"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

WikiLeaks, Brasil, EUA e Conselho de Segurança

A divulgação dos telegramas norte-americanos pelo WikiLeaks mostra que os EUA não aprovam a inclusão do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, entre outras, coisas, porque o Brasil não se alinhou às posições norte-americanas nos últimos anos. Isso refletiria uma imaturidade da diplomacia brasileira. Com a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, aumenta especulação sobre o assunto, se o Obama vai apoiar a candidatura brasileira como fez com a China ou ainda sobre o esforço dos diplomatas que preparavam a visita de Obama para tentar evitar que ele seja questionado sobre o assunto.

Alguns pontos importantes sobre a questão:

1. Interessante os americanos serem contra a presença do Brasil, porque o Brasil divergiu dos EUA. Se isso fosse o motivo, então não poderiam apoiar a Índia. O que gera estranheza e desconfiança nos EUA é um país latino-americano não se alinhar automaticamente às teses americanas. Até a Folha de São Paulo foi capaz de perceber isso:

“O Brasil ainda não é "maduro" o suficiente para ser um ator global. Precisa ser "encorajado" pelos EUA a assumir "responsabilidades", aprendendo a "confrontar" outros países se necessário.
Avaliações como essa de dezembro de 2009, em tom paternalista e às vezes irônico, predominam na reação de diplomatas americanos em Brasília à campanha brasileira por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.”

2. Outro aspecto curioso é como as críticas americanas à política externa brasileira são convergentes com as críticas que aparecem na imprensa brasileira publicadas pelos luminares brasileiros.

3. Ainda que o Brasil queira de fato uma cadeira no Conselho de Segurança, nesse momento, ser candidato a uma cadeira no Conselho de Segurança é mais importante do que ter o assento permanente . Caso o Brasil não fosse candidato haveria uma desmobilização da política externa brasileira, o Brasil perderia importância no sistema internacional. E isso é mais importante por ser improvável uma reforma no Conselho de Segurança.

4. A reforma da ONU e do seu Conselho de Segurança é improvável, e ainda que ocorra, as mudanças poderão ser vetadas por qualquer membro permanente. Portanto, não basta ter o apoio de um, é preciso o apoio de todos.

5. Neste sentido, o apoio dos EUA à Índia é mais uma estratégia para a região asiática e um posicionamento em relação à China do qualquer outra coisa. A Índia não ficou mais perto de ser membro do Conselho de Segurança por ter o apoio dos EUA. Indianos e norte-americanos sabem disso. Sinalizam uma aliança para a chineses verem.

6. Se o Brasil não apoiasse a entrada da Índia e do Japão no Conselho de Segurança, poderia obter o apoio da China. Mas isso não o aproximaria mais do Conselho de Segurança. Incapaz de realizar uma política de poder, o Brasil realiza uma política de alianças amplas, de cooperação, de prestígio e de defesa de princípios que fortalecem as instituições em relação ao arbítrio, qualquer estratégia de confrontação desmoralizaria a estratégia brasileira.

7. Os conflitos diplomáticos entre o Brasil e os EUA em algumas das principais questões internacionais decorrem da estratégia brasileira para se projetar internacionalmente. O Brasil precisa se opor à política de poder tradicional que os EUA e as grandes potências praticam, porque neste tipo de política o Brasil não tem protagonismo e não tem condições de praticá-la.

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