"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Livros para se emocionar e pensar 1

Acabo de ler três livros judaicos. Pode-se dizer três romances. Dois de Elie Wiesel e um de Zvi Kolitz. A primeira coisa que li de Eli Wiesel foi um livro que é uma longa entrevista com Elie Wiesel e com o teólogo católico Johann Baptist Metz. Comprei o livro, intitulado “Esperar a pesar de todo” pensando na entrevista de Metz. Mas gostei mais da entrevista de Elie Wiesel. Mostrou algo que aprecio muito, a sensibilidade para compreender o mundo, o outro a partir de pequenos indícios.E desde então espero a oportunidade para comprar e ler alguma obra dele. E o fiz neste final de semana. Dois romances: “Uma vontade louca de dançar” e “O tempo dos desenraizados”.

O terceiro livro foi uma sugestão de terceiro. O livro se chama “Yossel Rakover dirige-se a Deus”. Não havia ouvido falar sobre este livro anteriormente e após lê-lo, creio que isto dá a medida da minha ignorância.

“Yossel Rakover dirige-se a Deus” é um texto de ficção apesar de durante muito tempo ter sido muitas vezes considerado o último relato de um combatente do gueto de Varsóvia. Mas de fato foi escrito por um judeu do Leste Europeu enquanto visitava a Argentina, mas retrata de forma viva o que sentiram os judeus no gueto de Varsóvia e mais as questões que homens de fé, homens cuja existência está toda fundada na fé em Deus, se colocam quando são confrontados com uma realidade onde não parece haver Deus em parte alguma para socorre-los. Diz Yossel Rakover:

“As coisas sendo como são, não espero evidentemente um milagre e não Lhe peço, meu Deus, que tenha piedade de mim. Que Ele se comporte com relação a mim com a mesma indiferença que Ele demonstrou, ao esconder Sua face, em relação aos milhões de outros filhos de Seu povo. Não sou uma exceção à regra e não espero nenhum privilégio. Não tentarei mais salvar-me e não fugirei daqui.”

“Creio no Deus de Israel, mesmo que ele tenha feito de tudo para que eu não acredite Nele. Creio em Suas leis, mesmo que eu não possa encontrar justificativa para os Seus atos. Agora não tenho mais com Ele uma relação como a do escravo e seu senhor, porém como a do aluno com seu professor. Curvo minha cabeça diante de sua grandeza, mas beijarei a vara com a qual ele me flagela. Eu O amo. Mas amo ainda mais a Sua Torá. Mesmo que eu tenha estado iludido com Ele continuarei a observar Sua lei. Deus significa religião, mas sua Torá significa uma regra de vida! E quanto mais morrermos por essa regra de vida, tanto mais ela se tornará imortal.

“Eis porque me permito, Deus, pedir-te explicações antes de morrer. Daqui em diante liberado de todo medo, pleno de uma absoluta tranquilidade e segurança interiores, quero dirigir-me a Ti pela última vez em minha vida.

“Tu dizes que pecamos? Mas é evidente! E que seríamos punidos? Isso também posso compreender. Porém, eu quero que Tu me digas se neste mundo existe um pecado que mereça castigo tal como aquele que nos foi infligido?

“Tu dizes que farás nossos inimigos pagarem por seus crimes? Estou convencido de que Tu o farás implacavelmente, sem piedade. Não tenho dúvida disso. Mas quero que me digas se pode existir no mundo um castigo passível de expiar os crimes cometidos contra nós?

“Talvez me dirás que não se trata no caso presente de pecado e de punição – mas, simplesmente, o que acontece quando Tu velas Tua face e abandonas os homens aos seus instintos?

“Mas então quero perguntar-Te, Senhor – e essa questão me queima como fogo abrasador: o que mais? Oh, dize-o a mim, o que deve ainda advir para que Tu descubras novamente a Tua face e a reveles ao mundo?”

“E tenho ainda outra coisa a dizer-Te: não estiques demais a corda! Pois a corda poderá romper-se. A provação em que Tu nos mergulhaste é tão dura, tão intoleravelmente dura, que Tu deverias – Tu deves – perdoar àqueles do Teu povo que no seu desespero e na sua cólera afastaram-se de Ti.

“Perdoa àqueles que se afastaram de Ti na sua infelicidade, mas perdoa igualmente àqueles que se afastaram de Ti na felicidade. Tu transformaste nossa vida num combate tão horrível e perpétuo que os covardes forçosamente procuraram escapar-lhe tão logo vislumbraram uma saída. Não te abatas sobre eles! Não se castigam os cavardes, há que se ter piedade deles. Senhor, mostra-Te mais misericordioso para com eles do que para conosco!

“Perdoa também àqueles que blasfemaram contra Teu nome, que foram servir a outros deuses e que se tornaram indiferentes em relação a Ti. Tu os testaste tão duramente que eles não podem mais pensar que Tu sejas seu Pai, nem mesmo que eles tenham um pai.”

“Fizeste de tudo para fazer-me duvidar de Ti, para que eu não creia em Ti. Mas morro exatamente como vivi, com uma fé inquebrantável.

“Louvado seja para sempre o deus dos mortos, o deus vingador, da verdade e da justiça, que muito em breve mostrará novamente Sua face ao mundo e que com a Sua voz todo-poderosa fará tremer este mundo nos seus alicerces.”

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