"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 5 de agosto de 2007

A perigosa ameaça para separação entre o estado e Igreja nos EUA

Por Deus

A infiltração no governo dos Estados Unidos por parte de uma grande quantidade de
pessoas que trata de impor uma agenda religiosa é um dos acontecimentos mais
importantes dos últimos tempos

Paul Krugman

Washington - Em 1981, Gary North, um dirigente do movimento Cristão Reconstrucionista
-ou ala abertamente teocrática da direita cristã- sugeriu que o movimento poderia conseguir o
poder roubando-o. “Os cristãos têm que começar a se organizar politicamente dentro da atual
estrutura de partidos políticos”, escreveu, “e têm que começar a se infiltrar na ordem
institucional existente". Agora a Regent University, fundada pelo tele-evangelista Pat
Robertson para formar “dirigentes cristãos capazes de mudar o mundo”, se vangloria de ter
150 licenciados trabalhando na Administração Bush.
Desgraçadamente para a imagem desta instituição de ensino, da qual o senhor Robertson é
chanceler e presidente, o mais famoso desses licenciados é Monica Goodling, um produto da
faculdade de direito dessa universidade. É a antiga ajudante principal de Alberto Gonzales;
aparece no centro do escândalo dos fiscais norte-americanos despedidos e declarou que
recorrerá à quinta Emenda antes de declarar algo sobre este assunto perante o Congresso.
A infiltração no Governo Federal por parte de uma grande quantidade de pessoas que trata de
impor uma agenda religiosa -coisa bastante distinta de ser simplesmente gente de fé- é um dos
acontecimentos mais importantes dos últimos seis anos. É também um acontecimento do qual
se costuma ter pouca informação, talvez porque os jornalistas temam cultivar uma reputação
de partidários de teorias conspirativas.
Porém esta conspiração não é uma teoria. A plataforma oficial do Partido Republicano no
Texas se propõe “acabar com o mito da separação da igreja e do estado”. E os republicanos
texanos que agora governam o país estão fazendo o melhor que sabem para cumprir com esse
propósito.
Kay Cole James, que teve muitas conexões com a direita religiosa e foi decana da faculdade de
políticas de Regent, foi chefe de pessoal do governo federal entre 2001 e 2005. (Fato curioso:
depois conseguiu um emprego com Mitchell Wade, o homem de negócios que subornou o
deputado Randy “Duke” Cunningham). E está claro que todo tipo de gente incompetente foi
contratado pela Administração apenas pelos seus vínculos religiosos.
Por exemplo, The Boston Globe informa sobre um graduado da faculdade de direito de Regent
que foi entrevistado pela divisão de direitos civis do Departamento de Justiça. Perguntado qual
foi a decisão que mais desaprovava das que foram tomadas pela Corte Suprema nos últimos 20
anos, mencionou a decisão de anular uma lei punitiva da sodomia no Texas. Quando foi
contratado, esta era a sua única credencial para obter o posto de trabalho.
Ou consideremos o caso de George Deutsch, o delegado presidencial na NASA, que ordenou a
um desenhista do site acrescentar a palavra “teoria” após cada menção feita ao Big Bang, a fim
de deixar aberta a possibilidade de “desenho inteligente pelo criador”. Resultou que, contra o
afirmado por ele, não tinha nenhum título na Texas A&M (Texas Agricultural and Mechanical
University).
Uma boa forma para medir quantos bushinhos foram contratados para promover uma agenda
religiosa é a freqüência com que saem à superfície vínculos com a direita religiosa cada vez
que ficamos sabendo de um escândalo na Administração Bush.
Claro que está a senhorita Goodling. Porém, vocês sabiam que Rachel Paulose, a fiscal dos
Estados Unidos em Minesota -cujos três adjuntos se demitiram recentemente em protesto pelo
seu estilo de gestão- tem o hábito, de acordo com uma informação dos meios de comunicação
locais, de citar versículos da Bíblia no escritório?
Ou está o caso de Claude Allen, o assessor presidencial e antigo assistente do secretário de
Saúde e Serviços Humanos, que teve que se demitir após ser investigado por um furto menor.
A maioria das reportagens jornalísticas, mesmo mencionando o credo do Sr. Allen, deixou de
indicar o fato de que havia construído toda a sua carreira como um homem da linha dura da
direita cristã.
E ainda há outra coisa que a maioria das reportagens deixa de mencionar: o estúpido
extremismo destas pessoas.
Como podem ver, Regent não é uma universidade religiosa ao estilo da universidade de
Yeshiva. Está dirigida por alguém cuja primeira reação ao 11 de setembro foi considerá-lo
como um castigo de Deus pelos pecados da América.
Dois dias depois dos ataques terroristas, o senhor Robertson teve uma conversa com Jerry
Falwell no show televisivo do senhor Robertson The 700 Club (O clube dos 700). O senhor
Falwell não se privava de jogar as culpas do ataque aos pés dos “pagãos, dos partidários ao
aborto, feministas, gays e lésbicas”, para não falar da A.C.L.U (União Americana pelas
Liberdades Civis) e do People for American Way. “Bom, eu estou totalmente de acordo com
isso”, disse o senhor Robertson.
A implosão da Administração Bush representa claramente um revés para a estratégia de
infiltração da direita cristã. Entretanto, seria prematuro dizer que o perigo passou. Trata-se de
um movimento que mostrou grande capacidade de resistência e adaptação durante anos. Com
toda certeza, encontrará novos campeões.
Tradoção: Luciana Naves / Roc F. Nyerro. Este artigo foi publicado originalmente na
revista http://www.sinpermiso.info
Paul Krugman
Um dos economistas mais reconhecidos academicamente e um dos mais célebres graças à
sua intensa atividade publicitária e divulgadora nas páginas do New York Times.
Colaborou com o grupo de assessores de economia do Presidente Bill Clinton, mas a
dinâmica da vida econômica, social e política dos Estados Unidos no último qüinqüênio o
levou a diagnósticos tão drásticos quanto lúcidos do mundo contemporâneo
http://www.miradaglobal.com/pdf/210504por.pdf

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