"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sábado, 22 de setembro de 2007

Irã

21/09/2007
Hosein Saffar-Harandi, ministro da Cultura do Irã: "Sou contra a música que faz perder a compostura"

Ángeles Espinosa
Em Teerã

À frente do Ministério da Cultura e Orientação Islâmica, Mohamed Hosein Saffar-Harandi recebe todas as críticas dos iranianos reformistas e liberais pelas crescentes restrições à liberdade de expressão. Saffar-Harandi (nascido em Teerã em 1953) subestima as acusações e, às vésperas de sua viagem à Espanha, onde participará hoje de uma conferência organizada pela Unesco, declara a EL PAÍS que sob a presidência de Mahmud Ahmadinejad "a tolerância aumentou".

El País - Intelectuais e jornalistas queixam-se de um aumento da censura com Ahmadinejad. A que se deve isso?
Mohamed Hosein Saffar-Harandi - O senhor tem provas? Durante este governo foram enviados a julgamento menos jornalistas e se fecharam menos jornais do que nos anteriores. As críticas ao governo aumentaram, o presidente foi atacado pessoalmente, inclusive de forma desrespeitosa. Talvez se deva à maior tolerância do presidente.

EP - Os editores também afirmam que encontram mais obstáculos para publicar seus livros. Por que seu ministério limita os títulos que os iranianos podem ler?
Saffar-Harandi - No final as pessoas é que decidem o que comprar. Se não gostam de um livro, ele não é vendido. Todo mundo é livre para divulgar suas idéias, mas há limites legais, entre eles não ofender o próximo, as crenças islâmicas e a identidade nacional. Nossas limitações para publicar são comparáveis às que existem na Europa e nos países ocidentais para o tema do Holocausto. Tenho ouvido falar que lá há intelectuais que são processados, multados ou presos, e editoras fechadas por discordar do discurso oficial sobre o Holocausto.

EP - O senhor gosta de música? Dizem que é contra o rock e o rap.
Saffar-Harandi - Sim, gosto. Mas ela deve cumprir algumas condições, entre elas que não faça as pessoas saírem de si e perderem a compostura. Ouvi falar que alguns estilos, não o próprio rap, mas o heavy metal e algum outro, com o uso de alucinógenos, chegam a levar [os jovens], enquanto conduzem a toda velocidade, a abrir as janelas ou as portas e saltar do carro. Sou contra esse tipo de música.

EP - O governo lançou uma campanha de moralidade que, entre outras medidas, cuida para que as iranianas respeitem a cobertura islâmica, o jihab. No entanto, o presidente disse depois de sua eleição que havia problemas mais urgentes a solucionar. Já fizeram isso?
Saffar-Harandi - Ao contrário da imagem que se tem fora, de uma campanha policial e de confronto, é mais de orientação e de instrução moral às pessoas que possivelmente tenham esquecido o comportamento social [correto] e não o respeitem. As medidas que a polícia tomou afetam principalmente as pessoas que saíram à rua vestindo intencionalmente roupas que não são adequadas à nossa sociedade porque lhes pagam um dinheiro mensal para isso.

EP - Pagam? A quem?
Saffar-Harandi - A polícia identificou algumas fontes. Procedem daqueles que pretendem que traiamos nossa cultura.

EP - O senhor atribuiu a hostilidade dos EUA contra o Irã à batalha que travou contra a filosofia ocidental. Fechar-se para o exterior não será empobrecedor para o Irã?
Saffar-Harandi - É claro que não concordo em fechar as portas à filosofia ou à sociedade de nenhum país. A razão principal da hostilidade do Ocidente contra nós, que se tornou patente desde o início da revolução, é seu desacordo com nossa volta ao islã e nossa rejeição à laicidade, ao liberalismo e à social-democracia.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/elpais/2007/09/21/ult581u2257.jhtm

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