"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Brasília, 50 anos

Hoje é o dia do aniversário de Brasília e vários jornalistas e comentaristas tiraram o dia para falar mal de Brasília. É um equívoco.

1. Brasília é a síntese do modelo brasileiro de desenvolvimento. Várias da críticas feitas à brasileira nada mais são do que críticas que deveriam ser generalizadas para o Brasil. A divisão entre o moderno e o arcaico, entre a alta renda e a baixa renda, pobreza, ilegalidade, especulação imobiliária, corrupção, tudo isso é o Brasil.

2. Na origem se imaginou fazer uma cidade perfeita que sinalizasse o rumo que o Brasil tomaria a partir dali, uma cidade que não retratasse o nosso atraso. Logo que a construção foi iniciada, Brasília já se inseriu na realidade mais crua da sociedade brasileira, com os movimentos migratórios, com as habitações improvisadas nas bordas da cidade planejada. O espaço de Brasília foi organizado pára refletir uma integração social, comunitária, democrática que se esperava que fosse o padrão a ser generalizado para o Brasil. Um projeto arquitetônico que sintetizasse uma plano de mudança para o Brasil. Não sabemos se este plano seria viável e se concretizaria se tivessem dado continuidade. Mas é sabido que o regime militar interrompe este processo do ponto de vista social. E que após a Constituição de 1988, Joaquim Roriz irá se encarregar de destruir esta projeto do ponto de vista espacial, econômico, etc. Brasília era para sinalizar uma mudança, uma transformação social e foi levada na prática pelos governos militares e por Roriz e seus asseclas a sinalizarem a permanência do status quo. E isto aparece em coisas triviais. Estive em Gramado há mais de uma semana e uma das coisas que surpreenderam as pessoas que foram para Gramado é que os motoristas (da cidade, porque os turistas…) paravam na faixa de pedestre. Durante o governo Cristovam Buarque em Brasília, isto se tornou o padrão depois de intensa campanha. Brasília voltava a se civilizar a partir de coisas simples como o respeito às leis de trânsito, voltava a ser um exemplo. Bastou o Cristovam perder a eleição e o Roriz voltar para isto se perder rapidamente. O trânsito volta a ser terra de ninguém. Brasília é a vítima, não é a causa das nossas mazelas.

3. Brasília surge como uma carte de intenção sobre o que se queria fazer do Brasil. Na medida em que este projeto é abandonado, Brasília é  entregue às traças. Recuperar o projeto brasileiro de desenvolvimento começa por recuperar Brasília e com isso os sonhos que Brasília simbolizava. Concretamente hoje isso passa pela intervenção federal em Brasília, e pela mudança no modelo de governo da capital federal.

4. As superquadras de Brasília são uma idéia excelente e ainda servem como modelo de organização urbana. Brasília é uma cidade bonita, agradável e habitável.

5. Para resolver boa parte dos problemas de Brasília é preciso uma aplicação rigorosa da lei em relação a ocupação dos espaços. Se tudo que for construído infringindo a lei for demolido, especialmente a ocupação irregular de classe média e alta, Brasília começa a deixar de ser terra de ninguém. Obviamente que para os setores populares é preciso definir uma política de oferta de imóveis que cesse o crescimento descontrolado da cidade sem qualquer tipo de infra-estrutura, e que coloca esta população refém de políticos do tipo Joaquim Roriz.

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