. Essa é a aposta do povo hondurenho, eleições transparentes. Há apoio internacional para isso, só a OEA [Organização dos Estados Americanos] não quer.

FOLHA - Quem apoiou?
URBIZO
- O Clube Rotary internacional vai mandar observadores. As câmaras de comércio latino-americanas. A sociedade civil, as igrejas...
Logo o governo ganhará nas urnas o respaldo de seus eleitores. Quantos governos militares saíram com eleições legítimas? No nosso caso, só há um presidente de fato, porque o outro foi destituído pelo Congresso. Agora querem dizer que as eleições não são a saída. Como resolver o problema institucional se não assim?
E te digo, o único país com ditadura feroz que não fez uma Comissão da Verdade foi o Brasil. Qual a estatura moral brasileira? Não se pode ter dupla moral na política exterior.

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