"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sexta-feira, 8 de junho de 2007

Democracia?

O João quando está perdendo a discussão em algum tema, ele tira outro tema do nada. Hoje ele estava perdendo uma discussão pra mim e para outro amigo sobre o Cúcuta. Isso mesmo o Cúcuta, ele estava torcendo para o grande time do Cúcuta na Libertadores e ainda quer defender que era o melhor time. Ótimo. Aí do nada para desviar o assunto lançou no msn uma citação do Schumpeter sobre a questão da democracia. Mas não serviu aos seus objetivos. Mas é um bom assunto. Joseph Alois Schumpeter é um aristocrata austríaco, que estudou economia a partir dos autores mais liberais e também se interessou pelas questões políticas. Parêntesis pessoal, ele pegou a esposa dele quando era adolescente para criar e educar para ter uma esposa ilustrada, se casaram quando ela atingiu a idade apropriada. Voltando. Schumpeter apesar de ter se desenvolvido intelectualmente entre os liberais jamais foi um liberal, então, ao contrário de um Keynes, um Marshall ou um Friedman, Schumpeter é um grande conhecedor de Marx, leu profundamente a obra de Marx e foi profundamente influenciada por ela. Schumpeter é um dos poucos que entendem a dialética capitalista mesmo se considerando autores marxistas, entende mais de dialética que um Kautsky, por exemplo. E por isso a sua obra sempre pensou o capital em movimento. Do ponto de vista político, Schumpeter continua sendo um austríaco conservador, e do ponto de vista da teoria política bebeu nas fontes da teoria das elites especialmente na versão weberiana. Aristocratas não gostam da democracia, então a questão sempre foi desde o início como tornar a democracia palatável. Em Weber, isso aparece como democracia plebiscitária onde se elege um "ditador" por um período definido, enquanto o governante estiver em seu período de exercício o povo não deve se manifestar. Para deixar claro este regime weberiano seria parlamentarista, haveria controle do parlamento portanto, mas o povo seria excluído. Schumpeter avançou para democracia como procedimento. Para dizer se um regime é democrático ou não deve-se avaliar única e exclusivamente o procedimento de seleção de governantes, ou seja se há eleições ou não. Hoje a concepção que vigora de democracia é esta. A democracia é um procedimento de seleção de governantes e não se deve esperar mais, colocar mais demandas sobre o sistema, esperar participação popular. Os marxistas chamam isso de democracia burguesa. A contradição no discurso da democracia como procedimento aparece em situações como a do fechamento da RCTV onde aqueles, que dizem que a democracia é apenas procedimento para impedir a participação do povo, alegam que a democracia está sendo ameaçada pelo fechamento de uma emissora de TV ou pela violação da liberdade de imprensa. E o pior é que o maior problema que estes atores enxergam em Hugo Chávez ou Evo Morales é que eles fazem com que a democracia seja mais do que procedimento. A democracia procedimental não comporta governos que mobilizam as massas como Chávez ou Morales. A democracia procedimental combina melhor com Renan Calheiros, com Antônio Carlos Magalhães, José Dirceu, Clodovil, Frank Aguiar, Roberto Jeferson e Lula. Schumpeter esperava que a democracia fosse apenas um método não-revolucionário de circulação de elites aristocráticas. Nas condições políticas da periferia, a democracia procedimental é um mecanismo de circulação de oligarquias decadentes e quadrilhas, ou uma composição das duas e sempre que o povo se movimento as quadrilhas se assustam, porque ou podem perdem o lugar ou o número de sócios aumenta. Esse era o temor em relação ao PT, o risco Brasil nas eleições de 2002 aumentava porque se temia desde a sua fundação que o PT pudesse por fim à circulação de quadrilhas no Brasil, o risco Brasil caiu logo que se viu que o PT queria apenas sociedade, a circulação de quadrilhas seguiria sem problemas. Schumpeter jamais imaginou esta terrível situação sempre pensou que as escolhas dadas ao povo ficariam restritas ao melhores da sociedade. Ele acreditava no exemplo de Pareto. Pareto para explicar o que era a elite começa dizendo pegue o melhor enxadrista, o melhor vendedor, o melhor em cada atividade , o melhor na arte de governa, esses são a elite, e a elite se divide entre a elite dirigente e a não-dirigente. No Brasil não vigora este princípio, a lógica é diferente, selecione os melhores e estes não podem ter acesso ao Estado, agora pegue o que de pior tem no país e este chamaremos de classe dirigente, quem não for como eles não poderá governar, se for eleito deverá ser derrubado. Nem a teoria política dá conta do Brasil. Schumpeter foi um dos maiores intelectuais do século XX, possui muitos discípulos, é respeitado mesmo pelos críticos, foi tão influenciado por Marx que previa o fim do capitalismo, mas ao contrário de Marx dizia que o capitalismo iria soçobrar pelas suas virtudes. E Schumpeter prova que quando o aluno tem a mente pequena nem um grande orientador o salvo, o insuportável neoliberal Roberto Campos foi orientando de Schumpeter no mestrado e nada aprendeu, viveu e morreu dizendo tolices, como disse o Jaguar, deve estar infernizando o Diabo tentando privatizar o inferno. Paul Sweezy, que é um dos fundadores do amrxismo americano junto com Paul Baran, diz que nas suas aulas Schumpeter jamais falava de si mesmo, das suas obras, nem as fazia leituras obrigatórias. Outra atitude exemplar que a maior parte dos intelectuais brasileiros deveriam aprender, não fazem nada relevante e mandam os alunos lerem aquilo como se alguém aprendesse lendo besteiras, insignificâncias ou irrelevâncias. Enfim, Schumpeter deveria ser mais lido, eu mesmo deveria ler mais Schumpeter.

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