"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Intelectuais brasileiros

O mundo intelectual brasileira é cheio de picuinha. A quantidade de picuinhas é inversamente proporcional à qualidade intelectual. Então se vc faz parte de um determinado grupo, você exclui das suas leituras quem não faz dele. Cita os amigos e ignora o resto. Mas o que não falta no Brasil é sumidade intelectual, gente para dizer que iniciou uma nova corrente teórica.

Mas alguns tem mais idiossincrasias que os outros. O Bresser Pereira é um deles. De fato, Bresser é um administrador, porque estudou administração e porque trabalhava no Pão de Açúcar. E boa parte dos livros dele foram publicados por isso, ele tinha dinheiro. E conseguiu criar uma entourage pela mesma razão. Mas a maior parte dos grupos intelectuais ridicularizam o Bresser pela simplicidade da sua obra e por querer atirar para todo lado. Na Unicamp, todo mundo falava mal. Estes dias recomendei um livro ORGANIZADO pelo Bresser “Sociedade e Estado em Transformação” e logo recebi um a resposta, “Bresser hein? não te reconheço”. E respondi “ o livro é ORGANIZADO pelo Bresser, não escrito.” O Bresser também já foi ministro de tudo, da Fazenda, da Administração e Reforma do Estado (o famigerado MARE), da Ciência e Tecnologia. Duro saber onde o estrago foi maior. Mas a pior concepção teórica certamente foi a adotada no MARE, a criatura teve a coragem de escrever no Plano Diretor da Reforma do Estado, que era preciso reduzir os salários mais baixos do setor público porque eram mais altos que os do setor privado e que era preciso aumentar os salários mais alto do setor público porque eram mais baixos do que os do setor privado. Ou seja, é preciso reduzir o salário da telefonista que trabalha para o governo porque ela ganha mais do que uma telefonista que trabalha para uma empresa privada. Mas o salário do ministro, do secretário executivo do ministério deve ser aumentado porque eles ganham abaixo do que ganhariam no setor privado numa função equivalente. Ou seja, a idéia era aumentar a desigualdade de renda no setor público, e o pior era apresentar esta idéia como moderna.

Mas o mais pitoresco no Bresser Pereira é que se os outros não o reconhecem como grande intelectual ele mesmo faz o trabalho. Já contei aqui do seminário promovido por ele para tratar de três gerações de economistas brasileiros, Celso Furtado, Ignácio Rangel e Bresser Pereira. Não há parâmetro de comparação entre o Bresser e os outros dois. Furtado e Rangel são maiores, muito maiores do que o Bresser.

O Bresser fez mais. Na década de 80, ele escreveu um artigo sobre sete interpretações sobre o Brasil. Ele se colocou como o fundador de uma delas junto com outros intelectuais respeitáveis na época como FHC. A questão era mostrar como ele estava na vanguarda. Na década de 90, ele reescreveu o artigo. Agora eram 9 correntes de interpretação do Brasil, além da anterior, agora ele tinha fundado mais uma corrente teórica que tinha visão moderna e atualizada sobre o Estado e o desenvolvimento e que seria a concepção intelectual predominante no governo FHC. De novo ele se coloca como ponta de lança intelectual do grupo, e coloca dentro do mesmo grupo outros intelectuais mais celebrados. Hoje ele deveria reescrever o artigo e incluir uma décima corrente também fundada por ele, porque ele já virou oposição ao governo FHC depois de ter sido ministro do MARE e da Ciência e Tecnologia.

Outra teoria da qual Bresser tenta se apossar é da teoria da inflação inercial. Na década de 80 a teoria da inflação inercial ficou famosa no mundo, há controvérsia sobre sua originalidade. mas de fato foi considerada uma “criação” brasileira da PUC-Rio em duas versões distintas a de André Lara Resende e Pérsio Arida e versão de Francisco Lopes. O Bresser se esforça para se colocar também como pai da inflação inercial, escreve também dizendo isso. Nunca li em nenhuma outra obra sobre a contribuição do Bresser para a teoria da inflação inercial, só no próprio Bresser.

Também colocou na sua biografia um livro intitulado “Os tempos heróicos de Collor e Zélia”, onde faz a apologia dos dois. Mas quanto ao governo Collor pelo menos ele não se queimou sozinho. Fernando Sabino com “Zélia, uma paixão”, Luís Nassif com seus artigos na Folha, e Antônio Kandir com a atuação no Ministério da Economia lhe prestaram solidariedade.

Um comentário:

Unknown disse...

Obrigado por postar sobre o Bresser Pereira. Minha mãe não tem boas lembranças dele como ministro...