"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Brasil toma decisão de país que realmente quer ser líder, mas será capaz de bancar a decisão?

23/08/2009 - 08h35

Brasil substitui EUA em acordo com Bolívia

FABIANO MAISONNAVE
enviado especial da Folha de S.Paulo a Villa Tunari (Bolívia)

Em visita à região do Chapare, centro produtor de cocaína e berço político de Evo Morales, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestiu um colar feito de folhas de coca, fez um discurso de apoio à reeleição do colega e anunciou que o Brasil substituirá os EUA num acordo de preferência tarifária para a compra de têxteis suspenso por Washington sob a alegação de falta de colaboração no combate ao narcotráfico.

"O Brasil vai comprar os produtos têxteis da Bolívia com tarifa zero, para a importação de US$ 21 milhões. São exatamente as preferências perdidas nos Estados Unidos", afirmou Lula, em discurso a milhares de simpatizantes de Morales, na maioria cocaleiros, que lotaram o pequeno estádio de futebol da cidade de Villa Tunari.

Jorge Abrego/Efe

O presidente Lula e seu colega boliviano, Evo Morales, durante encontro neste sábado (22)

O presidente Lula e seu colega boliviano, Evo Morales, durante encontro neste sábado (22)

"Saúdo, companheiro Lula, o seu grande esforço de nos conceder o mercado de têxteis para o Brasil", discursou Morales. "É um ATPDEA Brasil sem nenhum condicionamento."

Morales encerrou a sua fala chamando Lula de "índio contemporâneo" e gritando, na língua quéchua: "Viva a coca, morte aos ianques."

Em 2008, o ex-presidente dos EUA, George W. Bush, tirou a Bolívia do ATPDEA (Lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas, na sigla em inglês), que condiciona incentivos à exportação ao combate ao narcotráfico. Foi uma represália à expulsão, por Morales, do embaixador americano e de funcionários da DEA (agência antidrogas dos EUA), acusados de conspirar para derrubá-lo. Em julho, a decisão foi ratificada pela Casa Branca de Barack Obama, que diz que que o "alto escalão do governo" incentiva a produção de coca, matéria-prima da cocaína.

Atualmente, a Bolívia é o principal fornecedor de cocaína ao Brasil, que recebe cerca de 70% da produção, segundo estimativa da FELCN (Força Especial de Luta Contra o Narcotráfico da Bolívia).

Números do Escritório da ONU contra a Droga e o Crime (UNODC) mostram que, no ano passado, houve um aumento de 6% na área de cultivo e de 9% no potencial de produção de cocaína. É o maior índice dos três países produtores, que incluem ainda Colômbia e Peru.

Clima de campanha

Toda a visita de cerca de quatro horas foi feita em clima de campanha eleitoral -Morales é o favorito nas eleições presidenciais de dezembro.

Nos 30 km que separam o aeroporto de Chimoré a Villa Tunari e no estádio, milhares de simpatizantes esperavam com bandeiras whipala (indígena), do MAS (Movimento ao Socialismo, partido de Morales) e dos dois países. No estádio, uma faixa atrás do palco dizia: "Evo cumpre. Para viver bem, Evo presidente 2010-2015".

"Enfrentamos a ira dos poderosos, que não se conformaram em perder o poder. Eles ficam muito incomodados porque sabem que, na Bolívia, um índio, um sindicalista, um cocaleiro, e, no Brasil, um metalúrgico, um sindicalista, estão fazendo mais do que eles fizeram em todo o século 20", disse Lula.

O principal motivo da visita de Lula foi a assinatura de um empréstimo de US$ 332 milhões do BNDES para a construção de uma estrada entre Villa Tunari e o departamento de Beni, ao norte. O projeto é acusado de superfaturamento e de favorecimento à empreiteira OAS (única participante da licitação) pela oposição e por engenheiros, mas não há investigações conclusivas.

Os presidentes também discutiram a venda de aviões Tucano para o combate ao narcotráfico, mas não houve acordo. Lula viajou com apenas dois ministros -o chanceler Celso Amorim e Franklin Martins (Comunicação Social).


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http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u613578.shtml

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