"Desde mi punto de vista –y esto puede ser algo profético y paradójico a la vez– Estados Unidos está mucho peor que América Latina. Porque Estados Unidos tiene una solución, pero en mi opinión, es una mala solución, tanto para ellos como para el mundo en general. En cambio, en América Latina no hay soluciones, sólo problemas; pero por más doloroso que sea, es mejor tener problemas que tener una mala solución para el futuro de la historia."

Ignácio Ellacuría


O que iremos fazer hoje, Cérebro?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

É engraçado! Mas só mostra quão vulnerável está o sistema. Tudo que é sólido se desmancha no ar!

Agora, até papéis do Brasil poderão ser usados como garantia para bancos dos EUA tomar empréstimo do Fed

Nova York - O derretimento do mercado financeiro dos EUA coloca o Brasil numa posição nunca antes vista. É que uma das medidas tomadas pelo Federal Reserve (o Banco Central norte-americano) permite agora o uso de papéis com o chamado “grau de investimento” como garantia para empréstimos de curto prazo. O governo brasileiro e várias empresas do país emitem títulos com essa classificação.
Ou seja, um bancão dos EUA em apuros poderá tomar dinheiro de curto prazo do Fed e oferecer como garantia sua carteira de papéis emitidos pelo governo Lula.
Quem diria, numa crise dessas, passou a ser um bom negócio ter na gaveta títulos da dívida de um país do Terceiro Mundo como o Brasil.
No seu comunicado do fim do dia ontem (link no final deste texto), o Fed deixou isso bem claro:
“O ‘colateral’ [garantia] para o ‘Term Securities Lending Facility (TSLF)’ também foi ampliado; os ‘colaterais’ aceitáveis para os leilões ‘Schedule 2’ agora vão incluir todos os papéis de dívida com grau de investimento. Antes, eram aceitos apenas títulos do Tesouro, papéis de agências e títulos imobiliários classificados como AAA”.
“Essas mudanças representam uma significante ampliação nos tipos de ‘colaterais’ aceitos”, diz o Fed, pois a medida “deverá aumentar a efetividade dessas linhas de crédito para dar apoio à liquidez dos operadores e dos mercados financeiros de maneira geral”.
Resumindo, bancos problemáticos podem bater na porta de Ben Bernanke, o presidente do Fed, e pedir dinheiro emprestado de curto prazo oferecendo papéis da dívida brasileira como garantia.
E não é pouco dinheiro que o Fed colocará à disposição.
Os leilões “Schedule 2 TSLF” serão agora realizados semanalmente. Antes, eram a cada duas semanas. O Fed quer irrigar o mercado com dólares facilitados: o valor oferecido nesses leilões será aumentado de US$ 125 bilhões a cada duas semanas para US$ 150 bilhões por semana –mais do que dobrou a oferta. Já os leilões “Schedule 1” serão mantidos em US$ 50 bilhões.
Várias outras facilidades para os bancos tomarem dinheiro emprestado estão sendo adotadas. Vão valer até 30 de janeiro de 2009, mas esse prazo pode ser ampliado –nunca é demais lembrar que o próximo presidente dos EUA, Barack Obama ou John McCain, toma posse em 20 de janeiro.
E, agora,um comentário sobre a crise.
Antes que todos comecem a dizer que esta segunda-feira é uma réplica da 1929, alto lá.
A natureza da atual turbulência é bem diferente. É claro que o sistema financeiro está cheio de buracos, a mão invisível do mercado não resolve tudo etc., mas há alguns fundamentos muito mais sólidos na praça.
Para começar, 98% dos bancos nos EUA têm garantias sólidas para seus clientes. A agência federal que garante depósitos no país (a FDIC, criada de 1933, depois da crise de 1929) dá segurança para valores até US$ 100 mil para um correntista bancário –em cada uma das contas que esse cidadão tiver em diferentes bancos. Para dinheiro aplicado em fundos de pensão, a garantia total é de até US$ 250 mil.
Também digno de nota: o Federal Reserve jogou duro nos últimos dias, ao longo do fim de semana. Os gatos gordos do setor bancário queriam uma injeção na veia de dinheiro público, “free of charge”. O britânico Barclays veio com uma conversa mole de ficar só com a parte boa do Lehman Brothers. O Fed disse não. Por isso o Lehman Brothers faliu e a Merrill Lynch foi vendida para o Bank of America por menos da metade de seu valor de um ano atrás.
OK, o Fed vai conceder esses curiosos empréstimos mais facilitados de curto prazo para dar liquidez ao setor. Tudo bem. Mas o dinheiro não está sendo jogado pela janela. É empréstimo.
Também parece que vingou a iniciativa do Fed de forçar a colaboração de alguns bancões em situação não tão desesperadora. Dez grandes instituições (Goldman Sachs, Citigroup, Barclays e Morgan Stanley, entre outros) vão colocar US$ 7 bilhões cada uma (US$ 70 bilhões no total) para criar um fundo especial. Esse dinheiro deve ser usado para empréstimos a bancos e instituições financeiras em situação complicada.
Link para o comunicado do Fed:
http://www.federalreserve.gov/newsevents/press/monetary/20080914a.htm

 

http://uolpolitica.blog.uol.com.br/#2008_09-15_11_01_10-9961110-0

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