“O tempo dos desenraizados” é história de Gamliel cujos pais morreram no holocausto e que vive perdido no mundo em busca da sua identidade. Pedidas as referências familiares, tentando escapar do passado, sem um futuro que se projete sobre ele, o presente é o vazio, é o nada, é a falta de identidade, é o desenraizado no sentido mais forte do termo. “Diz-se que o homem torturado e a mulher violada continuarão a sê-lo pelo resto da vida; o mesmo se aplica ao desenraizado. O ex-refugiado continua a ser refugiado pelo resto da vida. Escapa de um exílio para projetar-se em outro, sem conseguir sentir-se em casa em lugar algum, sem jamais esquecer de onde vem, sem deixar de viver no provisório. Para ele, a felicidade é o repouso do instante. O amor que dizem eterno? Um piscar de olhos. Para um homem em sua situação, a cada passo o fim parece próximo.”
“Mas a guerra é indizível, ao contrário da paz. A palavra incita ao ódio assassino que é a guerra sem panos quentes. Teoricamente, não devia ser possível descrever a guerra e seus horrores, a blasfêmia que é a guerra, a agonia grotesca que é a carnificina legal e glorificada. James Joyce e Franz Kafka não escreveram nada sobre o primeiro conflito mundial. Na verdade, a guerra não devia fazer sonhar, pois mata tanto o sonho quanto o sonhador e limita a imaginação ao privá-la de horizonte.”
“Não vê então, meu caro senhor. que a inocência os torna doentes a todos? Neste mundo a inocência é uma doença.”
“É melhor não acreditar no acaso; o senhor nos proíbe. Sou velho o suficiente para invocar minha experiência: no mundo dos homens, tudo é encontro. A rigor, eu diria que estamos aqui, eu e você, reunidos por uma força que nos escapa, cabe-nos agir como se tudo tivesse sido feito para que este encontro acontecesse.” “Talvez só tenhamos atravessado nossa vida, cada um de seu lado, para chegar a este momento, a este encontro.”
“Não é o inimigo que nós odiamos mais, mas as pessoas que estão próximas. O amigo que nos decepciona, o irmão que nos trai, o vizinho que nos denuncia.”
“É grande o suficiente para saber que o amor está perto demais da felicidade para não beirar o sofrimento.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário