"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 16 de setembro de 2007

As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen

Na graduação em REL no curso de Introdução ao Estudo da História com a Tereza Negrão tivesmo que ler dois livros do Michel Löwy "Ideologias e Ciências Sociais" e "As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen" (esses livros fazem falta, tenho ex-alunos que saíram da faculdade acreditando na neutralidade da ciência, é uma pena, mas estamos regredindo intelectualmente). O Barão de Münchhausen aqui representa o idealismo alemão, mas representa também o positivismo, as concepções metodológicas weberianas e popperianas, é uma crítica a idéia que o cientista possa se colocar fora do próprio objeto que está sendo analisado reproduzindo a cena do Barão de Münchhausen que salva do afogamento levantando a si mesmo puxando pelo cabelo e segurando seu cavalo com as pernas. Enfim, desde que li o livro do Michel Löwy associo o Barão ao idealismo. Qual não é então a minha surpresa ao ler Schopenhauer e a mesma cena ser explicada para definir o materialismo, para exprimir o absurdo que seria afirmar que a matéria existe em si e absolutamente não necessitando do ser pensante. Ora estamos em Schopenhauer, então, a primeira forma de existência do mundo é a representação. Esta é uma vantagem de se estudar sempre a partir dos grandes autores, sempre se descobre novos argumentos. Schopenhauer é um sujeito revoltado por não ter a obra reconhecida, só no final da vida é que alcança alguma fama, mas isso não o impede de colocar o seu projeto intelectual como a vanguarda do pensamento filosófico que só poderá ser compreendida pelas gerações futuras, então depois de dizer que Hegel e Fichte são uma bobagem, ela afirma que seu diálogo é com Kant, ou melhor seu projeto é apontar os erros de Kant e mostrar o caminho correto. Para quem vivia no ostracismo intelectual atacar Kant, Hegel e Fichte de uma vez só poderia ser um projeto que consumiria a vida e que se materializaria num pessimismo existencial. Antes destas besteiras de nova era, Schopenhauer é o primeiro a dialogar com o budismo, o hinduísmo, e claro, no fim ele dirá que o hinduísmo é um caso particular da sua teoria geral. A obra de Schopenhauer, no nível pessoal, é uma tentativa de demonstrar que o mundo é uma desgraça, mas ainda assim o suicídio não é uma alternativa filosoficamente válida. Notem que ser pessimista não é fácil.

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