"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 10 de maio de 2009

Qual o melhor curso?

Essa semana alguém (um pai ou uma mãe) chegou ao meu blog fazendo uma busca no google com “meu filho desistio da faculdade de odonto qual curso melhor”. Não existe resposta geral sobre qual o melhor curso e é bobagem tanto procurar o melhor curso quanto achar que qualquer curso resolve. Não se deve escolher um curso nem só pensando em ganhar dinheiro, o que é mais seguro e lucrativo, nem dizendo que escolherá um curso porque é o que te fará feliz. Curso nenhum, profissão nenhuma faz uma pessoal feliz. A pessoa infeliz será infeliz em qualquer coisa. E a pessoa feliz se encontrará em qualquer profissão. Algumas questões que devem ser consideradas ao escolher um curso:

1. aptidão natural. Alguém que não consegue trabalhar com sangue, pode ser enfermeiro, pode ser médico, biólogo, etc? Claro que não. Alguém com leve tremor nas mãos pode ser médico cirurgião, odontólogo ou qualquer outra profissão que demanda precisão? Não.

2. Capacidade de memorização e manipulação de várias informações. Há vários cursos cujo sucesso no curso e na profissão depende da capacidade de memorização e manipulação se várias informações, se a pessoa não tiver esta capacidade nem disposição para desenvolve-las ou encontrar alternativas substitutivas não vai se dar bem. É o caso por exemplo de direito. Sem capacidade para memorizar leis, artigos, o trabalho é inesgotável, pois sempre partiria do zero. De fato, qualquer curso superior e o sucesso profissional na área dependerá em algum grau disso, mas algumas áreas demandam mais do que outras. Relações Internacionais, por exemplo, demandam trabalhar com um grande volume de informações. Se a pessoa não tem nem interesse em adquirir as informações quanto mais memoriza-las e trabalhar com elas então é impossível se dar bem.

3. Gosto pela pesquisa, pelo pensamento metódico e pela leitura. Quem não gosta de ler, não tem interesse em desenvolver um pensamento metódico e pesquisar pode descartar de cara uma longa lista de cursos. Filosofia, Ciências Sociais, Relações Internacionais, Ciência Política, Economia. Também pode descartar matemática, física, química, etc.

4. Quem não é capaz de desenvolver um pensamento matemático e não tem interesse em se esforçar para isso pode abandonar a idéia de cursar todas as engenharias, ciência da computação e cursos mais profundos da área de informática (ou seja, que não seja apenas processamento de dados ou um curso de um microcamp da vida dado numa faculdade, a maioria são apenas isso), e similares. De fato quem não tem nenhuma aptidão para o pensamento matemático não tem aptidão para qualquer curso superior.

5. espírito de sacrifício, ausência de uma visão imediatista. Só faz sentido estudar caso se tenha uma visão de longo prazo da vida. Quem pretende resultados imediatos não tem maturidade para o ensino superior. Os cursos universitários são locais para o aprendizado lento, passo-a-passo. É preciso ter paciência, antes de se chegar ao fundamental se passará por vários estudos introdutórios que servem para fundamentar a formação do aluno.

6. é preciso ter alguma cultura geral. Sem cultura geral, quem entra em qualquer curso superior fica completamente perdido, não sabe do que está sendo falado, na área de humanas então é imprescindível. Por exemplo, não tem cabimento alguém escolher um curso de ciências humanas e não ter a mínima idéia do que seja liberalismo, livre mercado, economia de mercado, Estado, democracia, ditadura, etc. É preciso mesmo ter uma vaga idéia para pelos menos poder participar da conversa inicial do contrário ficará completamente perdido e sem qualquer base sobre a qualquer construir o aprendizado.

7. não deve fazer um curso superior apenas por obrigação ou por querer um emprego. Curso superior não garante emprego. A taxa de desemprego entre quem tem curso superior é normalmente do que entre quem fez cursos técnicos, por exemplo. O fato de fazer curso superior não garante bons empregos, a maioria não terá bons empregos. Apenas aqueles que conseguirem um desempenho superior terão bons empregos, ou seja, o resultado não dependerá do curso que ela faça, mas das ações que ela toma no curso e no mercado de trabalho.

8. Faculdade não é colégio. Sem espírito empreender, sem inciativa não se aprende. Então se já não tem este espírito antes, a pessoa com certeza se realizará muito mais fazendo um curso técnico-instrumental condizente com a disposição dela.

9. Curso superior não é um manual de instrução sobre o que fazer na empresa. Quem espera encontrar isso deve parar de estudar. Não vai encontrar isso em lugar nenhum. Que sai do Bradesco para trabalhar no Itaú terá que aprender muitas coisas novamente, então não há um curso que ensine a trabalhar no banco, há cursos que ensinam como funciona o sistema bancário. Como trabalhar em cada banco só se aprende trabalhando naquele banco.

10. Não sabe o que fazer, não quer se dedicar, está perdido na vida e vai fazer um curso de qualquer jeito? Curse administração, não servirá para nada, mas pelo você não estará se enganando achando que tem futuro.

11. Está preparado para se dedicar, se sacrificar, se esforçar? Disposto a ler e desenvolver um pensamento científico? Escolha qualquer curso que se dará bem, inclusive administração, mas lá estará desperdiçando o cérebro.

12. É urgente uma reforma do sistema educacional brasileiro para centrá-lo no desenvolvimento do pensamento científico para que os cursos superiores da área de exatas sejam desenvolvidos do contrário sempre continuaremos atrasados. Vivemos na país das crendices, dos charlatães, dos demônios, dos exorcismos, porque há uma falta completa de pensamento científico entre a população.

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