"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Saraiva Guerreiro: política externa

O êxito do país depende do que ele é intrinsecamente e da conjuntura externa, que muda freqüentemente, o que parece óbvio. É preciso ter um fio condutor para enfrentar as conjunturas que vão variando, princípios, parâmetros, objetivos próprios e uma extraordinária visibilidade para medir, para graduar, para matizar, as razões concretas.

Às vezes é preciso saber o que fazer, em minutos, em cima do fato. Se não tiver um fio condutor e um sentido do que “The traffic will bear”, tudo mais falha. Por isso, podem qualificar a política que executei como principiata ou como pragmática, e optando por uma ou outra qualificação estaremos certos e errados ao mesmo tempo. Poder-se-ia escrever um livro sobre o tema, de interesse intelectual, mas que não ensinaria a agir.

Outro ponto objeto de confusões e criador de falsos problemas é a ênfase econômica em contraposição a política. O essencial, disse, é ter o fio condutor e agir com sensibilidade e oportunidade, senão tudo mais falha. A essência da política externa é política. É um truísmo dizer isso, mas necessário porque as pessoas se esquecem. Agora, o grosso do trabalho de uma chancelaria pode ser e, em dados momentos, é, sobre coisas concretas, acordos de comércio, protecionismo, promoção comercial, etc... Se você for ver a massa de papéis que correm no ministério, grande parte é sobre assuntos econômicos. Em 1958, os secretários que estavam lotados na Embaixada em Washington, praticavam, depois do expediente, um exercício sobre a política externa brasileira, o que ele poderia ou deveria ser. Quase todos os participantes diziam que o objetivo era o desenvolvimento econômico, o comércio, o financiamento etc., o que era a conclusão fácil a vista do dramático atraso e pobreza. Achei bom, entretanto, dizer que estava “tudo muito bem, mas gostaria de fazer uma observação. Um país como a Suíça, por exemplo, pode ter 90% da sua atividade diplomática dedicada a vender relógios, equipamentos, serviços, etc. Mas qual era a prioridade da política externa da Suíça? É que respeitam estritamente sua neutralidade”. Tal objetivo, nesse caso específico depende de uma linha de comportamento determinada que, às vezes, se reflete em decisões práticas, mas que não implica um “volume” de trabalho muito grande e contínuo. O importante é ter um conceito, uma convicção firme e não se afastar. No caso do Brasil, precisaríamos de um conceito, de uma idéia em torno da qual tudo mais giraria. Embora o grosso do trabalho pudesse até ser na área econômica, essa ideia deveria transcender essa área. Por motivos geográficos e estratégicos essa idéia não era essencialmente de segurança imediata. Outro falso problema é o da opção 1° Mundo, 3° Mundo. Está-se num, ou noutro como uma questão de fato, não de escolha política. A opção política pode nos aproximar de um ou de outro conforme o assunto, o momento, e outras variáveis.

GUERREIRO, Ramiro Saraiva. Ramiro Saraiva Guerreiro (depoimento, 1985). Rio de Janeiro, CPDOC, 2010.

http://www.fgv.br/cpdoc/historiaoral/arq/Entrevista841.pdf

Nenhum comentário: