"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Livros para se emocionar e pensar 2

Os dois romances mencionados de Elie Wiesel não são relatos do holocausto, mas os tem como pressuposto e como uma realidade que permeia a existência dos personagens dos livros. São livros perturbadores, angustiantes. Ambos de algum modo abordam a impossibilidade de se viver o amor e relações duradouras, ou mesmo, a incapacidade de viver de forma plena.

“Uma vontade louca de dançar” se passa na maior parte do tempo num consultório psicanalítico. É a história de Doriel contada sem qualquer cronologia, de modo meio desconexo, típico da literatura contemporânea. O início é meio chato. Não é chato como o início do Pêndulo de Foucault  do Umberto Eco, mas é chato, uma leitura lenta. Mas depois é a ótima história da relação do paciente perturbado com a sua analista. Analista incapaz de decifrar e compreender o drama existencial de Doriel que o afastou da vida apesar de dinheiro não lhe faltar. Um sortudo sobrevivente tanto da expansão alemã no Leste Europeu, Doriel é um homem cujas perguntas a vida se mostra incapaz de responder o que o impossibilita viver. Paralisado existencialmente, com dinheiro para gastar em busca de respostas, mas vazio, ou prisioneiro de si mesmo. Ou o sofrimento é o prisioneiro e Doriel, o carcereiro. O sofrimento é vigiado, controlado para que não fuja, para que fique lá. Não há solidão maior do que ser abandonado pelo seu próprio sofrimento.

“O grito mais profundo e mais poderoso, disse um rabi hassídico, é o que mantemos encerrado no peito.”

“Poderia haver excesso de memória?”

“Eu luto, e não me lembro mais por quê. Muitas vezes penso não passar de um entrelaçamento de rachaduras abertas para o horror.”

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