"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 23 de agosto de 2009

Eleições de 2010, hoje há um vencedor, mas e em 2010?

1. Hoje as eleições de 2010 já possuem um vencedor, o candidato do governo, seja a ministra Dilma ou qualquer outro candidato que fosse indicado pelo presidente Lula. É um equívoco ler a liderança de José Serra como uma liderança real, é um liderança inercial fora do contexto da campanha. A liderança do Serra hoje é como a liderança do Lula em 1994, ou como a liderança da Roseana Sarney em 2002. Responde-se em função da memória recente, do status do nome, uma série de fatores inerciais. Uma outa questão que os institutos de pesquisa negarão, mas que faz diferença, são os locais pesquisados. Hoje os locais onde se realiza a pesquisa faz enorme diferença nos resultados. No interior e cidades mais pobres, a aprovação ao governo é extremamente alta, então não pesquisar nestas cidades reduz os índices do candidato do governo. E mais, quando o candidato do governo for anunciado oficialmente, o apoio ao governo deve se transformar quase in totum em apoio ao candidato do governo. Nas condições atuais, a vitória do candidato do governo é certa.

2. Entretanto as eleições não ocorrerão hoje, ocorrerão em 2010. Portanto a oposição tem alguma chance. Mas precisa encontrar um discurso. No Brasil, o discurso da corrupção não “pega”. O PT enquanto buscou pautar as eleições no discurso da moralidade e anticorrupção apenas acumulou fracassos. As vitórias vieram quando o PT abandonou o denuncismo. A corrupção não é um bom mote em campanhas eleitorais no Brasil, porque a visão do eleitor brasileiro é que todo político é corrupto por definição. Então na lógica popular todos os políticos irão roubar, portanto, o fato de um candidato sofrer acusações não o faz perder votos de forma significativa, exceto em casos de exposição sistemática na mídia com uma campanha orquestrada. Basta ver o caso de Paulo Maluf, que sempre aparece como candidato viável ao governo de São Paulo mesmo após anos de denúncias e acusações. Os ataques sistemáticos que sofreu ao longo do tempo impede que seja eleito governador, mas não impede que tenha apoio suficiente para aparecer como candidato “viável”.

3. O discurso contra o governo Lula, um ataque direto também é uma estratégia equivocada. O alto apoio da população ao governo Lula significa que a população entende que o governo Lula melhorou a sua vida. Atacar o governo então fará com que a oposição seja vista como uma ameaça a estas conquistas. É preciso defender as conquistas do governo Lula e propor algo mais. É preciso mostrar que é possível ir além do que o governo Lula fez.

4. E neste caso, a oposição tem outro problema, José Serra. É difícil vender José Serra como o novo. Ao contrário, Serra representa o velho. Ele perdeu para o Lula porque representava o velho, a continuidade do governo FHC. Diante do Serra, Lula e seu candidato continuará representando o novo, porque será possível retomar o velho debate entre PT e PSDB comparando os governos FHC e Lula. E aí novamente, independente das explicações que dê, o governo Lula sai ganhando. Nenhum candidato que precise ficar explicando que o governo lula foi bom, mas pelas conquistas que foram sendo construídas ainda no governo FHC será viável. O povo pensa em termos conjunturais, pensa considerando os dois governos como momentos independentes um do outro e olhando assim, o governo Lula é claramente vitorioso.

5. O discurso do novo gera a necessidade de um novo candidato. Neste sentido, apesar de estar atrás nas pesquisas Aécio Neves teria maiores condições de representar o novo dentro da aliança PSDB-DEM. Seria um candidato popular em seu estado, capaz de fazer aliança e com condições de não adotar um posição de confrontação com o governo Lula e sem a obrigação de defender o governo FHC. Ele não entraria na campanha rotulado.

6. Mas a situação da oposição é tão complicada, que dentro da crise do Senado surge uma alternativa dentro dos quadros do próprio governo capaz de representar o novo com maior eficácia do que Aécio Neves, Marina Silva. A senadora Marina Silva pela sua história e posições políticas consegue se apresentar de forma muito mais efetiva como uma novidade na política brasileira. Inclusive porque é muito mais difícil ataca-la. Não por não possuir defeitos, mas porque qualquer ataque a colocaria na posição de vítima. Vítima ao longo da vida, da sua história, e atacada por políticos inescrupulosos. Então, caso a sua candidatura decole, será difícil para os adversários confrontá-la diretamente seja quais for os adversários.

7. Se nada novo acontecer que abale a popularidade do governo de forma significativa, teremos uma eleição com três candidatos. O candidato do governo, a ministra Dilma, representando as novidades introduzidas pela governo Lula. O candidato da oposição, o governador José Serra, com o discurso de manter as conquistas do governo Lula acrescentando a maior capacidade de gestão do PSDB. E a senadora Marina Silva, com pouco tempo de TV, falando em mudar as práticas políticas, sustentabilidade ambiental, e com a continuidade das políticas sociais do governo Lula. Se todos os candidatos serão obrigados a dizer que manterão as conquistas do governo Lula, porque alguém imagina que o candidato do governo, seja a ministra Dilma ou outro, não vencerá as eleições?

Nenhum comentário: