"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Quando a tristeza é profunda não há palavras que a descreva!

Todas as obras importantes que abordam a beleza dos sentimentos originam-se da frustração, da decepção com os sentimentos, são produtos de sensações de sensações que o indivíduo não gostaria de sentir e que por isso buscar recuperar, com nostalgia, os belos sentimentos e sensações do passado. Ele espera sentir novamente, recuperar aquele mundo (idealizado?) de belos sentimentos. Mas para tanto a tristeza e a decepção devem se suportáveis. Porque a tristeza profunda é muda e feia nada consegue acrescentar, nem mesmo em palavras, de belo no mundo. A tristeza quando não está acompanhada da nostalgia, mas de raiva, de indignação, de protesto não tem nada a dizer, só é capaz de se expressar em atos, em atos violentos ou loucos. Porque a tristeza não é capaz de dar sentido á vida, não é mesmo capaz de dar sentindo a um dia de uma existencia. Diante da tristeza profunda só há a insanidade ou a resignação absoluta que leva a depressão. No mundo das superficialidades, a tristeza não é aceitável. Entretanto, a tristeza (ou a melancolia) também faz pensar e dar a conhecer o mundo. A tristeza pelo mundo permite limar, em definitivo, os últimos vestígios da esperança que ainda houvesse sentido em lutar e em resistir a um mundo cada vez mais inóspito. Entretanto no meio da barbárie apenas os bárbaros resistem, apenas os bárbaros sobrevivem. O problema é que mesmo os bárbaros não se realizam na barbárie, ou pelo menos, se reconhecem que estão na barbárie, precisam imaginar que aquele é o melhor dos mundos possíveis, e não conseguindo sair da barbárie precisam que os outros se afundem nela. Mas continuam crendo que estão evitando o pior. É o mesmo problema dos ignaros, não reconhecem a posição na qual estão, e, portanto, são incapazes de avaliar o seu próprio mérito e o alheio. E com isso escolhem como melhores aqueles que cultiva a ignorância e a apatia. A recusa em pensar que se consolida no mundo e tolhe qualquer resquício de vida ilustrada se produz na medida em que cada cada um quer se colocar como grande mestre e sábio e exige dos outros a resignação, a aceitação e a conformação às verdades que são reveladas. Ora, nas verdades reveladas pela ignorância, que ser arvaora emabedoria, não pode produzir nada além de injustiça. A marca da ignorância no mundo é a injustiça. A injustiça se propaga e se consolida sempre que o outro é desrespeitado, sempre que o mérito alheio é vilipendiado para que a minha própria ignorãncia não seja revelada. Quando se tem por objetivo esconder a ignorância e não confrontar conhecimentos é porque já não faz mais sentido pensar no futuro, porque ele foi suprimido. O mundo é bárbaro, o mundo é um confronto de ignorantes geridos pela estupidez, e já não há mais instituição que não seja regida pela tacanhez intelectual. O Brasil é um país pobre, mas é um país mais pobre ainda em espíritos. E os espíritos mais tacanhos circulam onde deveriam circular os melhores. Os economistas dizem que os bancos fazem uma seleção adversa, tendem a selecionar os piores devedores. Não são apenas os bancos. No mundo intelctual brasileiro o que prevalece, o que domina é a seleção adversa, sempre os piores são escolhidos e quando alguém com mérito é escolhido tende a se perder se não reconhece com rapidez a ignorância e a tacanhez do mundo que o cerca. Por isso, não há esperanças a serem alimentadas. Ao contrário de um texto que sempre gostei de citar é preciso reconhecer que não está florescendo em canto algum novos sonhos, novas esperanças, novas utopias. Ao contrário, a marca do mundo dos bárbaros é destruir a esperança, o ardor de conhecer e contestar apresentando alternativas criativas para um mundo doente. No mundo doente, apenas os doentes parecem sãos, apenas os que nada podem oferecer além de uma existência miserável e deprimente podem ser reconhecidos e sobreviver. Do contrário, constata-se a própria enfermidade. Alguém uma vez escreveu que as empresas precisam dos neuróticos, porque o que fariam sem aqueles que estão dispostos a sacrificar  a esposa e os filhos para o bem da empresa? É isso. É exatamente este o padrão da sociedade. É preciso transformar defeitos em virtudes, as virtudes em defeitos, o mérito em demérito, e o demérito em mérito. Para que nada se perca e todo o esterco possa ser aproveitado. Na sociedade que vive do guano é preciso perpetuar o engodo e frutificá-lo. Tenho uma ex-aluna que diz que sempre que ela pensa que está muito pessimista e conversa comigo, ela se descobre otimista. Eu sempre penso que o meu pessimismo já alcançouo seu máximo e que não mais poderei ser surpeendido, que o mundo não pode se revelar pior do que já o reconheço. Mas sempre me engano, o mundo sempre consegue se revelar pior, mais mesquinho, mais sórdido, as pessoas mais oportunistas do que eu já imaginava. E com o pessimismo insuficiente não é possível me preservar da tristeza e das frustrações que eu esperava poder evitar.

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