"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Política Externa de Hugo Chávez em xeque

O contexto internacional do fim de 2008 e início de 2009 colocou a política externa de Hugo Chávez em xeque. Evidentemente o fator fundamental é o declínio do preço internacional do petróleo no bojo da deflação no preço das commodities como conseqüência da crise financeira americana. A queda no preço do petróleo reduz a rentabilidade da PDVSA e a capacidade da empresa e da Venezuela de investir nos países vizinhos. Ação muito mais eficaz para conquistar aliados do que a retórica esquerdista do discurso de Hugo Chávez. Neste sentido, Chávez dependerá agora mais da sua capacidade de articulação política.

Um segundo elemento que problematiza a estratégia de Hugo Chávez, ainda relacionada à crise internacional, é projeção internacional do Brasil. O Brasil foi alçado de tal modo a condição de líder mundial que qualquer outro ator latino-americano fica completamente ofuscado. De fato, pela propensão tradicional do governo brasileiro ao diálogo nos fóruns internacionais aliado a esta condição de liderança, o Brasil é convocado a ser a voz da região nos fóruns internacionais e mesmo junto aos EUA. A interlocução direta entre o presidente Lula e o presidente Obama foi capaz de colocar inclusive a Argentina numa posição constrangedora de ser ignorada na última Cúpula das Américas levando, segundo a imprensa argentina, que o presidente Lula pedisse ao presidente dos EUA que desse atenção à Argentina.

A eleição do presidente Barack Obama representa outro problema na agenda de Hugo Chávez. O presidente venezuelano possuía um discurso pronto para atacar o presidente George Bush que podia ser repetido para qualquer público e encontraria aprovação. Atacar Bush não gerava prejuízos econômicos à Venezuela e ainda consolidava Hugo Chávez como uma liderança de esquerda na América Latina. Agora, Chávez perdeu o discurso fácil. Chávez desde a eleição de Obama está em busca de um discurso. As primeiras palavras de Hugo Chávez foram ásperas, acusadoras, tentava igualar Obama e Bush. Entretanto é perceptível que este discurso não era e não é viável. O mundo identificou Obama com a mudança, chamá-lo para o confronto direto não seria capaz nem mesmo de prender a atenção do público cativo de Hugo Chávez. O resultado é que do mesmo modo que Fidel Castro, Hugo Chávez apresenta um voto de confiança em Obama, começa a desafiar Obama a realizar mudanças de fato na ação internacional dos EUA. O clima da Cúpula das Américas reflete esta inversão. Ao contrário da Cúpula das Américas de 2005, onde Chávez foi para liderar manifestações contra os EUA e George Bush em companhia de Diego Maradona, agora Chávez foi para conhecer Obama, abrir uma porta nas relações com os Estados Unidos. E do grande programa da revolução bolivariana, apenas um item foi colocado como petição de princípio por Chávez e seus aliados, a retirada do bloqueio econômico a Cuba por parte dos EUA. Evidentemente, que Chávez não esperava que os EUA fossem atender esta demanda. De fato esta demanda é mais voltada para o público externo. Esta demanda permitiu que Chávez conhecesse Obama, aproximasse-se dele, negociasse e ainda mantivesse a posição de líder da inquieta esquerda latino-americana.

Obama, por sua vez, também tinha interesse em se aproximar de Chávez, em negociar com Chávez, ainda que Chávez estivesse fazendo questionamentos públicos aos EUA. Os discursos posteriores da secretária de Estado, Hillary Clinton, apontam para uma preocupação real dos EUA com a penetração de novos atores na região. Os possíveis contestadores da hegemonia americana, China, Rússia, Irão, estão procurando se aproximar cada vez mais da América Latina, região considerada cativa e inviolável para os EUA. Independentemente da questão capitalismo versus socialismo, a grande questão do conflito entre os EUA e Cuba é os EUA terem sido alijados de uma região considerada tradicionalmente domínio dos EUA. Quando a América ameaça deixar de ser a América dos americanos para ser a América dos russos, dos chineses, dos iranianos, etc. confrontar Hugo Chávez deixa te ter importância. Isolar Chávez e as demais lideranças latino-americanas serviriam apenas para reforçar a posição de outras potências na América Latina. Portanto, tanto Chávez quanto Obama tinham interesse na aproximação, no esfriamento dos ânimos.

O caminho tomado pelas relações entre os EUA e Venezuela a partir de agora irá defender da trajetória da crise econômica internacional. Diante da brusca queda no preço do petróleo, interessa à Venezuela manter os EUA como cliente preferencial. Chávez não tomara nenhuma atitude que possa levar a uma retaliação econômica por parte dos EUA. Do mesmo modo, Obama tem questões internacionais e, especialmente, domésticas muito mais importantes para lidar. Neste sentido, apesar da secretária Hillary Clinton ter criticado Bush por esquecer a América Latina, a região continuará esquecida.Dentro do contexto político e econômico no qual está inserido não faz sentido os EUA dar prioridade para a região. O reordenamento de prioridades ocorreria apenas em um caso, se os EUA identificassem na América Latina um mercado potencial para a produção norte-americana capaz de retirar os EUA da recessão econômica e daí decidissem ressuscitar o projeto da ALCA. E neste caso haveria uma renovação e crescimento dos atritos entre os EUA e as lideranças sul-americanas, especialmente com Hugo Chávez.

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