"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

domingo, 28 de junho de 2009

Maus samaritanos

Foi lançado este ano no Brasil o livro de Ha-Joon Chang, “Os Maus Samaritanos: o mito do livre comércio e a história secreta do capitalismo”. De modo sintomático o prólogo do livro de Chang intitula-se “O milagre econômico de Moçambique”, e começa com uma notícia da revista “The Economist” cujo título é “Castanhas e volts” e o subtítulo “Três Estrelas anuncia um novo avanço na tecnologia do combustível baseado em hidrogênio”. Não há motivos para sustos, ninguém perdeu ainda esta edição, é a edição de 28 de junho de 2061. O modo insólito de abrir o livro é para ressaltar o exemplo do qual o autor parte para falar do desenvolvimento, a Coréia do Sul, seu país de origem. A renda per capita na Coréia do Sul em 1961 era a metade da renda per capita de Gana, 82 dólares contra 179 dólares. Hoje evidentemente a distância entre Gana e a Coréia do Sul é abissal a favor dos sul coreanos. Qual a causa? Ajuda externa? Liberalização? Não! Projeto de desenvolvimento. O autor não faz uma simples defesa da intervenção do Estado, a mera estatização pode ser improdutiva, não faltam exemplos, pode ser Cuba, ou o Vietnã, ou a Albânia. O diferencial da Coréia do Sul foi definir uma estratégia desenvolvimento, pensar como superar cada um dos obstáculos ao seu desenvolvimento. Diferencial? Não. Este pode ter sido o diferencial da Coréia do Sul em relação a Gana e Moçambique. Mas não o diferencial em relação aos EUA, Grã-Bretanha, Alemanha e demais países desenvolvidos. Todos eles adotaram uma estratégia de desenvolvimento similar a utilizada pela Coréia do Sul. Economista de formação neoclássica, Chang conta que inicialmente fazia a associação mais comum, o Japão inventou a intervenção do Estado para o desenvolvimento e a Coréia do Sul copiou e foi bem-sucedida. Quando resolveu aprofundar seus estudos históricos sobre o desenvolvimento descobriu que o Japão também havia apenas repetido a trajetória já percorrida pelos demais países que ocupam as posições de frente no desenvolvimento do capitalismo. Neste livro, Chang então retoma de forma mais incisiva e acessível a tese já esboçada no seu livro anterior também traduzido para o português “Chutando a escada”. A diferença entre os dois livros é que “Maus samaritanos” é destinado ao público mais amplo, voltado para popularização das idéias do autor. O segundo capítulo foi intitulado “A vida dupla de Daniel Defoe”. Daniel Defoe é o autor de “Robinson Crusoé”. E o personagem título do livro é tomado como modelo do homus economicus liberal, entende-se que o indivíduo no mercado se comportaria e tomaria decisões do mesmo modo que Robinson Crusoé isolado na ilha, teria que decidir o quanto deseja trabalhar de acordo com suas necessidades ou desejos de cada bem, a única diferença é que no mercado haverá relações de troca e na ilha não. Ou seja, o mercado representaria uma vantagem porque, inclusive, permitiria a especialização na produção e o aumento da produtividade permitindo consumir mais bens. Ironicamente, para fazer a crítica da concepção liberal de desenvolvimento, Chang irá recuperar outra obra de Daniel Defoe, “A Plan of the English Commerce” de 1728 que “descreve como os Tudor, especialmente Henrique VII e Elizabeth I, usaram o protecionismo, os subsídios, a distribuição de direitos de monopólio, a espionagem industrial financiada pelo governo e outros meios de intervenção do governo para desenvolver a indústria de manufaturas de lã na Inglaterra, a indústria de alta tecnologia da Europa naquela época.” (CHANG, 2009, p.38).

Nenhum comentário: