"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 16 de dezembro de 2007

Schopenhauer: Aforismos para a sabedoria de vida

Diz Schopenhauer: "Nossa vida prática, real, quando as paixões não a movimentam, é tediosa e sem sabor, mas quando a movimentam, logo se torna dolorosa. Por isso, os únicos felizes são aqueles aos quais coube um excesso de intelecto que ultrapassa a medida exigida para o serviço da sua vontade. Pois, assim, eles ainda levam, ao lado da vida real, uma intelectual, que os ocupa e entretém ininterruptamente de maneira indolor e, no entanto, vivaz. Para tanto, o mero ócio, isto é, o intelecto não ocupado com o serviço da vontade, não é suficiente; é necessário um excedente real de força, pois apenas este capacita a uma ocupação puramente espiritual, não subordinada ao serviço da vontade. Ao contrário, otium sine litterus mors est et hominis vivi sepultura (o ócio destituído de ocupação intelectual é, para o homem, morte e sepultura em vida) (Sêneca, Ep.82)."

Schopenhuaer está certo quando diz que vida sem paixão é tediosa e que a vida com paixão é dolorosa. É um dilema inescapável, e por isso, o intelecto não salva, ao contrário, do que pensa Schopenhauer pensar não é se afastar do mundo, mas mergulhar no mundo e portanto ficar mais perto das dores e das chagas do mundo. O próprio pessimismo de Schopenhauer é produto da sua ação no mundo, de pensar o mundo, portanto cada vez que ele buscava se refugiar no mundo das idéias para se proteger da dor da paixão, não se enganem Schopenhauer era um apaixonado, ele de fato aprofunda a sua tristeza, a sua dor porque via as misérias do homem. Schopenhauer buscava no mundo as virtudes e as idéias que pudessem redimí-lo, nunca as encontrou e nunca deixou de buscar. Schpenhauer ansiava pela morte, mas apesar de ter sido uma pessoa de saúde frágil viveu muito, a morte não ansiava por Schpenhauer. Na medida que a morte não o agraciou com o seu amor, Schpenhauer sempre buscou uma razão para ele mesmo não abraçar a morte. Antes das besteiras da Nova Era e da penetração do misticismo oriental no Ocidente, Schopenhauer foi o primeiro grande pensador a sofrer influência do budismo. E tentou fundamentar a partir daí a idéia que apesar da vida ser trágica, da vida ser dolorosa, o suicídio não era uma saída, era preciso suportar a vida estoicamente enquanto esperava (ansiava) pelo beijo seco da morte. E ironia das ironias, talvez a morte o amou no momento em que ele menos desejava o amor da morte, porque já tinha outros amores. Schopenhauer sofreu no início da carreira por ser ignorado pelos seus pares. Schopenhauer inicia a vida universitária muito tarde já estava na casa dos 30 anos. Parêntesis. Numa das biografias que eu li de Schopenhauer já há bastante tempo dizia que no mesmo momento que ele entrou na faculdade com mais de 30 havia lá um destes garotos prodígios, entrou na faculdade com 13 anos. E hoje ninguém tem notícia do garoto, enquanto Schopenhauer é célebre, deu uma contribuição ao pensamento universal, desde que li sobre isso já não me entusiasmo com a celeuma que a imprensa cria diante dos pequenos gênios, porque em geral são isso e apenas isso, pequenos gênios. Fim do parêntesis. E Schopenhauer começou num momento não propício para suas idéias. Hegel dominava a filosofia alemã. Hegel e filosofia do progresso, o mundo que saudava a Revolução Francesa, a Revolução Industrial, o mundo que ansiava pela rendenção do homem que parecia estar próxima ao alcance da mão. São os debates entre hegelianos de esquerda e hegelianos de direita. É Marx como discípulo de Hegel. Schpenhauer passa pelos corredores da Universidade de Berlim e vê a sala de Hegel cheia de alunos, e a sua vazia. Pior, Hegel tem centenas e mesmo milhares de discípulos inclusive fora da Alemanha e Schopenhauer é desprezado inclusive pela mãe que diz que dois gênios não podem viver na mesma casa. E para o lamento de Schopenhauer, Hegel morreu, mas seu pensamento não cessa de florescer. Apenas no fim da vida, quando o hegelismo se radicalizou no marxismo, quando o otimismo com a ciência e técnica se retrai, quando a beleza da Revolução Francesa é substituída pelo medo dos proletários é que Schopenhauer encontrará o seu lugar no mundo intelectual alemão. E aí ele terá os seus discípulos, sendo o maior deles, Nietzsche. Sua opus magnum "O mundo como vontade e como representação" será reeditada e principalmente será lida. Neste momento, o velho pessimista Schpenhauer pode estampar um sorriso irônico, para Schopenhauer isso já quase felicidade. Mas antes que ele pudesse renegar o seu pessimismo que nos alimenta, a morte veio e lhe deu o último afago de carinho mostrando que realmente Schopenhauer estava certo, não há nada além da dor, mesmo que sua obra estivesse sendo aceita.

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