"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sábado, 15 de novembro de 2008

É o fim do neoliberalismo?

Já se velou muito difunto que "ressuscitou" quando o caixão estava baixando, então ainda não é hora de acendermos vela para o neoliberalismo. O neoliberalismo é mau difunto, especialmente porque só o conhecemos pelo apelido. O que a esquerda chama de neoliberalismo é um fantasma criado pelos próprios críticos que jogam dentro de um mesmo rótulo uma série de idéias que nem sempre pertencem ao mesmo universo teórico e intelectual. Há uma riqueza teórica no interior do "neoliberalismo" que passa despercebido aos críticos. Atacar uma série de bobagens ditas por Milton Friedman é fácil, atacar o autoritarismo do Hayek  também, entretanto as concepções ortodoxas da economia são amplas e variadas. Antes do difunto ser enterrado é conveniente manter a atenção para ver se não será apenas uma mudança na corrente hegemônica no interior da própria economia ortodoxa.

E às vezes o que parece diferente não é senão outra forma de apresentação do mesmo conteúdo. Os setores reformistas, a esquerda não-revolucionária estabeleceu um caso de amor com Stiglitz. Entretanto o Stiglitz pelo qual eles se apaixonaram não existe, ou melhor, existe apenas no discurso político. O universo teórico de Joseph Stiglitz  é o da economia neoclássica. Stiglitz não é um keynesiano de fato, é keynesiano apenas dentro do universo da economia neoclássica das expectativas racionais. Ou seja, reconhece que há alguns entraves no mercado que impedem que o mercado funcione como previsto pela teoria dos novos clássicos. Mas daí a ser keynesiano no sentido que será keynesiano nos 1950, 1960 ou no sentido dos pós-keynesianos, ou mesmo ser um heterodoxo qualquer que seja o sentido do termo há uma longa distância. A teoria do Stiglitz não fundamenta um novo mundo, apenas melhora a maquilagem do velho mundo. E aí que mora o perigo, é bastante provável que as principais propostas de reforma do sistema ao invés de resolver o problema sirvam apenas para encobri-lo.

Do ponto de vista das relações internacionais também não se deve ter muitas esperanças no fim do neoliberalismo porque esta é uma crise sui generis, é uma crise sem vencedores. E quando não há vencedores gera-se uma indefinição sobre o princípio que irá fundamentar a reorganização do sistema porque ninguém é capaz de impor o seu e a disperidade de interesses impede a formação de um consenso na ausência de hegemonia clara. Por exemplo, na crise atual, uma solução séria para crise envolveria uma redefinição da posição do dólar na economia mundial e uma imposição de uma reorganização do setor externo norte-americano. Mas quem acredita que isso irá ocorrer? Quem imporá isso aos EUA? E que presidente norte-americano proporá uma reforma que implique uma perda de improtância do dólar na economia mundial?

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