"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sábado, 22 de agosto de 2009

Esquerdismo na Política Externa?

Os críticos do governo Lula insistem periodicamente que há um ranço esquerdista e antiamericano na política externa do governo Lula, a idéia voltou agora a respeito do acordo entre a Colômbia e os EUA sobre bases norte-americanas em território colombiano. Esta idéia é completamente equivocada, em nenhum momento anterior as relações entre o Brasil e os EUA foram tão tranqüilas, mesmo no período Bush. Para muitos países o período Bush foi um período difícil, para o Brasil, as relações foram frutíferas especialmente após o início do governo Lula dada a antipatia pessoal existente anteriormente entre os presidentes FHC e Bush. O governo brasileiro não assumiu uma posição submissa aos EUA nos fóruns internacionais, mas também não buscou confrontações ideológicas.

A oposição às bases americanas na América do Sul não é uma oposição ideológica. De fato, a insegurança sempre aumenta nas regiões onde os EUA levam ou pretendem levar as suas bases militares. Aumenta o nível de desconfiança e estimula a corrida armamentista. Isto ocorre no Oriente Média, ocorre na Ásia e ocorre na Europa. As instalações militares norte-americanas, ainda que temporárias, na Ásia Central aumentou a corrida por alianças militares e acordos entre a China e a Rússia com os países da região para a diminuição da presença americana na região. Para a maioria dos analistas é quase impossível desvincular a decisão do Quirquistão de fechar a base americana no país com o recebimento de empréstimo por parte da Rússia. A invasão da Geórgia por parte da Rússia não pode ser desligada da proposta americana de escudo antimíssil na República Tcheca e  na Polônia. A principal reinvindicação de Osama Bin Laden em relação aos EUA é a retirada da base americana na Arábia Saudita. As bases americanas no Japão são fontes freqüentes de conflitos entre os governos japoneses e norte-americanos. A imunidade permite que os militares americanos saiam impunes de vários crimes contra a população local, desde pequenos crimes até crimes graves como estupros. A presença militar dos EUA na Ásia também acirra os ânimos nas relações entre a China e Tawain.

O Brasil está correto em não desejar uma base norte-americana na América do Sul. A presença militar norte-americana irá aumentar a insegurança e estimular a elevação dos gastos militares numa região aparentemente pacífica. Notem que a região possui vários conflitos históricos que existem de forma latente e justificam alto investimento militar como no Chile e no Peru. A presença americana irá ampliar os gastos venezuelanos, os militares brasileiros irão aumentar a sua demanda por recursos para proteger a Amazônia. Além disso, em países latino-americanos a forte presença militar dos EUA sempre gera uma tutela política sobre o Estado. Caso apareça um candidato a presidente na Colômbia que se eleja contra o acordo, isso irá gerar uma instabilidade política em toda a região. E a presença militar norte-americana é completamente desnecessária na região. O Brasil já conseguiu impedir que isso ocorresse em outros oportunidades e deve tentar novamente.

O Brasil deve ser criticado não por não querer a base militar dos EUA na região, mas por não dar uma alternativa à Colômbia. O Brasil não se dispõem a assumir uma liderança de fato e colaborar no combate às FARC e a estabilização política da Colômbia. Note-se que esta cooperação poderia ocorrer sem validar as posições políticas mais extremistas do governo Uribe. Na medida em que o Brasil não dá uma alternativa para a Colômbia leva à Colômbia para a questionável alternativa americana.

Para além desta questão também é possível questionar a política externa brasileira por não ter uma visão de negócios. De fato, o Itamaraty é uma instituição política e segue uma linha de atuação política, e os negócios seguem uma linha secundária. Difícil esperar outra coisa de um país com a importância do Brasil. O ministério das relações exteriores de Cingapura não tem nada mais para fazer do que ser um posto avançado das empresas do país. Não é o caso do Itamaraty. O Brasil tem pretensões maiores. Caso os empresários brasileiros desejem um papel mais ativo do Itamaraty nesta área devem apoiar uma expansão do quadro de pessoal do ministério no Brasil e no exterior. Uma das dificuldades da política externa brasileira é a ausência de um consenso social sobre o que se espera dela, sobre o que o Brasil deve buscar no exterior. Se queremos ampliar os objetivos é preciso aumentar os recursos financeiros e humanos.

Por outro lado, é preciso ter claro que a ação internacional do Brasil não é definida em todos os seus âmbitos de forma centralizada. Por exemplo, os Ministérios da Agricultura, do desenvolvimento, e mesmo da Saúde possuem ações independentes da agenda do Itamaraty. Então nem todas as questões devem ser colocadas dentro do mesmo balaio.

Para uma análise equivocada da política externa brasileira, leia:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/sergiomalbergier/ult10011u612561.shtml

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