"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 10 de junho de 2007

O absurdo e a graça

Li nesta madrugada o livro "O absurdo e a graça" de Jean-Yves Leloup. É uma autobiografia do autor que é ou foi monge dominicano, é ou foi monge ortodoxo. O livro começa narrando os seus conflitos familiares até o momento em que Deus o encontra na pessoa de uma mulher que lhe dá croissant e café quando ele vivia como mendigo. Aí ele foi para a Índia tentar encontrar Deus em algum líder espiritual indiano, mas não encontra nada lá, e começa o caminho de volta. No retorno para França passa mal em Istambul, é socorrido e levado para um edifício, quando ele melhora ele vê que estava na Hagia Sophia, e ao sair a única imagem que chama a atenção é o ícone de Cristo. O autor indaga aos presentes sobre a imagem e ele dizem onde procurar informações, depois ele saberia que tinha sido enviado para o Patriarca Ecumênico de Constantinopla. Ele passa alguns dias com o Patriarca aprendendo sobre o cristianismo ortodoxo. Mas o Patriarca diz que a instrução dele não pode se dar ali, que se ele quer se converter deve procurar o Monte Athos. No Monte Athos há vários mosteiros ortodoxos. No Monte Athos entra em contato com o que há de mais baixo e mais sublime nos meios religiosos, ali ele foi batizado, mas ainda não iniciou a formação monástica. De fato, o livro segue narrando as dificuldades para encontrar a Ordem dos Dominicanos que ele imaginava, oscilava entre os dominicanos e os ortodoxos existentes na realidade, até optar pelos dominicanos, o que não diminuiu os conflitos, entra questão do celibato e das disputas internas na Igreja. Ele se casou o que significa que não pode ser dominicano, mas continua podendo ser padre (não monge) ortodoxo. A última parte narrada da vida dele mostra como viver nos EUA pode fazer mal a uma pessoa, ele se aproximou dos movimentos de nova era. O único dos autores citados por ele nesta parte que eu respeito é Krishnamurti. Krishnamurti foi identificado por Charles W. Leadbeater como um novo avatar, como novo enviado de Deus quando tinha 13 anos e passou então a ser criado pela Sociedade Teosófica para proclamar a verdade ao mundo, enquanto Leadbeater (fundador também da Igreja Católica liberal) era o mentor espiritual do garoto, o educava e o treinava para ser a nova encarnação de Deus, Annie Besant, presidente da ST, cuidava da parte organizacional, criou uma outra instituição paralela à Sociedade Teosófica, apenas para difundir a doutrina do novo avatar. Mas quando chegou o momento de Krishnamurti assumir a direção da organização e começar a sua atividade de enviado de Deus, ele se recusou, colocou contrário à institucionalização da religião, das doutrinas rígidas, etc. Krishnamurti colocava dúvidas e incertezas o que não é admissível para um enviado. Então obviamente o projeto da ST fracassou, nenhum nova doutrina surgiu das palavras de Krishnamurti. Mas ele não desapareceu do cenário, ao contrário, sempre teve público, tem vários livros publicados, chocou o mundo ao reconhecer que não era Deus. Neste público cativo estava o padre Leloup durante sua estadia nos EUA. O livro é interessante para quem crê, verá Deus atuando em vários momentos e de formas tortuosas. O livro comprova a tese de que há interesses mundanos e pecados generalizados no interior da Igreja, então serve para os protestantes. O livro pode ajudar os ateus a compreenderem porque crer em Deus pode fazer bem para algumas pessoas. E pode deixar os agnósticos ainda mais inquietos, a dúvida é aprofundada sem que se possa resolver. Por fim, é impressionante o quanto o autor gosta da Igreja. Também cabe notar que nesta busca pela espiritualidade em nenhum momento ele passou pelo protestantismo.

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