"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Colunista do UOL diz: Lula é o maior presidente do Brasil

03/09/2009

Lula gigante

Lula é o maior presidente do Brasil. A melhor ponte até aqui entre as extremidades do país. Seu capitalismo sindical, mesmo tão defeituoso, gerou um consenso propulsor no momento em que a economia mundial engatava uma quinta marcha. O Brasil foi junto. E mudou.

Ricos e pobres nunca ganharam tanto dinheiro, provando que a melhor forma desses extremos avançarem é conjuntamente, não um contra o outro.

Graças ao acúmulo de inéditos 15 anos de estabilidade econômica, da qual Lula foi garantidor depois de Itamar e FHC, o enorme potencial econômico brasileiro começa a realizar-se.

Perto de Lula e sua popularidade sem precedentes, os outros políticos brasileiros, ainda mais os seus contemporâneos, são anões. A diferença de estatura histórica e simbólica o torna um gigante, que manipula como quer nosso imaturo, fisiológico e corrupto sistema político e o que depende dele. Lula hoje faz o que quer. Ponto.

Sua intuição e genialidade política, que o levaram de migrante miserável a liderança global, se deram contribuição essencial para o avanço brasileiro, agora são usadas para garantir a viabilidade de sua candidata a sucedê-lo, Dilma Rousseff. Nada mais importa.

O gênio do bem vira gênio do mal.

O abraço no PMDB de José Sarney e Renan Calheiros, que Lula tirou do noticiário com o lançamento do pré-sal, mostra que, para ele, mais importante do que depurar a política do seu Nordeste dos grupos que exploram e impõem a miséria regional, é ganhar tempo na TV e alianças na campanha de 2010.

Já as propostas de exploração do petróleo do pré-sal, uma riqueza que pode ser transformadora, são reduzidas para se encaixar nos pequenos interesses do calendário eleitoral e do jogo de alianças.

Não há no mundo motivo que justifique regime de urgência para a tramitação das propostas do pré-sal no Congresso além da necessidade de apresentá-las como plataforma eleitoral de Dilma.

O pacote petrolífero-eleitoral está pronto: Lula, pai dos pobres (e mãe dos ricos), formatou a exploração do petróleo para supostamente erradicar a pobreza do país. Só Dilma, sua ungida, pode realizar o plano. Já a oposição, se eleita, entregará o petróleo a estrangeiros e a empresas gananciosas.

Lula, gigante, ainda tripudia sobre a oposição, anã. Na cerimônia de lançamento do pré-sal, atacou, sem cerimônia e protocolo, o governo anterior e o PSDB, para desconforto de um constrangido e inerte José Serra, convidado para o dilmício.

Como o governo foi bem na administração da crise econômica global, Lula já planeja capitalizar eleitoralmente o feito, o que é natural. Vai dizer que é prova de como o PT também é bom de gestão, o que já foi bandeira do PSDB. E a economia deve rodar bastante acelerada em 2010, o que só favorece Lula e sua candidata. Ou seja, Lula vai crescer mais, de mãos dadas com Dilma.

E, para completar, há ainda o filme "Lula, o filho do Brasil", sendo finalizado pelo clã dos Barreto (o PMDB do cinema nacional). Quem já viu trechos diz que é de chorar e arrepiar. O blockbuster certamente elevará a lulamania a patamares nunca antes vistos neste país desde Getúlio Vargas.

A trajetória de Lula é de fato heróica e lacrimejante. Mas, como o ditador gaúcho que tanto bem (e mal) fez ao país, seu apoio explícito ao banditismo político brasileiro manchará seu enorme legado.

Filho do Brasil, não poderia ser diferente.


Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.
E-mail: smalberg@uol.com.br

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/sergiomalbergier/ult10011u618904.shtml

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