"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mídia e Política Externa Brasileira

A crise do Egito serviu para demonstrar como a mídia brasileira age como o governo brasileiro, que ela critica. De acordo com os interesses e as circunstâncias, mudam a forma de tratar os governos. Procurem as reportagens sobre o Egito anteriores à crise atual e vejam quantas vezes o presidente do Egito foi tratado como ditador! Agora só aparece como ditador. E buscam tratar todo o mundo árabe-islâmico como igual. No domingo (06/020, a Folha fez uma ilustração (Mundo, p. 2 e 3) na qual colocava o tempo no poder de diferentes governos da região, e ao transmitir uma visão negativa sobre longo tempo no poder acaba igualando governos que não são iguais ao juntar reis, primeiro-ministros, presidentes e o pior, líderes espirituais. Ao tratar do Irã, ao invés de reconhecer que há eleições no Irã e colocar o tempo no poder do presidente Ahmadinejad, a Folha opta por colocar o tempo durante o qual o Aiatolá Ali Khamenei é o líder espiritual do Irã.  No Estadão (também de 06/02, A19) um título de uma “notícia” era “Brasil tratava ditadores como ‘amigos’”, e um dos amigos “ditadores” era novamente o presidente do Irã. Ficam duas dúvidas, primeiro quando o Brasil agiu diferente? Agora outra questão mais difícil, quando o governo se afasta ou se aproxima de um governo estrangeiro por razões ideológicas, a política externa é criticada por ser ideológica, e quando o governo mantém relações com outros países independente de questões ideológicas, a política externa é criticada por seguir a realpolitik?

Todos os dias na imprensa lemos ou que a política externa da presidente Dilma é e será diferente da política externa do presidente Lula ou que ela deve ser diferente. Também gostam de dizer que com o Patriota será uma política externa técnica, o que se fizesse algum sentido seria uma contradictio in adjecto, mas é só ignorância mesmo. Supondo que um  ministro quisesse fazer uma política externa técnica deveria ser demitido por não saber o que é política externa e nem o que está fazendo. O que a imprensa quer dizer na verdade é que o Celso Amorim era voluntarista, e, portanto tomava várias decisões e iniciativas no campo da política externa; enquanto o Patriota será mais passivo. Isso é possível, se a notícia do Estadão for verdadeira, ele não apenas será passivo, como se preocupará mais com questões internas ao MRE, em agradar os seus pares para ampliar a força interna do que se preocupar com as iniciativas brasileiras de política externa, e aí com certeza ele será um péssimo ministro das relações exteriores. Mas é improvável que isso ocorra, porque não apenas o enfraqueceria, como enfraqueceria o MRE, já que a assessoria internacional continua com  Marco Aurélio Garcia e ele não irá recuar. E Garcia conta claramente com o apoio da presidente Dilma, que teve uma excelente oportunidade de se livrar de Garcia colocando-o na Unasul, mas pediu para ele continuar no governo dela e recusar o cargo na Unasul. Portanto, ainda que a grande imprensa brasileira não goste, as iniciativas sul-americanas, latino-americanas e Sul-Sul de um modo geral, continuarão. E ainda contarão com a participação do ex-presidente Lula.

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