"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Bonobos organizam sociedade melhor que neoliberais!rsrsrs

Antes primatas que neoliberais
Entre os primatas, os chimpanzés e os bonobos são os mais próximos aos humanos.
Talvez tenhamos perdido muito de seus valores e raramente praticamos suas virtudes
cívicas, solidárias e pacíficas
Sarah Tobias
Salonga, Congo - Esta é a cena observada por Jonas Eriksson, estudioso do comportamento
dos primatas: um grupo de bonobos, até pouco tempo conhecidos como chimpanzé pigmeu,
está comendo, mas num dado momento um macho do grupo vê uma mulher com seu filhote e
começa a comportar-se agressivamente. Então todas as fêmeas do grupo unem-se contra o
agressor e o golpeiam durante uma boa meia hora. E os demais machos fogem. O lugar é o
Parque Nacional de Salonga, localizado na zona central do rio Congo.
Os bonobos (Pan paniscus) são um pouco como os chimpanzés (Pan Troglodytes), embora
também tenham um comportamento muito diferente. Têm uma vida de grupo muito pacífica e
descontraída. São famosos, entre outras coisas, por sua simpática tendência a resolver as
tensões e os conflitos interpessoais com práticas eróticas homo e heterossexuais: carícias,
beijos, estimulações recíprocas, acoplamentos (frontais). Tudo isso dentro de uma estrutura
social amplamente centrada nas fêmeas, precisamente.Então, por que tamanha explosão de
violência contra o pequeno macho agressivo? Os estudiosos do comportamento animal
costumam procurar as explicações "materiais" ou deterministas. Portanto, uma das
possibilidades poderia ser a seguinte: as mulheres tinham parentescos, compartilhando uma
parte do patrimônio genético; portanto, ao defender a mãe e o filhote protegiam
instintivamente seu próprio DNA, assegurando assim sua propagação.
Este altruísmo entre parentes teria um fundamento genético. Seria realmente assim? Os
pesquisadores resolveram a dúvida, seguindo pacientemente os bonobos, classificando-os um a
um, recolhendo suas fezes e enviando-as à Europa para serem analisadas; por meio destas
extraíram e analisaram o DNA, a fim de comprovar o grau de parentesco dos diversos
indivíduos. O DNA poderia também ter sido extraído da pele, saliva ou sangue, mas neste caso
teria sido necessário capturar os animais, agitando-os,incomodando-os e realizando práticas
invasoras. O resultado das análises demonstrou que as mulheres dos bonobos tinham muito
pouco parentesco entre si, pelo contrário procediam de grupos diferentes que num determinado
momento se desagregavam para constituir outro grupo, com uma forte solidariedade interna
feminina. Na vida cotidiana também cooperam na colheita dos alimentos, principalmente
frutas, e na divisão igualitária; os machos esperam pacientemente sua vez para comer.
Tudo isto é muito diferente do que sucede entre os chimpanzés da outra margem do rio Congo,
onde dominam as sociedades machistas e bem mais disputadas. Existem duas explicações a
esse respeito: a primeira tem a ver com a relativa abundância de comida, facilmente visível nas
terras dos bonobos; se houver abundância os grupos e os indivíduos têm menos motivos de
conflito com os recursos escassos. A segunda explicação também está relacionada com o
dilema escassez-abundância, neste caso de relações sexuais. As mulheres dos chimpanzés
estão disponíveis para o acoplamento só uns poucos dias ao mês e demonstram isso ao macho,
através de uma coloração particular do órgão sexual; durante estes poucos dias, então, a
competição entre machos para fecundar é intensa e dura; nestas situações é que são
estabelecidas as hierarquias masculinas. As mulheres dos bonobos, pelo contrário, não têm
estas limitações e as relações sexuais têm lugar sempre, ainda que obviamente não sejam
sempre fecundas. É destes dois elementos que se deriva, segundo os estudiosos, o
comportamento particularmente pacífico e descontraído dos bonobos: não há nenhum motivo
para disputa, nem pela comida nem pelo sexo. Quem afirma que a concorrência é a raiz de
qualquer progresso não teria resistido muito tempo ali.
Entre os primatas, os chimpanzés e os bonobos são os mais próximos aos humanos, mais do
ponto de vista genético (o DNA coincide em 98%) que do evolutivo: nossas ramificações se
separaram há quase seis milhões de anos. As semelhanças são tão grandes que, inclusive,
alguns estudiosos não ortodoxos propuseram que em vez de chamá-los Pan deveriam ser
classificados no gênero Homo, como se faz com os H. neardentalensis ou os H. erectus.
Proposta recusada seja por motivos históricos, ou para manter um fosso profundo entre nós,
cimo da criação, e "os outros". Mas talvez seja justo assim, porque, talvez tenhamos perdido
muitas das virtudes de nossos primos bonobos e raramente praticamos suas virtudes cívicas,
solidárias e pacíficas. Em compensação as levamos para a via da extinção e assim já não
haverá conflitos embaraçosos.
Tradução Anna Maria Garriga Tarrés / María Cristina Contrucci. Este artigo foi
publicado originalmente na revista http://www.sinpermiso.info
Sarah Tobias
Etóloga e primatóloga italiana que escreve crítica científica para o cotidiano comunista Il
Manifesto
http://www.miradaglobal.com/pdf/220203por.pdf

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